Quando o Amor acontece escrita por Lizzy Darcy


Capítulo 40
Capítulo 40




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Quadragésimo Capítulo ❣️

FLASHBACK ON ✔️

– Pode parar aqui mesmo, moço, por favor! - Felipe pediu para o taxista, quase gritando, ao avistar o apartamento especificado no papel que tinha em mãos.

Então quando o motorista estacionou, Felipe saiu tão apressado de dentro do carro que Henrique entendeu que ele mesmo teria de pagar a corrida. Abriu a carteira e sacou de lá alguns pesos chilenos, moeda oficial do Chile, e entregou ao homem.

– Muchas gracias, señor! - Agradeceu, Henrique, arranhando um pouco de espanhol, língua oficial do Chile. Em seguida desceu do carro para procurar o amigo que já se encontrava pedindo informações para porteiro do prédio.

– Certo, mas o senhor tem certeza de que aqui não mora nenhum Giovanni ou morou, sei lá...? - Felipe perguntava em português mesmo e o porteiro que tentasse entender. Henrique se aproximou e começou a traduzir o que Felipe falava para o espanhol.

– Estoy seguro, señor. Aquí nunca viviú ningún Giovanni. - O porteiro insistiu em sua resposta, levando Felipe a se sentir extremante frustrado.

Vendo isso, Henrique segurou o ombro do amigo em solidariedade.

– Relaxa, amigão. - Felipe o encarou, expressão triste. Um mês longe de sua princesa. Sem uma noticia sequer dela. Ele já não estava mais aguentando e quando ele achava que finalmente a iria encontrar... Vem essa desilusão. - Mas também, Felipe, você já devia ter desconfiado que a Carmela nunca iria te da o endereço certo, né?

– É, eu devia ter desconfiado sim, mas sabe quando bate o desespero e... Droga, Henrique, eu não consigo dormir direito faz um mês ... Eu tô a ponto de enlouquecer. Eu preciso vê a Shirlei de novo, sentir o cheiro dela, o toque... Eu não aguento mais, cara!

– Eu sei disso. Tô acompanhando você definhar a cada dia, cara, mas a gente tá aqui, num tá? Então? A gente vai achar a tua princesa... Mas antes, vamos procurar um Hotel, cara, tô acabadaço! E esse frio daqui tá me matando!

Felipe deu um suspiro pesaroso, pois por ele, continuaria a busca incansável por sua princesa, mas fazer o quê? Afinal, eles tinham acabado de desembarcar no Chile e tinham ido direto para o tal apartamento recomendado por Carmela, que mentiu. Agora o jeito era se conformar e ir a procura de um hotel para descansar e recomeçar a busca mais tarde porque Felipe, em seu íntimo, dizia a si mesmo que só voltaria ao Brasil com sua princesa em seus braços. Custe o que custar!

Duas horas depois, já instalados em um quarto luxuoso do Hotel escolhido por Henrique, Felipe olhava pela janela, quando, de repente, lá em baixo avistou um mulher, cabelos curtos, um pouco baixinha... Shirlei! Pensou Felipe, atordoado. E saiu correndo, desesperado pelo corredor do hotel até avistar as escadas, por onde desceu, saltando dois degraus de uma vez só, pois nesse caso o elevador poderia demorar demais.

Chegando lá embaixo, abriu a porta de vidro que dava para o lado de fora e em meio a neve que caia timidamente, olhou de um lado para o outro, procurando por ela, ficando angustiado só de imaginar o fato de tê-la perdido por causa do atraso. Entretanto ao olhar bem adiante, dobrando uma das esquinas, lá estava ela, parada, olhando para o nada. Correu o máximo que pôde, desviando de todas as pessoas que encontrava pela frente, inclusive casais que, furiosos, tiveram de soltar as mãos para deixá-lo passar. Até que finalmente conseguiu alcançá-la. Então, dando um sorriso de canto a canto da orelha e arfando de cansaço, puxou seu pulso.

