The mine word: Blue roses. escrita por gurozu


Capítulo 19
Capítulo 18: A flauta.


Notas iniciais do capítulo

Eai pessoal, tudo bem? Já deu pra ver que eu realmente não consigo cumprir promessss, certo? Me desculpo muito pelos atrasos. Bora lê?
PS: caso não entenda, a primeira parte tem uma visão em terceira pessoa.



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Visão de ???: Um futuro próximo.

O calor descia ao mundo em rajadas de morte. Nada sobrevive nesse lugar. Nada, com exceção da morte.

Ela busca, caça, vasculha, absorve, destrói, manipula e se multiplica como um inseto invasor. Uma praga.

Entre o tumulto da carnificina, um doce som podia ser ouvido. Um som como nenhum outro. Agudo e grave. Fino e pesado. Constante e pausado. Uma flauta.

Uma figura de cabelos brancos caminhava por entre a multidão que um dia lotou bares e festas na cidade.  Ela não demonstrava medo ou terror, apenas indiferença. Uma pessoa fria.

Trajava uma roupa de cor marfim. Um couro que há muito se tornou raro cobria todo seu corpo, formando uma armadura. Longas botas com pontas e solas de ferro lhe cobriam os pés e luvas de couro sem dedos ajudavam a segurar o instrumento que tocava.

Ao contrário do que pudesse ser pensado, a multidão não a seguia, de fato, por instinto, mas pela música. Até aquela não era uma flauta qualquer. Assim como quem a tocava também não era.

Uma segunda figura se apresentou. Uma clara não habitante da região. Seu olhar na garota que tocava a flauta era de desprezo e curiosidade. "Como alguém como ela poderia tocar uma música tão bela", pensava ela.

A nativa avistou a intrusa, parando repentinamente com a música. A multidão se agitou.

Não tardou a continuar de onde estava, a fim de acalma-los.

—Vejo que continua preferindo os mortos aos vivos. —Gritou a intrusa.

A nativa nada respondeu. E nem poderia, já que não fora agraciada com o dom da fala.

—Sabe o que vim fazer, não sabe? —Seus olhos se fecharam. Era claro o que queria. —Se renda e a levarei em segurança para fora deste deserto. Caso resista, eu...

Um súbito ataque! Um membro desgarrado da multidão que deu a volta a fim de encurralar ela.

Com um simples golpe, um chute giratório, a criatura perde a cabeça. Literalmente. Seu corpo cai sobre o chão empoeirado.

Ela volta a fixar o olhar na nativa. Teria sido ela que mandara a criatura? Não haviam provas o bastante.

—Se continuar resistindo, precisarei usar da força.

Os olhos da nativa travaram-se nos seus. Era uma declaração de guerra. A música ficou lenta e grave. A multidão ficou empolgada e salivando. Para eles, era o sino do jantar.

Quando a música se tornou mais rápida e com certo ritmo, algo que a intrusa só lembraria depois, a multidão a atacou.

Uma massa grotesca de carne agora tenta, desesperadamente, subir no telhado da antiga casa de arenito.

Com a distração, a nativa colocou um capuz sobre a cabeça, se despedindo, como forma de deboche, da intrusa.

"Então vai ser assim, é? Que seja.", Pensou ela, cercada pela multidão.

Fechou os olhos e pensou em algo belo. Uma memória muito querida para ela. Suas costas começaram a arder intensamente. Um fogo de cor azulada começou a ser expelido pelos ossos das costas. Um par de asas de fogo se formou. Um processo doloroso.

A intrusa alçou voo sobre a multidão e sobre a cidade abandonada. "Devia ser um paraíso", pensou ela. Ouvira muitas histórias, mas ver o lugar na sua frente era surreal.

Não avistava a nativa. Havia escapado. Mas não tardaria até que usasse sua flauta novamente.

—A flauta da criação. —Pensou em voz alta. —E pensar que estava aqui todo esse tempo...

Pousou sobre um prédio em ruínas, sentindo o sol queimar seus cabelos castanhos.

A música recomeçou. "Estava certa", pensou. Sem a música, não era possível domar a multidão que estava pela cidade. Uma tarefa difícil.

