Meu Querido Cupido escrita por Bonnie Only


Capítulo 38
Apagar a sua memória


Notas iniciais do capítulo

Olá ♥

Hoje o capítulo começará narrado pela Stacy mais uma vez. É muito importante, então prestem atenção.

Leiam as notas finais.

Boa leitura ♥



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Stacy

Quando Bruce voltou da casa do Dean trazendo as coisas da Cassie, ele me chamou para conversarmos em particular no nosso novo quarto na mansão. Ganhamos um quarto só nosso, e era confortável e familiar. Não havia muita decoração, apenas uma cama de casal, alguns pôsteres colados à parede e todo o conforto de que precisávamos. De repente pensei que não foi uma má ideia descobrir sobre os cupidos. Eu estou com o Bruce, e é isso o que importa.

Mas pude ver em seu rosto que ele não estava bem. Ele trancou a porta assim que entramos e logo em seguida hesitou ao falar.

— Como passou a noite? — Perguntou. O clima estava silencioso, mas eu estava ansiosa, inquieta. 

— Melhor do que deveria. Eu e a Cassie fomos muito bem tratadas.

Ele abriu um sorriso sem vontade.

— Precisamos falar sobre como serão as coisas à partir de agora — ele suspirou, e naquele momento eu já sabia o que falar. Pensei sobre isso a madrugada toda.

— Bruce, está tudo bem! — Falei com convicção, indo até ele e tocando seu rosto. — Não me importo em passar o resto da minha vida fugindo ou vivendo aqui. O que importa de verdade é que estejamos juntos! Olha, na hora do café aqueles caras foram tão acolhedores! Eles disseram que protegeriam a mim e a Cassie como suas escolhidas. Eu sei que vou estar segura aqui, com você. Podemos fazer isso! Podemos quebrar essa regra!

— Stacy, é mais complexo do que imagina. Nós não vamos durar muito tempo aqui.

— E daí? Você não acha isso errado? A Cassie ama o David! E eu sinto o mesmo por você. Então por quê não vamos lutar por isso? Pra que tanto medo? Vocês tem poderes, vocês podem lutar, nós podemos fazer isso dar certo! — Falei, cheia de esperança. — Eu não tenho uma vida para querer voltar atrás, Bruce. Você é tudo o que eu tenho!

— Está errada, Stacy. — Bruce falou e eu pude notar que ele não queria dizer isso, mas estava se esforçando. — Sua família se importa com você. Eles devem estar procurando por você. Não quero ser o responsável por sua morte, eu nunca me perdoaria.

— Mas não vai! Nós vamos encontrar um jeito! — Continuei o tocando, tentando dizer que não me importo com mais nada. Que cansei de ficar longe dele e que pela primeira vez em muito tempo eu estou feliz e fazendo o que quero.

— Já encontrei um.

Naquele momento franzi minha testa e tirei minha mão do seu rosto. Bruce se afastou um pouco.

— Eu e David e os outros caras estivemos conversando. Decidimos que... Vamos tentar apagar a sua memória. — Cuspiu as palavras, como se tirasse um curativo rapidamente.

— O quê? — Murmurei, indignada. As palavras saíram como um sopro.

— Amnésia é a primeira opção que usamos com os humanos. Esperamos que funcione com você.

— Amnésia? — Ri sarcasticamente. — Está brincando? 

— David tentou com a Cassie quando ela descobriu. Porém não funcionou. É a primeira vez que não funciona.

Olhei para baixo, horrorizada.

— Por que não funcionou com ela?

— Ainda não sabemos. Talvez seja porque memórias muito importantes não somos capazes de apagar. Mas era para ter funcionado.

— E se funcionasse? O quê teria acontecido?

— A Cassie teria se esquecido de tudo. Que viu as asas, que existem cupidos. Ela se esqueceria do David e de cada um de nós, retomando a vida normal.

Naquele momento eu soube que se ele tentasse amnésia comigo, eu me esqueceria dele. Do Bruce. Das nossas noites. Do seu rosto. 

— E você acha que vai funcionar comigo? — Perguntei, e esperei que a resposta fosse "não".

