The Dead Test – O Teste Morto escrita por Pedro Haas


Capítulo 6
Capitulo 6


Notas iniciais do capítulo

bemmm, aqui estou eu, esse demorou um pouco mais do que eu esperava mas ta aqui kk
bem, eu to tendo uma dificuldade estranha, eu to achando que to enrolando demais kkk pois a ação vai acontecer e vai ser longo esse conflito, mas até eu chegar nele.... não sei



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Capítulo 6

— Arthur... – as lágrimas brotavam em seus olhos, e nos meus também.

Eu olho para ela sem reação, depois para Thiago, que apenas nos observa aparentando estar emocionado. O mundo estava girando, eu me apoiei na mesa para não cair.

— Ela pode me ouvir? – eu pergunto, com a voz trêmula.

— Não sei bem por não ser médico, e os médicos que temos na cidade não tem especialização nisso, mas...

— Arthur! – ela me abraça, sua voz está arranhada, ela quase nunca a usou, meu nome sai como um garrancho comprido, mas é definitivamente meu nome!

— Imagino que por nunca ter ouvido, as habilidades de fala dela são extremamente limitadas; senão nulas – ele faz uma pausa, observando a situação – Mas temos professoras aqui! Elas ensinam as crianças na creche, posso pedir para que elas dêem tratamento especial para... Isabelle, não é? – eu aceno que sim com a cabeça, tentando digerir essa torrente de boas notícias e bons acontecimentos.

Por favor, que tudo isso não seja um sonho.

— Isabelle receberá a educação que perdeu com o Apocalipse, e você, já tem um emprego garantido, e poderá viver naquela casa se dividir ela com outra pessoa fora Isabelle.

— Sem problemas!

— Arthur! – Ela falava com mais animação, meu nome soava cada vez mais natural em seus lábios.

Eu queria saber o sentimento, como era ter o sabor da audição provado pela primeira vez. Ela parecia feliz, agitada, e mais um tanto de coisa. Parecia também assustada, e fechava os olhos enquanto ouvia o som de nossa conversa. Começou a dizer meu nome sem motivos aparente, apenas o dizendo com uma entonação diferente, não sei bem o porquê. Eu nunca imaginei que tudo isso poderia acontecer comigo, não nessa vida, não em todo esse tempo apenas vendo mortes e desunião, traições...

— Fico feliz, feliz demais por você, Arthur – Thiago diz, como se estivesse lendo meus pensamentos.

— Obrigado, por tudo, senhor Prestes.

— Por favor, só Thiago.

Eu sorrio, e o chamo de Thiago pela segunda vez.

***

Depois daquilo, ele nos explicou mais detalhadamente nossas tarefas, e eu ouvindo atentamente. Aparentemente, eu iria para os campos, ajudar na colheita, bem, muito justo para mim, sempre ajudei meu pai com os estudos biológicos, eu entendo um pouco de plantas, por conta disso eu e Isabelle não passamos tanta fome quanto os outros andarilhos que eu e ela encontrávamos as vezes. Eles eram pessoas que na maior parte do tempo estavam completamente sujas e mortas de fome, em alguns casos, eram até agressivas. Minha política era de nunca atacar, mas nem todos pensavam assim, o desespero havia tomado conta de suas mentes e pensavam como animais, eram piores do que os monstros. Quando encontrávamos gente assim, Isabelle se escondia e eu lutava, é muita sorte que ela não tenha presenciado as minhas brigas. Quando sentia que Isabelle estava ameaçada eu também perdia a cabeça, saía machucado, mas, o oponente, morto.

Tempos difíceis, tempos que eu não quero que voltem, não com essa nova vida.

Isabelle iria ajudar na cozinha da escola, Thiago me explicou que era tanto uma escola quanto uma área de lazer para as pessoas do condomínio. Lanches e outras coisas eram servidas lá, e as pessoas pagavam com a moeda recorrente no local, que nada mais era que dinheiro antigo. Depois que Isabelle passasse a manhã, 9 às 12 horas, ela almoçaria e estudaria nas gincanas e projetos culturais organizados pelas pessoas da escola. 

Nada disso me pareceu injusto, claro que não estava acostumado a acordar cedo, ir trabalhar e voltar ao pôr do sol. Uma vida simplória, antiga e que eu achei que nunca fosse acontecer. Thiago deixou que eu chegasse um pouco mais tarde no ponto de encontro dos trabalhadores para que eu fosse levar pessoalmente Isabelle na escola, me mostrou no mapa que o tal ponto ficava um ou dois quarteirões depois da saída nordeste do condomínio, bem, nada perigoso, ele me explicou também que por um tempo concentrou-se uma equipe de limpeza, por isso, arredores do condomínio estavam praticamente limpos de Zumbis, monstros ou qualquer que seja o nome desses malditos.

