Never Really Gone escrita por LStilinski


Capítulo 32
Para Resolver Essa Merda De Vez


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, vamos falar logo do que interessa: O TRAILER DA 6B??? EU ASSISTI AQUILO UMAS 346341 VEZES E ATE AGR EU N SEI WTF ESTA ACONTECENDO MAS TO SENTINDO QUE VAI SER MUITO BOM???? SCOTT E MALIA??? DEREK??? STILES COM A CAMISA DO FBI??? JACKSON!?? É MUITA COISA P ASSIMILAR. MAS SABE O QUE SERIA BOM VER? STYDIA. E EU QUERO UMA OVERDOSE, POR FAVOR.

Anyways, oi gente tudo bem? Esse capítulo foi meio difícil de escrever e ele ficou bem beem grande. Also, tenho quase certeza que ele vai ser o penultimo (aaaa) pois é. então espero que gostem, e até semana que vem :)



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Lydia sentia-se paralisada enquanto assistia Theo se aproximar lentamente, como um tubarão. Procurava em si a força que sabia que tinha para reagir, para se afastar dele, mas algo nos olhos azuis do rapaz a prendia ao chão. Eles estavam mais frios do que nunca, e tinham um brilho estranho de prazer, quase como se nada o agradasse mais do que vê-la ali, encurralada. Seus olhos eram maldosos, cruéis, insensíveis. Olhos de um predador.

Ou de um assassino.

A ruiva sugou o ar para dentro dos pulmões, depois o soltou lentamente. Forçou-se a respirar em um ritmo calmo, tentando o máximo que podia não se desesperar; tinha que manter a mente limpa, a atitude confiante e a língua afiada.

— Fiquei sabendo que vocês conheceram um velho amigo meu – disse ele, parando bem em frente à garota.

Lydia ergueu uma sobrancelha, não tão surpresa como ele provavelmente esperava que ela ficasse.

— Foi mesmo?

— Claro. Vocês devem ter conversado bastante durante sua visita hoje de manhã, hun?

A ruiva estreitou os olhos.

— Espionagem é um hobby muito estranho, sabia? Todo esse interesse na vida alheia, além de ser ilegal, é bem triste também. – Ela inclinou a cabeça para o lado. – Quanto tempo você ficou do lado de fora da minha casa antes de tocar a campainha? Quando tempo esperou até Stiles sair de casa naquela noite?

Theo deu de ombros.

— O que eu posso dizer, é um bom passa tempo. Mas, em minha defesa, eu estava um pouco preocupado que vocês estivessem tentando roubar meu amigo. Isso é um golpe baixo, Lydia.

— Ah, pelo amor de deus. – Ela bufou, revirando os olhos. – Você é muito egoísta para ter amigos. Aquelas pessoas que te seguem o dia todo no colégio, elas não tem ideia de quem você é. E você sabe muito disso. Então nem comece com essa merda infantil, já que nem você acredita no que está falando.

— Isso é verdade, mas eu e Derek...

— Eram namorados, é, eu sei – ela o interrompeu. – E você o manipulou como uma marionete.

Theo ergueu as sobrancelhas, abrindo um sorrisinho animado.

— Wow, você fez mesmo sua lição de casa, não foi? Pelo visto, eu não sou o único que se interessa pela vida alheia. Bom trabalho.

— Pois é, nós estávamos tentando resolver algumas coisas e acabamos achando mais provas de que você é um psicopata. Mas ninguém ficou surpreso, na verdade. – A ruiva deu de ombros. Estava orgulhosa de si mesma por parecer tão despreocupada quando na verdade ainda não conseguia se acalmar por dentro. Precisava se manter alerta; estar tão próximo a Theo nunca era uma coisa boa.

Ele a encarou por alguns longos segundos, seus olhos azuis frígidos focados nos da garota, de forma que Lydia se arrepiou. Não desviou o olhar, mesmo quando seu coração começou a acelerar aos poucos. Seus dentes trincaram e suas mãos pequenas se fecharam em punhos.

— Acho que você sabe mais do que deveria – disse ele, finalmente.

