Aos 14, o loiro foi dormir em minha casa, pela primeira vez. Eu estava nervoso, o estômago embrulhado, talvez cheio de borboletas. O que eu sentia pelo maior era um mistério, um caos, uma confusão que persistia constantemente em minha mente. A única coisa que eu sabia era que o sorriso daquele menino fazia meu corpo arrepiar e seus olhos me encarando me levavam a estremecer por inteiro.

Eu não sabia se era de amor ou de medo.

À tarde ele chegou, tímido e calmo como fingia ser na frente dos outros. Apenas eu o via como ele realmente era, e ele era maravilhoso. Pietro conhecia cada canto daquela casa tanto quanto eu, das inúmeras vezes que ele esteve lá dia após dia. Mas por educação ou ansiedade ele fingia que de nada sabia, perguntando-me onde ficava cada mínima coisa com um sorriso vacilante.

Coberto por uma inocência fingida e bela.

Acordei no meio da noite com seus olhos pregados em mim. Disse que estava sem sono, enquanto eu estava o contrário disso. Fez como no dia em que nos conhecemos e olhou fundo em meus olhos. Avisou que precisava fazer uma coisa, esta que há muito tempo estava o atormentando. Pediu-me que não o odiasse depois de fazê-lo e respondi que não conseguiria fazer isso mesmo que quisesse. Então ele me beijou.

E eu descobri que o que eu sentia era amor.