Edward dirigia em direção a sua casa após uma sexta-feira exaustiva de trabalho. Estava cansado, porém satisfeito. Hoje fora a despedida de um de seus executivos.

Conforme Edward foi se aproximando de sua casa, mais o sentimento de satisfação o abandonava. Estava casado há 5 anos com Bella. Eles se conheceram enquanto estudavam em Yales. Ela fazia direito e vinha de uma família simples de uma cidadezinha chamada Forks, enquanto ele estudava administração, vinha de uma família abastarda que tinha várias empresas espalhadas pelo país. Apesar das diferenças eles se apaixonaram e se casaram assim que se formaram. Mudaram-se para Chicago onde Edward assumiu uma das empresas da família e Bella começou a trabalhar em um escritório de advocacia bem-conceituado na Cidade. Inteligente do jeito que é Bella logo evoluiu e tornou-se uma das principais sócias do escritório. Tinha orgulho de sua esposa, porem também sentia falta da Bella que conheceu. Antes, ela era adorável, inocente, divertida e espontânea. Agora, só se preocupava com o trabalho, status e dinheiro. O relacionamento deles estava indo de mal a pior. E Edward sentia que não havia mais nada que pudesse fazer para salvá-lo.

Assim que chegou em casa estacionou seu carro na ampla garagem. Seguiu até o quarto apreciando o silencio do local. Passavam das 22:00 horas e, neste horário, só Bella devia estar em casa. Quando entrou no quarto a encontrou sentada assistindo um programa qualquer na TV.

— Como foi seu dia? – Perguntou assim que a viu.

— Bom. Ganhei mais uma causa. – Respondeu sem olhá-lo. – E o seu?

— Bem. O de sempre. A partir de segunda a nova executiva chega para o lugar de James. – Disse enquanto começava a se despir. – Vou ser rápido.

            Sem esperar pela resposta dela, ele foi tomar o banho. Quando voltou ao quarto Bella já estava usando sua roupa de dormir e bem acomodada debaixo das cobertas. Vestiu-se rápido e foi ao encontro de sua esposa também se deitando na cama.

— Tenho algo a lhe dizer – Bella falou sem olhá-lo e sentando-se na cama. Edward apenas a encarou esperando que ela prosseguisse. – Eu estou grávida. – Continuou dessa vez olhando para ele. Porem sua postura demonstrava que ela não estava nada feliz que esta situação.

— Como.... – Edward estava tentando organiza seus pensamentos, porem foi interrompido por uma risada cínica de Bella.

— Você sabe muito bem como são feitos os bebês.

— Não é disso que me refiro – respondeu enquanto também se sentava, começando a se irritar -  você não tomava aqueles anticoncepcionais?

 - Acontece, querido, que não há anticoncepcional 100% seguro.

             Edward respirou fundo enquanto absorvia essa nova informação. Ter um filho não estava em seus planos. Não que os quisesse, adorava a ideia de ter uma miniatura sua para cuidar. Porém não os queria agora, não quando Bella está sendo uma pessoa extremamente insensível e egoísta. Ela seria uma péssima mãe, sabia disso. Mesmo assim, conforme ia pensando em seu filho sendo gerado, mais começava a gostar de ideia de ser pai. Um filho. Um filho que pelo menos teria a ele.

— Falei com o Dr. Weber hoje a tarde. – Bella comentou o tirando de seus devaneios -  irei fazer o procedimento na terça-feira a tarde. Queria que fosse segunda, porem tem a audiência do caso Olivier que não posso perder, sem falar que terei que me afastar por uns dias após o procedimento....

— Espera, espera, espera – disse Edward a interrompendo – que procedimento?

— Como assim que procedimento? O aborto é claro – Bella respondeu como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo. Ao ouvir a intenção de Bella, Edward levantou-se da cama imediatamente e a encarou com raiva.

— COMO ASSIM ABORTO?? – Ele gritou.

— Qual é Edward? vai me dizer que esperava por esse filho.

— Claro que não. Isso não significa que eu não o queira. É meu filho. Não vou deixar que você o tire.

— Você só pode estar brincando? – Bella respondeu enchendo-se de raiva – e como eu fico nesta história? Eu não tenho tempo para uma criança. Deus, eu não tenho tempo se quer para enjoos.

— Eu não ligo. Não é como se não tivéssemos condições para arcar com esse bebê. Você não o quer? Ótimo. Eu o quero. 