Mas para sua completa decepção, quando a mulher se virou... Não era ela.

Felipe ficou sem graça, sem saber o que dizer, e a mesma tristeza de todos aqueles trinta dias sem sua princesa voltaram com força total ao seu coração.

– Me desculpe, achei que fosse outra pessoa. - Pediu, triste, para a mulher, que o olhava com um semblante assustado. - Excusa! - Pediu em espanhol para que a mulher pudesse compreender. A última coisa que ele precisava naquele momento era ser acusado e preso por assédio.

A mulher saiu com passos largos, apressada. E olhando para trás, como se se certificando se ele a seguiria.

Depois disso, Felipe deu meia volta e retornou cabisbaixo, mãos enfiadas nos bolsos, até o Hotel. Antes de chegar lá, ele se sentou em uma cadeira de pracinha, sacou de lá o celular e como fez várias vezes ao longo desses trinta dias, sacou do bolso seu celular, apertou na terceira música de sua playlist e encostando o celular no ouvido, escutou pela milésima vez Shirlei cantar a musica que ela cantou pra ele na Ilha. ("Five hundred twenty-five thousand moments so dear/
Five hundred twenty-five thousand six hundred minutes/
How do you measure, measure a year?...") E só de escutar sua voz, uma lágrima brotou do olho esquerdo dele e seu coração palpitou de saudade.

Ao mesmo tempo, em algum lugar perto dali, Shirlei estava saindo de uma sorveteria, quando avistou uma velha amiga de infância.

– Manu! - Shirlei chamou, acenando e tentando chamar a atenção da amiga que atravessava a rua naquele momento em direção a ela.

– Shirlei?! É você mesma? - Manu mal podia acreditar que estava mesmo vendo a amiga que não tinha notícias a meses. As duas se abraçaram forte. - Amiga, que saudade!

– Eu também tava com tanta saudade! - Shirlei disse, apertando Manu no abraço. - Mas e aí, me conta, como é que você tá? - Shirlei quis saber, sorrindo com ternura.

– Ah, eu estou ótima. Trabalhando muito, sabe como são os negócios do Humberto, né? Tomam todo meu tempo. Mas fazer o que? Se eu adoro acompanhar tudo que diz respeito a ele. Você me conhece, né? - E Shirlei conhecia muito bem a amiga sim, pois desde que ela casou com Humberto, Manuela ou Manu como gostava de ser chamada era o que se podia chamar de grude, mas o marido era do tipo que adorava que a esposa participasse de tudo, principalmente no que se dizia respeito aos negócios, então Manu, definitivamente, havia encontrado sua cara metade, apesar de nunca ter admitido que acreditava em contos de fadas. Não. Manuela era avessa a esse tipo de coisa. Era muito pé no chão pra isso. Muito racional. E esse era um ponto que Shirlei e ela sempre discordavam. Por que será? - Mas, amiga, nem te conto, mas acabou de me acontecer uma coisa tão esquisita. - Manu falou, segurando o pulso de Shirlei, arrancando-a de seus devaneios.

Shirlei deu uma risadinha pela expressão de assustada que sua amiga fez, pois se lembrou do quão exagerada sua amiga conseguia ser.

– Esquisita como? - Shirlei ficou curiosa.

– Ah! Um cara maluco me abordou do nada, no meio da rua, segurou meu pulso. E quando eu me virei, ele simplesmente disse que tinha se enganado. E ainda me pediu desculpas em português e em espanhol. Pode? É cada doido que me aparece, viu?!

Shirlei tentou segurar o riso.

– Ah, Manu, coitado. Vai ver ele tava procurando o grande amor da vida dele e... Se confundiu, sei lá... - Shirlei exagerou, ainda tentando segurar o riso, pois nem ela conseguia acreditar no que estava dizendo.

