Never Really Gone escrita por LStilinski


Capítulo 20
Uma Hora Ou Outra


Notas iniciais do capítulo

OII! Capítulo atrasado, eu sei, a faculdade tá me mantendo bem ocupada. MAAAAS eu *acho* que vocês vão gostar desse aí...... Não sei, me digam depois :)



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Stiles bebeu como nunca naquela festa. Aceitava todo o tipo de bebida que lhe era oferecido como se não houvesse amanhã, bebia tudo sem hesitar. Ele já estava ali, já havia sido um idiota com uma garota incrível e fodido com um relacionamento importante para ele, nada mais o restava além de aproveitar a festa da forma que podia. O plano dele era afogar as mágoas e esquecer-se de tudo por algumas horas, e queria fazer isso com muito, muito álcool.

Depois de diversas competições para descobrir quem conseguia beber cerveja mais rápido e apostas bestas que acabavam em vários shots de vodca. Os amigos, que também bebiam, mas de forma moderada, deixaram o rapaz se divertir até que sua embriaguez se tornasse preocupante. Stiles acabou carregado pelo time de lacrosse até o lago, onde foi largado na água fria. Lydia soltou o ar que prendia ao vê-lo emergir um momento depois, socando o ar com um sorriso largo no rosto.  Ele foi recebido pelo time com high fives e tapas nas costas, e eles gritavam em comemoração enquanto o traziam para perto do fogo. A ruiva levantou-se e pegou o cobertor que ele havia a emprestado, mas antes que pudesse chegar até ele, Stiles inclinou-se para frente e vomitou em cima da fogueira.

— Ok, hora de ir embora – disse Lydia, rindo ao passar o cobertor pelos ombros do rapaz. O dia estava amanhecendo, mas o sol fraco não era o suficiente para aquecê-lo, e ele tremia.

— Ah não, não... – Stiles choramingou, mas logo depois vomitou novamente. A ruiva deu-lhe tapinhas nas costas e esperou ele terminar.

— Sim, sim. Scott, me ajuda a levar ele para o carro? – ela pede, e o rapaz prontamente se levanta e coloca o braço do amigo ao redor do seu pescoço.

— Oi, Scoootty... – Stiles cantarola, acariciando o cabelo do amigo, que ri.

— Ei, cara.

Lydia o segurou pelo outro braço e juntos levaram o rapaz, que parecia ter perdido controle das pernas, até o Jeep. Ela abriu a porta e eles o colocaram no banco de trás. Stiles caiu para trás, deitando.

— Vou falar com Allison, depois volto para levar vocês – disse Scott.

— Não precisa, eu levo ele para casa. Pode ficar mais um pouco.

— Acho melhor levá-lo para minha casa. O pai dele deve estar trabalhando. E não é a primeira vez que eu cuido desse aí. – O rapaz dá um tapa na perna do amigo. – Acho que ele tem roupas limpas em uma mochila embaixo do banco.

— Ah, que bom – disse a garota, que estava preocupada com Stiles molhado dos pés a cabeça naquele frio.

— Já volto – disse Scott, voltando para o gramado.

— Tchau, Scott! – Stiles berrou.

Lydia suspirou e abaixou-se para pegar a mochila. Lá achou não só camisas limpas, mas também artigos de sobrevivência, como comida não perecível, uma corda, cobertor e outras coisas.

— Meu deus, Stiles – ela murmurou, pegando uma das camisas e fechando a mochila. Segurou-o pelos braços e o puxou para frente para que ele se sentasse, mas Stiles não cooperou.

— Aah meu braço, eu tô com frio – ele reclamou com a fala embolada.

— Vou cuidar disso se você me ajudar – disse ela, puxando-o pelo moletom com toda a força. O rapaz bufou e sentou todo curvado para frente. Lydia segurou a barra do moletom e a levantou, tentando puxá-lo para cima, mas Stiles não se mexia. – Levanta os braços, por favor.

Stiles levantou as mãos e ela revirou os olhos. Agarrou a parte de trás do moletom e puxou o tecido grosso e molhado com força, cobrindo a cabeça dele.

— CADÊ A LUZ – ele berrou de repente, fazendo-a pular. Ela moveu o moletom para baixo, liberando a cabeça dele e deixando seus cabelos ainda mais bagunçados. Quando conseguiu tirar a peça do garoto ela estava dolorida por causa do esforço. Aproveitou que a camisa já havia se erguido e a puxou pela cabeça dele. Ela juntou as peças molhadas e as jogou no chão do carro. – Ly-aa, poor que cê ta tirando m-nha roupa?

