O Herdeiro Malfoy escrita por Zoey


Capítulo 12
Capítulo 12 - Todos deixam a mansão


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura



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Hermione deu passos um tanto nervosos e forçados em direção ao hall de entrada, Draco ofereceu-se para pendurar seu casaco, ela negou. Ela parou no meio da casa e olhou para ele com uma expressão interrogativa.  

Draco e Blásio estavam trabalhando nas reformas internas da casa desde que haviam terminado o lado de fora e, desse modo, metade da sala estava descascada e um pouco mofada, enquanto o outro estava em cores prateadas com detalhes em verde.  

—Nós estamos reformando a casa – Draco explicou. 

—Nós? Você e Blásio? -Perguntou Hermione, ao que Draco assentiu - Passar um tempo com Blásio fez bem a você - refletiu ela em voz alta. 

—Sim. Ele tem me ajudado bastante – disse Draco enquanto mexia ligeiramente nos cabelos por mania, era uma reação ao desconforto. 

Draco conseguia ver pelos fincos na testa da garota que ela estava rememorando tudo que lembrava de quando esteve lá. Draco deixou-a livre para circular o quanto quisesse pela casa, mas ela mal movia-se, por vezes, deu alguns passos em uma ou outra direção e simplesmente parava.  

—Você quer ir até lá? - Perguntou Draco receoso.  

Ela se virou e pensou antes de falar. 

—Sim.  

Draco tomou a frente e abriu caminho até o salão onde tudo havia acontecido. Hermione, quando chegou na entrada do cômodo, começou a diminuir o ritmo dos passos e passar a mão sobre onde, Draco deduzia, ter sido marcada, mas depois de todos aqueles anos, Draco imaginava que era mais um reflexo, pois a marca já deveria ter sido removida há tempos. Draco viu tanta dor no rosto dela que ele tirou um momento para reviver seus próprios pesadelos. 

Algumas vezes, Draco acordava sobressaltado vindo de um mesmo pesadelo. Os corpos mortos e ensanguentados estavam de volta ao salão, Draco estava vestido todo de branco no meio daqueles corpos sem vida, amontoados. Mas, de repente, algum deles revivia e puxava Draco em direção ao chão... Em direção a eles. Logo, outros também reviviam e ajudavam a trazer Draco para mais perto do chão. Ele gritava, tentava soltar-se, não portava sua varinha, suas vestes estavam cada vez mais vermelhas pelo sangue dos mortos e do seu próprio, até que ele acordava aos gritos e respirava profundamente tentando recompor-se.  

Hermione parecia estar revivendo algo parecido, ela fechou os olhos por alguns instantes e Draco viu lágrimas cintilantes escorrerem por suas bochechas. Desconfortável, ele trocou o peso de perna e olhou para todos os cantos da sala, menos para ela.  

—Você estava aqui. - Hermione começou baixinho - Eu lembro de você estar aqui. Alguns metros naquela direção - ela levantou um braço trêmulo e apontou para um canto da sala – por que não fez nada? 

Draco engoliu em seco, não tinha certeza do que responder.  

—Você assistiu eu ser torturada, enquanto eu resistia a cada maldito feitiço que Bellatrix lançava em mim. Você assistiu seus colegas estarem presos e... Você simplesmente não fez nada. Por quê? Eu consigo entender que você tenha nojo quando olha para mim, você foi educado para odiar mudbloods, eu entendo você não cair de amores por Harry, eu entendo porque Rony não era um de seus favoritos, mas eu não entendo porque você deixou Luna naquele lugar, eu não entendo porque ficou parado sem fazer nada. Eu lembro de você, estava sem reação e assustado. Ainda se aquilo lhe causasse prazer, mas você odiou cada segundo. Eu lembro de como você sempre estava com raiva, sempre com medo, tremendo. Por que não fez nada?! 

Hermione já estava em um misto de raiva com medo, ela tremia inteira e não conseguia conter as lágrimas.  

—Covardia. 

—Não. Não, Draco Malfoy, essa resposta é muito fácil. Você sabe que foi covarde, mas, você não espera que eu acredite que você deixou que tudo isso acontecesse, na sua casa, com você presente sem você mover um dedo para mudar algo. Você não espera que eu engula essa merda, não é? Porque eu mereço uma resposta melhor.  

