The mine word: Blue roses. escrita por gurozu


Capítulo 4
Capítulo 3: Os filhos de um dragão.


Notas iniciais do capítulo

Eai galerinha linda que adora essa fic doida, tudo bem? Mil desculpas por não ter postado na quarta, estou atolado de trabalhos pra fazer. Se tudo der certo, devo postar um capítulo amanhã, então fiquem de olho. Bora lê?



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Visão da Pheal:

O Chá-de-livros, assim chamado pelos bibliotecários do Reino Zumbi, é escuro e tem um sabor forte e amargo, tão espeço que daria para mastigar. Bebo um pouco dessa bebida maravilhosa e volto ao meu livro. A sala está silenciosa, quase ninguém vem a minha biblioteca, apenas o som do fogo da lareira pode ser ouvido. O livro, intitulado "O Reino do Dragão", foi escrito há vários séculos, quando os Endermans ainda se recordavam de como era o mundo.

"Palácios feitos de uma pedra tão negra quanto a noite podiam ser visto em todos os continentes, reis governavam de seus tronos e brandiam espadas de aspecto cinzento e brilhante. Nos mares e rios, nenhuma embarcação havia de navegar, com exceção de comerciantes a mando dos reis...", dizia o livro.

Deve ter sido uma época maravilhosa, penso, com Endermans em todos os lugares do mundo. O acordo de paz entre a Cidade dos Endermans e os outros reinos começou a dar sinais de funcionamento quando a primeira comunidade de Endermans foi construída do lado de fora da barreira, coisa que já não era vista a séculos.

Com minha experiência, acabei me tornando a principal comerciante entre os reinos e os Endermans, sendo mais tarde nomeada pela Ender como a Embaixadora dos Endermans, uma responsabilidade muito grande.

A porta da biblioteca se abre momentaneamente, revelando uma figura pequena, com cabelos azulados, pele escura e olhos roxos brilhantes. Ele ergue suas mãos para cima, tentando apertar alguma coisa.

—O que foi, querido? Está com fome? —Ele balança a cabeça positivamente. —Vem, senta no colo da mamãe.

Ele veio até mim, com passos meio tortos, e se sentou em meu colo. Coloquei o livro sobre a mesa que a ao lado de minha cadeira. Hakke, meu filho mais novo, aperta um de meus seios por debaixo da blusa, tentando mamar.

—Calma, espera um pouco. —Desabotoo os botões da blusa, deixando um seio a mostra. Ele o mordisca e começa a puxar o leite calmamente, deixando a pressa ir embora. —Você com certeza é filho do seu pai. —Digo, meio no automático.

Fora Hakke, Sekka e eu tivemos outros três filhos: Rheal, nosso mais velho, Linna, a que mais me puxou, e Gisele, a princesinha do Sekka. Com exceção de Linna, todos nasceram com os cabelos azulados e a pele escura do Sekka, além do estranho fato de todos, novamente com a exceção da Linna, terem nascido com as minhas asas de dragão.

Hakke arrota, sinal de que está satisfeito. O coloco no chão, limpo o bico do seio e abotoo novamente a blusa. —Onde estão seus irmãos? —Pergunto, mesmo sabendo que Hakke ainda não sabe falar. Ele aponta para a porta e faz um grunhido semelhante a um "Lhá" e sai correndo.

Vou atrás dele, passando pelo corredor do segundo andar e descendo as escadas até o quintal da casa, onde Rheal e Linna brincam de pegar um ao outro, lógico, usando seus teletransportes no processo da brincadeira. Chega a ser difícil focar a visão neles, já que mal aparecem em um lugar e já estão em outro. Será que a dona do orfanato onde eu morava também se sentia assim quando brincávamos?

Os dois param, provavelmente chegaram ao limite de seus craft. Ambos caem sobre a grama, suados e com a respiração forte. Rheal está vestindo apenas um short de tecido grosso verde escuro e Linna usa o mesmo tipo de short, apenas sendo de cor verde claro e trajando uma camisa larga branca por cima do peito. Como a diferença de idade é de apenas um ano para cada um, Linna e Rheal são muito próximos e fazem tudo juntos.

—Linna e Rheal, venham aqui! —Gritei, os chamando para entrar. Trancada na biblioteca não havia como eu saber, mas o sol já estava para se por. —Tomem um banho e depois venham jantar.

—Sim! —Gritaram os dois, sem ao menos levantarem do chão.