— Não sabemos, mas precisamos tentar. Farei todo o possível para te livrar dessa situação, Stacy. Mesmo que doa. Sua vida é mais importante.

Balancei a cabeça, indicando que não. Que era uma tremenda babaquice fazer isso com alguém.

— Me recuso, Bruce! — Gritei. — Não vou me sujeitar a isso e você não pode me obrigar!

— Tem que fazer isso. — Pediu, sua voz carregando um turbilhão de sentimentos.

Neguei com a cabeça outra vez, e olhei para baixo de novo, para que ele não me olhasse e visse meus olhos marejando.

— Faça isso, Stacy. — Falou e veio até mim, uma mão envolveu minha cintura e outra minhas costas. Iniciamos um beijo desesperado.

Sentir seus lábios. Era isso o que eu queria todos os dias. Estar com o Bruce. Devolvi o beijo, tocando sua nuca, enquanto a luz do sol entrava pela fresta da janela e nos iluminava.

 Naquele momento concluí que se não funcionou com a Cassie, também não vai funcionar comigo. Então decidi que vou permitir que tentem me fazer esquecer de tudo. Não vai funcionar.

➴ ➵ ➶

CASSIE

David e Bruce trouxeram as minhas coisas. Segundo eles, a casa do Dean estava vazia, e eles invadiram. Acabei ficando com um certo receio. Por onde anda o Dean superior? Será que ele está me procurando nesse exato momento?

Agradeci aos meninos por terem ido até lá para buscar a minha mala. Já virou um costume ter um novo quarto a cada algumas semanas.

Quando o sol estava indo, decidi organizar as minhas coisas no novo quarto. Enquanto estava sentada na cama, mexendo na mala, David apareceu, batendo na porta. Permiti que ele entrasse.

— Sente falta do meu quarto? — Perguntou com um sorriso divertido quando me viu organizando as coisas.

— Você não faz ideia...

Me impressionando, ele deu mais alguns passos e ficou em minha frente. Colocou as duas mãos no bolso da calça e me encarou.

— Quero falar com você. — Falou. O som da sua voz entoando no quarto.

Minha mão congelou e desisti de tirar uma peça de roupa da mala.

— Pode dizer. — Dei atenção a ele.

Ele veio ao meu lado na cama e se sentou, bem perto.

— Algumas coisas aconteceram tão rápido que não tive tempo de te explicar. Quero deixar claro que... Quando permiti que você fosse morar com o Dean, eu não sabia sobre ele ser um superior. E pensei que fosse a melhor decisão. Franklin disse que você estaria mais segura longe de mim e que mais superiores sabiam sobre você. Inclusive sobre o nosso beijo.

Quando ele tocou no assunto do nosso beijo, estremeci.

— Como ele soube?

— Não sei. Franklin tem ocultado muita coisa. Por isso permiti que algumas coisas acontecessem. Eu estava cego, foi uma idiotice deixá-la ir. Mas agora tudo mudou. Não vou te colocar em perigo outra vez.

Sorri, sentindo o coração bater mais forte. Ele estava ali, ao meu lado, me olhando. 

— Acho que não importa o que que aconteça, sempre que tentamos nos afastar acabamos voltando um para o outro. — Admiti. Aquele era um momento de confissão, talvez a hora certa para dizer o que eu sinto. Mas antes precisávamos esclarecer algumas dúvidas.

— O que você pretendia fazer quando disse que Dean era meu escolhido?

— Esperar até que as coisas se acalmassem. Eu ainda não tinha um plano concreto.

— Por isso eu senti que estava no lugar errado. Eu sabia que ele não era meu escolhido. 

David pareceu satisfeito quando eu disse isso.

— Ele tentou alguma...?

— Não. — Ri. — Na verdade, quase. Mas eu não permiti. 

Pude notar a fúria em seus olhos.

— Quando eu fugi do Dean, havia um cara com ele. Ele estava de capuz e eu não consegui ouvir sua voz. Ele parecia ser um cúmplice, como se estivesse naquela casa para me matar. Estive pensando nisso, e cheguei a pensar que talvez esse homem possa ser o... Franklin. — Engoli a seco quando terminei de dizer.