– Ih, já vi que continua a mesma Shirlei romântica de sempre. Olha só, amiga, príncipe encantado não existe, viu?! O máximo que você vai encontrar são uns sapos por aí e olhe lá! - Pausou, assustada. - Ai meu Deus, falei alguma coisa de errado? - Manu acrescentou ao perceber a mudança de expressão de Shirlei, que ficou extremamente triste.

– N...Não. Mas... Príncipe encantado existe sim, Manu. Pode acreditar. - Shirlei afirmou, convicta, olhando para sua pulseira com o brilho característico de lágrimas no olhar. - E... Deus foi tão maravilhoso comigo que permitiu que eu pudesse encontrar o meu. - Acrescentou para si mesma, pensando em Felipe, mas precisamente em seu sorriso lindo.

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– Cara, eu te procurei por toda parte! Já tava pra chamar o FBI, a Naza, a carrocinha, sei lá! - Henrique falou, desesperado, quando abriu a porta do quarto do Hotel e Felipe passou por ela, cabisbaixo. - Onde que cê se enfiou, amigão?

– Eu fui tomar um ar, não posso? - Felipe respondeu, ríspido, e se sentou na cama, cotovelos apoiados nos joelhos, cabeça escondida nas mãos.

– Poder pode, cara. Mas custava ter avisado?

Felipe levantou o rosto, testa franzida.

– Desculpa, tá bom? Já tô aqui, num tô? - Henrique ainda abriu a boca pra argumentar, mas calou-se, pois durante o mês que se passou, ele aprendera a conhecer muito bem os sinais de quando o seu amigo não estava bem. E aquele, definitivamente, era um daqueles momentos. - Vou tomar um banho. - Felipe falou se levantando.

– Vai lá, cara. E se arruma porque o Empresário, amigo da Dona Berenice ligou e... marcou uma reunião com a gente pra daqui uma meia hora. - Henrique falou, já imaginando a resposta que viria por parte de Felipe.

– Cara, eu não tô com saco pra reunião. Vai você sozinho. - Foi só o que Felipe disse, já atravessando a porta do banheiro, entretanto, quando ele ia fechando a porta, Henrique conseguiu ser mais rápido, esticando o braço e impedindo-o de se trancar.

– Nada disso, Felipe. O combinado é que a gente vinha para o Chile a negócios. Você e eu. Cara, a gente deve isso a Dona Berenice por tudo que ela fez por você! Eu preciso te lembrar que foi ela quem conseguiu desmascarar a cobra da Jéssica?

– Mas a que custo? Um casamento desfeito.

– Um casamento com o crápula do Alvarez não deveria nem ser considerado casamento, né, amigão? A gente fez foi um favor contando a ela sobre a traição dele com a Jéssica, isso sim. Tanto é que ela arrumou esse super trabalho pra gente aqui no Chile, uma Campanha para promover Vinhos. E de quebra, você teve a melhor desculpa do mundo para vir e procurar sua princesa, cara! Então, larga mão de ser mal agradecido e vai lá tomar um banho bem gostoso, botar um roupa bem bonita e fica bem cheirosinho que hoje nós vamos sim pra tal reunião nem que eu tenha que te levar arrastado desse hotel! - Henrique cruzou os braços para mostrar que não estava para brincadeira, então sem remédio, Felipe, praguejando e arrastando os pés, entrou no banheiro, batendo a porta com toda força. - Isso aí, filhão, e se se comportar assim bonitinho papai ainda te compra chocolate no final da reunião e te leva pro parquinho. - Brincou Henrique do lado de fora do banheiro, segurando o riso e recebendo de Felipe os piores palavrões que ele podia ouvir do amigo. - Cuidado! Se não eu sou capaz de entrar aí só pra lavar essa sua boca suja com água e sabão! - Falou e gargalhou se divertindo sozinho.

Quarenta minutos depois, Felipe, mesmo a contra gosto, e Henrique estavam na sala de espera do Escritório do tal empresário, amigo de Berenice, aguardando pacientemente serem chamados a entrar.

