Bulletproof Wings escrita por Jéssica Sanz


Capítulo 12
Eu quero ter tempo para dormir


Notas iniciais do capítulo

É, esse demorou um pouquinho mas é aquilo, né... O tempo escorre entre nossos dedos.
Esse capítulo traz uma novidade interessante. Espero que vocês notem o que significa ♥



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Jimin levantou-se da maca onde havia acordado. Foi um calmo despertar.

Sem pressa, Jimin saiu da maca e andou pelo local. Havia cortinas brancas por todos os lados. Finalmente, ele encontrou uma mesa com uma cadeira, e sentou-se. Havia um quadro na parede branca, mostrando uma imagem de montanhas azuladas. Aquela imagem passou a Jimin uma sensação de tranquilidade. Havia morrido feliz, pois sabia que encontraria Jin ali. Sobre a mesa, havia uma handycam e uma mão mecânica. A mão lhe mostrou uma carta com um círculo preto com algo diferente na borda. Ficou confuso, pois não sabia o que aquilo significava. Mesmo assim, seu sorriso não se perdeu por completo. Ele ainda estava feliz na esperança de encontrar Jin.

De repente, a handycam virou-se para Jimin. Isso o fez lembrar de tudo o que ele tinha visto no dia anterior, as imagens de Jin junto a eles, e seu sorriso desapareceu. Onde estava Jin?

Ele precisava encontrá-lo.

 

Hoseok abriu os olhos devagar, como sempre fazia ao acordar. Sempre era um despertar lento. Ele piscou algumas vezes e se ergueu.

— Será que o Jimin já terminou? — Perguntou-se ele. A julgar pelo silêncio na casa, os outros ainda não tinham voltado.

Hoseok pegou o seu celular para conferir quantos minutos haviam se passado desde que Jimin havia saído. Ele franziu o cenho ao constatar a hora.

— Quinze para meio-dia? Eu dormi tanto assim? Bom, ele com certeza já saiu do banho.

Hoseok abriu a porta do quarto, e estranhou a porta do banheiro fechada, porém não mais do que estranhou a grande quantidade de água que havia no corredor, vinda da fresta entre a porta do banheiro e o chão.

— O que é isso? — Perguntou ele, bastante preocupado, já indo em direção à porta. Ele bateu nervosamente. — Jimin? — Ele bateu várias vezes, sem nem parecer que tinha acabado de acordar. Não obteve resposta. A água continuava a escorrer pelos seus pés. — Jimin! — Sem obter resposta e ficando cada vez mais nervoso, Hoseok decidiu anunciar. — Tô entrando!

Hoseok abriu a porta e cobriu a boca com a mão livre ao constatar o que havia ali. Ele viu a banheira transbordando. Viu Jimin apoiado nela do lado de fora, meio coberto com a toalha cinza. Estava inteiramente molhado, os olhos vidrados, as mãos levemente azuladas.

— JIMIN!

Hoseok gritou muito alto e correu para ele. Se assustou ao tocá-lo, pois sua pele estava extremamente fria. Seu primeiro reflexo o fez afastar a mão, mas depois ele não se importou. Segurou Jimin pelos braços e o chamou com desespero. Suas mãos passaram para seu rosto, acomodando-se em suas bochechas geladas.

— Jimin, fala comigo! Jiminie!

Hoseok o sacudiu, mas Jimin não teve nenhuma resposta. Seus olhos não se moveram, nem nenhuma parte de seu corpo. Hoseok ouviu a porta da sala abrindo, e a voz de Namjoon anunciou a chegada.

— Namjoon! — Gritou ele, enquanto as primeiras lágrimas escorriam pela face.

O tom de urgência e sofrimento em sua voz foi suficiente para que Namjoon se apressasse. Yoongi foi atrás dele, prudentemente pedindo aos mais novos que esperassem na sala. Jungkook e Taehyung ficaram preocupados, mas obedeceram o hyung. Namjoon e Yoongi chegaram ao banheiro quase ao mesmo tempo, e ficaram imediatamente chocados ao ver aquela cena. Hoseok segurando Jimin enquanto chorava olhando para eles.

— Meu Deus! — Exclamou Yoongi. Os dois entraram no banheiro rapidamente. — O que houve, Hoseok?

— E-eu… Eu não sei! Ele disse que ia tomar banho e… — A voz de Hoseok pareceu sumir. Ele não tinha coragem de dizer que estava dormindo enquanto aquilo acontecia.

Yoongi abaixou-se ao lado de Jimin. Sentiu seu pulso e sua respiração, verificando que havia falecido. Ele olhou para Namjoon com leve desespero. Balançou a cabeça negativamente, sem mesmo acreditar. Hoseok olhava de Jimin para Yoongi e de Yoongi para Jimin, transtornado. Namjoon fechou os olhos como estivesse sentindo o peso daquilo tudo cair sobre ele.

— Você tem que deixá-lo. — concluiu Namjoon.

Hoseok balançou a cabeça com tanta intensidade que pareceu estar convulsionando. Ele puxou Jimin para perto de si, o envolveu com seus braços como se fosse sua própria vida. O corpo gelado e sem vida colou-se ao dele enquanto Hoseok chorava como uma criança.