Quando ouviu isso, David cerrou os olhos e parou para pensar.

— Não conheço mais o Franklin. — Olhou para frente, decepcionado. — Há muitas chances de ser ele.

Me senti péssima por isso, e me lembrei na forma como Franklin apareceu e me salvou quando pulei. E como cuidou de mim na floresta.

— Tenho pensado nos meus pais. — Mudei o assunto. Senti que precisava me abrir. David estava ali, pronto para me ouvir. — Agora tenho certeza que foi o Dean que me enviou aquele pacote misterioso. Ele sabe quem são a minha família. Tenho medo que ele machuque minha mãe ou o meu chefe.

— Ele não pode tocar neles ao menos que eles saibam sobre nós. Dean é um superior e também tem algumas regras a seguir. Quanto a isso, eu vou resolver. Ele está na minha mira. 

— E se ele não se importar? E se mesmo assim machucar a minha mãe? — Arfei, aflita.

— Já matei superiores antes. Não vou abrir uma exceção para ele. Antes que ele resolva acabar com tudo, eu vou acabar com ele. — Meu cupido garantiu, mas também temi por ele. Tudo é muito perigoso.

— Não se coloque em perigo. — Pedi. — Quero que as coisas se resolvam sem que aconteçam mortes.

— Infelizmente será impossível, Cassie.

Abaixei minha cabeça, temendo o pior. Mas me surpreendendo ele veio mais perto, e com sua mão levantou meu rosto e se inclinou para mim, nossos lábios quase se tocando. Foi quando ele selou o espaço entre nós e pela segunda vez meu cupido me beijou, e a sensação foi exatamente a mesma que a anterior, mas ainda mais cheia de desejo. Fechei meus olhos e o senti por alguns segundos. Depois ele se afastou.

— Preciso manter o controle. — Falou após se afastar, ainda de olhos fechados.

— Sim... — Concordei, mas dessa vez fui eu quem o beijei, agora de forma diferente, mais desesperada, mais intensa a cada segundo. Deixei que sua língua entrasse e cada parte do meu corpo acendeu. Ajeitei as minhas pernas na cama e me joguei um pouco mais para ele. Estava cansada de me conter tanto, de evitá-lo, de ficar longe por tanto tempo. Tantas vezes quis estar assim com ele.

Enquanto ainda nos beijávamos, avancei um pouco mais, subi nele e me sentei, colocando uma perna de cada lado entre seu corpo e meus braços em seus ombros. Após esse movimento e enquanto o beijo ficava cada vez mais intenso, senti algo que me deixou completamente fora de mim. Sua ereção. Logo abaixo de mim. Há quanto tempo não deixo um homem excitado? Nenhuma relação que tive se compara com a que estou tendo com o David. Ele me toca de uma forma especial, e seu beijo é diferente de qualquer outro. Uma sensação sem igual, sobrenatural, como diria Stacy. Mas agora definitivamente não era o momento de me lembrar das minhas relações anteriores.

Estávamos avançando a cada toque. Foi quando David, mais uma vez, afastou sua cabeça. Ainda estávamos na mesma posição, eu em cima dele, sentada, enquanto ele me segurava firmemente. Ele estava cheio de desejo, eu podia sentir, e me encontrava na mesma situação. Seus olhos ganharam um novo brilho.

— Precisamos parar, Cassie. — Sua voz quase não saiu.

Ofegante, respirei fundo, meu peito subia e descia, e eu não queria sair dali. 

— Por quê? 

— Te fiz uma promessa. Não quero estragar tudo.

Sorri.

— Que se dane a promessa. Quero você. — Falei, e nunca fui tão ousada. Só disse isso porque David merecia ouvir. Era o que eu estava sentindo.

— Também quero você. — Me olhou com desejo. — Porra... Não imagina como eu quero. — Ele me analisou ali, em cima dele, e riu, olhando para os lados e tentando se conter. — Mas sinto que estou piorando as coisas. Não quero colocá-la em perigo mais do que já coloquei. Não quero te magoar, Cassie. — Agora me olhou com carinho.

