He Wasn't escrita por Thaty Shinoda


Capítulo 1
Único




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There’s not much going today

I’m really bored it’s getting late

 

“O dill teve seu conhecimento amplamente difundido entre os celtas, sendo conhecido como...sendo conhecido como...” Ela suspirou profundamente e voltou ao começo do parágrafo, os dedos finos de unhas cor de rosa, seguindo as linhas desde o começo. Frustrada, abandonou o livro de ervas sobre o colo e olhou para a janela de vidros fechados, limpíssimos. Uma garota de cabelos macios e encaracolados, chegando á cheios, e um rosto jovem com uma beleza velada, não daquelas incomuns, mas das que chamam atenção para os pontos fortes – um nariz bem desenhado, uma linha fina e delicada do maxilar –, a olhou de volta, o rosto torcido em uma careta.

Hermione consultou seu relógio. Quatro e quarenta e cinco. Ele estava quinze minutos atrasado. Britânicos eram pontuais, mas ele não era britânico. Deveria saber que ela era, no entanto.

“Tudo bem, Hermione, isso não é um grande atraso!”

Levantando-se do espaçoso sofá de chambre, o livro deixado ali com esmero, ela caminhou até o espelho do apanhador na sala conjunta de jantar. Alisou a parte da frente do vestido de verão de jersey azul escuro, analisando a saia rodada e na altura dos joelhos. Não imprópria, mas não conservadora demais. Estava bonita, podia dizer sem falsa modéstia, o tom azul do vestido ressaltava sua pálida pele e o tecido se colava nos pontos exatos das suas poucas curvas de quinze anos. Voltou a olhar o relógio, mas só tinham se passado cinco minutos.

“Droga!”,  pensou. “Bom tenho que fazer algo, senão vou enlouquecer.”

Decidida, caminhou até a cozinha onde a mãe preparava o jantar. A sra. Granger gostava de cozinhar aos sábados, era como um ritual. Achava que assim aproximava-se mais da família, mostrando que se preocupava, no ato de picar, refogar e cozinhar as refeições. Hermione entendia. Quando pequena a mãe e o pai sempre estavam no consultório em horários alternados da semana, e a mãe se culpava por não poder sentar-se na mesa a cada almoço. Não que fosse ausente claro, seus pais eram os melhores possíveis. E agora que ia a Hogwarts em metade do ano... Hogwarts a fez lembrar.

Ele estava vinte e cinco minutos atrasado.

— Seu amiguinho ainda não chegou?- Perguntou a Sra. Granger, assim que Hermione entrou, um tanto chateada, na cozinha.

— Deve ter acontecido algo com ele. Precisa de ajuda? - Ela se aproximou e pegou prontamente uma faca, que a mãe tomou de suas mãos.

— Não, deixe, estou quase terminando e não queremos que suje seu vestido. - A sra. Granger sorriu, maternal.

— Humph. - Foi a resposta da garota enquanto se arrastava até a mesa e ficava analisando as frutas artificiais ali.

— Ele pode ter tido algum atraso no vôo, você sabe...

— Mamãe ele é bruxo, e bruxos não pegam avião. E de qualquer forma ele está aqui na Inglaterra, por isso marcamos...

— Certo. - Ela parou de picar a cebola e olhou para a filha. - Filha, você sabe que eu te amo não é?

— Sei sim, mamãe.

“Oh, por favor, não comece a falar de garotos agora, por favor...” Hermione suplicou em pensamentos. Os pais haviam tentado uma vez falar com ela sobre o que chamavam de ‘fases da vida’ quando ela tivera a primeira regra no ano anterior. Depois de alguns termos médicos estranhos, e extremamente nojentos pelo que ela podia lembrar, ela havia se convencido de que eles não tinham mesmo muito jeito para aquilo.

— Sabe, é comum dos garotos se atrasarem um pouco.

— Mamãe... - Disse ela numa súplica.

—Só estou dizendo para você não se preocupar. No nosso primeiro encontro seu pai...

— Se atrasou duas horas. Sei disso.

— Certo. - A sra. Granger olhou a pequena filha por uns segundos depois sorrio e lhe deu um beijo na bochecha. Graças a Merlin, ela voltou a picar as cebolas.

