Domino Effect — Interativa escrita por Avalon


Capítulo 4
Bônus; Condene-me se puder


Notas iniciais do capítulo

Olá o/ ~dessa vez eu não demorei muito, demorei? ksksks~
Sei que disse que hoje seria um capítulo com as selecionadas, mas a maioria das respostas das perguntas chegou meio em cima da hora e aí eu decidi postar o bônus hoje. Mas o próximo é o das selecionadas maravilhosas de vocês, prometo.
Por falar em selecionadas, vocês viram que eu postei sobre elas no tumblr? SIM! ALELUIA! Coloquei de uma forma bem superficial para não dá muito spoiler. Ainda faltam duas selecionadas para descrever e as que chegaram agora (assim como falta eu responder algumas leitoras, mas juro que já irei fazer isso :v). Também viram que comecei a fazer uns banners para os capítulos? São bem simples para não dar preguiça na minha pessoa na hora de fazer, mas eu até que gostei aushaush.
Como já disse esse capítulo aqui é o bônus que eu falei. Como tinha muita história para falar eu decidi dividir em duas partes (senão daria umas 100000000 palavras). Essa primeira parte vem até quando a Myrna descobriu sobre “o salvador”, na próxima parte eu coloco o resto. Como eu deixei num estilo meio “flashback” achei que se colocasse na primeira pessoa ficaria muito confuso, então pus na terceira mesmo. Lembrando que como é um bônus eu não tenho previsão exata de quando vai sair a próxima parte.
PERA AE, NÃO PULA ESSA PARTE NÃO, tive uma ideia: para a chegada das selecionadas no palácio eu ia fazer só aquela do livro mesmo, com impresa, regras do palácio e interação das selecionadas. Mas, como estamos perto do natal eu pensei que seria ainda mais legal que houvesse um baile de máscaras de natal, para comemorar a data e a própria chegada das selecionadas. O que vocês acham??
Bom, agora vamos ao que importa: O CAPÍTULO!



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I know exactly what I want and who I want to be
I know exactly why I walk and talk like a machine
I'm now becoming my own self-fulfilled prophecy
One track mind, one track heart
If I fail, I'll fall apart
Maybe it is all a test
Cause I feel like I'm the worst,
So I always act like I'm the best
If you are not very careful
Your possessions will possess you

— Oh no!, Marina and the diamonds

 

CONDENE-ME SE PUDER

“O orgulho não quer dever e o amor próprio não quer pagar.”

O estábulo possuía consigo um forte odor de naftalina e velhos capachos de pano traçado. Numa das extremidades um velho pôster, grande demais para ambientes mais fechados, estava pregado na parede. Estampava algo bem simples, insignificante aos olhos dos leigos; era apenas um cavaleiro de armadura real ao lado de um lobo persa. Porém aquele pequeno quadro possuía um valor muito maior do que o imaginado, ela simbolizava a guerra, a estupenda e sangrenta guerra entre os irmãos. Noah passou levemente os dedos sobre sua textura áspera, nem sequer lembrava mais o que viera fazer ali, provavelmente só quisesse ficar sozinho e conseguira já que a única coisa viva ali parecia ser os cavalos puros-sangues. Apesar do inverno que reinava para além das vidraças e apesar do frio inebriante que ressurgia das próprias janelas, a luz incandescente que reinava da lâmpada imanava consigo um calor quase sufocante. Ou ao menos parecia sufocante para ele, ultimamente tudo estava.

A seleção começaria em menos de uma semana e mesmo que seus primos parecessem muito conformados e calmos com aquela ideia, Noah não estava. Estava desesperado, sentia-se quase beirando a loucura. De todos os três, sem dúvida alguma ele era o mais tímido, não gostaria de ser, mas infelizmente era. Não conseguir se imaginar conversando com outras dez garotas sendo que a única a entrar no seu quarto até o momento havia sido Rosemary e as criadas. E não estava apenas nervoso com aquilo, estava nervoso com a unificação, com seu reinado, com tudo. Ele ainda não era rei, mas sentia a pressão como um.