Ele me explicou essas coisas e partiu, dizendo que teria uma reunião com líderes de não-sei-o-que em não-sei-aonde. Nomes desconhecidos para um forasteiro como eu, mas apontados precisamente no mapa da "cidade" que ele me deu. Como eu pensava, o lugar era bem grande, deveria ter alguns grandes bocados de quilômetros quadrados, e deveria ser um ótimo ponto para aposentadoria dos velhos ricos do mundo antigo. As ruas eram verdes e cheias de vida, e a vista do horizonte era espetacular da varanda da casa. No mapa estavam especificados os lugares interessantes e as ruas, praças e lagos que tinham no lugar. A escola era perto da entrada sul, a mesma que entrei ontem à noite, do lado esquerdo, sudoeste no mapa, havia um mini hospital; quase no centro do condomínio havia um lago, que eu ainda não vi com meus próprios olhos; uma casa de shows no leste e vários pequenos bares, esses, junto com a escola, deveriam ter sido estabelecidos pós-apocalipse. Eu estava numa clínica bem ao norte do condomínio, onde alguns quarteirões a esquerda estava uma figura que representava a mansão de Thiago.

Fora das fronteiras do condomínio, uma mancha vermelho-claro circulava-o, e em letras grandes dizia-se "Área limpa", havia parte da floresta, mata atlântica não sei, ao nordeste dessa Área limpa, logo depois dos campos de colheita que também estavam especificados no mapa. Fora esta parte, tudo envolta ainda era a cidade, e várias estradas se conectavam em outras saídas e entradas do condomínio. Em algumas partes, a fronteira parecia irregular, como se tivessem expandido terreno do condomínio, derrubando os muros de um lado e os construindo algumas dezenas de metros depois.

Isabelle olhava para o mapa, depois para mim, e de volta ao mapa. Meu nome era pronunciado várias vezes, ela nunca havia ouvido a própria voz e estava empolgada por isso. Fez uma careta, e eu apertei sua cintura, onde ela sentia cócegas, fazendo ela dar um pulo.

Thiago disse que essa rotina de trabalho começariam amanhã, pois hoje pouca gente trabalhava, ele disse que era como um dia de folga, mesmo sendo, segundo ele, uma segunda-feira.

Com esse dia para conhecer o condomínio, eu decidi ir conhecer o lago. Segurei a mão dela, mas antes, ela disse, ainda em libras:

"É difícil?", Ela disse olhando para mim, eu resolvi responder em nossa linguagem.

"O que, meu bem?"

"Falar?", Gesticulou, seguido de um 'Arthur' saindo de sua boca.

"Engraçado que você saiba somente o meu nome", eu sorrio, "mas não, não é difícil, talvez a professora te ensine direitinho".

"Eu vou voltar a ir pra escola!?", Ela gesticulou agitada, e eu lembro de que, mesmo que ela estivesse ouvindo as explicações de Thiago, ela ainda não entende o que nós queremos dizer, não entende a língua portuguesa, só a nossa.

"Vai sim! Pode se animar, eu deixo".

Ela levou isso ao pé da letra, deu um grito e pulou em minhas costas rindo, eu a seguro por suas pernas magras e vou andando seguindo o mapa.

***

Andamos um pouco, alguns quarteirões, os meus pés estão um pouco cansados, mas valeu a pena, pois o lago é de fato fantástico.

Era por volta de meio dia, pois o sol já estava no alto, e o céu estava com poucas nuvens, talvez a névoa não atingisse essa parte da cidade. O lago era verde, ou azul, e nós conseguimos ver alguns peixes lá dentro, ele era tão grande quanto o lago do Parque Ibirapuera, que eu gostava de ir com meus amigos com 15 ou 16 anos. Algumas pessoas estavam em volta, aproveitando a folga para se exercitarem, brincarem ou só descansarem. Eu, aliás, estou ali pela terceira opção.

Deixo Isabelle na grama e me deito, ela começa a correr ao redor do lago e eu a deixo. Por um momento, sinto uma grande nostalgia. Arranco a grama sujando minha mão, olho para cima, e o sol olha para mim.

***

Me levanto de uma vez, nem havia percebido que dormi, o sol já estava se pondo e meu corpo estava dolorido. Olho para os lados, ninguém estava por lá, ninguém ao redor do lago, e de fato aquela névoa atinge essa parte do condomínio.

Eu me apoio em uma árvore, tento pensar onde eles podem estar, onde Isabelle pode estar. Pego o mapa, e o lugar mais lógico seria a escola. Tento seguir o mapa, mas a névoa me atrapalha, meu senso de direção também é um caso a parte. Sigo por alguns quarteirões, ninguém está nas ruas, a névoa está cada vez mais densa, começo a me preocupar. Depois de mais 3 quarteirões eu me rendo, estava perdido, teria que esperar a névoa passar se quisesse procurar minha casa ou Isabelle.

