Quando o Amor acontece escrita por Lizzy Darcy


Capítulo 23
Capítulo 23




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Vigésimo Terceiro Capítulo ❣️

Após o show ao vivo, Felipe e Shirlei resolveram dar uma caminhada na praia de mãos dadas, dedos entrelaçados, calçados na outra mão. Durante todo o trajeto, sorriram um para o outro e trocaram muitos beijos até chegarem em um determinado ponto da praia onde a lua cheia traçava um belo caminho de luz nas águas do mar, provocando uma romântica paisagem. Ali mesmo se deitaram juntinhos. Felipe deitado de frente com Shirlei deitada um pouco de lado, cabeça apoiada em seu ombro esquerdo, enquanto o braço esquerdo dele envolvia sua cintura. A mão esquerda Dela acariciando o tórax dele.

– Acho que eu nunca vou esquecer o que você fez hoje pra mim, princesa. - Felipe comentou, quebrando o silêncio.

Shirlei levantou a cabeça e se apoiou no cotovelo direito para encara-lo, olhos fascinados.

– Você mereceu, príncipe. Aliás, você merece isso e muito mais.

Felipe sorriu, afetuoso, e usando a mão direita, acariciou o rosto Dela, que mexeu o rosto se deixando acariciar.

– Queria tanto arranjar um modo de guardar esse momento pra sempre... - Felipe disse, então de repente sua expressão mudou - Espera! Acabei de ter uma ideia. - Shirlei Franziu a testa, mas ao vê-lo pegar o celular no bolso, teve uma pequena noção do que seria. - Vai, canta de novo pra mim, princesa. - Felipe pediu, com o gravador do celular ligado.

– Ai meu Deus, príncipe! Tem certeza disso? Eu não vou mentir que tá me dando um pouco de vergonha agora.

Felipe sorriu e se levantando um pouco, segurou o queixo Dela entre o polegar e o indicador, então deu um beijo bem carinhoso e demorado em seus lábios, que fez o coração Dela disparar no peito.

– Será que esse beijo serve de incentivo? - Ele perguntou, a voz rouca, olhos fixos nos Dela.

Os lábios Dela ficaram entreabertos e os olhos fechados por alguns segundos, então ela teve de engolir a seco antes de responder, de tão deliciosa que foi a sensação daquele beijo.

– Serve... Serve sim. - Respondeu ela, a voz entrecortada.

Ele sorriu. Adorava o modo como ela reagia à qualquer que fosse o gesto dele.

– Então... - Foi só o que ele disse, a voz Ainda mais rouca, passando o dedo desde a testa Dela até a ponta de seu nariz. - Quando quiser começar, princesa...

Todas as vezes que ele passava o dedo no rosto Dela daquela forma, ela se sentia em uma espécie de transe. Aquele momento não foi diferente. Tanto que ela ficou como uma boba, olhando para ele até que ao vê-lo apertar o botão ON do gravador, ela iniciou a melodia, sem nem se dar conta, sorrindo para ele em meio aos acordes.

"Five hundred twenty-five thousand six hundred minutes
Five hundred twenty-five thousand moments so dear
Five hundred twenty-five thousand six hundred minutes
How do you measure, measure a year?..."

Então quando ela terminou de cantar, ele sorriu, fascinado. E bateu palmas.

Ela retribuiu o sorriso, o rosto ruborizado.

– Pronto, princesa. Agora... Esse momento tá gravado pra nunca mais esquecer, se é que isso era possível.

Shirlei sorriu, e segurando o rosto dele entre as mãos, ela mesma o puxou para um beijo, que não contente, segurou a nuca de Shirlei com uma mão e com a outra segurou a cintura, levando-a a se deitar na areia. Então ele, ficando um pouco por cima Dela, aprofundou o beijo, puxando o ar e entrelaçando sua língua na Dela. Shirlei, por sua vez, pressionava as costas dele com as mãos, enfiando algumas vezes os dedos entre os cabelos da nuca dele, que era o momento em que Felipe gemia de prazer. Teve um determinado momento em meio ao beijo que Felipe mordiscou o lábio inferior de Shirlei e o puxou, e ela sorriu, fazendo-o sorrir também.