— Acho que sei o suficiente – ela retrucou. O rapaz estreitou os olhos.

— O ditado “conhecimento é poder” não se encaixa aqui, Lydia, espero que saiba disso. Eu não sei exatamente o que ou como Derek contou...

— Derek apenas confirmou o que nós já suspeitávamos – ela o interrompeu. Não fazia sentido negar tudo aquela altura, era óbvio que Theo já estava ciente de todas as coisas que ela sabia sobre ele. – Certas coisas não podem ficar enterradas para sempre, Theo, e você esconde muita coisa abaixo da superfície.

Theo soltou uma risada curta e cruzou os braços.

— Ah, Lydia. Já que estamos na mesma página, vamos ter uma conversa mais direta, ok? Chega desse drama – disse ele. – Sim, eu matei Erica. Mas isso faz anos, ninguém deve lembrar mais que ela sumiu. Eu já tinha me esquecido até vocês começarem a revirar tudo isso. Então o que vocês querem trazendo essa história á tona? Sério, eu quero mesmo saber.

Lydia abriu a boca, mas nenhuma palavra saiu. O choque a impossibilitava de fazer qualquer coisa além de encará-lo. Ouvi-lo falar daquela forma, tratar o assassinato de uma pessoa inocente com tanto desdém e descaso... era desumano. Theo tinha matado Erica, uma garota jovem e com toda a vida pela frente, e era claro que ele não se arrependia, muito menos se importava. Ela estava cara a cara com um assassino, e não tinha percebido o que isso significava até aquele momento. A ruiva teve a sensação nauseante de que estava vendo Theo pela primeira vez, e era muito pior do que imaginava. Era monstruoso.

— Como... Como você pode falar assim? – ela perguntou com a voz falha e baixa, dando dois passos para trás. Seus olhos queimavam com lágrimas que ameaçavam chegar, mas a garota lutou contra elas. Theo franziu a testa, como se não entendesse a reação da garota.

— O que? Sobre Erica? Ah, por favor. – Ele bufou. – Sim, eu a matei porque ela descobriu uma coisa que não era da conta dela e eu sabia que a vadia ia acabar abrindo a boca e contando para todo mundo. Não sei se Derek te contou isso, mas fiz aquilo por nós dois. Ele pode me colocar no lugar do vilão, mas ele sabia muito bem a merda que aconteceria se todo mundo ficasse sabendo.

— Você queria que ele te agradecesse? Você matou a namorada dele!

Theo deu de ombros.

— Eles nunca namoraram de verdade, Derek nem gostava dela. E sim, ele devia ter me agradecido porque eu o livrei de muita coisa.

Lydia soltou uma risada incrédula e despida de humor.

— Está falando sério?

— Ele manteve a boca calada todo esse tempo, não foi? – disse Theo. – Por isso vou logo dizer que se seu plano é fazê-lo me denunciar para a polícia, pode desistir. Derek nunca faria isso comigo.

— Você subestima o estrago que faz na vida das pessoas. Sim, ele se manteve em silêncio e voltou a te ajudar porque ele te ama, e você sabe disso. Mas você o destruiu, Theo.  Não é todo mundo que consegue simplesmente esquecer uma coisa horrível como essa e seguir em frente. Pessoas normais não conseguem – ela cuspiu, afastando-se mais. – Derek sabe qual é a coisa certa a fazer, e ele vai fazer a coisa certa.

Theo ergueu as sobrancelhas e assentiu lentamente, franzindo os lábios.

— Certo, Lydia, mas me deixe colocar dessa forma: seu plano não vai dar certo porque Derek não vai poder ir até a polícia. Literalmente.

A ruiva piscou algumas vezes, sem entender.

— Do que você... – ela começou a perguntar, mas parou assim que viu o sorriso malicioso começar a aparecer nos lábios do rapaz. E ela entendeu imediatamente. – O que você fez com ele?

O rapaz deu de ombros.

— Deixarei essa parte para a sua imaginação – respondeu. – Só posso garantir que Derek não vai contar sua parte da história.