Ouço um grito ao longe, um grito de uma garota. Meu corpo amolece por um momento, arrepios tomam conta de minha espinha.

— Isabelle! – eu grito, sem retorno.

Ando pelas ruas de Prestesburgo gritando pelo seu nome, e nada, nenhuma resposta. Meu coração está acelerado, e eu corro, corro, corro até minhas pernas cansarem.

Tropeço e caio de cara na grama, uma terra um pouco mais fofa que a que havia entorno do lago. Aqui a névoa já havia se dissipado, e então pude ver que lugar era esse. Um grande campo de golfe, ao lado de um grande bar e mais algumas casas que estavam sem energia, lembro que passei aqui ontem à noite, mas não tinha visto o campo.

Era um campo bem vasto, e pelo mapa, estava bem ao sudeste, exatamente o contrário da escola. Como sou burro.

Eu me levanto, mas recebo um chute no estômago que me faz cuspir minha saliva e cair de lado.

— Cachorro do Prestes! Está no nosso território!

Eu fecho os olhos e recebo outra pancada, fico tão tonto que não sei como reagir, o ar saiu de meus pulmões e sinto ânsia de vômito. Droga, eu estava totalmente despreparado para o perigo. Um tique ecoa, ele havia sacado uma arma?

Ouço ao longe uma garota gritando, mas dessa vez, era Anna, e ela estava brigando com outra pessoa. Sua voz se aproximou cada vez mais de mim, ela estava discutindo com o cara que me chutou. Esse filho da puta!

Abro os olhos, o rosto estava vermelho e com dificuldade para respirar, meu estômago doía. Vejo Anna e o outro homem, alto e corpulento, discutindo com ela. Bem, essa não é a palavra, ele estava mais para "pedindo perdão".

— Anna...

— Você cala sua boca, também! – ela respondeu, ríspida – Quem mandou você aparecer aqui do nada? Sua área é lá perto do chefinho!

O homem estende a mão para que eu me levante, eu a seguro, um pouco receoso. Depois de um pouco recuperado, eu começo a falar.

— Eu estava procurando por Isabelle, já está escuro e eu não sei onde ela se meteu.

— Pensei que você e aquela menininha nunca fossem se separar.

— O propósito era esse.

— De qualquer forma, eu não a vi. Você está um pouco longe de casa, sorte sua as coisas ja terem acabado por aqui – ela olha para o homem que fazia a guarda, o mesmo que me chutou – Vou levar você para casa.

***

Ela tinha uma bicicleta, montei em sua garupa e partimos. Ela me explicou um bocado de coisa, sobre onde Isabelle poderia estar e onde ela com certeza já estava. Em casa.

Isabelle, segundo ela, havia sido chamada por uma das professoras, ela deveria ter tentado me acordar, porém deve ter sido convencida a me deixar descansando, era típico dela. A professora deve ter levado ela à escola, onde havia atrações, montados por pessoas que ainda se importavam com o bem estar das crianças, e brinquedos diversos. Onde ela poderia se sentir criança, e não uma sobrevivente, e com isso, deve ter se distraído. Anna também me disse que se a criança está sem um responsável, ela é levada para casa.

Anna me disse tudo, menos o que ela estava fazendo naquela área sem luz, quando eu perguntei os assuntos que ela estava tratando ali, ela desconversou.

Pedalou por alguns minutos, até que chegou na rua da sua casa, era uma antes da minha.

Ela desceu da bicicleta. Eu também.

— Não se preocupe, irmão coruja, ela vai estar lá na sua casa.

— Bem, você pode me fazer uma visita, depois, se quiser – ela me encara – Não que seja um convite pra você dormir lá, nem nada disso – continua me encarando, com um sorriso de escárnio no rosto– Ah, você me entendeu – desvio o olhar.

— Idiota.

Eu respondo com um sorriso forçado, e me despeço, de qualquer forma, eu a verei amanhã nos campos da colheita.

Minha casa era próxima dali, realmente. Aquele lado de Prestesburgo era bem iluminada, e a casa de Thiago era como um grande farol na rua deserta. A minha casa era pequena, e vejam só, estava com as luzes acesas.

Abro a porta de casa, e ouço passos apressados para abrirem a porta. Quando abre, Isabelle pula em mim animada, gritando meu nome.

Eu adoro ouvir sua voz.

A porta ia se fechar, mas algo a impediu. Ela se abriu novamente, mostrando um garotinho.

"Você é o Arthur?", Disse ele, usando as mãos de uma forma que somente eu e Isabelle sabíamos.


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Notas finais do capítulo

deixem suas opiniões, se a historia ta um pouco enrolada, se eu estou indo no ritmo certo, o que voces acham?



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