Never be alone escrita por Raah Vilela


Capítulo 8
Aftertaste – Part 5




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Aquela tinha sido uma das noites mais perfeitas da minha vida. Shawn era incrível e cada dia que passava eu o amava ainda mais. Poder acordar e olhar aquele rosto perfeito, ainda que machucado, era tudo que eu pedi a Deus. Fiquei por mais alguns segundos na cama, aproveitando a vista da luz do dia invadindo e batendo no rosto de Shawn. Queria que meus olhos tirassem foto, para que sempre que me sentisse triste, reviver esse momento. Trilhei um caminho da sua testa até seu nariz, e sua pele era tão macia que parecia de mentira. Me levantei contra minha vontade, e coloquei meu moletom. Fui para a janela do hotel e peguei o telefone, logo pedindo um café para nós. O que ele gostava, panquecas, muffim e chá. Bom, pelo menos eu achava que ainda gostava. Pedi para que levassem um tomate, picado em rodelas, junto de uma torrada e café, não podia perder a oportunidade.

Comecei a rir baixinho, imaginando a cara de Shawn quando acordasse e visse o “café” que eu havia preparado para ele. Escutei alguém bater na porta e fui logo correndo atender. Peguei a bandeja e agradeci, num aceno de cabeça. Primeiro, tirei as panquecas e o muffim com o chá. Deixei em cima da mesa, de um modo que ele não pudesse ver. Me sentei ao lado dele na cama e pus a bandeja com o tomate e as torradas a frente. Me joguei por cima dele, e o enchi de beijos no rosto. O que fez Shawn resmungar um “hmmmm” de má vontade.

— Bom dia, bela adormecida – Sorri – Vamos acordar, anda – Continuei o enchendo de beijos.

Shawn tentou abrir os olhos, mas a luz talvez fosse forte demais, o que o fez fecha-los novamente. – Não consigo – A voz rouca parecia não querer sair. Continuei o enchendo de beijos e Shawn levou a destra até o meu rosto, tampando minha boca e parte de meu nariz.

— Olha, por enquanto estou te enchendo de beijos – Falei, o som abafado pela sua mão. – Daqui a pouco vou é socar sua cara – Shawn começou a rir, ainda de olhos fechados.

Balancei a cabeça, tentando escapar de sua mão, mas nada feito. Shawn se esticou, ainda me segurando no rosto e quase me jogando pro lado. Soltei um gritinho, prensando minhas pernas envolta dele. – Você não me deixa escolhas – Passei a língua na mão dele, lambendo-a e no mesmo instante, Shawn me soltara.

— Meu Deus! – Abriu os olhos com dificuldade. – Não posso aceitar esse tipo de comportamento! – Shawn fingiu estar bravo e me agarrou pela cintura. A destra desta vez fora para minha nuca, me puxando para baixo.

Tentei recuar, mas ele era forte demais. Comecei a rir e fui obrigada a fechar os olhos quando Shawn começou a morder e lamber minha bochecha. Não me rebati muito porque fiquei morrendo de medo de estragar o café que estava bem do nosso lado. Mas parecia impossível. Me remexi em meio as risadas até que Shawn me soltou. Fiquei sentada em cima dele enquanto levava as mãos até a bochecha, limpando a baba do mesmo. O encarei, com cara de nojo e Shawn se remexeu para levantar, me fazendo pular para o lado.

— Preparei um café que você vai amar! – Falei animada.

Shawn se sentou, esperando ansioso. Empurrei a bandeja para ele e a cara de decepção fora tão instantânea que quando ele tentara disfarçar, já tinha sido tarde. O vi suar frio. Shawn encostou na cama, inquieto. Ele remexeu no anel do dedo do meio o tirando e colocando, denotando nervosismo. Parecia procurar desesperadamente por um modo de sair daquela situação. Vi que Shawn cogitou em comer, mas a careta que fizera descartara totalmente a ideia. Gargalhei. Shawn me olhava com o cenho franzido, sem entender muito o motivo das risadas.

— Eu devia ter tirado uma foto! – Peguei uma fatia de tomate, comendo-a, logo em seguida lhe dei um selinho e Shawn repetiu a careta anterior ao sentir o gosto do tomate em meus lábios. – Estou brincando.

— Ufa – Ele levou a mão ao peito, próximo do coração. – Achei que você tinha esquecido que eu odeio tomate. – E deu uma risadinha sem graça.

Me levantei e peguei a bandeja, coloquei o verdadeiro café ali e levei até ele. – Esse é o seu!

Os olhinhos de Shawn brilharam no momento em que bateram na bandeja, ele sequer esperou que eu colocasse a sua frente e já fora logo pegando. Comecei a rir e me sentei ao lado dele, comendo as torradas e os tomates. Shawn comeu super depressa. O que não era de se espantar e eu fiquei apreciando meu café com o resto das torradas. Shawn se virou para ficar de frente para mim e encarou as torradas e o tomate. Fez uma careta.