– Los Señores ya puede unirse. - A secretaria avisou em espanhol que eles já podiam entrar.

Henrique e Felipe então se levantaram e depois de baterem na porta, entraram em uma sala super luxuosa, onde havia um homem sentado à uma mesa e uma mulher em pé ao seu lado, cabeça baixa. O que provavelmente pela intimidade com que se olhavam, deveria se tratar de sua esposa ou namorada, pensaram os dois ao mesmo tempo.

– Com licença? - Henrique tentou chamar a atenção do empresário que parecia está muito entretido analisando uns papéis que segurava.

O empresário levantou o olhar por sobre o óculos de grau e ao perceber que não se encontrava mais sozinho em sua sala, levantou a cabeça quase que no automático, envergonhado. O problema é que sua esposa também levantou a cabeça e ao mirar o homem a sua frente, mais especificamente, Felipe, tomou um susto, abrindo a boca e pousando a mão sobre o coração, instintivamente.

– Não pode ser! Você??? - A mulher falou, se dirigindo à Felipe, que ao reconhece-la, arregalou o olhar.

Sem compreender o que estava se passando, Henrique olhou de Felipe para a mulher e da mulher para Felipe repetidas vezes. O marido fez o mesmo. Em seguida se levantou abruptamente, afinal era sua esposa quem estava olhando para aquele homem e queira ou não queira Felipe era um homem muito bonito.

– Será que dá pra alguém me explicar o que tá acontecendo aqui? - O empresário perguntou, olhos semicerrados para Felipe. - Manu? - Se dirigiu a esposa.

Manuela ainda olhava para Felipe, fuzilando-o, enquanto ele tremia nas bases.

– Olha, eu só quero avisar desde já que não tenho nada a ver com o que está acontecendo aqui. - Henrique afirmou, tirando o corpo fora.

– Belo amigo você me saiu, viu?! - Felipe resmungou para que só o amigo escutasse.

– Então, qual dos dois vai ter a decência de me explicar? - Voltou a questionar o empresário - Estou esperando.

Manu chegou perto do marido e toda lânguida, segurou o ombro dele.

– Sabe o que é, porquinho... - Felipe e Henrique entreolharam-se, segurando o riso em vista do apelido escutado por ambos - Lembra do homem que eu te falei que me abordou essa tarde mesmo e que eu fiquei toda assustada. Pois é... Foi ele. - Apontou para Felipe, que procurou em sua imaginação um buraco para se enfiar.

– Como é que é, cara? Você abordou a esposa do cara? E na rua? - Henrique questionou, abismado.

– Será que dá pra ficar na sua?! Num vê que tá piorando as coisas? - Felipe pediu encarecidamente ao amigo.

O empresário caminhou em direção a Felipe, com uma expressão não muito amigável, e ele recuou alguns passos para trás, não porque estivesse com medo, mas porque queria evitar confusão.

– Alguma explicação plausível para sua atitude, meu jovem? - Questionou o empresário.

Felipe engoliu a seco.

– C..Claro. É que... Eu acabei confundindo a sua esposa com a minha namorada, aliás, com o grande amor da minha vida. E peço desculpas por isso.

Manu de onde estava piscou os olhos repetidas vezes.

– Pois num é que a danadinha da minha amiga tava certa! - Falou para si mesma e riu sozinha. - Porquinho? - Manu chamou o marido, que se virou em direção a ela. - Acho que realmente foi um mal entendido. Que tal se a gente deixasse isso pra lá e começássemos a tratar de negócios?

– Eu acho uma ótima ideia. - Concordou Henrique quase que de imediato.

O empresário também concordou e voltando para o seu lugar, pegou alguns papéis para mostrar como ele queria que fosse feita a Campanha. Felipe e Henrique ficaram aliviados e apesar de Humberto não tirar o olho de Felipe, desconfiado, tudo ocorreu conforme o combinado durante a reunião. E todos saíram mais do que satisfeitos.