 Lydia quis se afastar mais e sentar no degrau da escada atrás de si, mas não conseguiu se mexer. Nem questionou se Theo seria capaz de matar Derek para que ele se mantivesse em silêncio; aquilo era apenas a história se repetindo. Não importava se eles tiveram um relacionamento no passado, ou se Theo já sentiu alguma coisa pelo rapaz. A garota imediatamente pensou na tia, que havia saído sozinha enquanto ele esperava sua chance para entrar. Se aquela chave pertencia a Monica... o que ele tinha feito com ela?

A ruiva não era muito religiosa, mas naquele momento, ela rezou para que a tia estivesse em seu encontro com o Xerife, completamente alheia ao que estava acontecendo naquela casa. Rezou para que Allison entendesse que aquela era a hora de ligar para a polícia, porque sentia que chegaram a um ponto em que a conversa não iria simplesmente acabar. Algo estava a acontecer, e ela não podia evitar.

Ela respirou fundo e ergueu os olhos.

— O que você quer com essa conversa, Theo? – ela perguntou, sentindo-se impotente. – Me intimidar? Parabéns, missão cumprida.

— Bem, não exatamente. Na verdade eu vim até aqui para resolver essa merda de vez – disse ele. – Agora, eu quero que ligue para o seu namorado.

Lydia franziu a testa.

— Como é?

— Eu quero que você pegue seu celular e ligue para Stiles – ele repetiu, calmamente.

— Não! O que você...

Theo suspirou pesadamente e, em um movimento rápido, levou sua mão á parte de trás da sua calça e de lá puxou uma arma, apontando-a diretamente para o rosto da garota.

— Ai meu deus – ela arquejou.

— Liga pra ele. Agora.

A ruiva respirou algumas vezes antes de virar o corpo e ir andando lentamente até o sofá, onde havia deixado seu celular. Ele o seguiu, sem abaixar o braço nem um segundo, observando-a atentamente.

— O qu- O que você quer que eu diga? – ela perguntou, com a voz trêmula.

— Peça para ele vir ate aqui – ele instruiu.

— Stiles está em um hospital, não pode simplesmente...

— Invente alguma coisa. Não cite meu nome, ou o que está acontecendo. E se a polícia aparecer aqui...

— Ok, ok. – Lydia desbloqueou o celular com os dedos trêmulos e apertou no nome do namorado na lista de contatos. Colocou o aparelho contra a orelha e aguardou, se esforçando o máximo para não olhar para a arma apontada em sua direção.

— Ei, Lydia – Stiles atendeu poucos segundos depois. – Alguma notícia...?

— Não, ainda não. Escute, hum...

— Está tudo bem? – ele perguntou, notando sua voz um pouco trêmula

— Sim, está tudo ótimo. Eu, ahn... – Lydia olhou rapidamente para Theo. – É só que eu estou sozinha aqui em casa e... estava pensando se você não iria querer vir me fazer companhia.

Stiles sentou na cama, franzindo a testa. Havia algo estranho na voz da garota; as palavras que dizia não combinavam com o tom que usava.

— Lydia?

— É sério, Stiles. Você sabe que eu não gosto de ficar sozinha de noite, não é? – Lydia fechou os olhos, torcendo para que estivesse sendo convincente o suficiente. - Acha que consegue fugir daí? Por favor?

Escutando-a falar, o rapaz teve certeza que algo ruim estava acontecendo. Ele a conhecia bem demais para acreditar no que ela dizia. Podia ouvir o medo em sua voz, a hesitação.

— Lydia, está acontecendo alguma coisa? – ele perguntou, preocupado. A garota forçou uma risada.

— Claro que sim, você sabe que ela não se importa – ela respondeu. Stiles assentiu, jogando as pernas para fora da cama e se levantando.

— Você está em perigo?

— Ah, você sabe que sim.

— Tem mais alguém com você? Claro que tem, senão você não estaria falando em códigos. Que pergunta mais idiota...

— Stiles!

— Certo, certo. Estou indo, okay? Não vou demorar.

— Tudo bem.

—Vai dar tudo certo– disse ele. Lydia segurou o celular com força, franzindo os lábios. – Eu prometo.

