All the Truth escrita por UniversityGirl


Capítulo 2
Capitulo 2 - Jo's POV


Notas iniciais do capítulo

Aqui a versão da Jo de como tudo aconteceu.
Beijinho



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Desde que encontrei, mais uma vez, o relógio de Henry sem ele por perto eu sabia que algo havia acontecido. Mas dessa vez não foi só o relógio que encontrei, mas também uma fotografia. Ela parecia antiga. Não o efeito, mas a data mesmo. Era o Henry naquela foto, com uma garota e ela segurava um bebe nos braços.

Eu sabia que ele era alguém cheio de mistérios, e a cada dia que passava, a cada dia que eu me aproximava e o conhecia mais, eu o conhecia menos.

Eu tinha dito a verdade a ele na noite passada. Que apesar dele ser alguém que me frustrou e me deixou confusa, ele me fez sentir. Sentir algo que eu não sentia a muito tempo.

Mas, apesar de tudo que eu senti por ele, que eu descobri ser por ele quando, conversando com Isaac enquanto nos dirigíamos a paris, que a vida incerta, era o que me interessava. As loucuras dele, as ideias dele, estar com ele. Era como se ele me apresentasse o que é a vida mais uma vez. Nossa amizade só crescia desde o dia em que nos conhecemos. Viramos não somente colegas de trabalho, mas amigos.

Eu fui até a casa dele. Era acostumado a ir lá, afinal ele se recusava a ter um celular. Ainda era claro, mas não era mais tão cedo. Mas ao me ver ele logo abriu aquele charmoso sorriso, obviamente pensando que tudo havia voltado ao norma, mas não havia. Nossa amizade, ou o que quer que seja que tenhamos, afinal, o jeito que ele me olhava no carro ontem quando o pedi que saísse, demonstrava muitas coisas, inclusive reciprocidade. Meu coração batia forte. E foi então que devolvi o relógio dele. Sabia que viria mais uma desculpa. Ele sempre “perdia” aquele relógio. Foi então que eu mostrei a foto a ele.

— Eu também encontrei isso... Esperava que pudesse me explicar.

Ele me encarou por um segundo, como se visse um fantasma. Abe se aproximou de nós direcionando seu olhar a foto e logo em seguida a ele.

— Conte a ela.

Henry olhou para Abe e pegou a foto de minhas mãos, que entreguei de bom grado. Ele encarava a foto, desviando o olhar dela para mim de segundo em segundo. Ele parecia criar coragem pra falar algo. Começou somente a encarar a foto quando mais uma vez Abe se pronuncia.

— Pai? Conte.

Eu hesitei um pouco. Achava que não tinha ouvido direito, ou simplesmente tinha interpretado errado. Heny olhou para Abe como se tivesse atendido aquela simples expressão e tudo conseguiu ficar ainda mais confuso em minha mente. Abe parecendo perceber isso tomou a iniciativa. Puxou Henry pelo braço e me convidou a entrar e imediatamente nos levou ao porão.

Sempre achei aquele lugar maravilhoso. Deve ter levado anos para organizar tudo que ele tinha naquele lugar. Já havia reparado nele nos mínimos detalhes, mas agora era diferente, era como se tudo fosse novidade. Como se não o conhecesse. Sente-me no sofá que havia ali e Henry sentou ao meu lado. No mesmo instante Abe subiu as escada com a desculpa de que faria um chá, me deixando a sós com Henry.

Eu passei a observar a foto e a encará-lo. Precisava de uma explicação. Apesar de tudo que eu sentia por ele, o sentimento que nutria nesse momento era confusão, e isso me deixava aflita. Eu gostava tanto dele assim? A ponto de querer saber de seus segredos? Sim, eu gostava, e eu precisava de sua ajuda.

Ele segurou a minha mão que segurava a foto e então eu o olhei nos olhos. Eu estava com a impressão de que iria chorar, ou algo do tipo. Não sabia porque, mas tinha urgência em saber. Eu precisava dele e esse mistério que ele tanto guardava era algo que estava entre nós, como uma grande montanha.

— Eu sabia que você tinha um grande mistério, Henry, mas isso não fez nenhum sentido pra mim.