Lydia riu e pegou o cobertor molhado no banco, cobrindo-o novamente para secá-lo mais.

— Não olha pra mim, eu tô nu – disse ele, cobrindo os mamilos.

— Acredite, estou tentando – ela murmurou, secando os cabelos dele. Por mais que tentasse, a garota não conseguia evitar que seus olhos percorressem o tronco nu do rapaz. Lydia mordeu o lábio e suspirou, jogando o cobertor junto com as roupas molhadas. Pegou a camisa seca e olhou para Stiles. – Hora de se vestir.

— Tô com frio – disse ele. Ela assentiu, percebendo que os lábios dele tremiam um pouco. Passou a cabeça dele pelo buraco da camisa, depois os braços. Pegou o cobertor guardado na mochila, mais fico que o outro, e cobriu seus ombros.

— Pronto – disse ela, esfregando os braços dele para aquecê-lo mais rapidamente. Stiles inclinou-se para frente e deitou a cabeça na barriga da garota, que sorriu afetivamente e o abraçou pelos ombros. Scott chegou pouco tempo depois com um dos cobertores que usaram para cobrir o gramado em mãos.

— Ok, vamos – disse ele, dando o cobertor para Lydia.

— Scott, Lydia tava tirando minha roupa – Stiles disse em um sussurro alto, aproximando-se do amigo como quem conta um segredo. Scott apenas riu e trocou olhares com Lydia, que deu de ombros. Ele apalpou os bolsos do amigo, procurando pelas chaves do carro. – SCOTT TIRA A MÃO DA MINHA CALÇA.

— Para de gritar, eu só quero a chave... – disse Scott, enfiando a mão com dificuldade no bolso dele e de lá tirando um molho de chaves.

— ASSALTO!

— É, cara, que seja. – Scott empurrou as pernas de Stiles para dentro do carro e fechou a porta. Foi sentar atrás do volante enquanto Lydia entrou pela outra porta de trás, sentando-se com o bêbado. Stiles deitou a cabeça em seu colo e ela usou o cobertor para cobrir as pernas ainda molhadas do rapaz.

Lydia e Scott conversavam casualmente durante a viagem de volta. Ela passava os dedos distraidamente pelos cabelos macios do garoto em seu colo, que murmurava algumas coisas sem sentido enquanto dormia. Durante um momento de silêncio confortável, a garota olhava pela janela quando o sentiu tocando seu cabelo. Abaixou os olhos e viu Stiles brincando com as ondas do cabelo alaranjado dela.

— Eu te acho muito linda – murmurou ele, com uma espécie de fascinação nos olhos. – Muito, muito.

Lydia ergueu as sobrancelhas, pega de surpresa pela declaração aleatória. Sentiu suas bochechas esquentarem, e abriu a boca para dizer algo, mas não sabia o que. Seus olhos encontraram com os de Scott, que os observava pelo retrovisor. Ele apenas sorriu e voltou a olhar para a estrada. Antes que ela pudesse se recuperar da surpresa, Stiles sentou-se de repente, olhos arregalados.

— Scott, para o carro – alertou Lydia, e o rapaz obedeceu imediatamente. Stiles quase não teve tempo de abrir a porta em sua frente antes que o vômito saísse pela sua boca. A garota moveu-se no banco, sentando atrás dele e dando-lhe tapinhas nas costas enquanto ele vomitava de novo. Stiles tossiu e limpou a boca com o cobertor em seus ombros.

— Ai, que merda – disse, colocando o rosto nas mãos. – Merda, merda...

Seus ombros começaram a se mexer, e por um momento ela pensou que ele estivesse rindo, mas ao ouvir um soluço percebeu que estava enganada. Lydia trocou um olhar desesperado com Scott, ajoelhando-se no banco para acalentar o rapaz que chorava como uma criança.

— Xii, Stiles, está tudo bem... – murmurou ela, abraçando seus ombros.

— Eu fodi com tudo. – Ele fungou. – Malia me odeia. Eu fui um idiota.

— Não diga isso, não é verdade – disse Scott.

— Lydia, não me odeie também – continuou Stiles. – Não me odeie.

A ruiva franziu a testa, confusa.