—É complicado... Você não entende... 

—Draco, você se escondeu enquanto eu gritava. Eu sei que você é covarde, mas eu mereço uma resposta melhor. 

—Eu não... 

—Você o quê?!  

—Você não entende... 

—Então me explique! Há mais de dois anos, aquela merda acabou e você simplesmente sumiu, se você percebeu o que fez de errado, por que não tentou reparar seus erros? Ficou aqui acovardado na sua casa, sem dar a mínima para o estrago que tinha feito lá fora e, quando finalmente reaparece, anos depois, está quase morto. Então, eu ressuscito você para Draco Malfoy retornar para sua toca e não fazer a mínima diferença para o mundo de novo. Me diga, Draco, eu salvei você para você deixar as paredes onde você assistiu tantas pessoas serem torturadas e mortas mais bonitas?  

—Já chega – disse Draco - você está na minha casa e você não sabe tudo o que eu vi. Saia daqui, Hermione.  

—Não precisa pedir duas vezes, só não esqueça, Draco, você não é o único que passou por aquela guerra, você não é o único de nós que acorda gritando e que não consegue esquecer tudo o que viu. Mas você pôde escolher em que lado lutar e escolheu errado. E agora que pode mudar alguma coisa, está cada vez mais enterrado em si mesmo. 

Hermione desapareceu.  

Draco suspirou e caiu sobre uma parede. As próximas horas ele não viu passar. Recostado sobre a parede, ele se permitiu rememorar várias e várias vezes tudo o que ele mais odiava lembrar. Ele chorou em silêncio, apenas torcendo para que Blásio não retornasse tão cedo e ele tivesse mais alguns minutos sozinho.  

Quando Blásio retornou, horas mais tarde, e foi encontrá-lo, levou um susto com o estado do amigo, acreditou por alguns segundos que ele havia tentado o suicídio novamente, mas pela expressão no rosto de Draco algo pior havia acontecido.  

—O que houve? Draco, porque você está assim?! - perguntou Blásio desesperado. 

—Ela esteve aqui – respondeu Draco em um tom gélido - Hermione.  

—O que ela queria? 

—Respostas que eu não queria dar.  

Draco levantou-se e enquanto saía do cômodo virou-se. 

—Blásio, volte para casa, isso aqui não é lugar para você. 

—O que você está dizendo, cara? O que foi que aquela mudblood disse para você? Você ainda não está bem, Draco... 

—E PROVAVELMENTE EU NUNCA VOU FICAR! - Draco aproximou-se de Blásio e continou em um tom de voz mais baixo - Você quer saber o que ela disse? Ela disse tudo que eu já sabia sobre mim e todas as minhas piores imagens de mim mesmo ela fez questão de lembrar. E eu sei que eu sou um filho da puta fodido, mas você não precisa fazer parte desse maravilhoso clube comigo – disse Draco sarcasticamente – Eu quero você fora daqui, Blásio. Seja lá o que você decidir fazer da sua vida, ficar longe de mim é sua melhor escolha. 

—Eu não vou deixar você soz... 

—Vai. E vai fazer isso assim que terminar de arrumar suas malas. Você merece uma companhia melhor. 

—Draco, eu não quero ir embora. 

—Mas eu quero.  

—O... O quê? - Blásio estava descernte. 

—Você não pertence a esse lugar. Por favor, vá. 

—Você não pode estar falando sério. 

—Eu quero você fora daqui, Blásio. Vou ficar melhor sozinho.  

Blásio estava pronto para argumentar contra aquilo, mas olhou para Draco e viu que seu rosto estava impassível. Ele baixou a cabeça e foi até o quarto de visitas, com um aceno na varinha, refez sua única mala e saiu encontrar Draco. 

—Se você precisar de mim... 

—Não volte.  

Blásio estava tão magoado que não sabia para onde ir, tinha reconciliado-se com seus pais, porém, não queria voltar para casa, ainda mais naquele estado. Decidiu retribuir a sangue ruim uma visitinha. 


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Notas finais do capítulo

Comentários, please
Ah, e desculpem pela possível desilusão, beijos no core de vocês