– Melhor a gente ir, né? - Felipe falou, dando um beijo no queixo Dela.

Shirlei fez um bico.

– Ah, não... Tá tão bom aqui.

Felipe deu um beijo no bico que ela fez, achando Graça.

– Difícil me comportar, quando você mesma não colabora, né, princesa?!

– Mas a gente só tá se beijando... - Shirlei falou com ar inocente.

– É, mas uma coisa leva a outra... e Lua cheia, praia e princesa definitivamente não é uma boa combinação pra quem não é de ferro, então...

Shirlei olhou de lado e cruzou os braços.

– Isso já tá ficando chato, sabia?!

Felipe deu uma risada asmática, então enfiando os dedos na cintura Dela, começou a fazer cócegas nela.

– Chato é?! É?! Eu vou te mostrar quem é chato aqui!!!

– Para, príncipe! - Pediu Shirlei se acabando de rir e se contorcendo toda, tentando retirar as mãos de Felipe de sua cintura. Mas ele não dava trégua. - Paraaaaaa! Eu tenho cócegas! Para! Para! Por... Favor!

Ele se virou de costas para a areia e segurando a cintura Dela, levou-a para cima Dele.

– Princesa, princesa, num brinca com fogo! Se você soubesse a força que eu tenho que fazer pra me segurar... No dia que você for minha, pode ter certeza que você não vai ter mais descanso, aproveita enquanto pode. Fica a dica. - Felipe disse, a voz sedutora, o olhar faminto, finalizando com uma piscada de olho e um beijo na ponta do nariz Dela.

Ela arregalou o olhar, mas não conseguia mentir para si mesma de que aquelas palavras foram bem sedutoras.

Depois disso, com toda delicadeza, ele a retirou de cima dele e se levantou, então oferecendo a mão para ela, ajudou-a a se levantar também.

– Vamos, princesa? Até porque a gente ainda tem que procurar a Tancinha e o Henrique pra voltar pro barco.

Shirlei concordou com a cabeça, batendo a roupa com as mãos para retirar o excesso de areia.

– Vamos sim. Conhecendo a Tancinha, ela deve tá maluca atras de mim já.

– E conhecendo o Henrique, ele deve tá maluco... Não, ele deve tá querendo é que eu demore mais pra ele azarar mais um bando de mulher. - Felipe brincou, arrancando uma risada gostosa por parte da namorada.

– Verdade. É bem a cara dele tá querendo isso mesmo. - Shirlei concordou.

Felipe riu e segurando a mão da namorada, os dois começaram a caminhar de volta para o barzinho.

Chegando lá, procuraram os amigos por toda parte e não os encontraram. Saíram de lá, preocupados. Concluíram que talvez os dois tivessem voltado para o barco sem tê-los esperado, então resolveram retornar também, entretanto no caminho de volta...

– Príncipe, cê tá vendo o que eu tô vendo ou eu tô ficando maluca? - Shirlei parou de repente e perguntou ao avistar um casal, de longe, agarrado, se beijando.

– Se você tá ficando maluca, eu também tô... porque eu acho que aqueles dois ali são o Henrique e a Tancinha.

Felipe e Shirlei se entreolharam, olhos arregalados.

– Mas... Até hoje pela manhã eles se odiavam... - Shirlei estava aturdida.

– Eu também achava, mas agora... Tô em duvida, princesa.

Shirlei olhou de um lado para o outro, agoniada.

– Ué, cadê eles? - Shirlei perguntou, pois em meio a conversa, os dois haviam desaparecido.

Felipe apertou o olhar e esticou o pescoço para procurar o casal. Nada. Nenhum sinal. Parecia até que nem tinha existido ninguém ali. Algo até meio fantasmagórico por assim dizer.