— Eu nunca te odiaria, Stiles – disse ela. – Por que está dizendo isso?

O rapaz não respondeu. Ela passou a mão pelos cabelos dele, esperando que ele se acalmasse. Quando ficou claro que ele havia se recuperado da crise de choro e que não vomitaria mais, ela o puxou gentilmente para dentro do carro e fechou na porta. Stiles voltou a deitar a cabeça no colo dela e adormeceu.

Aproximadamente meia hora depois, Scott parou o carro em frente à casa dela. Ela se despediu do amigo e deu um beijo na testa no garoto em seu colo, que murmurou um “Tchaa...” enquanto ele levantava sua cabeça delicadamente e saia do carro. Lydia entrou e fechou a porta atrás de si, soltando uma risada curta.

 - Lydia? - Seu nome foi chamado da cozinha. A garota franziu a testa e foi para lá, encontrando Monica sentada a mesa com um sanduíche em mãos, ainda vestindo as roupas do hospital, tendo acabado de voltar de um plantão. - Achei que estivesse dormindo.

 - A festa deu uma esticada - ela disse, pegando uma garrafa d'água da geladeira. - Desculpe, nem me dei conta do horário.

 - Ah, eu era igual a você quando tinha sua idade. Sua avó ficava louca. - A garota riu com a tia. - Hoje em dia eu aguento outro tipo de noitadas. Ainda bem que eu amo meu trabalho.

Lydia riu, tomando um gole da água gelada. Podia imaginar a tia mais nova curtindo com os amigos, sem se preocupar com horários, julgamentos ou broncas. Ela sabia que Monica, mesmo sendo uma das melhores médicas da cidade, ainda tinha um espírito jovem e rebelde.

 - Stiles te deixou aqui?

 - Hm, não. Scott nos trouxe. Stiles estava bêbado no banco de trás. - Monica a olhou com uma expressão surpresa no rosto. - Malia e ele terminaram - explicou.

 - Oh... É uma pena - disse a mulher, abaixando os olhos para o sanduíche no prato. Lydia assentiu, tomando outro gole. As duas ficaram em silêncio por alguns segundos antes de Monica falar: - Stiles se tornou um homem muito bonito, você não acha?

 - Mmhmm - a garota concordou, pensando nas inúmeras vezes que havia se pegado admirando-o nas últimas horas. Ela havia conseguido culpar o álcool na grande maioria delas.

 - E vocês são bem próximos, hun?

— Sim... – Ela olhou para a tia com suspeita, esperando para ver aonde ela chegaria com aquela conversa. Monica deu um sorriso animado,dobrando as pernas embaixo de si.

— Então qual é a demora? – perguntou. Lydia estreitou os olhos.

— Para...?

— Vocês se pegarem! – ela respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. O queixo da garota caiu e ela olhou chocada para a tia, que ainda tinha um sorriso no rosto. Lydia se engasgou com as palavras, desconcertada. – Eu pessoalmente acho que já está na hora.

— Ai, meu Deus – disse a garota, cobrindo o rosto quente com as mãos. Ela poderia rir do absurdo que era aquela situação, assim como poderia sair correndo e se esconder.

— Ora, vamos, eu não devo ser a única que percebe a tensão entre vocês dois. – Monica ergueu uma sobrancelha cética para a sobrinha, que arquejou.

— Tensão?! – Lydia balançou a cabeça e ergueu as mãos. – Que tensão? Do que você está falando?

A mulher balançou o dedo na direção dela.

— Não se faça de desentendida, mocinha – disse. – Estou falando de tensão sexual. Eletricidade. Fagulha. Uma grande placa sobre suas cabeças dizendo “por favor, se peguem”.

— Isso não... Nós não... – A ruiva cruzou os braços, rindo de nervoso. – Stiles e eu somos só amigos. O que vocês está falando não faz sentido nenhum.

— E dai? Amigos estão sempre a uma atitude de virar algo a mais. Ou algo a menos, mas esse definitivamente não é o caso de vocês.

 - Ele acabou de terminar com a namorada!

Monica assentiu lentamente.

 - E esse era a única coisa que te impedia de ficar com ele?

 - Sim! Quer dizer, não, claro que não! Argh... - Lydia grunhiu, passando a mão pelo rosto. - De onde está vindo tanto interesse, hein? O que é isso?