— Noah? — Em meio a um sobressalto, o príncipe sulista virou-se rapidamente, vendo todos os seus pensamentos serem interrompidos pela voz masculina de Lukas que se seguia atrás dele — Todo mundo está te procurando. O jornal anunciando as selecionadas é daqui há duas horas — Lukas, seguido por Theodore entraram no local, puxando uma das cadeiras velhas dali e se sentaram ali mesmo.

— Na verdade eu não estava procurando ninguém, só queria ficar sozinho, mas ele começou a me seguir — Theo apontou para Lukas. Era a mais pura verdade, ele queria sair um pouco do castelo nos últimos dias, mas desde o seu braço quebrado estava praticamente impossibilitado de fazê-lo, já que uma criada ou enfermeira apareciam perto dele de segundo em segundo. Procurar por Noah era apenas uma desculpa para respirar um pouco de ar fresco antes de se apresentar no Jornal naquele dia. Teria até dado certo, se Lukas não tivesse optado por acompanhá-lo no último minuto.

— Pare de reclamar um pouco. Iriam te achar de qualquer maneira, ou acha mesmo que existe a mera possibilidade de haver o Jornal Real sem o príncipe? — Theo deu de ombros e pensou melhor sobre seu plano, realmente, achá-lo-iam com muita facilidade.

O príncipe sulista deu um longo e pesado suspiro. Lá fora, mesmo visto através da vidraça embaçada, o mundo parecia frio e mais uma vez a mesma palavra errônea surgia-lhe na cabeça; o mundo parecia sufocante. E além do mais, agora parecia que toda sua privacidade tinha ido embora tão rápido quanto chegara. Sentia-se fatigado, tudo ao seu redor parecia resumir-se a coroas e vestidos e o que mais lhe irritava, sem dúvida ou discussão, era o estranho fato de seus primos parecerem tão relaxados com tudo aquilo.

— Como é que... — Noah pensou alguns segundos em suas palavras antes de soltar a pergunta que tanto o angustiava — Como vocês conseguem ficar tão calmos com isso tudo?

— Dom natural, talvez — Lukas sorriu, mas o outro permaneceu com o olhar vago e uma expressão assustada. Assim, finalmente percebeu que o príncipe falava sério, e mais ainda; percebeu qual o assunto que tanto o perturbava nas últimas semanas — Não estou tão calmo quanto pareço, apenas sei esconder muito bem meus sentimentos.

O rangido do velho portão de madeira ressoou por todo o local. O som estranho vindo dos sapatos enlameados – outrora limpos e engraxados, porém a lamacenta entrada do estábulo os havia sujado – de David interrompeu rudemente a conversa entre os primos, que com sua chegada calaram-se quase que imediatamente. A face do velho governante trazia consigo uma expressão estranha, que beirava a raiva e a melancolia.

— Então, mando irem procurar por Noah e ao invés disso resolvem se esconder com ele? — O rei permaneceu em silêncio, esperando uma explicação vinda de alguém, entretanto o único som a se ouvir era o do relinchar constante dos cavalos. — Do que falavam de tão interessante a ponto de esquecerem o que vieram fazer?

— Da seleção e da coroa, é só isso que se resume nossas vidas nos últimos dias — Theodore levantou-se meio desajeitado da cadeira, recusando a ajuda de Lukas para com seu braço quebrado. Iria sair daquele ambiente abafado na tentativa de fugir de seu pai, quando este o segurou pelo ombro.

— Tome cuidado, coisas como esta são bastante perigosas — Pela primeira vez, o rei não soava sarcástico e muito menos debochado, pelo contrário, em seus profundos olhos âmbar via-se algo raro para David; ele estava sendo sincero.

— Não somos como vocês — O príncipe nortista tirou a mão do pai de seus ombros largos e deu as costas a ele.