***************************************

– Cara, que história mais doida essa sua. E que coincidência a gente ir bater logo no escritório da mulher que você confundiu com a Shirlei! - Comentou Henrique para Felipe, enquanto eles saboreavam um sanduíche sentados à uma mesa na praça de alimentação do shopping.

– Eu juro que num tô conseguindo acreditar até agora. - Felipe falou depois de tomar um gole de seu refrigerante. - E eu vou logo te avisando que eu não vou pra essa festa na casa desse cara não! Eu sei que a gente foi convidado, mas... Cê viu o jeito como ele me olhou durante a reunião?

– Vi, cara. Fiquei até imaginando que se ele fosse um rei daquele das antigas, ele tinha dito pra um de seus lacaios: Cortem a cabeça dele! - Henrique falou, engrossando a voz nessa ultima frase, e caiu na risada da própria piada. Felipe permaneceu sério.

– Cara, é sério. De onde cê tira essas coisas, hein?!

Henrique continuou rindo, mas agora da expressão do amigo, que adorava chatear.

– Vou ao banheiro. - Felipe acrescentou já se levantando.

– Mas vê se não demora muito senão eu fico morrendo de saudades. - Henrique brincou e Felipe revirando os olhos, deu as costas pra ele e seguiu caminho.

Dez minutos depois ao sair do banheiro, Felipe sentiu algo esquisito dentro dele, como se algo fosse acontecer. Começou a caminhar em direção a praça de alimentação, mas aquela sensação só aumentava a medida que ele andava, e aumentava e aumentava e aumentava e aumentava até que de repente seus olhos se depararam com... Ela. Esfregou os olhos, pois tinha medo de se confundir de novo, afinal, naquela tarde mesmo havia se confundido. Não. Mas o acelerar de seu coração não o confundia. Era ela sim. A sua Shirlei. O seu amor. Tão linda como sempre fora. Mas por que será que ela estava andando tão devagar? E por que será que ela estava tateando as paredes das lojas do shopping? Era como se estivesse prestes a desmaiar? Ah, meu Deus! Ela estava prestes a desmaiar sim! Constatou Felipe, desesperado. Então ele correu o máximo que suas pernas aguentava e quando Shirlei estava prestes a chegar no chão, ele a segurou em seus braços. Sim. Ele a segurou. Estava outra vez com o amor de sua vida em seus braços. Podia sentir outra vez o seu cheiro. E que cheiro! Inconfundível. Podia também sentir a suavidade de seu toque, principalmente quando de repente ela disse o seu nome e tocou o seu rosto com sua mão pequena e delicada.

– Príncipe...? - Sussurrou ela quase sem voz e sem forças, tentando sorrir. - É você... mesmo?

– Sou eu sim. - Ele sorriu, um sorriso de verdade como há muito tempo não o fazia. - Esqueceu, princesa, da minha promessa de nunca te deixar cair? - E uma lágrima brotou de seu olho esquerdo, então ele aproximou seus lábios da testa dela e beijou ali se demorando o máximo que pôde para absorver o cheiro dela, mas quando levantou a cabeça, percebeu que Shirlei estava com os olhos fechados, desmaiada. Ficou desesperado. Balançou-a, tentando desperta-la. - Princesa? Princesa? Acorda! Pelo amor de Deus! Acorda! - Levantou a cabeça, olhando de um lado para o outro, expressão de angústia - Alguém por favor chama uma ambulância! A minha namorada, ela... Pelo amor de Deus! Ela tá desmaiada! E não responde!