Eu disse a ele enquanto o observava. Ele parecia criar coragem para falar e então resolvi incentivá-lo. Coloquei minha outra mão por cima da dele. Eu confiava nele, e sabia que ele confiava em mim, e então ele simplesmente começou a falar.

— É uma longa história, e eu não sei como te explicar de uma maneira que faça sentido de uma forma rápida. Ou que não te assuste.

Ele estava nervoso. Parecia ser um assunto extremamente delicado de se falar, e que, mesmo que soubesse exatamente o que dizer, ele não sabia como. Passava uma das mãos pelo cabelo enquanto a outra ainda estava entre as minhas. Em um ato de incentivo, eu levei minha mão direita ao seu rosto.

— Tenta.

Ele fechou os olhos, apreciando o contato. Respirou fundo e pegou a foto das minhas mãos.

— Bem... esta é... era... é... minha família. – Tentei começar de uma forma menos impactante. Mas estava nervoso, o que me fazia não saber usar as palavras. – Esta é Abigail – disse apontando – este, obviamente sou e este é....

Ele hesitou mais uma vez, mas então escutei uma voz calma, que descia atrás de nós.

— Sou eu – Abe disse de forma tranquila enquanto descia as escadas com uma bandeja nas mãos.

Se eu já estava confusa de uma forma surpreendente, agora eu consegui ficar ainda mais. Meus lábios se curvaram em um sorriso. Aquilo era uma brincadeira, devia ser. Não tem condições. Isso é impossível. Mas eu os olhava. Eles mantinham a mesma postura. Não era uma piada.

— Co... como isso...?

Foi a única coisa que consegui dizer. Não sabia como ou o que se quer perguntar. Ele não parecia surpreso com minha atitude e então continuou a falar.

— Eu sou imortal, Jo.

Pronto. A piada estava armada. Mas o problema é que eu não conseguia ver sinal de brincadeira alguma nos olhos deles, pelo contrário, pareciam bem sérios. Henry pareceu se soltar com essa última fala. Como se tivesse ensaiado uma peça e estava em sua apresentação dizendo suas falas com plena convicção.

Contou-me sua história de 200 anos. Podemos dizer que, em alguns momentos eu somente levantava a mão pedindo que ele parasse de falar e tentava “engolir” tudo que ele estava me falando. Era uma história surpreendentemente difícil de acreditar. Ele falou sobre Nora, o hospício, sobre as duas grandes guerras, Abigail, Abraham, suas vindas para a América. E em alguns casos ele fazia um paralelo com os nossos casos na polícia, e então eu finalmente consegui entender o motivo de, na época, agir de forma estranha.

E foi finalmente que ele chegou no caso do perseguidor dele. Adam. Que não era a pessoa que ele matou, mas era outro imortal. Ótimo, agora são dois. Mas então ele me contou o final da história até ali, e eu não conseguia processar muito bem. Era muita informação, e não era uma simples informação, era uma louca.

Aparentemente ficamos ali por horas. Já havia escurecido, isso conseguia ser perceptível, mas apesar de algumas coisas fazerem muito sentido, algo ainda não era possível de se acreditar. Eu só conseguia ficar parada observando ele. Ele parecia entender a minha expressão de confusão e então me olhou firme.

— Jo, você confia em mim?

Eu ouvi a voz dele direcionada a mim, tirando, por um instante, meus pensamentos de suas palavras anteriores. A frase atual dita por ele ecoou em minha mente e eu o encarei. Claro que confiava. Confiaria minha vida a ele, mesmo que, por um instante eu achando que ele havia ficado louco.

Ele olhou para Abe, este encarou o relógio e acenou a cabeça pra ele. O que eles estavam tramando? Então ele simplesmente acariciou meu rosto. Podia sentir com aquele toque que eu havia passado confiança a ele. Mas então ele se afastou rapidamente, indo em direção a mesa.

— Henry, o que você está fazendo?

Ele me ignorou, pegou um de seus bisturis e colocou na garganta cortando-a em seguida de forma rápida e precisa.

— HENRY, NÃO!

Eu corri na direção dele, observei Abe por um único segundo, este simplesmente havia virado o rosto, evitando olhar a cena que havia acabado de acontecer. Segurei em sua garganta tentando conter o sangue. Meus olhos, marejados, tentavam encontrar os dele, observando a vida se esvaindo de seu corpo.