 

What happened to my Saturday

Monday’s coming the day I hate, ei…

I’ll sit on my bed alone

Staring at the phone

 

Quando subiu ao quarto, tomando o cuidado de pegar o livro de estudos, Hermione relanceou os olhos pelo telefone. Fez um som de mofa. Claro, ele não a avisaria por ali, teve que conter uma pequena risada. Era até mesmo irônico pensar naquilo, logo ela que sabia tanto sobre o mundo mágico através dos livros, das pesquisas, logo ela Hermione, ter aquele pensamento desconexo. Estava preocupada, ele não se atrasava daquela forma. Quando o conhecera em Hogwarts ele sempre fora pontual quando marcavam de passar as tardes na empoeirada biblioteca. O mundo secreto dos dois.

Deitou-se na espaçosa cama e abraçou uma almofada felpuda enquanto fechava os olhos e se lembrava de como o havia conhecido entre as estantes de Transfigurações. Ele fora tão gentil e simpático quando lhe confidenciou que só ia lá por causa dela e a convidou pro baile. Ela não teria muita escolha mesmo e ele parecera muito sincero ao falar com ela. Claro que não era um modelo de beleza e nem saia por aí distribuindo sorrisos, quer dizer... a não ser que fosse pra ela, mas mesmo assim ele parecia ser um cara legal.

Lembrou-se quando estava conversando com Ginny sobre o baile e ela lhe dissera que ia com Neville. Hermione lhe contara tudo que Viktor dissera. Lembrou-se também quando as duas haviam descido ao salão comunal e de como Harry e Ron estavam abatidos por não terem pares. Fora, de alguma forma, reconfortante para ela poder dizer que já tinha um par, apesar de Ginny ficar bem abatida quando soube da idéia do irmão. Mas fora reconfortante de uma forma um tanto incômoda pensar em Viktor e em como ele a tratara como primeira opção, diferente de Ron e sua brilhante descoberta. Reconfortante saber que Viktor a tinha em tão alta conta.

Viktor realmente a fazia rir e era absolutamente adorável o jeito que errava seu nome. Her-mi-ô-nini. Ela tinha vontade de sorrir só de lembrar. Onde será que ele estava? Naquele baile também acontecera seu primeiro beijo e Viktor era tão carinhoso e paciente, fora tudo meio desajeitado, mas ela jamais poderia reclamar.

E logo após teve todo o episódio do lago, ela era a pessoa de quem ele mais sentira falta no castelo. Deitou-se, ainda abraçada ao travesseiro e passou a acariciar Bichento com as pontas dos dedos. Viktor era realmente alguém especial para ela, ela só esperava que ele não demorasse tanto assim, o que quer que tivesse acontecido...

Acordou com um sobressalto e sentou-se de súbito, olhando a janela. Bichento soltou um miado indignado quando os dedos dela bateram sobre as costas dele e a garota se desculpou baixinho. Era só a mãe a chamando para o jantar.

Seis horas, lá se ia seu sorvete na Florean Fortescue, e nada de corujas.

***

 

He wasn't what I wanted

What I thought, no

He wouldn't even open up the door

He never made me feel like I was special

He isn't really what I'm looking for

No outro dia, depois do café da manhã ela subiu ao seu quarto e notou a coruja do Profeta diário na sua janela fechada. Abriu a janela e pagou os nuques para a coruja, observando-a levantar vôo logo depois. Olhou o jornal sem muito interesse, sabia que devia estar ávida por notícias sobre Voldemort, mas o que tinha acontecido no dia anterior a tinha deixado um pouco depressiva. Algo chamou sua atenção na primeira folha. A foto de Viktor e uma outra garota de mãos dadas. Hermione congelou, depois abriu o jornal na página indicada.

“FLAGRA DE VIKTOR KRUM E SUA NAMORADA”, dizia a manchete e Hermione leu o artigo avidamente.

“Ontem à tarde, aproximadamente umas quatro horas e quarenta e cinco minutos, esse repórter do Profeta diário flagrou uma cena muito engraçada. Viktor Krum, 19 anos recém completados, e jogador preferido do treinador da seleção da Bulgária estava dando um passeio com uma garota de cabelos negros e olhos azuis muito bonita que mais tarde ficamos sabendo ser Valkíria Knochvich, uma adorável e bela estudante de 16 anos do Instituto Durstrang, antiga escola de Krum.

Os dois sorriam e se beijavam enquanto davam seu passeio pelo Beco diagonal, aparentemente comprando o material da garota.

