Era aniversário de minha esposa. Meu filho, Tim, e eu estávamos procurando o presente perfeito para ela.

— Lembro que mamãe ficou muito feliz quando a gente foi no parque de diversões perto da praia. Lembra papai? – Tim disse sorrindo, mostrando o buraco onde ficava o dente de leite.

— Sim, eu lembro – respondi. – Ganhamos um urso de pelúcia e demos para ela. Ela sorriu a noite toda.

— Acho que devemos dar um novo. Mamãe iria ficar muito feliz.

Ri da sua sugestão, parte por que ele queria tirar proveito se divertindo, parte porque eu queria me divertir também.

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Dessa vez conseguimos um urso maior do que o anterior. Tim o carregava e tropeçava de vez em quando. Discretamente tirei uma foto da cena.

— Acho que sorvete antes do almoço não vai fazer mal – eu disse apontando para o sorveteiro.

Tim pulou de felicidade e saiu correndo, deixando o urso no chão. Sorvete era sua sobremesa favorita.

— Vou querer de chocolate, moço! Bastante cobertura! – Tim pediu.

O sorveteiro passou a mão na cabeça de meu filho e entregou o seu pedido. Tim já sujava seu rosto com o sorvete, mas sorria de felicidade. Tirei outra foto do momento.

— Ele parece um bom garoto – o sorveteiro comentou.

— É a melhor coisa da minha vida – respondi sorrindo. – Tim, agradeça o sorveteiro. Já vamos indo.

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Estávamos andando pela praia quando percebi que Tim olhava uma mulher brincando com o seu bebê que não tinha mais de dois anos.

— Como que foi quando eu nasci? – Ele finalmente perguntou. Ele tinha sete anos de idade, mas nunca havia se interessado nesse assunto antes.

— Quando você nasceu, amigão, - comecei - foi uma festa. A família toda foi te ver no hospital. Mamãe chorou o dia inteiro, ela não acreditava que você já estava aqui com a gente.

— Por que ela estava triste? – Ele perguntou confuso.

Eu ri baixinho.

— Ela chorou da mais pura felicidade, Tim.

Ele abraçou minha perna e abraçou sorrindo para mim. Agachei para abraça-lo de volta.

— Eu te amo, filho.

— Eu te amo também, papai.

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O sino tocou quando entramos na lojinha para revelarmos as fotos que tiramos hoje. Tim ficou debaixo do ar condicionado se refrescando, enquanto eu fui até o balcão para ser atendido.

— Gostaria de revelar essas fotos, por favor – eu disse, entregando para uma mulher de aparência jovem.

Ela sorriu, pediu para eu aguardar um instante e foi até o fundo da loja para realizar meu pedido que foi entregue rápido, aliás.

— Tem uma bonita família, senhor – a mulher disse me dando as fotos.

— Obrigado. Sou um sortudo – respondi.

Acenei para ela. Tim e eu fomos entregar nossos presentes.

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Em frente ao local, tinha uma senhora de feição gentil vendendo flores. Tim correu até ela e pediu uma rosa. Ele tirou do bolso cheio de areia, moedas e entregou para florista.

— É uma bonita flor – comentei.

— Mamãe me disse uma vez que era a favorita dela. Guardei o dinheiro da fada do dente para comprar – Tim disse orgulhoso.

Tinha outras pessoas no local, a maioria sentada no chão conversando. Tim foi mais à frente de encontro a sua mãe. Ele imitou os outros e sentou no chão também. A flor descansava ao lado.

— Tivemos o melhor dia hoje, mãe! Procuramos presentes para te dar em toda parte. Conseguimos um urso maior e papai deixou eu tomar sorvete. Queria que você tivesse ido, mas acho que estava lá com a gente – Tim falava baixo, mas ainda animado.

Sentei em frente dela. Sua lápide datando sua morte de dois anos atrás.

— Sentimos sua falta, querida – coloquei as fotos encostadas na grande pedra de granito. – Mas trouxe isso para você.

Tim as olhou. A foto dele com o urso, tomando sorvete e a outra na praia. Teve uma foto que ele observou por mais tempo, era uma do hospital que uma enfermeira tirou. Nela, eu abraçando minha esposa e ela olhava Tim, segurando-o com toda ternura em seus braços.

Tim passou o pequeno dedo em cima do rosto da mãe.

— Eu também te amo, mamãe.