Letras e Vinhos escrita por PriscilaRoza


Capítulo 16
Sonho




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Voltei para o templo de Apolo e fui tomar um banho. Na banheira eu pensei sobre o que quase tinha acontecido com o deus dos vinhos naquela tarde. Eu gostava dele mais do que tinha coragem de admitir à mim mesma. Seu corpo era descomunal e seus olhos roxos enfeitiçavam. De verdade. Wes e Ruby vieram até o meu quarto e nós ficamos toda a tarde brincando de jogos de tabuleiro. Quando papai passou no meu quarto, eles já estavam dormindo e ele os levou para seus quartos.
—Onde você estava?
—Tive que resolver alguns problemas. Coisas de deus, sabe? E você?
—Passei o dia com Afrodite.
—Ah, foi? E ela se comportou?
—Sim. Foi tudo ótimo. Eu vou dormir papai. Boa noite.
—Boa noite, raio de sol.
Ele me deu um beijo na testa e saiu me deixando sozinha. Eu fechei meus olhos e caminhei para a inconsciência.
Eu sabia que era um sonho porque o céu não poderia ficar lindo daquele jeito na vida real. Eu não sabia onde estava, mas eu gostava dali. Parecia um jardim com flores silvestres. Eu estava deitada no meio delas e aspirei profundamente aquele cheiro doce e floral do espaço. Fechei meus olhos e a brisa passou jogando meu cabelo no rosto e levantando meu vestido branco.
—Olá, Sofia.
Levantei e olhei para trás, não assutada, mas surpresa.
—O que faz aqui?
—O mesmo que você.
—Mas eu não sei o que vim fazer aqui...Isso é um sonho, não é?
—Exatamente.
—E por que nós dois estamos no mesmo sonho?
—As vezes eu consigo fazer isso. Uma parte dos meus poderes apenas. Pela primeira vez eu os estou usando para uma coisa boa.
—Que seria exatamente o que?
—Vem, senta comigo.—ele estendeu a mão e me ajudou a levantar. Sentamos e ele nos serviu algo que parecia vinho.
—Isso é...?
—Suco de uva. Prometo.
—O que eu estou fazendo aqui, Di?
—Antes de fugir de mim hoje, você disse que não queria ficar comigo daquele jeito. Bom, eu sou daquele jeito.
—Eu sei que você não é. Eu entendi o motivo de você ter ficado maluco aquela hora. Foi o vinho. Zeus te proibiu isso há muito tempo?
—Algumas décadas, sim. Por quê?
—Depois de tanto tempo sem beber, você provou uma taça. Seus poderes se descontrolaram. Você estava me controlando sem saber.
—Então você não me quer?
—Sim, eu quero. Mas não sendo controlada por você. Eu quero te conhecer e quero que você me conheça. Eu gosto muito de você e eu só estou dizendo isso porque eu sei que isso é um sonho e nada disso é real.
—Sim, claro. Eu também gosto de você, Sofia. Muito... Então? O que quer saber de mim?
—Ahn...sua mãe, quem ela é? Ela está no Olimpo?
—Não. O nome dela era Sêmele. Hera à matou um pouco antes de eu nascer, por ciúme. Zeus como o ótimo pai que é salvou minha vida e me manteve vivo até se cansar e me tornar imortal.
—Que horrível.—disse apertando sua mão.
—Agora é minha vez. Como ficou viva durante todo esse tempo longe do acampamento?
—Apolo disse que minha sapatilha de balé é encantada para esconder meu cheiro e afastar os monstros.
—Deve ser por isso que nenhum sátiro nunca te achou então. Odeio admitir, mas Apolo foi inteligente nessa. Não deve ter feito sozinho.
—Afrodite o ajudou. Minha vez... Porque Zeus te castigou com o vinho e ficar preso no acampamento?
—Antes de conhecer minha ex mulher, eu andava por aí com todas as garotas do mundo. Uma das ninfas do bosque do Olimpo era favorita de Zeus e eu não podia tocá-la. Para mim isso aumentava mais ainda o desafio. Fiquei com ela e ele me castigou. Se quer saber a verdade, não valeu a pena. Minha vez.
Sorri e esperei sua pergunta.
—Você gostaria de um deus que é obrigado a ficar preso em um acampamento por mais umas décadas?
—Sim. Minha vez—Ele soltou uma gargalhada tão natural e eu fiquei maravilhada com a beleza dele tão despreocupada. Os deuses eram conhecidos por serem fortes e sexys o tempo todo e lá estava, Dioniso, totalmente solto e completamente lindo.—Sua ex mulher, você ainda gosta dela? Como ela era?
—São duas perguntas.—Bom, ela era divertida e muito bonita. Partiu meu coração e agora ela está feliz, mas feliz do que foi quando estava comigo. Minha vez.
—Fala.
—Você ainda me quer? Vai me dar outra chance?

De repente eu acordei e estava suada, olhei no relógio e vi que já tinha passado do horário para o café no pátio principal. Desci e o templo estava vazio. Fui até a cozinha e encontrei uma ninfa.
—Bom dia, senhora Sofia. Gostaria do que para o café?
—Panquecas.
—Tudo bem. Quer suco de abacaxi?
—Sim, por favor.
Tomei café e saí indo em direção ao templo de Afrodite para contar para ela sobre meu sonho. Quando entrei, ouvi vozes na parte de cima. Me aproximei da escada e era a voz dela e...do meu pai.
"O que você tem colocado na cabeça dela, Afrodite? Ela é só uma criança!"
"Não, Wes e Ruby são crianças. Sofia é uma mulher e eu não disse nada demais a ela. Você precisa parar com isso."
"Se alguém souber disso, estamos ferrados, ouviu? Se você contou alguma coisa, Zeus pode estar de olho."
"Eu não disse nada, agora suma daqui" —Ouvi o barulho de algo sendo jogado contra a parede e Apolo desceu a escada correndo. Eu estava sentada no sofá da sala e ele não me viu, graças aos deuses. Afrodite desceu logo depois é eu fui atrás dela.
—Bom dia. Desculpa aparecer de surpresa. Mas preciso falar com você.
—Sempre tenho tempo para você. Sente-se.


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