Never be alone escrita por Raah Vilela


Capítulo 6
Aftertaste – Part 3


Notas iniciais do capítulo

Oi ♥

Vamos ter mais um pouquinho de Leah e Shawn nos próximos capítulos, fiquem atentos!



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Tive um resto de tarde agradável. Comi muito poutine, o que fez meu estomago doer bastante. Sentia como se eu pudesse explodir a qualquer momento. Conversamos bastante, sobre tudo, inclusive sobre minha suposta ida para Vancouver, para faculdade. O que francamente, já estava me dando vontade de desistir. Sei que tinha tempo ainda para receber a carta, mas não sei. Ir para Vancouver sozinha me dava um certo medo. Só que eu não iria correr, não poderia mais. Se fosse aceita, eu iria e me viraria por lá sozinha. Quando disse isso, meu pai me olhou com os olhos mais fraternos do mundo e segurou na minha mão. E eu entendi o recado que ele quis me passar. Foi como se ele dissesse “Estamos aqui por você, acreditamos em você”. Isso me fez sentir uma tranquilidade danada. Mesmo que nada desse certo por lá, eu sabia que teria para onde voltar, sempre, a qualquer hora.

Pensei em como Shawn se sentira quando fora embora pela primeira vez. Ele foi atrás do seu sonho, sozinho. Encarou um mundo enorme a sua frente. Eu estava apavorada só de pensar em Vancouver, que nem era tão longe assim, já ele, foi de cara para o desconhecido. Deve ter sido difícil pra ele. Mas no fundo, ele sabia que também poderia voltar, sempre que quisesse. Me senti mal por um momento. Em hora alguma eu dei uma palavra de conforto a ele sequer. Quando ele virava as costas, eu virava as costas a ele também e ai, ficava por isso mesmo.

Eu era uma péssima pessoa.

Quis saber o que Shawn estaria fazendo uma hora dessas...

Será que estaria aqui ainda?

— Mãe, pai, vou dar uma volta. Estou com o celular, ok?! – Balancei o celular no alto. Eles se entreolharam, com um pouco de desconfiança, mas acabaram cedendo, num aceno de cabeça.

Já era quase noite e o céu começava a escurecer. Estava um pouco frio, então, coloquei um moletom que tinha da época em que Abby havia feito faculdade. Que por sinal eu amava, porque ficava largo nas mangas. Gritei um “tchau” para meus pais e sai. Primeiro, fui andando até o hotel em que a gente ficara, mas sabia que ele não devia estar lá. Provavelmente já estaria em casa, aproveitando a família. Não que eu tivesse saído apenas para vê-lo, nem pensar... Meus passos indicaram o contrário de meus pensamentos quando se dirigiram para um parque que tinha próximo da casa dele. Sempre íamos lá quando mais novos. Me sentei embaixo de uma arvore, e me recostei ali, com as mãos nos bolsos. Eu adorava aquele lugar. Qualquer lugar de Pickering. Pensar em Vancouver me dava uma depressão momentânea. Sempre quis sair daqui, mas agora que a ideia parece quase se fixar, eu não queria. Me remexi, inquieta. Precisava começar a construir a minha vida. Eu tinha de falar com Shawn, tinha de me acertar com ele, não podia deixar ele ir embora mais uma vez sem saber como me sinto em relação a ele. E como me senti esse tempo todo. Não estava nem ai pelo que ele sentia (claro que estava, mas tenho de me fazer de durona para o orgulho não ficar ferido), só queria botar para fora tudo o que me incomodava.

— Leah? – Escutei uma voz atrás de mim.

Olhei para trás e lá estava ele: com uma bermuda e uma blusa de manga azul, todo suado e com uma garrafinha na mão. As bochechas rosadas, em meio aos machucados. O encarei com um sorriso forçado e voltei a olhar para frente, esperando que Shawn se sentasse ao meu lado. Logo ele se sentou, apoiando os braços nos joelhos e colocando a garrafa do lado. Encarou o céu negro, em silêncio. Acho que ele estava esperando que eu falasse. E por mais que eu quisesse falar, não conseguia. Até cheguei a abrir os lábios, mas nada saiu. As palavras pareciam sumir da minha mente toda vez que eu tentava pensar em alguma coisa, o que me fez olhar para ele, confusa. Shawn me encarou e pareceu ler a bagunça em mim. Ele sorriu, balançando a cabeça negativamente.

Como sou burra! Eu queria falar tudo para ele. Dizer que eu não queria viver no passado para sempre e que eu queria fazer diferente dessa vez, queria aproveitar ao lado dele, mesmo que ele fosse embora. E que eu não havia me tornado apenas isso, essa mulher inventada, que demonstra o que não sente, que chora pelo que não tem, e que se prende tanto ao passado que o futuro parece inalcançável. Eu queria dizer tudo. Tudinho mesmo. Mas não conseguia. Um nervosismo enorme me tomou e isso devia estar tão claro na minha cara que Shawn se levantou, batendo as mãos nas beiradas do short.

— Acabei de voltar da academia, estou com um pouco de calor – Falou, se pondo de costas à minha frente. – Você tem saudades da escola?

— Na verdade, não... – Falei baixinho. – Terminei a pouco tempo, então... Né? – O encarei, mas ele não se virou para mim.

— Pois eu sinto. – Ele se virou, com um sorriso no rosto. Aquele sorriso que ele dava quando tinha algo traiçoeiro em mente. – Vamos. – E me puxou pelo braço.