— E o que te garante que não farei esse aborto? Você é um homem tão ocupado que nem reparou que eu estou enjoando todo dia, tenho oscilações de humor, você tranza comigo quase toda noite e nem percebeu que meus seios estão maiores. “Eu o quero” –Bella o imitou debochada – para que? Para joga-lo nas mãos de babás na primeira oportunidade? Eu pelo menos sou sincera. Não sirvo para ser mãe. Eu não quero ser mãe. E não vou.

— Escute-me bem. –Edward respondeu se aproximando e ficando cara a cara com Bella – se eu dormir e desconfiar que você fez algo contra este bebê, eu vou garantir que você se arrependa eternamente. Você me conhece e sabe do que sou capaz. Não se atreva.

            Bella não podia acreditar que Edward faria isso com ela. Com ele se atreve? Depois de todo o trabalho que ela teve para chegar onde chegou. Para fazer seu nome e ter que se afastar de tudo isso por um bebê que ela se quer queria. Se ele queria tanto essa criança, ele o teria. Mas nem em sonho ela estaria inclusa nisso.

— Quer essa coisa? Ótimo. Assim que isto sair de mim eu lhe dou. Feliz agora?

            Assim que ela terminou de falar ela sentiu a mão de Edward acertar-lhe a face. O tapa foi forte o suficiente para fazer seu corpo inteiro ir na direção da bofetada. Assim que ela voltou a equilibrar-se colocou a mão no local atingido. Sentiu a bochecha quente, com certeza ficaria com o rosto vermelho. Assustada com a atitude inédita e violenta de seu marido ela ficou sem reação. Ao perceber que a assusta-la ela se aproximou mais ainda e disse:

— Você mereceu esse tapa. Você estava merecendo há um bom tempo. – E assim, ele saiu do quarto a deixando sozinha. Mesmo abalada por causa daquele tapa, Bella procurou se acalmar e não transparecer que aquilo tinha a atingido. Sem mais, desligou a TV, voltou a deitar-se e, logo depois, dormiu.

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            Naquela noite Edward dormiu no quarto de hospedes, teve uma noite mal dormida devido ao remorso que sentia por ter agredido Bella. Por mais que ela tivesse passado dos limites por referir-se ao filho daquele modo, ele não devia tê-la agredido. Ele precisava desabafar e ninguém melhor para isso que sua irmã, Alice.

            Com a intenção de se arrumar para visitar a irmã Edward seguiu até seu quarto onde encontrou Bella ainda dormindo. Silenciosamente se aproximou dela, ao vê-la sentiu-se pior, pois viu que a bochecha dela ainda estava vermelha. Mostrando resquícios de sua agressão contra ela. Sem querer acorda-la ele passou os dedos de leve sobre a pele atingida. Com um sussurro baixo ele desculpou-se e foi em direção ao closet para buscar suas roupas. Com elas em mãos voltou ao quarto de hospedes onde tomou seu banho e se vestiu.

            Assim que chegou a cozinha avistou a empregada, Judith, ela trabalhava com os pais dele depois que se casou ele convenceu-a a acompanha-lo. Sua mãe até hoje joga em sua cara que ele roubou sua funcionaria.

— Bom dia, Dona Judith.

— Bom dia Sr. Cullen – respondeu assim que o avistou – seu café-da-manha já está servido.

— Obrigada Margareth nada de Sr. essa palavra me faz parecer tão velho quanto meu pai.

            Com um riso cumplice ela concordou com ele. E em seguida o deixou à vontade para comer sua refeição. Assim que terminou Edward enviou uma mensagem a Alice informando que em 30 minutos estaria em sua casa.

            Assim que chegou na residência de sua irmã ele a encontrou o esperando na porta. Ao vê-la ele deu um riso baixo. Com certeza ela sentiu que ele não estava nada bem. Assim que ele saiu do carro ela foi até ele.

— O que houve? – Perguntou Alice sem rodeios.

— Bom dia para você também irmãzinha.

— Deixa de graça e fala o que aquela mulher aprontou dessa vez - ele respirou fundo antes de propor que conversassem em um lugar mais reservado. Alice sempre foi bastante ligada a Edward a ponto de perceber apenas por uma mensagem que algo estava errado com o irmão. Ela também costumava ser a melhor amiga de Bella, porem com as mudanças de comportamento da mesma, Alice acabou se afastando.