— Te vejo daqui a pouco.

xxxx

Em seu quarto no hospital, Stiles  calçava seus sapatos o mais rápido que podia enquanto ligava para Scott pela discagem rápida. O rapaz atendeu após o segundo toque.

— Cara, Allison acabou de me ligar...

— Lydia também. Alguma merda está acontecendo. Você precisa me ajudar a sair daqui.

— Já estou a caminho. Escute, Theo está com elas.

— O QUÊ!? - ele quase gritou. – Como...?

— Ele tinha a chave da casa, ou algo assim. Allison disse que ele está armado.

Stiles congelou. Lydia estava no mesmo cômodo que aquele psicopata.

— Onde você está? – ele perguntou,pegando um moletom.

— Estacionando em frente ao hospital.

— Ok, já estou indo. – Stiles vestiu um moletom e cobriu a cabeça com o capuz. O movimento rápido o fez sentir uma pontada vinda da incisão, mas ele não podia se preocupar com aquilo. Colocou o celular no bolso e abriu a porta do quarto, olhando para os dois lados do corredor. Depois de se certificar de que não seria visto por nenhuma enfermeira, saiu do quarto e fechou a porta atrás de si. Andou pelo corredor com passos rápidos e manteve a cabeça baixa, tentando não chamar atenção para si, o que não ajudava quando ele parecia um ladrão de pijamas. Tinha conseguido chegar á recepção quando foi reconhecido por uma enfermeira, que chamou seu nome. Sem olhar para trás, Stiles começou a correr para a porta, parando brevemente do lado de fora do prédio para localizar Scott, que havia estacionado o carro da mãe não tão distante da saída.

— Vai, vai! – ele gritou assim que entrou no carro, e Scott pisou no acelerador.

— Como Lydia conseguiu ligar para você? Allison está escondida no quarto e disse que Theo estava com Lydia no andar de baixo.

— Ela me chamou para ir até lá, mas agora é óbvio que Theo estava a forçando a fazer isso. aquele filho da puta está planejando alguma coisa e se ele tocar em Lydia eu juro por deus... – Stiles respirou fundo e soltou o ar lentamente, esfregando os olhos. – Ok, vou ligar para o meu pai.

Scott olhou indeciso para o amigo.

— Tem certeza que aparecer lá com a polícia é a melhor ideia?

— Eu não sei – ele respondeu, pressionando o celular contra a orelha. Esperou impacientemente até que o Xerife atendesse.

— Oi, filho – ele disse, com a voz de quem se recuperava de uma boa risada. Ao fundo, além do barulho que parecia ser de um local lotado, podia-se ouvir uma risada feminina bem próxima. – Está tudo bem?

— Na verdade, não. – Stiles explicou rapidamente tudo que estava acontecendo. Enquanto falava, ouviu o pai murmurar “precisamos ir” para alguém.

— Stiles, não faça nada até eu falar com você, está entendendo? – Noah o advertiu. – Vamos resolver isso.

— Pai, eu não posso deixar Lydia...

— Stiles, estou falando sério, você entendeu?

O rapaz suspirou.

— Entendi.  – Ele abaixou o celular e não precisou de nem mais um segundo para tomar uma decisão. Stiles e Scott se entreolharam. – Vai mais rápido!

xxxx

A ruiva terminou a ligação e olhou para Theo, que ainda a observava.

— Ele está a caminho.

Theo assentiu, abaixando a arma e voltando a colocá-la no cós da calça.

— Ótimo. Muito bem. – Seus olhos azuis passearam pela sala. – Agora só precisamos esperar.

— O que vai acontecer quando Stiles chegar? – ela perguntou.

— Vamos ter uma conversa civilizada, só isso – ele respondeu, pousando os olhos nela. – Achar uma solução boa para os dois lados. Sabe, resolver as coisas.

Lydia semicerrou os olhos.

— Civilizada? Você trouxe a porra de uma arma. Você sabe o que quer dizer civilizado?

— Claro que sei. A arma é só para mostrar que eu estou disposto a resolver esse problema de um jeito ou de outro. – Ele deu de ombros. – Só depende de você e do seu namoradinho.