 - Eu sempre achei que vocês faziam um bom casal - ela respondeu, apoiando os cotovelos na mesa. - Quando eram pequenos, vocês eram inseparáveis, era tão fofo. Sempre torci para que vocês ficassem juntos.

 - Tenho quase certeza que isso é ilegal - disse a ruiva, voltando a pegar o copo d'água. Monica revirou os olhos.

 - Você entendeu o que eu falei. Você e Stiles têm química, não dá para negar. - Lydia bufou e balançou a cabeça, tomando um gole. - O garoto gosta de você, e não como amigo.

Ela quase cuspiu a água que tinha na boca. Engoliu com um pouco de dificuldade, tossindo.

 - Que?! - ela perguntou, rindo de incredulidade. Aquilo estava ficando ridículo. - Ok, agora você tá inventando coisa.

 - É sério! - exclamou Monica, mas a garota apenas a dispensou com a mão, colocando o copo na pia e a garrafa na geladeira.

 - Certo. Eu vou dormir.

 - Estou falando sério, Lydia – ela repetiu mais alto enquanto a sobrinha saía da cozinha. - Vocês dois são inevitáveis! Vai acontecer uma hora ou outra!

A garota ergueu os dois dedões para a tia, subindo as escadas rapidamente e fechando-se em seu quarto. Estava cansada e não queria gastar o pouco tempo que teria para dormir discutindo assuntos absurdos e sem sentido.

Xxxx

Stiles gemeu e encostou a cabeça latejante no braço. Ele já não sabia o que restava dentro dele, porque estava sentado no chão do banheiro de Scott havia horas, vomitando sem parar. Arrependia-se amargamente de ter bebido tanto; mal se lembrava de ter entrado no lago. Passar o dia largado no chão do banheiro era um novo fundo do poço para ele. Stiles nunca foi um grande fã dos domingos.

— Que degradante – murmurou, suspirando pesadamente. Ele ouviu passos na escada e Scott apareceu na porta do banheiro com um saco da farmácia. Jogou duas cartelas pequenas de remédios e uma garrafa com um líquido colorido para o amigo. – O que é isso?

— Um para ao enjôo, um para a dor de cabeça e o isotônico por causa dos eletrólitos – respondeu Scott, inclinando-se na moldura da porta e cruzando os braços.

— Que porra é um eletrólito? Ah, quer saber, eu não ligo. – Stiles abriu a garrafa e bebeu metade do conteúdo antes de tomar uma pílula de cada cartela. Apoiou as costas da parede atrás do vaso sanitário e fechou os olhos, esperando os remédios fazerem efeito. Gemeu quando o toque alto do celular e Scott quebrou o silêncio.

— Oi, Lydia – ele a cumprimentou animadamente.

— Ei, Scott – disse a garota, ajeitando-se em sua cama. – Como ele está?

— Hm... – Scott olhou para o amigo, que bebia avidamente da garrafa d’água que havia deixado para ele. – Ele vai ficar bem.

— Acho que vou ficar de ressaca até o final do ano – disse Stiles, levantando-se com dificuldade.

— Ele tem que ficar bem, porque temos um jogo amanhã à noite. – Scott lançou um olhar ameaçador para o amigo, que colocou a mão no rosto, tendo esquecido completamente do jogo. Stiles entrou no chuveiro e o ligou, ficando embaixo do jato de água ainda completamente vestido. – O que você está fazendo?!

— Foi mal, cara, eu tenho que me recuperar – ele respondeu mais alto que o barulho da água.

— Por que você não... Ah, tanto faz.

— O que ele fez? – perguntou Lydia, achando graça da reação dele.

— Stiles decidiu tomar um banho – reclamou Scott. – Eu vou colocar esse bebezão para dormir, amanhã falo com você, ok?

— Ok, até amanhã – ela disse e desligou.

— Ei, cara – disse Stiles, desligando a água e colocando a cabeça para fora do box. – Eu estava pensando. Não vou causar nenhum prejuízo para o time amanhã, porque eu nunca saio do banco.

— Certo, tente aparecer no campo com essa cara de morte e espera para ver o que o treinador faz – disse Scott, jogando uma toalha para ele. O garoto apenas fez uma careta e começou a se enxugar.