— Shawn! – Resmunguei – Vamos aonde? Lá nem esta aberto

— Shhh, confia em mim! – E foi me puxando.

Tive que rir. Fomos o caminho todo até a Pine Ridge andando e conversando. Shawn me contava das fãs e como se sentiu quando subiu ao palco pela primeira vez. Cada palavra saia com tanto amor e orgulho que tive vontade de vivenciar tudo que ele havia passado. Ele amava o que fazia. Me contou como ficou ansioso para lançar Handwritten logo. Tive que sorrir quando ele falou sobre Leo e como ainda andava com ele para todo lado.

— Leah – Ele parou, me olhando profundamente. – Só queria que soubesse, que eu nunca deixei de pensar em você. Mesmo quando fui embora daquele jeito...

Eu o olhei, balançando a cabeça negativamente, o cortando. – Não vamos falar disso, ok?! – Ele me encarava, e eu sentia que ele queria falar, mas não queria mexer com isso agora. – Vamos ser indigentes e invadir nossa antiga escola. – Continuei andando, passei por ele, dando-lhe um murrinho no ombro. – Só porque ficou famosinho, acha que já pode sair metendo o louco. – Fiz um estalo com os lábios, fingindo decepção.

— Hey! – Gritou, parecendo chocado. – Sou um cavalheiro, não faço essas coisas. – Shawn começou a andar de costas na minha frente. Então, colocou a mão no bolso e retirou uma chave, balançando-a em frente ao meu rosto.

— Não! – Exclamei, surpresa. – Você tem a chave? Como assim?

Não me respondeu, andou mais depressa e eu tive que correr para alcança-lo. Cheguei e ele já estava parado com a porta dos fundos da escola aberta. Tive que me encostar na parede para recuperar o folego.

— Sabe... – Respirei fundo. – Eu não tenho seu porte físico.

— Eu te ajudo! – Shawn passou o braço pelas minhas pernas e me pegou no colo feito um bebe. O que me fez soltar um gritinho e começar a rir. Ele me pegou como se eu fosse um pedaço de papel.

Andamos pela escola e pude ver na feição de Shawn que ele estava revivendo todos os momentos que teve ali. Fiquei encantada o encarando que só me dei conta de que estávamos na quadra, quando ele me botou no chão. Já até imaginava o que ele queria com aquilo.

— Vamos? – Shawn apareceu, com uma bola de basquete, jogando-a de uma mão para outra.

Lembrei de quando éramos mais novos e ele sempre vinha para jogar basquete. Quando os meninos iam embora, ficávamos ali e as vezes eu jogava com ele. Todas as vezes ele propunha que a cada cesta, um de nós tiraríamos uma parte da roupa. Apesar de não parecer, ele me fez sim uma proposta dessas.

E eu sempre negava.

Se arrependimento matasse.

A voz de minha mãe ecoou em minha mente: Às vezes não faz mal a gente se jogar em umas aventuras, filha.”

Agora eu não negaria.

Sorri para ele, erguendo a sobrancelha direita. Shawn me encarava, esperando meu sinal. Fui até ele e tomei a bola do mesmo. – Vou acabar com você – Apertei os olhos, o intimidando.

Sai correndo e de primeira, fiz uma cesta. Esperei a bola cair para pega-la e apoia-la em minha cintura, enquanto o encarava. Fiz um sinal com as mãos, o apressando.

— Assim não vale – Ele resmungou, tirando a blusa.

Só tinha uma coisa para falar: meu Deus. Eu tinha certeza que conseguia desenhar seus músculos com meus dedos, de tão definido. O peitoral brilhava por conta do suor.

Ele havia mudado tanto que estava me deixando assustada. Fiquei o olhando do mesmo jeito que a gente olha chocolate quando esta na tpm. Quase lambi os lábios.

Shawn percebeu o modo como eu o estava olhando, o que me fez agir rápido. – Nada mal – Falei, como se não ligasse, erguendo a sobrancelha rapidamente.

Ele riu e num segundo deu um tapa na bola, fazendo-a cair da minha mão. Não sei como ele foi tão rápido, só sei que quando dei por mim, já estava apenas de roupa intima. Por causa da correria, o frio havia sumido. Por minha sorte, eu havia colocado um conjunto bem bonitinho e rendado. Juro que eu estava tentando ficar o mais natural possível e não deixar que a vergonha estragasse nossa diversão. Afinal, Shawn já viu tudo que tinha que ver ali. Mesmo eu estando um pouquinho melhor agora. Mas não ficaria para trás. Ergui os braços, me alongando. Shawn não tirava os olhos de mim, o que me fez ter uma boa ideia para distrai-lo. Caminhei até ele lentamente, numa tentativa ridícula de seduzi-lo, o encarando nos olhos o tempo todo, o que de certo deve ter funcionado, porque consegui tomar a bola dele e fazer uma cesta.

Shawn bufou, revirando os olhos. – Você me seduziu, Leah! Isso é trapaça! – Ele ficou me encarando, com os braços cruzados e um meio beicinho nos lábios.

— Ah, deixa de ser chorão, eu só andei até você – Fiz um sinal com a destra para que ele tirasse a bermuda – Vamos, vamos, pode ir tirando.


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Notas finais do capítulo

Oi meus pitchulos! Falei que voltava mais cedo! ♥

Essa semana se tudo der certo, teremos dois capítulos, yeeeeeey!

E ai, gostaram da nova capa?!

Kissusss, kissusss



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