— Eu também não era! — David gritou estábulo afora, esperando qualquer mísera reação do filho que permaneceu a ignorá-lo. Os outros príncipes saíram logo atrás, deixando o homem sozinho.

Estava difícil acompanhar os príncipes com as lembranças que agora trouxera a tona. David fechou os olhos e os comprimiu com os dedos, tentando expulsar todas as imagens que insistiam em voltar como num filme antigo. Sentia seus pulmões queimarem junto a uma tentação quase irresistível de proferir uma sequência de todos os nomes obscenos que conhecia ou de chutar as cadeiras antigas, e até mesmo atirá-las contra a vidraça embaçada. Desejava fazer qualquer ato colérico, barulhento ou doloroso que pudesse apagar essas memórias que o atormentavam. O seu pior inimigo, refletiu, era ele mesmo. E tinha razão, no começo daquilo tudo, ele era diferente. Todos eram diferentes, muito diferentes.

22/02/20850 — Vinte anos atrás, castelo de Illéa.

Havia cerca de duas semanas que o rei do grandioso e próspero país de Illéa estava passando por uma forte doença. Alguns boatos diziam que era uma virose, outros diziam que era dengue, porém tratava-se de um grave problema no miocárdio que matara três da linhagem Shcreave. Rei Marcus estava praticamente com a morte declarada, porém apenas sua pequena família sabia disso, não queriam desesperar o povo por enquanto. Já se tentara de tudo, chamaram os melhores médicos, fizeram as melhores operações, gastaram absurdos com tratamentos falsamente milagrosos. Seus filhos ainda tentavam alimentar alguma esperança, mas o próprio rei sabia que estava chegando a sua hora e exatamente por isso, naquela tarde, teria uma notícia muito importante para dar a seus dois herdeiros gêmeos.

— Myrna! Nosso pai está chamando — Um Phillip de apenas 21 anos gritava em plenos pulmões para que a irmã saísse logo do quarto.

— O que ela tanto faz lá dentro? — David surgiu quase como um fantasma, fazendo que o irmão gêmeo tivesse um sobressalto. O jovem príncipe herdeiro pôs-se a frente de Phillip e bateu mais uma vez na grandiosa porta de mogno. Alguma espécie de murmúrio surgiu novamente, outro “já vou” vindo de Myrna que repetira aquela mesma frase pela milésima vez.

Diante a porta da princesa, seus dois irmãos mais velhos estavam aborrecidos com tamanha demora. Algumas criadas tentaram-na chamar antes daquilo, mas a falha foi evidente. Myrna sempre demorava a descer para o jantar, era uma jovem vaidosa e sonhadora, porém naquela tarde específica parecia que não havia alma poderosa no mundo capaz de tirá-la do quarto a tempo.

— Myrna, vamos logo! — David tentava mais uma vez — Nosso pai tem algo a falar no jantar de hoje, ele disse que só falaria quando todos nós estivéssemos na mesa. Só falta você — Porém continuava a prevalecer a porta fechada e um silêncio absurdo.

— Como alguém pode demorar tanto se vestindo? — Phillip indagou ao irmão, sentando-se ali mesmo sobre o piso encerado, sem se importar se iria levar ou não alguma reclamação. David encarou-o franzindo a testa enquanto ele simplesmente deu de ombros — Aparentemente passaremos a noite aqui mesmo.

Entretanto, ao contrário do que pensavam, a princesa não estava escolhendo qual roupa combinava melhor com seus brincos. Não estava encarando seus milhares de batons, sombras e rímeis e decidindo qual deles usaria. Não estava experimentando todos os seus sapatos enquanto cantarolava consigo mesma alguma de suas músicas prediletas. Não. Em vez disso, está em frente ao grandioso espelho da sua suíte, nua, analisando a própria barriga.