Mas algo estava errado. Essa música... Lhe era estranhamente familiar. Onde já ouvira tal melodia? Não... Talvez não fosse uma. Pareciam palavras. Sim. Um padrão. Uma nota aguda e uma média seguida rapidamente por uma grave.

"Ahu... Ahu!", Era isso! Um encantamento de craft!

Quando chegou a essa conclusão, uma nuvem de areia lhe cobriu a visão. Não era uma tempestade. Era um craft elemental.

O vento apagou suas asas, fazendo com que caísse no chão, no meio da multidão. Um grupo menor, mas igualmente ameaçador.

Não enxergava direito. Sentia o cheiro podre invadir suas narinas, as garras em suas coxas e braços, a presença da morte. Porém, continuava viva. A multidão não a matara.

A música se aproximava, com a multidão abrindo espaço para a sua condutora. Seu olhar era de raiva, ódio, desprezo, irritação, mas, principalmente, pena.

Visão da Gisele: Presente.

Depois de todo o transtorno, finalmente viemos para o Reino Zumbi. Um lugar exoberante. Quente como quase nenhum outro. Um ótimo lugar.

Alugamos um quarto em uma pousada para passar a noite. Sei que é egoísmo meu. Sei que não deveria. Sei que vou me arrepender. Mas... Eu preciso.

Preparei o papel e a tinta. Comecei a escrever...

Visão da Gisele: Um passado não tão distante.

Drecky era um amigo atencioso. Se é que posso considerar ele dessa forma. Porém, não importasse o que eu fizesse, ele não saia do meu lado. Passou a noite dormindo sobre uma cadeira de madeira. Um doido. Um fofo.

Eu sabia que era crueldade fazer isso com ele. Alimentar suas esperanças. Ele é legal, claro, mas também... Também não é ele.

Enquanto dormia na cadeira, a única coisa que encostava na cama era sua cabeça repleta de fios loiros.

—Steve está sempre acariciando os da Pompo. Será que é tão bom assim...? —Sussurrei, chegando a confundir com um pensamento. —Bom... Só um pouquinho não faz mal, não é...?

Exitei em todos os passos, me aproximando devagar dos loiros cabelos dele.

Meus dedos se enterraram naquele emaranhado de fios que era a cabeça de Drecky. E, realmente, era uma sensação única.

Nunca sentira os cabelos de nenhum homem que não fosse meu pai. Mas os dele eram duros, pálidos, cortados até ficarem descentes a um escravo de sua patente.

Já os de Drecky eram de uma maciez incrível. Fluindo, mesmo embolados, como água pelos dedos. Agora não sabia se o rapaz tinha um bom cabelo ou se todos os Creepers tinham esse tipo de cabelo. Precisaria descobrir mais tarde.

Quando Drecky despertou, não sabia de nada do que havia ocorrido ali instantes atrás.  E não poderia prever o que ocorreria a seguir.

Visão da Pheal:

Nada como uma boa noite de sono. Essa sensação de dormência é tão boa pela manhã.

Olhei para a outra cama, não reparando o óbvio.

Me expreguissei, abri as asas, joguei os cabelos para trás e estava pronta para o dia. A falta do Sekka ao meu lado causava certa estranheza depois de tantos anos.

—Animada, Gisele? —Perguntei, calçando as botas. Não houve resposta. —Gisele?

Ao notar agora, com olhos acordados, a cama da Gisele vazia, não pude não entrar em pânico.

Perdi toda minha racionalidade. Tentei procurar ela por todo quarto, e não achei. Porém, e isso é o mais chocante, ela deixou uma carta.

"Steve, se estiver lendo isso, eu peço desculpas. De verdade. Eu me desculpo com você, com a Pompo , com a Alex e com os outros. Sei que isso é egoísmo, mas eu preciso fugir e tentar me encontrar. Por favor, eu peço, não me procurem. Deixem que eu vá. Um dia, quem sabe, não nos vemos novamente..." A carta continuava. Não tive coragem de ler.

Apenas caí de joelhos no chão, ainda segurando a carta, pensando e pensando. Era inútil, afinal.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Deixem um comentário. Não gostaram? Mandem um comentário também.
Eu escrevi isso com um certo estado mental debilitado pelo sono, mas prometo que corrijo depois, OK?
Até o próximo capítulo.