– Príncipe, desde quando será que eles...

– Não sei. - Felipe respondeu antes mesmo de Shirlei concluir sua pergunta. - Mas... Se eles ficaram hoje, com certeza, eles devem contar pra gente, né?

– E se eles num contarem...?

Felipe deu um sorriso meio de lado, um ar maquiavélico.

– Se o Henrique não me contar, desculpa, princesa, mas... eu vou fazer ele sofrer um pouquinho porque eu sei que é exatamente isso que ele faria comigo.

Shirlei piscou os olhos.

– O que você pretende fazer?

– Eu te conto no caminho. Vamos? - Chamou Felipe, animado, a expressão de travessura.

Shirlei sorriu, balançando a cabeça de um lado para o outro. Então, segurando mais uma vez a mão do namorado, eles voltaram a caminhar em direção ao barco e como prometido, Felipe explicou toda a travessura que faria com o pobre Henrique. E Shirlei, apesar de compadecida, riu muito, mas concordou em ser cúmplice.

***************************************

– Caraca, irmão, te procurei por toda parte. Tava aonde? - Felipe perguntou para Henrique, que estava na Cabine Masculina, colocando perfume.

Henrique virou na direção da porta. Nunca imaginou encontrar Felipe aquela hora da noite. Afinal, ele sempre passava a noite toda namorando Shirlei. O que será que havia acontecido para ele estar ali? Droga!

– Eu saí mais cedo do barzinho. Tava muito chato lá, cara.

Felipe detectou que Henrique iria mentir. E por um lado, seu lado travesso, achou foi bom, pois naquela noite iria se divertir muito com a cara do amigo.

– Sério? Nenhuma gata em especial por lá? - Felipe quis dar um chance para o amigo dizer a verdade.

– Nada. Cê sabe que eu num sou disso, né, cara?!

Mentiu. Descaradamente. Ótimo. Hora do show, então.

– E esse perfume todo é pra quem, cara? Posso saber?

Henrique olhou de lado, raciocinando uma boa mentira. Então deu e ombros.

– Ninguém. Quer dizer, por enquanto ninguém, né?! Porque a noite é uma criança. Tô indo lá, viu?! Boa noite aí pra você e pra Shirlei.

Henrique se despediu e já ia abrindo a porta se não fosse ter ouvido a voz de Felipe.

– Espera, Henrique, eu vou com você. Me dá só quinze minutos pra eu me arrumar e...

Henrique franziu a testa e antes que Felipe pudesse concluir o que dizia, ele se virou na direção do amigo.

– Como assim você vai comigo?

– Ué, eu vou com você. Qual o problema? - Felipe fingiu que não estava entendendo o espanto do amigo.

– Você ter namorada...? Cara, se ela descobre...

– Mas quem disse que eu vou escondido? Tá maluco? Eu vou falar pra ela. E aposto que ela vai concordar sabe por quê? Porque hoje a gente tava conversando e concluiu que a gente num tá dando muita assistência pra você e pra Tancinha, então hoje a gente resolveu que vai ser a noite dos homens e das mulheres. Num é demais?

Henrique arregalou o olhar, mas tentou disfarçar.

– Mas cara, cê sabe que eu não tenho essa frescura, né?

– Sei. Mas também sei que você nunca me diria se tivesse, né, amigão?!

Henrique, que antes estava sorrindo, fechou a cara, revirando os olhos.

– Felipe, é sério, cara, pode ir namorar em paz. Eu juro por Deus que eu não me importo.

Felipe segurou o ombro do amigo, como ele sempre fazia quando queria consola-lo.

– Eu sei. E é por isso que você é o meu melhor amigo. Mas... Como eu disse, hoje eu sou todinho seu. - Deu um sorrisinho cínico, uma vontade enorme de rir por dentro, principalmente porque Henrique levantou uma sobrancelha, mirando Felipe como se estivesse diante de um Et. - Então, você espera eu me arrumar rapidinho?