            Aceitando a proposta de Edward eles seguiram até o escritório, após entrarem Alice trancou a porta e fez sinal para que Edward senta-se no sofá que havia no local. Após vê-lo se acomodar ela também se sentou no sofá e esperou que ele começasse a falar.

— Bella está gravida. – Ele soltou de uma vez. Esperando que Alice se chocasse que a informação, porém tudo que ela fez foi dar um risinho cínico.

— Pobre criança.

— Alice! – Edward a repreendeu. – Isto é sério! Ela quis aborta-lo.

— E o que você esperava da Bella?? – Alice o encarou esperando uma resposta que sabia que ele não daria. – Era obvio que ela não abriria mão de si para o bem de outro. Não esta Bella.

— Eu tenho esperança de que, talvez, quando ela olhar para essa criança ela a ame sabe, isso acontece as vezes.

— E se não acontecer? E se Bella lhe disser “ou eu ou o bebê”?

— Ela não vai...

— Não vai, mas será porque o status de Senhora Cullen lhe é conveniente.

            Edward sabia. Ele sabia que Bella poderia ficar, e se isso acontecesse seria pelo seu nome. Não por ele. Não pelo bebê. Por mais que soubesse não queria acreditar, não queria se render a esta ideia. Para ele, Bella voltaria a ser aquela garota por quem ele se apaixonou. Aquela Bella amaria seu bebê.

            Sem aguentar a pressão, ele esconder o rosto entre as mãos e chorou. Chorou com a bom tempo não fazia. Ele sentiu a mão da irmã em suas costas o confortando.

— Eu a amo, Alice! Eu não sei o que aconteceu com ela para se ficar daquele jeito, mas ela vai voltar. Ela tem que voltar...

— Edward. Ela age assim há anos. Talvez não tenha mais jeito...

— Tem que ter – disse tentando se recompor. Mesmo não acreditando em uma possível melhora em Bella, Alice não contrariou o irmão.

— Que tal você ficar aqui para o almoço? Faz tempo que Henry não vê o tio. – Disse ela com o sorriso singelo tentando animar o irmão. Edward não disse nada apenas se levantar enxugando o rosto em sinal de concordância.

            Assim que se recompôs, Edward seguiu para o quarto de seu sobrinho. Henry tinha acabado de fazer 3 meses, ele era uma bolinha loira e rosada. Ao encontra-lo acordado em seu berço, Edward o tirou de lá. Imaginou-se com seu próprio filho. E isso o animou um pouco. Com esse pensamento passou a manhã na casa da irmã.

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            Era 15:30 quando Edward chegou em casa. Assim que avistou Judith perguntou sobre sua esposa.

— Ela está no quarto dela?

— E ela almoçou bem?

— Bem... é que ela não comeu nada hoje. Eu tentei...

— Como assim não comeu nada hoje? Prepare algo para ele imediatamente. Ela irá comer – sem esperar por uma resposta Edward correu em direção ao seu quarto. Chegando lá encontrou-a dormindo. Tentado agir de modo mais controlado possível ele puxou o cobertor e a acordou.

— O que foi agora? – Bella perguntou ainda sonolenta.

— Que história é essa de não comer o dia todo?

— Serio isso? – Bella tentou cobrir-se de novo – me deixa dormir estou sem fome?

            Edward puxou novamente o cobertor e dessa vez puxou bela também de modo que ela ficasse sentada na cama.

— Escute bem o que foi lhe dizer: você, querendo ou não, está gravida. E você irá cuidar-se como tal. Se você não comer por bem eu enfiarei a comida em sua goela. Entendeu?

— E como pretende fazer isso? Me agredindo de novo? – Aquilo o tinha atingido. De tal modo que não soube o que responder e nem precisou, pois neste momento Judith adentrou o quarto trazendo uma bandeja com torradas, suco, iogurte, frutas, enfim um típico café-da-manha. Edward fez um sinal para que Judith se aproximasse. E assim ela o fez, depositando a bandeja sobre as pernas de Bella. Logo que ela se afastou Edward informou.

— Judith daqui a três horas volte a servir algo para Bella. Ela está gravida e a partir de agora ela comerá bem e regularmente. Se ela atrapalhar, por favor me avise – Assim que Judith confirmou com a cabeça Edward saiu do quarto. “Serão longos meses” pensou ele. Esse era o início de uma provação.