— Por favor Henry, não.

As lagrimas desceram, quando ele deu o ultimo suspiro. Abraham se aproximou de mim tocando em meu ombro, tentando me confortar. Mas eu não conseguia. Olhava para ele, seus olhos abertos. Tão lindo, tão singular. Quando fiz menção de fechá-los algo que eu não esperava simplesmente aconteceu. Ele sumiu de meus braços.

Eu não conseguia entender o que havia acabado de acontecer. Abe ainda estava com a mão no meu ombro, percebi pois ele apertou com um pouco de força. Eu não conseguia me mexer, estava em estado de choque por tudo. Ele me ajudou a levantar e me guiou.

— Vamos, Jo. Não temos muito tempo.

Ele me pegou pelo braço e me arrastou pra fora. Me pôs no banco do carona de seu carro e deu partida. Eu estava simplesmente seguindo-o. Não tinha a menor ideia do que havia acabado de acontecer. Foi quando chegamos perto do East River.

Quando chegamos ali eu pude ver alguém na agua, e nadava em nossa direção. Abe se aproximou dele e eu fiquei parada no lugar apenas observando enquanto ele vestia as roupas. Sim era Henry. Não estava morto, estava vivo. Ele não desapareceu, ele... eu não sabia o que ou como explicar algo, mas ele estava aqui.

Ele se aproximava de mim lentamente, secando os cabelos. Meu Deus, ele estava vivo. Eu chorava ainda mais. O que é que tinha acontecido afinal?

— Jo?

Ele me chamou e eu finalmente consegui olhá-lo de perto. Estava um pouco escuro, mas eu poderia vê-lo claramente, era ele. Encurtei a nossa pouca distância e o abracei. Eu não conseguia parar de chorar, de tocar nele. Caramba, ele estava vivo. Mas...

— PORQUE RAIOS VOCÊ FEZ ISSO? QUE MERDA HENRY!

Eu comecei a soca-lo. Ele não precisava fazer aquilo. Será que ele em nenhum momento pensou em como seria doloroso vê-lo morrer? Mesmo que isso fosse necessário para que eu tivesse plena convicção da veracidade de sua história, aquele ato foi completamente desnecessário. Não conseguia parar de chorar, e ele não recuava do abraço, seus braços ainda estavam a minha volta.

— EU VI VOCÊ MORRENDO HENRY, NA MINHA FRENTE! E depois seu corpo simplesmente desapareceu. QUE MERDA. NÃO PRECISAVA FAZER AQUILO!

Eu o encarei. Tinha certeza que não estava em uma das minhas melhores aparências, mas não me importava, aparentemente ele também não, pois sorriu de uma forma tão singela e apertou um pouco mais o abraço.

— Eu fiz isso pra lhe mostrar, Jo. Eu sei que não deve ter sido agradável de se ver, mas eu precisava lhe mostrar.

Disse por fim, tornando sua presença ali, tornando o fato de que ele não havia morrido mais real do que já era. Realmente não havia sido agradável. Foi desesperador. Perceber alguém que eu realmente gostava morrendo, minhas emoções me atingiram como a um trem bala. Mas eu não conseguia parar de encará-lo. Ele passou os dedos suavemente pelo meu rosto, me trazendo a realidade daquele momento, de que ele estava aqui, de que ele se importava comigo, de que todas as loucuras feitas até então foi porque ele estava me protegendo. E então eu senti seus lábios sobre os meus.

A mão dele que estava no meu rosto foi para minha nuca e a que estava nas costas me trouxe para mais perto dele. Eu correspondi de imediato, permitindo que ele aprofundasse o beijo. Abracei-o pelo pescoço. Ficando na ponta dos pés. Eu precisava dele, sentia isso desde o dia que abandonei o Isaac e o escolhi, mas tantas coisas aconteceram daquele dia até agora que não conseguimos conversar direito. Dei a ele total acesso a mim. Eu era dele naquele momento, e não queria ser tirada.

Intenso, desesperado, cheio de sentimentos... esse foi o nosso primeiro beijo. Aos poucos fomos diminuindo a intensidade. Mas não conseguia me separar dele completamente, e ao que parecia, nem ele. Segurando meu rosto depositava selinhos, e então todo o turbilhão de emoções voltou para mim e as lagrimas mais uma vez rolaram. Ele afastou nossos rostos, não permitindo nossos corpos se afastarem.