Isso não pode estar acontecendo, pensa consigo mesma. O cabelo cor de ébano pendia sobre seus ombros. Os lábios carnudos se curvavam para baixo formando uma expressão de desespero. Colocou as duas mãos sobre a barriga e balançou a cabeça. Aquilo definitivamente não podia estar acontecendo. Em cima de sua cama estava o principal motivo de todo aquele desespero, um pequeno teste que mudaria todo o seu planejamento. Um pequeno teste que estampava em si a palavra “positivo”. Não importava o quanto Phillip gritasse ou David batesse a porta, ela estava presa demais em seus próprios problemas.

Sabia que deveria ter sido mais cuidadosa, sabia disso. Entretanto, não estava totalmente errada em tudo aquilo, ela já era a noiva de Austin, o casamento estava sendo planejado. Todavia, ela era a princesa, um membro da família real, deveria ser um exemplo. Como falaria sobre a gravidez para o pai a beira da morte? E para os irmãos? Ela estava perdida. Tinha tido a sorte de não ser a herdeira e poder escolher seu próprio marido, mas ao invés de aproveitar a oportunidade, ela fora irresponsável. Ela amava Austin, sem sombra de dúvidas, mas nunca quisera filhos, a mera ideia de ter uma criança dentro de si alimentando-se dela a assustava.

Ouviu seus irmãos chamando mais uma vez e finalmente saiu de seu estado de choque. Afinal, ela era uma mulher adulta, tinha 18 anos, podia escolher o futuro de sua vida. Elizabeth estava grávida há mais tempo ainda, o bebê deveria ter em torno de seus três meses. Não podiam julgá-la por aquilo. Vestiu-se o mais rápido que conseguiu e foi até a porta.

— Finalmente! — Phillip se levantou do chão. — Você está pálida, aconteceu algo?

— E você estava sentado no chão, posso perguntar o porquê disso? — Respondeu Myrna o mais rápido que pode, tentando fugir o mais rápido possível das perguntas dos irmãos, contaria sobre a gravidez, porém não naquele minuto.

— Não pergunte, sabe como Phillip é — David deu de ombros — Vamos, papai há de estar irritado com essa demora — Os três irmãos desceram a escadaria quase correndo. Tropeçaram algumas vezes no carpete como sempre faziam até finalmente conseguirem chegar a enorme e luxuosa sala de jantar.

Marcus estava esperando os três ao lado da esposa. Mesmo com a demora, a face do rei permanecia serena como sempre, um sorriso estava estampado em seu rosto, acabara de ter uma ideia ótima – ao menos era o que parecia no momento. David sentou-se ao lado de Elizabeth, sua atual esposa e filha do meio do rei da França que estava grávida de um garoto com o nome ainda não decidido. Ao seu lado, Phillip sentava-se ao lado de Milene, sua noiva e irmã mais nova de Elizabeth. Myrna sentou-se ao lado de Austin e assim que o viu, não conseguiu segurar o olhar desesperado que tanto escondia. Antes que o noivo conseguisse perguntar algo, Marcus se adiantou a falar.

— Como vocês devem saber, chamei todos aqui para um grandioso comunicado. Meus dois queridos gêmeos completaram a cobiçada idade de vinte e um anos há alguns meses. Desde então perguntamo-nos; quem governará? Em meus últimos dias de reinado, tive uma excelente ideia — O rei, de voz rouca e coração frágil devido à doença, abriu um largo sorriso e segurou a mão da filha. — Dividirei o reino em duas partes, uma para meu filho David e outra para meu filho Phillip. Assim os dois poderão ser os grandes governantes que sei que são capazes de ser.

A família inteira brindou o comunicado, toda a família, menos David, que fechou a cara com tal notícia. Ele queria permanecer calado, queria respirar fundo e pensar no que estava fazendo. No fim das contas, era uma boa alternativa; ele e Phillip se davam bem, mesmo com certas brigas, porém de uma coisa tinha certeza; ele seria um rei melhor, seu irmão era muito irresponsável, ele ao menos era focado. David gostaria de ter permanecido calado, de ter aceitado, porém quando deu por si estava levantado e todos o encaravam.