Algumas pessoas começaram a se mobilizar, pegando seus celulares e se amontoando ao redor de Felipe, tentando de alguma forma acalma-libe ajudá-lo. Entretanto, Felipe não queria palavras de consolo, queria ação, por isso, sem pensar duas vezes se levantou com Shirlei nos braços e já ia saindo com ela se não fosse ter escutado passos atras dele é uma voz alta e ameaçadora que o impediu de continuar e se voltar para saber de quem se tratava.

Era Adônis. Seu pior pesadelo.

– Ei, rapá, quem você pensa que é pra tá segurando a Shirlei desse jeito? - Adônis questionou em tom de provocação.

– Ow meu irmão, num tá vendo que ela tá desmaiada?! - Felipe esbravejou.

– Lógico que tô, mas se ela desmaiou, quem devia tá segurando ela, era eu que sou o noivo dela, seu otário! - Mentiu Adônis, descaradamente, pois ele logo reconheceu Felipe pelas fotos que Carmela mandou pra ele.

Felipe paralisou, e aquela palavra "noivo" foi como mil facas entrando em seu coração. Suas pernas enfraqueceram.

– Como é que é? Noivo? - Questionou, pois precisava ouvir pela segunda vez para acreditar.

– É, seu babaca, noivo. Algum problema com isso? Agora se me dá licença, eu preciso levar a MINHA noiva para o Hospital. - Disse e quase arrancou Shirlei dos braços de Felipe, que teve de entregar a namorada, pois ele já não tinha forças para segura-la. - Vaza daqui, playboy! Num vê que tá na minha frente! - Reclamou Adônis grosseiramente e Felipe deu passagem para que o inimigo passasse com sua namorada ou ex (ele já nem sabia mais), nos braços.

– Cara, aconteceu alguma coisa? Felipe, fala alguma coisa!!!!! - Henrique que tinha acabado de aparecer no local, balançava o amigo, que parecia está em outro planeta.

– A Shirlei, Henrique... Ela voltou o noivado com o Adônis, cara. - Disse e recebendo o abraço do amigo, desabou em um choro desesperador. - Ela nunca me amou. Só eu fui um idiota que amei ela mais do que tudo nessa vida! Só eu, meu amigo! E agora, cara? O que eu faço? Me diz! O que eu faço?

Henrique apertou o amigo no abraço.

– Não sei, meu amigo. Mas de uma coisa, eu sei. Você tem aqui um ombro pra chorar à vontade.

E Felipe chorou mais ainda, por saber que tinha um amigo de verdade.

***************************************

FLASHBACK OFF ✔️

– Então, doutora Carina, eu estou mesmo grávida? - Shirlei perguntou para a ginecologista depois de se submeter a todo o exame físico e de sangue. Ela estava sentada de frente a ela junto ao seu irmão Giovanni que fez questão de acompanhá-la em sua primeira consulta.

Carina sorriu com ternura para sua paciente que se mostrava um pouco impaciente, nervosa e apreensiva. Analisou os exames que já se encontravam em suas mãos e deu sua resposta de especialista.

– Sim, minha querida. De acordo com seu exame físico e com seu exame de sangue, você está sim, grávida. Mas, pela data da sua última menstruação, meu colega que te atendeu no pronto socorro se equivocou um pouco e você não está de três semanas e meia como ele disse e sim de seis semanas.

Os olhos de Shirlei brilharam e um sorriso luminoso se abriu em seu rosto. Então ela acariciou seu ventre, gesto que agora começava a se tornar comum em sua vida.

– Se já são seis semanas, será que já dá pra escutar as batidinhas do coração dele ou dela, doutora? - Giovanni perguntou, curioso.

– Com nossa tecnologia, já dá sim. - Respondeu a médica, orgulhosa.

– Ah, e eu tenho outra perguntinha, doutora, é possível, que essa criança tenha sido gerada sozinha? - Giovanni questionou, levando a ginecologista a rir e Shirlei a ruborizar. - Sabe o que é Doutora, é que a minha irmãzinha aqui ainda não me explicou como ela concebeu esse filho e eu estou aqui tentando raciocinar...

