Os 7 príncipes escrita por Kyara Stardust


Capítulo 3
Perturbação nas vibrações


Notas iniciais do capítulo

Oi gente ♥ Como estão?
Bom, agora eu determinei que vou postar de terças e quintas :>
O que acham que nossa Kaya é?
Obrigada aos que estão lendo!



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Levantou-se com alguma dificuldade, mas conforme os dias passavam ela estava se acostumando e havia se tornado mais fácil e familiar fazer isso, como uma rotina, e seu corpo havia “entrado no espirito da coisa”. Resolveu descer e comer alguma coisa, pois embora não estivesse com fome sabia que precisava continuar se alimentando bem, alcançou um casaco grosso de lã vermelho que ia até os seus joelhos que estava pendurado atrás da porta, e o vestiu fechando os botões até o pescoço, pensou em colocar luvas, mas não se lembrava ao certo se tinha ou não, e não queria procurar.

A cozinha pequena na ala oeste parecia cada vez menor, cada prateleira de potinhos que ela esvaziava, era como se as paredes estivessem se aproximando, sua casa não era nada muito moderna ou chique como muitas por ai, e sua cozinha era o menor cômodo da casa contendo apenas quatro prateleiras na parede oposta a porta feitas de madeira maciça escura que iam de um lado ao outro, uma bancada também de madeira que começada do lado direito da porta e terminava na parede com desenhos de bules de chá branco delicados e entre a bancada e a parede das prateleiras, ficava o pequeno armário, antigamente ele servia para guardar geleias e algumas receitas que ela sabia fazer ou comprava na feira, mas agora era enfeitiçado para ser o único lugar pelo qual ela poderia escapar caso alguma coisa desse errado.

Para falar a verdade ela não sabia ao certo para onde iria, se iria, ou porque não era detectado pelos guardas esse feitiço, mas estava lá e ela não tocava desde que foi anunciado a invasão do terceiro príncipe em Fairwood. Para falar a verdade haviam muitas coisas que não fazia desde que ele havia chegado por aqui.

Entrou no cômodo se lembrando de como costumava ser seu lugar preferido, ela adorava cozinhar, adorava como juntar coisas pequenas e transforma-las em outra totalmente diferente parecia magia, como as mãos ficavam quentes quando fazia biscoitos em forma de estrelas ou geladas quando fazia pudim, e quando levantou os olhos para a prateleira de mel se lembrou que não poderia cozinhar mais e o coração vacilou batendo doído contra o peito. Os detectores estavam por todos os lados e, não que ela soubesse se esse tipo de feitiço era detectável, mas ela sabia que eram para captura-la ao primeiro sinal de que ela estava ali.

O único que ela usava até hoje, era o Cannyun que ela havia descoberto por acaso na biblioteca e usado às pressas na primeira patrulha, desesperada, e apenas em si mesma. Basicamente ele consistia em um feitiço para fazer as pessoas se distraírem todas as vezes que olhassem na direção de onde o feitiço estivesse colocado e não parasse para ver que o que está ali não é de verdade, e ela achava que por ser de camuflagem não podia ser detectado, mas não tinha certeza, a casa dela continuava ali, ela continuava ali, mas era como se durante o feitiço todos que passassem vissem outra coisa no lugar, ela não sabia o que ainda, mas poderia ser uma casa inteiramente destruída, ou um vazio, talvez uma casa de outro tipo, ela não poderia dizer. Mas era fraco e qualquer um que olhasse por muito tempo poderia ver o que estava por baixo, por isso era ao mesmo tempo de distração, porém se alguém que não fosse da patrulha e não tivesse acostumado à vista, ou fosse mais poderoso um dia viesse não tinha tanta certeza se funcionaria completamente...

Parou de pensar nisso, não aconteceria, ela morava nos extremos da vila em um local muito distante e que já havia sido totalmente devastado, ninguém voltaria para busca-la, um frio repentino circulou suas veias e a boca ficou seca, mais uma vez ela se interrompeu pensar nisso e pegou um pote de mel na segunda prateleira, saindo da cozinha.

Na entrada da casa ela tinha seu tapete de pelúcia na cor prateada, era uma relíquia da família Stardust, diziam as lendas que realmente haviam fios de estrela nele entrelaçados com a lã e de fato ele parecia reluzir, pegava quase toda entrada e era redondo, convidativo. Quando era criança sempre escutara que deveria ter um divã, que visita nenhuma gostava de se sentar ao chão, mas não se importava muito, pois primeiro que não recebia visitas desde que conseguia se lembrar, e segundo que acabaria com a harmonia da sala e estragaria seu glorioso tapete. Sorrindo com a lembrança de ter mostrado a língua para uma mulher chata que uma vez a chamara de sem educação quando tinha por volta de cinco anos se sentou bem ao meio do tapete puxando as pernas para o peito e colocando a cabeça entre os joelhos.