Xxxx

Allison e Lydia aproveitavam o sol fraco, sentadas nos bancos de madeira junto as grandes mesas do lado de fora do prédio. O vento ainda era frio, mas o dia claro deixava o clima mais agradável. Conversavam e riam sobre os momentos da festa de sábado, dividindo as cenas que a outra não havia visto.

A morena avistou Malia entrando no prédio e acenou. A loira sorriu e deu um passo em sua direção, mas quando seus olhos pousaram em Lydia, ela acenou de volta e seguiu seu caminho.

— Ela me odeia. – Lydia suspirou pesadamente. Allison bufou.

— Que besteira, é claro que ela não te odeia.

— Stiles e ela terminaram por minha causa – disse a ruiva, jogando as mãos para cima. Se a amiga já não tinha percebido aquilo, agora ela sabia. A garota franziu a testa e e se inclinou sobre a mesa.

— Como assim?

Lydia umedeceu os lábios e passou a mão pelos cabelos.

— Malia não gostava da forma que Stiles me tratava, e Stiles disse que não podia mudar, e... – Ela balançou a cabeça. – Enfim, eles tiveram uma briga feia e eu estava bem no meio.

Allison piscou, parecendo confusa.

— E como isso é sua culpa? – perguntou. A ruiva deu de ombros. – Você não fez nada.

— Não sei... Eu me sinto culpada, não consigo evitar. Principalmente porque... – Ela mordeu o lábio e abaixou os olhos. – Quando estávamos a caminho da festa, teve um momento em que eu...

— Você o que? – pressionou Allison quando a amiga hesitou.

— Eu quase beijei ele – ela terminou, murmurando. A morena soltou um gritinho agudo, depois cobriu a boca com as mãos e a olhou com olhos arregalados.

— Mentira!

— Sério.

— Lydia! – Allison deu uma gargalhada, pasma. – Detalhes, por favor!

— Foi muito estranho, eu não sei o que deu em mim. – Claro que ela não iria contar do tempo que gastou admirando os músculos do rapaz; não teria como explicar aquilo. – Nós estávamos bem próximos, aí eu fiquei me perguntando como seria beijá-lo... Foi muito, muito estranho.

Allison apoiou o queixo na mão.

— Por que não beijou ele? – perguntou. Lydia abriu a boca, ultrajada.

— Porque eu... Stiles é... – ela balançou a cabeça, sentindo as bochechas esquentando. – Por que agora todo mundo quer que a gente se pegue?

Os olhos da morena se iluminaram mais uma vez, e ela abriu a boca para fazer uma pergunta que com certeza tornaria aquela conversa mais embaraçosa ainda. Felizmente, Lydia avistou os garotos se aproximando da mesa. Stiles usava óculos escuros, embora o sol não estivesse tão forte. Ela o observou andar em sua direção com as sobrancelhas erguidas.

— Para que os óculos? – perguntou Allison enquanto eles se sentavam

— Stiles acha que virou um vampiro em algum momento durante a festa – respondeu Scott, inclinando-se para beijar a namorada.

— Bem engraçado, Scott – disse Stiles. – O dia só está ridiculamente claro hoje.

— Você ainda está de ressaca?

— Isso ou eu desenvolvi uma sensibilidade a luz – ele respondeu.

— STILINSKI! – Eles ouviram o nome do garoto ser chamado. O treinador Finstock estava parado na entrada do prédio, e gesticulou para que ele se aproximasse.

— O que eu fiz? Scott, o que eu fiz? – Stiles perguntou desesperado enquanto se levantava. Scott deu de ombros, tão confuso quanto o amigo.

Stiles andou lentamente até o treinador, como se andasse para a forca. O homem colocou a mão no ombro dele e eles conversaram brevemente sobre algo sério. Por fim, o rapaz assentiu e Finstock o deu um soco amigável no braço. Stiles voltou para a mesa no mesmo ritmo e sentou-se, encarando a mesa com o rosto ligeiramente pálido.

— O que foi? – perguntou Lydia.

— Greenberg se machucou... Vou ter que jogar hoje á noite – disse ele, aterrorizado.

— Stiles isso é incrível! – A ruiva sorriu, colocando a mão no braço dele. Ele a olhou com dúvida.

— É? – perguntou.

— Claro que é, cara – disse Scott, também sorrindo. – Você tem treinado tanto quanto nós, tenho certeza que vai se sair bem.

— Eu também tenho! – concordou Allison.

— Eu também – disse Lydia, olhando-o com confiança. Stiles suspirou e, por fim, assentiu.