— De um jeito ou de outro, você acaba na cadeia – ela rebateu, incapaz de se segurar. – Se quer tanto ser preso, existem formais de conseguir isso sem todo esse drama. E não era você quem não queria mais drama? Ninguém tem mais saco para os seus showzinhos.

Theo soltou uma gargalhada, achando graça da atitude da garota. Lydia percebeu algo se movimentando rápido atrás dele, mas manteve os olhos no rapaz.

— Você é muito pequena para tanta rebeldia. Como um gatinho tentando ser assustador. Você pode ser boa com as palavras, mas elas não fazem muita coisa. – Ele apontou para a mão engessada da garota. – Isso que acontece quando tenta me machucar.

— Valeu à pena – disse ela. – Posso te dar outro soco, se quiser.

— E machucar a outra patinha? Não precisa.

— Ainda bem que as minhas estão ótimas, então – disse uma terceira voz. Theo se virou, confuso, e teve tempo apenas de ver o sorriso malicioso de Allison antes dela o acertar no rosto com o livro mais grosso que tinha achado. O rapaz gemeu de dor, cambaleando um passo para trás, e antes que ele pudesse reagir, a morena o segurou pelos cabelos e puxou sua cabeça para baixo com força, acertando-o com uma joelhada no nariz.

— Allison! – Lydia olhou para a amiga com olhos arregalados enquanto ela empurrava o rapaz para o chão.

— Não podia esperar mais, desculpe – disse a morena.

Theo gemeu, cobrindo o nariz sangrento.

— Sua vadia! – urrou.

A morena deu-lhe um chute forte na barriga e ele se encolheu.

— Cala a porra da boca – ordenou. Abaixou-se para pegar a arma presa na calça dele enquanto ele tossia, tentando recuperar o ar. Theo então puxou a perna da garota, derrubando-a no chão. Allison conseguiu empurrar a arma para longe antes que ele a segurasse.

Lydia assistia aterrorizada aos dois se debatendo no chão. Forçou-se a sair do choque e pegou a arma no chão com as mãos trêmulas. Era mais pesada do que ela imaginava. Sua atenção voltou para os dois quando Allison soltou um grito de dor e Theo conseguiu segurar os punhos da garota, segurando-a contra o chão.

— Saia de cima dela! – a ruiva ordenou, apontando a arma para ele. Theo olhou para trás e soltou uma gargalhada.

— Você não tem coragem, Lydia – disse ele com a respiração pesada enquanto ainda tentava controlar a morena, que ainda se debatia. Lydia destravou a arma, baseando-se apenas no que tinha visto nos filmes e rezando estivesse fazendo do jeito certo.

— Saia. De cima. Dela – repetiu, aproximando-se. Theo abriu um sorriso, mas ele logo sumiu quando Allison acertou o punho em cheio no queixo do rapaz. Ele conseguiu interceptar o segundo soco, segurando com força o pulso da garota, e a acertou no rosto com a mão livre.

Lydia deu alguns passos para trás, mantendo o braço erguido e a arma apontada para ele, mas tremia tanto que temia derrubá-la. Theo se levantou lentamente, deixando uma Allison desacordada no chão, e cuspiu sangue no chão. Ele sorriu, mostrando seus dentes ensanguentados.

— Onde estávamos? – disse ele, dando um passo para frente.

— Fique onde está – disse Lydia com uma voz controlada. – Nem mais um passo, ou eu juro que atiro em você.

O sorriso dele apenas aumentou, e ele se aproximou mais.

— Vá em frente. Atire em mim – ele a desafiou. A ruiva respirou fundo algumas vezes. Trincou os dentes e abaixou a arma, mirando na perna dele, e apertou o gatilho. A bala o acertou na coxa e Theo soltou um grito de dor, caindo no chão.

Scott mal tinha estacionado o carro do lado de fora da casa quando os dois ouviram um tiro. Os rapazes se entreolharam, ambos imaginando o pior. Stiles se jogou para fora do carro, correndo para a porta da frente.

— Lydia! - ele gritou, batendo com força as palmas das suas mãos na madeira. - Lydia!