– Para, Giovanni! Eu já disse que quando a gente chegar em casa, eu vou explicar tudo bem direitinho pra você. Mas que coisa! Não me Mata de vergonha na frente da doutora Carina! - Shirlei pediu quase implorando para o irmão.

– Tudo bem, Shirlei. Isso é coisa de irmão. Eu também tenho um que é uma peste. A diferença é que ele tem sete anos. - A doutora provocou, recebendo de Giovanni uma fuzilada de olhar e uma gargalhada por parte de Shirlei.

– Bem feito! Assim você aprende a ser mais maduro! - Exclamou e estirou a língua para o irmão, que revidou, estirando a dele também e todos caíram na risada.

– Mas enfim... - A doutora voltou a falar quando parou de rir - Vamos para outra sala para escutar as batidinhas do coração do seu filho, Shirlei?

Shirlei sorriu, entusiasmada, mas então de repente, seu sorriso começou a murchar, pois ela imaginou que aquilo não teria a menor graça sem seu príncipe ali do lado escutando com ela. Não. De jeito nenhum. Ele tinha de saber o mais rápido possível de que seria pai para acompanhar cada coisa com ela. Sim. Ele ficaria tão feliz. E ela também. E eles viveriam aquilo juntos. O nascimento de um principezinho ou de uma princesinha, fruto do grande amor dos dois.

– Não. Eu prefiro esperar mais um pouco. - Shirlei disse com convicção.

– Como assim, Shirlei? - Giovanni quis saber.

– Antes de tudo eu preciso dizer ao pai. Ele precisa saber e só assim eu posso curtir essa gravidez. Junto com ele.

– E quem é o pai, Shirlei?

– Um príncipe.

– Era só o que me faltava! - Giovanni exclamou sem paciência e Shirlei riu da expressão do amigo. Mas ela não mentiu. Mentiu?

***************************************

Meia hora depois de Shirlei ter saído da Clínica da ginecologista, ela estava no carro de Giovanni indo para casa e segurando seu ventre, fazendo carinho e imaginando mil e um momentos que teria com o seu príncipe quando contasse a grande novidade, quando o seu celular vibrou em sua bolsa. Pegou-o e atendeu.

– Alô? Oi, Manu! Como vai? Não brinca! Você encontrou o homem que te assustou no escritório de seu marido? Não?! É muita coincidência! Sério. Procurando o amora da vida dele, é? Num te falei! Devia ter apostado com você. Teria ganhado uma nota. Gato é?! Se o Humberto te escuta falando isso...? Eu sei, amiga, que você é fiel. Festa? Hoje a noite na sua casa? Aí amiga, nem sei... É que... A verdade é que hoje eu recebi uma noticia que... Tá bom! Eu vou. Nem inventa de me arranjar esse cara! Não, Manu! Eu não estou mais com o Adônis, mas... Manu, será que dá pra você escutar uma palavra que eu digo? Não diz pra esse cara que você vai me apresentar pra ele porque eu não estou interessada. Manu, eu sou apaixonada por um... Manu! Manu! Manu... Eu vou levar o Adônis só pra você não inventar de me jogar pra esse cara. Pronto. É isso mesmo que você ouviu. Tá certo, Manu. Ele pode ser o maior gato da face da terra. Não estou interessada, já disse. A gente se vê na festa. Tchau, Manu. Tchau, Manu. tchau, Manuela!

E desligou praticamente na cara da amiga, que ainda tentava argumentar que a amiga precisava conhecer o cara que ela conheceu na rua.

– Quem é esse que a sua amiga tanto quer que você conheça? - Giovanni questionou.

– Um louco que abordou ela na rua. Deus me livre! Desse eu quero distância. Já tenho meu príncipe. Esse sim, eu não vejo a hora de encontrar.

– Falando em príncipe...

E a partir daí, Shirlei começou uma longa conversa em detalhes sobre Felipe.


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