Xxxx

Seus amigos podiam ter certeza de que ele se sairia bem, mas Stiles não conseguia acreditar nisso. Não era por causa da ressaca, embora o treinedor tivesse dito que ele estava ridículo com aqueles óculos. Sua cabeça não doía mais, e ele sabia que o enjoou que sentia não estava relacionado a bebida.

Fazer parte dos titulares havia sido um sonho do rapaz desde que entrara para o time de lacrosse. Ele não era o pior jogador, mas estava longe de ser um dos melhores, por isso sempre foi reserva. Agora que sentia a pressão que era entrar em campo com centenas de torcedores gritando a seu favor, tinha vontade de voltar para o seu banco, onde tudo que tinha que fazer era torcer pelos seus colegas.

Á noite, enquanto as arquibancadas do colégio se enchiam, Stiles se arrumava com os outros jogadores no vestiário. Estava calado enquanto os outros brincavam entre si, animados. Foram aos poucos indo para o campo, até sobrar apenas Stiles e Scott ali.

— Pronto? – perguntou Scott.

— Quase... – respondeu Stiles. – Pode subir, eu preciso de um minuto.

Scott hesitou um pouco, mas assentiu e deixou o vestiário. Stiles apoiou os cotovelos nos joelhos e deixou a cabeça cair nas mãos. Ele não estava pronto para aquele jogo. Faria o time perder um jogo já garantido, e essa seria mais uma coisa que ele conseguiria estragar. Não podia foder com aquilo também; os colegas nunca mais confiariam nele, muito menos o treinador, que não esqueceria que ele desperdiçou uma chance que lhe foi dada.

— Stiles? – O rapaz virou a cabeça rapidamente e viu Lydia parada na porta do vestiário. – Estão chamando por você. O jogo já vai começar.

— Eu sei – disse ele, suspirando. A garota foi até ele e sentou-se de frente para ele no banco, olhando-o com preocupação. – Não acho que consigo fazer isso.

— Por que não? – ela perguntou.

— Porque... – Ele passou a língua pelos lábios. – Esse jogo é muito importante, e eu estou na vibe de estragar coisas desse tipo. Não quero que o time perca por minha causa, eu não estou pronto para jogar.

 Stiles sentiu seu peito apertar e sua respiração se prender em sua garganta. Ele franziu os lábios e tentou se controlar; aquele era um péssimo momento para ter um ataque de pânico.

— Ei, olhe para mim – ela pediu quando percebeu a respiração do rapaz começar a acelerar. – Você está tão preparado quanto todos os outros jogadores naquele campo. Eu sei que está mal por causa do que aconteceu entre você e Malia, mas são coisas completamente diferentes.

— Lydia, eu não posso fazer merda. – Stiles estava definitivamente perdendo o fôlego agora. – Não posso... Eu não posso fazer merda.

— Você não vai fazer merda. – A ruiva apertou a mão dele com força e o olhou nos olhos. – Eu acredito em você, e você precisa acreditar que está pronto. Vai dá tudo certo.

O rapaz assentiu, já sentindo sua respiração de acalmar. Seu coração, por outro lado, ainda batia descompassado em seu peito. Os dois estavam sentados bem próximos; ele sabia que se o vestiário não estivesse tão escuro, conseguiria ver as sardas no nariz dela. Seus olhos passearam pelo rosto de Lydia, indo dos seus olhos verdes para o formato delicado das suas bochechas, parando em seus lábios cheios.

Antes que se dessem conta, suas bocas se encontraram. Os lábios dele eram macios e firmes contra os da garota, e ela sentiu um arrepio subir por suas costas. Stiles afastou mexeu rosto alguns milímetros, só para beijá-la novamente, moldando deus lábios nos dela.

Lydia descolou seus lábios, respirando pesadamente. Abriu os olhos lentamente e o encontrou olhando para ela, maravilhado e confuso. Ele era lindo, e ela estava perdida. Queria beijá-lo de novo.

— Stiles! – Era a voz do treinador o chamando. Stiles levantou-se em um pulo, desorientado.

— Tenho que... É, tenho que ir – disse ele e saiu correndo do vestiário, sem olhar para trás.

Lydia piscou, encarando o espaço onde ele estava segundos antes.

— Puta que pariu – murmurou para si mesma.

 


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Notas finais do capítulo

oh yes hehe



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