— Não! — gritou ele, com a voz trêmula pelo choro.

Namjoon se viu em uma situação em que realmente não queria estar. Ver Jimin partir daquele jeito era horrível,  mas era ainda pior com Hoseok dificultando as coisas. Ele teve que tomar uma decisão difícil. Foi até Hoseok e o segurou pelos braços. Yoongi entendeu que aquilo era necessário, e começou a também lutar para que Hoseok soltasse o corpo de Jimin, enquanto ele protestava em meio a muitas lágrimas e muito desespero.

— Não! Jimin! Jimin!

Namjoon sofreu, mas arrastou Hoseok para longe de Jimin, embora ele mantivesse seus braços esticados na inútil tentativa de alcançá-lo novamente. Yoongi segurou Jimin para que não caísse. O rosto de Hoseok estava completamente molhado.

— Pega um cobertor pra ele, Moni! Ele está com frio!

Em meio a sua dor mais profunda, Hoseok notou que nunca mais o teria e deixou-se cair nos braços de Namjoon, chorando avidamente. Namjoon o segurou para que não caísse no chão, meio abraçando para confortá-lo, embora não fosse bom naquilo. Ele o levou para longe dali, meio que arrastando-o, já que ele não tinha forças. Hoseok fez-se desabar no chão seco do quarto, cobrindo o rosto molhado com as mãos, a cabeça doendo de tanto chorar. Namjoon ficou ajoelhado ao seu lado, sem saber o que fazer.

No banheiro, Yoongi segurava Jimin. Pegou seu isqueiro jogado ali no chão, e pensou em ativá-lo para aquecer o amigo de alguma forma, mas sabia que seria inútil. Ele fitou por muitos segundos aqueles olhos vidrados, apreciando-os pela última vez, até que finalmente teve coragem. Ergueu sua mão e passou os dedos delicadamente sobre as pálpebras, fechando-as para sempre.

Yoongi deixou sua cabeça cair, ainda sem acreditar que estava fazendo aquilo. Sem acreditar que aquilo estava acontecendo. Por fim, deitou Jimin cuidadosamente no chão molhado. Fechou a torneira e saiu do banheiro, fechando a porta atrás de si. Foi para a sala, sem esperar ver o que viu. De pé, Jungkook e Taehyung se mantinham de frente para o outro, abraçados de um jeito tão forte quanto Hoseok e Jimin haviam estado há pouco. Jungkook, virado para Yoongi, ergueu para ele seu olhar enevoado por lágrimas que ainda não tinham descido, esperando uma resposta definitiva.

— Ele se foi — informou Yoongi, tentando não parecer tão frio como realmente era. As lágrimas de Jungkook desceram, e o choro de Taehyung pode ser ouvido do outro lado. Ele apertou Jungkook mais forte. Yoongi sentiu vontade de abraçá-los também, mas em vez disso, voltou ao corredor e entrou no quarto vazio. Tomando posse de seu celular, fez a pior ligação de sua vida, para a família Park.



Os ritos fúnebres de Jimin duraram três dias, como costumava acontecer. O corpo dele estava coberto por um pano branco atrás de um biombo. Os pais de Jimin, extremamente amigáveis e compreensíveis, pediram que eles escolhessem a foto que era exibida em uma mesa ali perto.

O jovem Jungkook se sentou entre Taehyung e Hoseok. Os três estavam bem-vestidos e com péssimas expressões, de acordo com a ocasião. Sentindo falta da voz dos amigos, que há muito não falavam, Jungkook perguntou-lhes se já haviam ido a um velório, que era uma novidade para ele, mas os dois responderam que sim. Ambos haviam perdido suas mães muito pequenos.

Em certo momento, o pai de Jimin fez um discurso que ele não esperavam. Falou muito sobre o que sabia da amizade de cada um deles, sobre como ela era verdadeira e como eles se tornaram uma segunda família para Jimin. Por fim, agradeceu de todo o seu coração por tudo o que fizeram, no ponto em que os cinco já tinham tombado algumas lágrimas.

Depois desse momento, Taehyung percebeu Hoseok se afastando em direção ao banheiro e decidiu segui-lo. Lá, ele viu Hoseok tirar seus comprimidos do paletó e tomar alguns. Jimin sentiu. Logo depois, Hoseok notou a presença de Taehyung e olhou para ele, mas não disse nada.

— Não está na hora do seu remédio, hyung — lembrou Taehyung, preocupado.

— Eu sei — disse ele, com a voz rouca.

— Então por que está tomando? Também sei que não toma tantos assim de vez.

— Tem coisas que você não entende, V…

— Tae. Eu deixei de ser V no momento em que Jin se foi.

— Sim.

— Hyung, sei que está muito abalado com o que houve com Jimin, mas… Deve tomar cuidado. Eu nao quero perder mais um amigo. — Hoseok não disse nada, e Taehyung fez um pedido. — Cuide-se, hyung. Por favor.

Jimin tinha nascido em Busan, mas a maior parte da família já se encontrava na capital, de forma que decidiram fazer um novo terraço para a família Park na cidade, onde Jimin foi enterrado ao fim dos três dias.


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Notas finais do capítulo

Quero muito saber sua opinião sobre esse novo método (e sobre o capítulo em geral, claro!)



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