 - Stiles! - ela gritou de volta, sentindo uma pontada de alívio que quase a fez chorar. Queria se afastar de Theo, que xingava e se contorcia de dor no chão, e correr para os braços do namorado, mas não ousava abaixar a arma. Allison começava a retomar a consciência, Lydia precisava tirá-la dali o mais rápido possível.

Sem querer esperar, Stiles se afastou da porta depois jogou todo o seu peso contra a madeira. Scott se juntou a ele e, em pouco tempo, a madeira cedeu.

— Lydia! - Stiles chamou assim que conseguiram entrar na casa.

 - Aqui! - ela gritou. Os dois correram para a sala onde estavam, mas frearam quando viram a cena: Allison deitada no chão perto de um Theo ensanguentado e Lydia com uma arma apontada para o rapaz. Stiles olhou para a ruiva sem acreditar no que via.

 - Esqueci que teríamos visitas - disse Theo, forçando um sorriso em meio a sua careta de dor. - Isso é vergonhoso.

 - Cala a boca! - ordenou Lydia. Scott correu para a namorada e ajoelhou-se ao seu lado, olhando-a com preocupação. - Scott, leva ela para o hospital, acho que ela tem uma concussão.

O rapaz assentiu e ergueu a namorada do chão. Por mais preocupado que estivesse com tudo que estava acontecendo, a garota desacordada em seus braços era sua prioridade. Scott olhou para Stiles, que assentiu brevemente, mostrando que não tinha problema se o amigo voltasse ao hospital.

— Sua namorada é uma vaca - comentou Theo, alto o suficiente para que Scott escutasse.

— Está brincando comigo? Cala a porra da boca! - Lydia o repreendeu.

Stiles colocou a mão sobre o braço do amigo, que olhava para Theo com ódio nos olhos.

— A gente cuida disso - ele o assegurou.

— Bate nele por mim - o rapaz pediu antes de sair.

Theo se arrastou para cima do sofá, suspirando pesadamente.

— Tenho que admitir, as coisas não aconteceram como eu planejei - ele disse, dando uma risada fraca. - Mas pelo menos estamos nós três aqui e...

 - Lydia, você está bem? - Stiles perguntou, ignorando-o completamente e indo até a garota. Colocou as mãos em ambos os lados do rosto dela é a olhou nos olhos.

 - S-sim, estou bem - ela respondeu, assentindo de leve. Sentir os dedos dele em sua pele era mais do que o suficiente para acalmá-la. Lydia fechou os olhos, respirando fundo.

— Que momento lindo, vocês fazem um casal tão fofo... - falou Theo. Stiles virou o rosto e o olhou como se pudesse transformá-lo em pó. Os três ouviram sirenes do lado de fora, e o barulho de portas de carros se fechando.

— Finalmente - murmurou Stiles, virando-se para os policiais que entravam na casa. Era o fim daquela loucura, o ponto final daquela história horrível. Finalmente poderiam seguir em frente, continuar suas vidas normais como a de qualquer outro adolescente, sem ter mais que se preocupar com as ameaças de um louco.

O alívio acabou rápido demais; apenas um momento de distração foi o suficiente para afastá-los da paz que precisavam.

Theo esticou o braço e segurou o punho da garota, que não apontava mais a arma para ele. Lydia soltou um grito quando o rapaz, em um movimento rápido, tirou a arma da sua mão e se levantou do sofá, puxando a garota para si.

— Não! – gritou Stiles, mas Theo apontou a arma em sua direção e segurou o braço da garota com força, forçando-a a manter seu corpo junto ao dele enquanto se afastava de Stiles e dos policiais.

— Uh-uh, tarde demais - disse Theo, sorrindo maliciosamente. Dois policiais e o xerife sacaram suas armas ao mesmo tempo.

— Abaixe sue arma, agora! – ordenou o Xerife, mas o rapaz apenas riu.

— Theo, deixe-a ir – pediu Stiles, dando um passo em direção aos dois com as mãos erguidas.

— Ainda não, vamos conversar primeiro – disse ele. – E Lydia fica comigo até resolvermos tudo.

— Você não precisa...