Quando assaltados por nós não ligaram de responder as perguntas feitas e ficamos sabendo que Viktor já havia saído com ela desde que estudava em Durstrang. Quando perguntamos sobre Hermione Granger, a garota que fora tida como destruidora de corações em Hogwarts, Krum ficou carrancudo e disse que isso tinha acontecido a muito tempo, e fechou a cara para a namorada quando ela disse que eles haviam dado um tempo na época. Parece que este assunto deixou nosso famoso jogador irritado e ele decidiu de uma hora pra outra que não queria mais responder a nada e aparatou deixando sua linda namorada para trás.

Não conseguimos arrancar mais nada dela sobre o namoro e deixamos a pobrezinha ir embora quase chorando.

Bem, parece que Krum é bem metódico, e um tanto desajustado quando o assunto é garotas, mas compensa isso na sua maravilhosa Finta de Wronsky que foi a responsável...”

E ali o artigo continuava enumerando as proezas de Viktor e seus antigos jogos.

 

This is when I start to bite my nails

And clean my room when all else fails

I think it's time for me to bail

This point of view is getting stale

 

Hermione releu a parte sobre ela e o namoro como se não pudesse acreditar naquilo. Logo depois largou o jornal como se este fosse uma bomba relógio pronta para explodir em sua mão. Deitou-se na cama e começou a repassar tudo em sua mente.

Isso era alguma brincadeira, devia ser. Mas tudo estava claro como as paredes de seu quarto: ele a tinha usado e a feito acreditar que gostava dela enquanto dava um tempo com aquela tal de Valkíria Não-sei-o-que. Oh, como ela pudera ser tão burra a ponto de acreditar nele?

Olhou suas unhas roídas na noite passada, quando achava que tinha acontecido algo errado com ele. Como fora idiota! Tinha que fazer algo, e mandar uma carta com uma azaração para ele parecia algo bem tentador.

— E dar esse gostinho á ele? Jamais. - Disse ela em voz alta.

Levantou-se e decidiu que ia arrumar o quarto. Não que precisasse tanto, mas tinha que ocupar sua mente de alguma forma. Depois de tudo minuciosamente em seu lugar ela desceu para almoçar. Mastigou cada pedaço de comida com desagrado, sua garganta estava parcialmente fechada. Deixou metade da comida no prato e ajudou sua mãe com a louça.

Bem, analisando tudo ela pensou que não era tão ruim. Talvez não estivesse tão apaixonada assim, não é? Talvez... bem não adiantaria nada ficar se remoendo adiantaria? Não. Ela decidiu: ia sair pra dar uma volta com sua amiga Ingrid depois de ajudar a mãe e tudo ficaria bem, talvez até mandasse uma coruja pra Ron e Harry. Estava mesmo com saudades dos amigos, e talvez Ron a convidasse pra passar o resto das férias na toca. É isso parecia uma boa idéia.

Ainda assim, mandou uma carta com uma azaração para ele. Ela era uma mulher de princípios, claro, mas mais ainda, era uma bruxa excelente, com o coração ferido... e foda-se, mas ela ia dar esse gostinho a ele.

***

 

Na na na na na...We've all got choices

Na na na na...We've all got voices

Na na na na na...Stand up make some noise

Na na na na...Stand up make some noise

Ron tinha mesmo convidado ela pra ir para a toca e Harry estava lá.

Parecia que tudo tinha se passado a muito tempo e ela já nem se importava com Viktor. Recebeu umas cartas dele e queimou-as toda, não queria ouvir explicações, já tinha feito sua escolha. Além disso, bom, ele também era um bruxo excelente e em Durmstrang se praticava Arte das Trevas, até onde ela sabia. E agora até parecia que seu coração estava indo por outro caminho, as vozes dele pareciam clamar, ou melhor gritar, fazendo um barulho terrível por outra pessoa... talvez Ron não fosse tão idiota assim, não é? Ele a fazia rir e com certeza o ruivo ela conhecia, e sabia que não ia fazer o mesmo que Viktor.

Talvez estivesse enganada como estivera com Víktor, mas não custava tentar...

Continua... (?)

***

 

Like I was special

'Cause I was special


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Notas finais do capítulo

Então, eu sei que parece meio confuso e bobinho. Foi escrita num sábado chuvoso, quando eu estava pensando em RHr e caçando fics do Krum sendo um canalha, porque sim Q HAUAHUAH
Mas merece ao menos um comentário?



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