Hakke já havia sumido, mas dava para ouvi-lo da cozinha. Fui até lá, dando de cara com Sekka preparando o jantar enquanto Gisele está sentada na mesa, lendo um livro infantil. Dos quatro, Gisele é a única que sabe ler.

—Por que não deixa as crianças brincarem mais um pouco? O jantar vai demorar. —Disse Sekka, provavelmente escutou a minha bronca.

—Você viu o estado deles? Estão tão sujos de terra que poderia crescer uma árvore na cabeça deles.

—Não seja dramática. Eles são crianças. Dez minutos depois do banho e já estão sujas novamente.

—Certo, não vou discutir. O que está fazendo?

—Sopa de batata, sua preferida.

—Não pense que vai conseguir colocar outro filho na minha barriga com uma sopa de batata.

—Vale o esforço. —Ele ri. —Mas não é nada disso, acredite.

—Sei... —Me aproximo da Gisele para ver o que ela está lendo. Na capa, o titulo "Amor de gelo" me chama a atenção.

"Amor de gelo", é um romance entre um príncipe Creeper e uma princesa Esqueleto, muito bonito aliás. Um amor proibido, dos tempos da guerra das cinco muralhas, quando todas as raças estavam em guerra.

Gisele me percebeu e me encarou. Seus olhos roxos brilhavam com a luz do lustre da cozinha. —Quer alguma coisa, mamãe? —Pergunta ela, sua voz é rouca como a de um idoso.

—Só vendo o que você está lendo. Está gostando do livro?

—Sim, a Cidade branca parece ser muito bonita. Você já foi lá, mamãe?

—Não, filha. A mamãe ainda não foi até a Cidade branca, mas prometo que a levarei quando eu for.

—Obrigada, mamãe. —Ela sorri e volta ao livro.

Gisele nasceu muito doente, uma doença que nenhum médico conhecia. Ela tossia quase o tempo todo, as vezes saia sangue junto. Resolvemos chamar a Gisele para curar nossa filha, o que acabou funcionando, mas não sem consequências. Gisele não respira muito bem, portanto não pode correr com os irmãos, além de sua voz ser rouca e ela precisar de tempo para falar. Demos a ela o nome da Gisele em homenagem por salvar a vida dela.

—Vá tomar o banho junto de seus irmãos, leve o Hakke com você.

Ela fecha o livro, meio desanimada. —Tudo bem. Vamos, Hakke. —Ela segura a mão do irmão e sai da cozinha.

Puxo uma cadeira e me sento, recebendo um olhar rancoroso do Sekka. Ele não gosta muito da ideia das crianças tomarem banho juntas, porém, no orfanato, todos tomávamos banho juntos, é uma coisa até normal para mim que irmãos se banhem juntos.

—Acho que também tomarei o meu banho. —Disse, saindo da cozinha antes de ouvir um sermão do Sekka.

Passei no quintal onde as crianças brincavam, mas ele estava deserto. Segui o corredor até a área do banho, ouvindo o barulho inconfundível da água batendo nas pedras da parede. Entrei na área dos armários, onde guardávamos toalhas, pijamas e roupas de cama. Tirei minhas roupas, as coloquei no meu espaço do armário e entrei no banho. Linna sentava-se sobre seus calcanhares enquanto Rheal esfregava os cabelos castanhos dela e Gisele segurava Hakke no colo enquanto aproveitavam a água quente da banheira.

Ninguém se importou comigo ali. Cruzei o banho e peguei Hakke dos braços da Gisele, dizendo que iria lavá-lo e que ela deveria se lavar também. Se deixasse, ela ficaria na água quente até desmanchar.

Lavei os cabelos e o corpo do Hakke, o deixando curtir o banho mais um pouco enquanto me lavo. Sento ao lado de Linna e Rheal, que trocaram, agora Linna que esfrega as costas do irmão, e começo a me lavar.

Depois de terminarem, Rheal se junta aos irmãos na banheira enquanto Linna me ajuda a esfregar minhas asas. Sempre estou pronta para responder a todo tipo de pergunta, principalmente as do Rheal, que é todo curioso, mas sempre fico na dúvida sobre o que dizer quando a Linna pergunta:

—Mãe, por que eu não tenho asas?

Sempre fico em silêncio durante um tempo, buscando uma resposta, mas sempre acabo chegando, infelizmente, a mesma conclusão. —Bom, filha... Suas asas sairão quando estiverem prontas. Eu também não nasci com as minhas.