— Você sabe que não vou te beijar mais se você ficar comendo isso, né? – Falou, tentando conter o tom de brincadeira.

Dei de ombros para ele, como quem diz “Não me importo” e comi a última fatia do tomate. Ele abriu os lábios em espanto e inclinou o tronco para trás, se afastando de mim como um cachorro que acaba de levar um tapa.

— Tem certeza que vai conseguir ficar longe desses lábios aqui? – Fiz um biquinho meio sensual para ele.

— Leah... – Ele começou a falar, sério e me encarou antes de continuar.  – Você é linda e seus lábios... Meu Deus, seus lábios... – Seus olhos passaram pelos meus lábios, até pararem nos meus novamente. – Mas você comeu tomate... E eu só consigo imaginar que seus lábios são fatias de tomate.

Comecei a rir.  E tentei imaginar meus lábios como fatias de tomate, o que me fizera rir ainda mais.

— Você quem sabe... – Fiz charminho, o encarando.

Cheguei perto de Shawn e lambi meus lábios.

Shawn me encarou por um tempão e então, deu de ombros, fazendo uma careta. – Ah, não tô nem ai – E me beijou. Nossas línguas se entrelaçaram num beijo calmo, até terminar com alguns selinhos. Ele sorriu, sem abrir os olhos e sem desgrudar os lábios dos meus. – Você faz tomate parecer gostoso – Sussurrou, voltando a me beijar.

Ficamos no hotel até um pouco antes da hora do almoço. Tomamos banho juntos e Shawn conseguiu me arrumar um vestido com o rapaz da recepção. Antes de ir embora, Shawn me disse que aquele hotel, seria nosso ponto. E fui obrigada a concordar, afinal, aonde mais poderia ser?

Cheguei em casa quase cuspindo flores. Minha mãe e meu pai me olhavam com um sorriso enorme no rosto. Com toda certeza sabiam que eu estava com Shawn. Meu pai, o senhor Paul, apesar de ter ciúmes, parecia gostar da ideia de me ver com ele. Eu estava feliz. Muito feliz. E de certa forma, tinha medo disso. Mas não queria me entregar ao medo naquele momento. Queria aproveitar enquanto ainda conseguia sentir os lábios de Shawn sobre os meus. Se eu pudesse, nunca mais saia daquele quarto de hotel, nunca mais ficaria longe dele. Parecia um sonho, do qual eu não queria ter que acordar. Eu poderia morrer agora. Subi para o quarto e minha mãe veio logo atrás, se espreitando pela porta.

— Tem algo para me contar? – Ela sorriu, se recostando na parede.

Tenho, mãe. Tenho tudo.  E aí, disparei a falar. Claro que a parte de passar a noite juntos eu nem precisava explicar, apesar de dona Eva querer saber todos os detalhes, eu tinha vergonha e falei o mínimo possível disso. Eu estava parecendo uma adolescente apaixonada e eu admitia isso. Pelo menos para minha mãe eu sei que não precisava fingir. E ela sabia quanto tempo esperei para me entregar assim para alguém. Em especial, para ele. Eu não disse tudo que queria dizer a Shawn, nem menos disse a metade, mas eu sei que ele sabe de tudo. Assim como eu sei. Não precisava de palavras para confirmar nada.

— Filha... Já conversou com Ethan?

Soltei um “Nossa”, puxando o ar. Havia esquecido.

— Vou lá – Me levantei, já procurando uma roupa qualquer na bagunça do meu closet.

— Primeiro, vamos almoçar, mocinha – Meu pai falou, próximo a porta.

— Pai! – Exclamei – Você ouviu tudo? – Arregalei os olhos. Paul sorriu de canto e saiu, dando de ombros como uma criança mal criada. – Isso é feio, papai! – Gritei, sentindo minhas bochechas queimarem.

Eu amava meu pai, do fundo do coração. Mas esse tipo de assunto, por mais próximos que sejamos, era estranho conversar com ele. Qual é, ele é homem! Eu sabia que minha mãe sempre contava tudo, mas era mais fácil, porque ela é mãe, sabe como conversar com alguém sem que a pessoa fique brava e queira te por de castigo. Apesar do meu pai não ser desses. Ele fazia mais o tipo quieto. Sabia de tudo, mas fingia que não.

Almocei, e fui até a casa de Ethan.


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Notas finais do capítulo

OI COISAS MAIS LINDAS DA MINHA VIDA!

Não via a hora de chegar sexta pra postar o capítulo fresquinho pra vocês!

Ps.: Vocês acharam que eu não iria mexer com o "amor" do nosso bolinho por tomate? hahaah

Espero que gostem!

Adoro vocês ♥



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