Theo interrompeu a fala dele ao posicionar o cano da arma na lateral da cabeça da garota. Lydia respirou fundo ao sentir o metal contra sua pele, e fechou os olhos. Tremia dos pés a cabeça e o medo a impedia de pensar qualquer coisa além de “Eu posso morrer a qualquer momento.”

— Ela fica comigo. Entenderam? – Theo olhou para os policiais. – Vocês, abaixem suas armas. Eu estou no controle dessa merda.

O Xerife hesitou, mas guardou a arma no coldre e os policiais que o acompanhavam fizeram o mesmo.

— Theo, o que você quer? Só diga o que quer e nós fazemos um acordo, ok? – Stiles pediu, sem ousar dar mais um passo para frente. Ver Lydia naquela situação era tão agonizante que ele quase não se importava mais se Theo saísse impune daquela casa. Ele não se importava nada além dela. – Diga o quer e deixe-a ir, por favor. Faço qualquer coisa.

Theo sorriu e ergueu as sobrancelhas.

— Fácil assim, hun? Acho que é bem óbvio o que eu quero – disse ele. – Quero sair por aquela porta e não ter mais que me preocupar com vocês, otários. Eu posso ir embora da cidade, mas irei como um homem livre, ok? E vocês me deixam em paz.

— Tudo bem. Você pode ir embora, eu não ligo. Só deixe-a ir.

— Você tem minha palavra, Theo – disse o Xerife. – Solte a garota e você está livre.

Lydia fez uma careta quando o rapaz apertou seu braço com ainda mais força e soltou uma gargalhada curta.

— Acho que vocês não entenderam – disse ele. – Lydia vem comigo

Stiles fechou as mãos em punhos.

— Você não vai a lugar nenhum com ela – rosnou.

— Não vou machucá-la, se é isso que está pensando. É só por garantia, você sabe como é. Assim que eu estiver longe o suficiente, eu a deixo ir. Simples assim.

— Então me leve – disse Stiles, sem pensar duas vezes. Lydia abriu os olhos e o olhou com medo.

— Não, não – ela pediu com a voz trêmula.

— Stiles – repreendeu Noah.

— Eu dei o primeiro soco – ele continuou, ignorando os dois. Deu um passo para frente enquanto Lydia balançava a cabeça veementemente, mas ele não olhava para ela. – Eu comecei a briga, lembra? Sua vingança é contra mim, Lydia não tem nada a ver com isso.

— Você sabe que isso não é só por causa daquela briga, não é? – disse Theo.

— Não importa. Essa maluquice começou comigo, ela termina comigo.

— Stiles, não, por favor – Lydia implorava, as lágrimas começando a cair dos seus olhos. Não podia o deixarele tomar seu lugar, não queria que ele diminuísse o valor da própria vida daquela forma. A garota não podia se encontrar novamente na posição de quase perdê-lo novamente. Stiles mantinha seus olhos fixados em Theo, sem escutar seus pedidos quase desesperados.

— Theo, se faz questão de ter um refém, me leve com você – Stiles insistiu. – Deixe Lydia ir.

— Está mesmo com vontade se ser herói, hein Stilinski? – brincou Theo. – Salvando a dama em perigo. Bem nobre da sua parte.

— Stiles, deixe-nos cuidar da situação – pediu o Xerife, reconhecendo o tom sério do filho, que significava que ele já tinha tomado sua decisão e que seria quase impossível fazê-lo mudar de ideia. – Você não precisa fazer isso. Nós vamos resolver isso.

O rapaz balançou a cabeça.

— Eu não vou... Eu não posso deixar você levar Lydia – disse ele, olhando bem nos olhos de Theo. – Eu já a perdi uma vez, isso não vai acontecer de novo. Me leve com você.

— Stiles, pare com isso – a garota pediu fracamente, já sabendo que ele não a escutaria.

Theo retornou o olhar do rapaz, ainda tomando uma decisão. Lydia sentiu o aperto em seu braço afrouxando.

— Tudo bem, você serve – disse ele, finalmente. A garota sentiu o pânico crescer em seu peito, coisa que não parecia ser possível. Theo voltou a apontar a arma para Stiles e empurrou Lydia, fazendo-a tropeçar.