Olhou para o potinho em suas mãos, ele tinha o tamanho de seu punho fechado e era delicado com seu formato de U com pequenas contas coloridas na tampa redonda amarela, abriu e deixou o cheiro familiar pairar um pouco trazendo a lembrança dos campos e das abelhas zunindo em volta dela, a forma como sempre prendia o cabelo em trança quando era dia de colheita e como o pai gostava desses dias a inundou deixando nada mais que um formigamento nos dedos enquanto ela ainda olhava fixamente para o potinho transparente e o conteúdo em pequenas bolinhas alaranjadas.

Pegou a primeira bolinha consistente com a ponta dos dedos, apertando-a levemente brincando e levou a boca deixando dissolver na língua sentindo o gosto doce e grudento, uma após a outra as bolinhas foram acabando e o potinho ficou vazio tão depressa que ela nem percebera, seus pensamentos estavam longe demais, ela nem sequer havia percebido quando, ao fechar o pote, esse havia se transformado em uma semente, como todos os outros.

Fechou a semente em uma das mãos e respirou fundo, virou-se para ficar de frente para a porta que era de vidro espelhado e percebeu que estava começando a escurecer e o céu havia tomado uma cor laranja, era sua hora preferida do dia, em outros tempos ela não hesitaria em subir no telhado, na parte mais alta onde juntavam-se as pétalas da imitação de flor ao contrário que era seu telhado e observar até a lua chegar ao ponto mais alto do céu, eram raras as noites em que haviam nuvens o suficiente para cobri-la, ela era mais brilhante e maior em Fairwood.

Se encolheu ainda mais ao direcionar o olhar para o que costumava ser a casa dos Sugarmist, uma casa o dobro da sua e uma família de muitos integrantes agora completamente destruída. Ela não estava lá para saber se tinham conseguido escapar ou se estavam lá quando aconteceu, mas metade da casa estava no chão, como se alguém, ou algo, tivesse ateado fogo, e a outra metade permanecia em pé como se para provocar, e ela conseguia ver dali apenas a parede do fundo do quarto do caçula, Rapha, ele tinha apenas cinco anos.

Levantou-se e foi até a porta, ainda olhando para a parede, desenhos em folhas de papel colorido estavam espalhados por todos os lugares, era uma criança muito criativa, ela mesma havia visto várias e várias vezes ele sentado no quintal da frente com lápis de cor desenhando nas paredes de fora, desenhos enormes e usando feitiços para apagar antes que seus pais vissem, e quando via que ela estava olhando acenava e pedia para que ela não contasse com um sorriso infantil. Mas ela sabia que os pais haviam ensinado o feitiço a ele justamente por estarem cansados de pegar seus desenhos, e acenava de volta rindo também.

Colocou a semente em um vaso de plantas ao lado da porta e cobriu com terra usando os dedos, se abaixou e pegou o regador branco que havia deixado ali, só haviam pequenos brotos, do tamanho de polegares dentro do vaso que batia na altura de suas coxas tão largo quanto ela própria, mas com a quantidade de sementes que vinha jogando não tinha certeza de que sequer ia ter espaço para todas as flores cresceriam ali.

E então escutou, ali perto dela, como se fosse um galho quebrando, ou um escorregão, mas sabia que não era isso, era alguém, alguém que se aproximava e que não era a patrulha ou nada que ela havia sentido em um longo tempo, na verdade não achava que havia sentido antes. Não que tivesse um poder grandioso, ou algo com o que se preocupar, mas era tão pequeno que era como um incomodo em sua vibração, quase tão imperceptível que ela tinha medo de estar ali há algum tempo e ela não ter escutado antes, ela sempre escutava.

Deixou o regador e pensou um pouco, sabia que estava protegida ali dentro, mas sentiu um calafrio percorrer por todo seu corpo e conferiu se a porta estava trancada, mesmo sabendo que estaria, e olhou para fora mais uma vez, o céu avançando depressa deixando para trás uma escuridão alarmante. Ela olhou para os dois lados da pequena estrada e constatou que não havia ninguém, não havia do que ter medo, ela estava sozinha, ninguém pisava ali haviam dias, todos os comunicados já haviam se encerrado, ninguém atravessaria mais os portões e ninguém enfrentaria a fúria dos príncipes e sairia impune, os acordos haviam chegado ao fim.

Mesmo assim continuava ali, aquela pequena perturbação nas vibrações, aquele pontinho incomodo, como uma dor de cabeça que você ignora o dia todo se não pensar nela, mas sabe que está ali, respirou fundo e decidiu que se acalmar era a melhor saída, poderia muito bem ser coisa da sua cabeça, ou talvez um truque, uma ultima tentativa de atrair os Errantes que faltavam sem fazer muito esforço com uma armadilha boba.


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Notas finais do capítulo

Mais uma vez obrigada por lerem até o final, esse ficou um pouco maior, mas espero que tenham gostado :>
Comentem o que estão achando, vou adorar saber, até quinta ♥



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