Me aconcheguei em seu pescoço soluçando. Eu estava mais calma, mas ainda sim estava em choque.

— eu pensei que...

Comecei a falar. Eu precisava falar com ele, pra ele, tudo que devia ter dito dias atrás, quando desisti de viajar.

— o que, Jo?

Ele me incentivava. Eu já havia percebido essa nossa reciprocidade, essa conexão única que temos, mas seus sentimentos por mim ficaram claros agora. Tudo ficou claro pra mim agora. E eu precisava deixar as coisas claras também.

— Eu pensei... que tinha te perdido, antes que...

Quando ele, naquele estupido e impensado ato para me mostrar sobre si, se matou, eu vi naquele momento todas as minhas oportunidades se esvaindo. E elas renasceram na água. Eu tinha uma chance, e eu precisava falar, mas, minha garganta estava travada, e destravando aos poucos, e ele continuava a me incentivar a continuar.

— Antes que?

Henry era esperto, ele já tinha entendido o que eu queria falar, mas me incentivou a falar. Apesar de sua historia parecer uma terrível brincadeira, eu acreditei nele, eu sempre acreditaria nele, claro ele me deu uma prova concreta, e isso me fez temer o pior, por isso eu precisava falar com tanta urgência.

— Antes que eu pudesse lhe dizer toda a verdade.

Eu sorri pra ele, e então nos separamos. Ele sabia que verdade eu estava falando. Do mesmo modo que ele me disse com um beijo, eu disse a ele correspondendo esse beijo. Mas o clima estava tenso, era preciso quebrar isso.

— mesmo que a verdade que você escondia é relativamente maior do que a minha.

Eu disse por fim, sorrindo mais uma vez, e dessa vez ele me acompanhou. Eu acreditei nele, confiei nele, o vi morrer e voltar. Agora só me restava processar tudo isso. Eu acreditava sim, mas a ficha não havia caído ainda.

— Eu lhe contei isso pois sabia que era necessário dizer a verdade... diante de tudo que eu sinto.

Ele disse e em seguida me abraçou, beijando minha testa em seguida. Ele tinha percebido que não tinha processado tudo ainda, e por isso não me beijou mais uma vez. Apesar de não me incomodar caso isso acontecesse, eu o agradeci mentalmente por não me pressionar, sorrindo então pra ele como demonstração disso.

Caminhamos até onde o carro de Abe estava estacionado, mas antes que chegássemos lá eu precisei pará-lo. Eu estava remoendo a historia, e a parte dele se matando em minha frente ainda me causava um bloqueio imenso.

— Henry... queria te pedir algo.

Eu queria não precisar pedir isso, mas eu tinha medo, muito medo. EU não poderia perder mais alguém que eu me importava, e mesmo sabendo, agora, que ele é imortal – nossa, eu ainda terei que me acostumar com isso – eu não precisava lidar com certos impulsos dele.

— Diga, Jo. O que quiser.

Ele percebeu meu nervosismo, mas eu não ia me deixar abalar por este. Segurei em sua mão e olhei firme em seus olhos.

— Não faça mais isso de se matar. Nunca mais. Não consigo te perder.

Ele sorriu pra mim, beijou suavemente a minha mão ainda sorrindo.

— Querida Jo. Eis algo que definitivamente não irá acontecer... mesmo se você um dia quisesse. Mas me esforçarei pra não morrer em sua frente.

Eu agradeci a ele com um sorriso e meu coração finalmente se acalmou. Claro que isso entre nós sempre foi algo a mais. Desde que Lucas falou pra mim sobre a opinião dele sobre nós eu me pus a pensar. Na verdade pensei ainda mais. Agora eu o tinha, e conseguia me sentir privilegiada por saber que eu não sofreria a dor da perda. Mas isso aqui é um nada simples começo de nossa história, é a nossa pequena eternidade.


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Notas finais do capítulo

É só isso
Não tem mais jeito
Acabou
Boa sorte....

Quem leu, obrigada!
Não sou de pedir comentários, mas pode deixar se quiser, não ligo
bj



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