— Lydia, fique com o meu pai – pediu Stiles.

— Stiles...

— Vá. – Ele finalmente a olhou, e ela viu que ele estava confiante de que estava fazendo a coisa certa. Estava decidido, e tinha um plano. Não era um olhar estranho em Stiles; pelo contrário, ele sempre tinha um plano. Lydia não ficou mais tranquila por causa disso.

— Não tenho o dia todo – insistiu Theo. Stiles assentiu de leve para a garota. Lydia andou lentamente até o Xerife, sentindo todos os músculos travados demais para que ela pudesse se mover normalmente. – Vire de costas – ele ordenou a Stiles.

O rapaz se virou e Theo posicionou a arma em sua nuca. Stiles e o pai trocaram olhares, e o Xerife imediatamente soube o que estava prestes a acontecer.

— Ok, acho que vocês já podem... – Theo começou a dizer, mas Stiles não o esperou terminar. Em um movimento rápido, ele agarrou com as duas mãos o braço que segurava a arma e o puxou com força para baixo, acertando Theo no rosto com o cotovelo em seguida. Stiles arrancou a arma das mãos dele e o empurrou, derrubando- o no chão.

— Você pode calar a boca – disse, apontando a arma para ele. Os policiais logo avançaram, um ocupando o posto com a arma enquanto o outro algemava o rapaz no chão. O Xerife deu voz de prisão e os homens arrastaram um Theo relutante para fora da casa.

Antes de sair, Noah tirou a arma da mão do filho e colocou a mão em seu ombro.

— Depois vamos ter uma conversa, garoto – disse com uma voz séria, mas tinha orgulho nos olhos. O rapaz assentiu, dando um meio sorriso que foi retribuído pelo pai antes de sair pela porta.

Stiles se virou e finalmente pode fazer a única coisa que tinha em mente desde que tinha entrado naquela casa: abraçou a namorada. Lydia ainda processava o que tinha acabado de ver, seus olhos ainda estavam arregalados e seus músculos ainda estavam tensos. Stiles a apertou contra seu peito, seus braços firmes ao redor da garota, e ela derreteu aos poucos. A garota fechou os olhos e enterrou o rosto na curva do pescoço dele, seus dedos agarrando o tecido do seu moletom.

— Xii, está tudo bem. Você está bem – ele murmurou quando ela começou a soluçar. Lydia deixou as lágrimas caírem à medida que o peso ia sumindo do seu peito. Ela respirou fundo algumas vezes, deixando o cheiro dele e o calor do seu corpo a acalmarem. Suas mãos desceram pelos lados do corpo do rapaz e ela franziu a testa ao sentir algo úmido sob seus dedos. Ela afastou o rosto para dar uma olhada e arquejou quando viu a mancha vermelha que se formava no moletom que ele usava.

— Stiles – ela murmurou, afastando-se mais e erguendo o moletom. A blusa que ele vestia por baixo tinha o lado ensopado de sangue. – Ai meu deus.

— Oh... – disse ele, olhando para si mesmo. – Não está doendo, não se preocupe.

— É a adrenalina. Precisamos ir para o hospital agora – disse ela, passando as costas da mão sobre o nariz e fungando, sua crise de choro já esquecida. Stiles não podia discutir com ela; agora que não estava mais tão agitado, sentia pontadas de dor começando a incomodar. E aquela quantidade de sangue nunca significava coisa boa. Mesmo assim, ele se inclinou e colou seus lábios nos dela. Lydia suspirou e o beijou de volta, pousando a palma da sua mão na bochecha dele. Aquele beijo era a prova final de que sim, eles estavam bem.

— Você precisa me ensinar aquele golpe – ela murmurou contra os lábios dele, fazendo-o sorrir.

— Um dia – ele respondeu.Os dois riram brevemente, porque Stiles fez uma careta de dor.

— Ok, vamos. – Lydia segurou sua mão e o puxou em direção a porta. O rapaz entrelaçou seus dedos do dela e eles saíram juntos de lá.


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