Eu entendi o que ele queria dizer, na verdade, cada palavra. E apesar de querer ignorar o que ele disse e voltar a beijá-lo, eu aceitei. Fui eu quem pedi uma vez para que David evitasse qualquer contato perigoso comigo. Ele apenas está respeitando o que eu pedi uma vez. Me odiei por isso, e me perguntei quando poderíamos ter o nosso momento de verdade, sem medo.

— Tudo bem. — Com um sorriso me afastei, saindo de cima dele. Foi notória a decepção em seu rosto.

Ambos nos levantamos e ficamos de frente um para o outro.

— Vamos descer. — Pediu.

Assenti, e pensei que ele iria na frente, afastado de mim, mas me surpreendendo me deu um último beijo demorado, me pegou pela cintura e sussurrou em meu ouvido, seu hálito quente me fez arrepiar:

— Isso está me matando. — Sussurrou. — Eu ainda vou perder o meu juízo, Cassandra...

Quando me preparei para descer, David me chamou.

— Espera. 

Olhei para ele e notei o motivo. O volume em sua calça. Se descêssemos agora todos notariam e ficaria muito claro o que estávamos fazendo. Eu segurei uma risada.

➴ ➵ ➶

Quando chegamos até a sala, todos que estavam presentes nos olharam assustados. Eu e David ainda abraçados, sua mão em minha cintura. Bruce nos olhou com espanto, mas não conseguiu segurar um sorriso. E Stacy... Parecia inconformada e empolgada. Sorriu para mim, cheia de orgulho.

Haviam mais cupidos ali do que eu esperava. Todos nos olhando. Aposto que estavam pensando: "Como se não bastasse o Bruce e a Stacy, agora David e Cassie? Esses caras estão pedindo para morrer!".

— Estávamos te esperando, David. — Brandon anunciou.

— Pensamos que não iria descer nunca mais. — Bruce provocou, e David o olhou com inocência.

— O que querem? — Perguntou.

— Falei com a Stacy. — Bruce disse, e naquele momento todos os cupidos presentes olhavam para o Bruce — Ela aceitou.

Fiquei confusa. Aceitou o quê? 

— Bruce propôs apagar a minha memória, Cassie. — Stacy notou a minha curiosidade. — Eu aceitei. — Stacy explicou. Parecia triste, mas ainda assim estava ali, abraçada com o Bruce no sofá.

Me afastei do David e corri até ela e a abracei. Ela devolveu o abraço, e quando nos afastamos, ela parecia positiva. Como se estivesse preparada.

— Talvez não funcione. — Tentei acalmá-la, mesmo desejando que funcione, porque daí ela estaria livre. — Não funcionou comigo.

— Eu sei. — Ela assentiu. — Estou preparada para o que vier.

Concordei, tocando seu ombro. Logo voltei para perto do David.

— Então decidimos dar um baile de despedida para a Stacy e o Bruce, caso a amnésia realmente funcione. — Brandon disse, todo alegre. Se tem uma coisa que os cupidos amam além de garotas, são festas. — O que acha?

Com certeza todos pensamos que aquela não era uma boa hora para dar um baile na mansão. Porém aquele seria um momento da Stacy e do Bruce. Uma despedida! E os dois mereciam isso.

— Eu aprovo. — Falei e todos os cupidos olharam para mim. Stacy pareceu contente.

David analisou a situação, mas minha resposta o influenciou, então ele concordou. Todos os cupidos vibraram assim que ele aceitou.

— Mas vai ser algo de classe, caras. — Brandon anunciou outra vez. — Será um baile, não uma festa de universitários. Vamos usar ternos e levar a garota que quisermos para nos acompanhar. 

Eles pareceram não se importar. O fato de que iriam passar a noite com uma garota e dançar era o suficiente para eles. Bruce e Stacy trocaram um selinho e eu e Davis trocamos um olhar cúmplice.

Um grande evento estava se aproximando.


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Notas finais do capítulo

Bom, estamos chegando na reta final da história. Sim... A história está acabando. Então não percam as últimas emoções!

Preparados para o baile?

Beijos e até logo ♥