— Mas eu o irmão mais velho, não sou?

— Por dois minutos — Phillip riu, pensando que se tratava de uma brincadeira, mas ao contrário do que ele imaginava, o irmão continuou em pé.

— Mesmo assim, eu sou o mais velho, não sou? O trono deveria ser meu, só meu.

— Não são assim que as coisas andam meu filho — Marcus falou, colocando a mão sobre o ombro de David. O garoto por sua vez tirou-a e saiu da sala pisando forte, ele deveria ter a coroa. Seria um rei melhor. Tinha certeza disso, iria provar isso. Sabia de coisas que o irmão fizera, sabia de roubos, inflações que cometera. Talvez pudesse usar isso ao seu favor. Foi assim que tudo começou.

Um mês depois...

Algumas semanas depois do que ficara conhecido entre Phillip e Myrna como o “momento David”, aquele parecia ser o menor dos problemas. Logo no que poderia se considerar as últimas semanas do rei, um novo rebelde surgira. Não sabiam de onde, não sabiam o motivo. Nomeava-se “o salvador” que se preocupava exclusivamente em atacar o príncipe Phillip. Pareceria apenas outro caso isolado tentando denegrir a imagem de um dos membros da família real, o problema era que tal salvador sabia de coisas que nenhum outro sabia ou seria capaz de saber.

Era tarde da noite. Deveria passar da meia-noite, mas Phillip não conseguira dormir, não conseguira nem mesmo fechar os olhos. Em vez disso, estava deitado no meio da grama do grandioso jardim encarando as brilhantes estrelas no céu. O herdeiro em si estava uma pilha de nervos. Não conseguia acreditar que aquilo acontecia com si. Justo no momento perto de sua coroação. E o pior de tudo; aquele rebelde ganhava cada vez mais e mais seguidores, seguidores que odiavam a Phillip cada vez mais. Tudo bem, ele cometera inúmeras infrações, mas esperava que não fosse descoberto, pelo menos não por um rebelde. Seu irmão ganhava cada vez mais popularidade e ele cada vez mais hostilidade.

Ouviu alguns passos atrás dele e virou-se rapidamente, Myrna e David pareciam preocupados encarando o irmão sobre a grama. Os dois ainda vestiam seus pijamas e pela cara da princesa, presumia que deveriam ter acordado naquele exato minuto. O irmão gêmeo trazia em uma de suas mãos uma lanterna para que conseguissem atravessar o jardim sem tropeçar.

— Você deveria estar na cama, é muito tarde — Myrna falou em meio a uma mistura de bocejo e suspiro, porém o irmão permaneceu calado a encarar o céu — Isso vai passar, é só um rebelde populista como os outros. Uma hora está em seu auge e na outra “bum!”, é contido por algum guarda.

— E se não for assim? — Phillip sentou-se na grama — Em breve eu vou virar rei, isso é o que eu menos desejava agora.

— Ei, confie em mim, vai passar. Quantos rebeldes já enfrentamos — A jovem ajoelhou-se ao lado do irmão tomando um estranho cuidado na hora de fazê-lo, como se tentasse proteger algo — Não é mesmo David?

O irmão que estava calado até o momento olhou para os dois com um ar meio perdido. Não sabia onde colocar as mãos e suava estranhamente. Parecia nervoso, muito nervoso, pelo menos aos olhos de Myrna já que Phillip parecia ter preocupações bem maiores no momento.

— Você deveria ir dormir — David falou — Talvez amanhã as coisas estejam melhores.

O herdeiro assentiu e os três irmãos seguiram o corredor um ao lado do outro. Pareciam unidos, eles eram uma família unida. De alguma forma, mesmo com as brigas, davam-se extremamente bem, apoiavam-se. Sempre fora assim e se não fosse o trono e todas suas regalias, eles teriam continuado unidos.