E a sua expressão de tristeza nessas horas é sempre de partir o coração. Todos os irmãos tinham asas, exceto ela. Era uma situação meio estranha demais. Me sentia mal por saber que, se as asas dela ainda estavam para sair, ela teria de passar pela mesma dor que eu passei com as minhas.

Terminamos o banho, colocamos nossas roupas e voltamos a cozinha. A mesa já estava arrumada, com uma panela de bronze cheia de sopa de batata dentro e vários outros aperitivos ao redor. Para quem disse que a comida demoraria a ficar pronta, até que o Sekka foi bem ágil.

—Mamãe! Mamãe! Eu quero comer! —Dizia Rheal, pulando de ansiedade.

—Precisa esperar o papai, Rheal. —Disse Linna, sentando em seu lugar.

Sekka terminou o que estava fazendo e se juntou a mesa. Arrumamos os pratos das crianças e jantamos. A sopa estava ótima, principalmente pelo fato de haver carne de coelho e cogumelos nela, além dos vários acompanhamentos de carnes e frutas que estavam pela mesa.

Gisele foi a primeira a acabar, pedindo para ir até a biblioteca antes de dormir. Disse que sim, e lá foi ela. Depois foi Linna, que comeu mais do que todo mundo, quatro tigelas de sopa e mais alguns bifes de porco, essa garota é insaciável. Ela esperou até que Rheal terminasse, embora fossem muito próximos, Rheal parecia não ter muito apetite para nada, mexendo na comida durante as refeições. Linna saltou de sua cadeira, literalmente, e agarrou a mão do irmão, saindo correndo com ele na direção de seus quartos.

Quando Sekka terminou, o ajudei a arrumar a mesa e levei Hakke no colo até o quarto do Rheal, onde ele dormia. O coloquei em seu berço, já meio sonolento, e sai do quarto. Sekka disse que tomaria seu banho, então fui até a biblioteca. Gisele se esticava, apoiada em um banquinho, para pegar um livro de uma prateleira alta. O peguei para ela. Era um livro grosso e pesado, do tipo que ela lia em três dias. Na capa, escrito com letras grandes e chamuscadas, dizia "A caça as bruxas", uma época tenebrosa da história deste mundo.

Ao ver do que se tratava o livro, olhei para baixo, contemplando o rosto ansioso de Gisele. —Por que está interessada neste livro, filha?

—A princesa do outro livro foi morta por ser uma bruxa. —Sua expressão era de tristeza. Constantemente ela sentia intimidade e afeição com os personagens de seus livros. —O que é uma bruxa? Por que mataram elas?

—Bom... Não sei bem como dizer. —Sentei em minha poltrona, a colocando em meu colo e abrindo o livro. —Veja, o craft de todas as raças pode ser dividido em quatro níveis, dependendo do que a pessoa consegue fazer. Porém, existem pessoas que ultrapassam esse nível, sendo chamadas de "Níveis cinco", onde o poder delas é meio instável e incontrolável.

—Então as bruxas são pessoas de nível cinco? —Perguntou ela, com sua voz rouca repleta de curiosidade.

—Não. Ainda existem pessoas mais fortes, pessoas que ultrapassam o nível cinco, e essas são chamadas de "Bruxas". Bom, elas eram chamadas. Não se tem noticia de bruxas há vários séculos.

—Não está certo.

—Por quê? —Perguntei, intrigada.

—O poder da princesa era lindo. O príncipe dizia que ela era capaz de fazer as flores do jardim ganharem vida novamente e as aves mortas voltarem a cantar. Por que alguém mataria uma pessoa com tal poder?

—Isso você precisaria perguntar ao próprio príncipe do seu livro, filha. Quer saber de uma coisa? As pessoas temem o que não entendem. Nós Endermans fomos caçados pelos Creepers durante séculos, até que decidimos nos esconder atrás de uma barreira. Agora, olhe para você. Você, Gisele, e seus irmão, são a maior prova de que esses tempos estão sendo deixados para trás. Quem sabe, você não venha a conhecer uma bruxa algum dia?

Ela fechou o rosto por um momento, parecia pensar em algo. Então sorriu, o sorriso que só ela sabia fazer. —Obrigada, mamãe.

Gisele desceu do meu colo e foi até a porta. —Não vai levar o livro?

—Não preciso mais dele. —E saiu da biblioteca, me deixando orgulhosa da filha que tenho.


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Notas finais do capítulo

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