Por volta da terceira escada do grandioso castelo, David pediu para que continuassem sem ele. Disse que iria a cozinha procurar algo para comer, mas Myrna sentia que havia algo errado naquilo. Ela sabia o que era esconder algo. Sabia os sintomas, a cabeça baixa, o pensamento solto e a postura curva. Ela estava passando por aquilo escondendo algo e tinha quase certeza que o irmão também. Sabia que não deveria segui-lo, David precisava de alguns momentos sozinhos depois de tudo, porém, por algum motivo que a própria desconhece, o fez.

Os passos do futuro rei soavam apressados sobre o piso do longo corredor. Ele praticamente corria pelas salas, quase esbarrando em um ou outro móvel. Devido ao barulho, não fora nada difícil para Myrna localizar o irmão. Seguiu-o até o último andar, onde se encontravam alguns quartos e ocasionalmente, o sótão. A princesa escondeu-se atrás de um dos pilares e observou o irmão tirar Elizabeth do seu quarto no meio da noite.

— Eu não sei se consigo mais fazer isso Elizabeth. Deveríamos acabar com essa ideia agora mesmo. Nunca deveríamos ter começado com isso — David andava de um lado para o outro, enquanto a esposa o encarava tentando acalmá-lo — Isso é loucura! Criar “o salvador” foi loucura. Eu estava com raiva, ódio e me sentia incompreendido. Tenho que acabar com isso, tenho que acabar com isso agora!

— David, acalme-se!  — Elizabeth segurou nos dois ombros do marido e o olhou da forma mais profunda que pode — Não adianta voltar atrás, você é “o salvador” quer queria, quer não. Lembre-se o motivo de ter feito isso, vai deixar mesmo você em seu total direito ter o trono roubado por Phillip? Vamos, sabe que é a melhor escolha, quando tudo isso acabar o povo já vai odiá-lo tanto que só um será proclamado rei. O estrago já está feito. Você criou e é “o salvador”. Imagine só, Rei David, o rei de toda a Illéa.

Naquele momento Myrna estava completamente sem fala, não sabia o que pensar, não sabia nem mesmo como agir. Seu irmão, seu próprio irmão era o rebelde. Era tudo um plano, um plano para destronar Phillip. Ela esperava por tudo, mas não por aquilo.

— Mesmo assim, é loucura! — David sentia-se culpado, ele estava furioso quando fizera aquilo, sequer pensara direito. Sabia que o irmão estava errado, mas mesmo assim, não podia ter feito aquilo, não podia. Porém em uma coisa Elizabeth acertara em cheio, ele queria ser rei — Vou acabar com isso! Acabarei com isso hoje, a partir de agora não existe mais “o salvador”. Entendeu-me?

A mulher parecia meio chateada com tal afirmação, entretanto concordou com o marido. Ele queria ser rei, mas talvez tivesse de tentar outra abordagem. Aquela era perigosa e injusta.

Contudo, ainda atrás do pilar, uma ideia surgia na cabeça de Myrna. David estava errado, Phillip estava errado, os dois não passavam de dois garotos mimados que nunca sequer quiseram o trono até o momento, a prova viva era aquela ideia do irmão. Ela, no entanto, poderia ser uma rainha excelente. Talvez fossem os hormônios de gravida ou simplesmente sua ambição falando mais alto, mas naquele momento pela primeira vez em sua vida ela não se sentia a filha caçula inofensiva, não se sentia indefesa. Pela primeira vez em sua vida teria a chance de mostrar a todos que não era apenas uma garotinha assustada. Com aquela descoberta, Myrna possuía a faca e o queijo em suas mãos e sabia exatamente como usá-los.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Falem tudo!
PERGUNTA (sim outra, mas prometo que é a última por enquanto).
1. Qual o vestido e a máscara que a selecionada vai usar no baile de natal/chegada?
Mandem por MP ou comentário mesmo.
Xo, Myra.



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