Henrique olhou para porta, depois para Felipe, depois para porta de novo e voltou a olhar para Felipe.

Então deu um suspiro profundo.

– Quer saber? Desisti. Sabe por quê? Porque né amanhã que a gente vai mergulhar? Melhor que a gente faz é dormir cedo então.

– É amanhã sim. Mas acho que isso num atrapalha não.

– Atrapalha, cara. Mergulho exige muito fôlego e tal. Melhor tá descansado, né?!

– Nesse caso, acho que cê tem razão.

– Shirlei vem dormir aqui com você hoje? - Perguntou Henrique, esperançoso.

– Não, cara. Hoje ela vai ficar lá dando assistência a irmã.

– A Tancinha?!?! - Ele perguntou, mais espantado do que deveria.

– É, né, cara! Por acaso, ela trouxe outra irmã?

– Não. Claro que não. Era só pra ter certeza. Então... Vamos dormir?

Felipe concordou e depois de colocar um calça de moletom, deitou na cama. Henrique fez o mesmo, só que ele estava de bermudão.

Vinte minutos depois que eles estavam deitados, Henrique, agoniado, se sentou e esticou ao máximo o pescoço para verificar se Felipe estava dormindo.

– Ih, oh, o cara aí! Tá doido? Tá me estranhando? - Felipe perguntou ao pegar Henrique no flagra. - Tá me observando dormir por quê?

Henrique arregalou os olhos com o susto.

– Num tô te observando dormir. É que eu... Eu vi um... eu acho que eu vi um bicho passar por sua cama.

Felipe piscou os olhos e se sentou.

– Um bicho, cara? E você me fala isso assim? De que tamanho ele era?

– O quê? - Henrique perguntou, avoado.

– Como o quê, cara? O bicho.

– Ah, o bicho? Ele era... sei lá como ele era. Mas ele já foi e isso é o que importa, né? Vamos dormir?

– Não, cara! E se ele volta?! Ou... se ele entra na Cabine das meninas, imagina só...? - Henrique colocou o lençol, escondendo o rosto para bufar de raiva, enquanto Felipe segurava o riso.

– Ele num vai entrar na Cabine das meninas. E se entrar, elas vão gritar, a gente vai saber, você vai lá e mata porque o príncipe aqui é você, né?! Pronto. Vamos dormir agora?

Felipe fingiu ficar pensativo, então concordando, ele se deitou para alívio de Henrique.

– Tá certo. Você tem razão. Boa noite então. - Felipe disse e se virando para o outro lado, fingiu cochilar.

Mais vinte minutos depois, Henrique escutou quando Felipe meio que roncou. Sorriu. Finalmente poderia ir se encontrar com Tancinha. Mandou uma mensagem para ela, combinando um encontro na cozinha. Sentou-se devagar e na ponta dos pés, foi na direção da porta, mas ao abri-la...

– Henrique, tá indo pra onde, cara?

Henrique olhou pela janela redonda, aquele mar tão sereno e lindo. Como seria afogar um amigo ali? Será que seria descoberto e preso por muito tempo? Pensou antes de se virar, forçando um sorriso.

– Beber água. Por quê? Não posso?

– Claro que pode.

– Ótimo, tô indo lá. Já volto.

Mas...

– Espera que eu vou com você.

E o mar sereno e lindo lhe veio à mente de novo. Alguém morrendo afogado e tal...

Chegando na cozinha, Felipe e Henrique, "coincidentemente", se encontraram com Tancinha e Shirlei.

– Oi, Princesa. - Felipe cumprimentou a namorada com um beijo nos lábios. - Deu sede em você também?

– Não. Na Tancinha. Aí como uma boa irmã que eu sou, eu vim acompanhar ela até aqui.

– Essa é a minha princesa. - Felipe elogiou, dando mais um beijo nos lábios Dela.

Tancinha e Henrique se entreolharam, revirando os olhos, indignados,

– Então, vocês não vão beber água? Perderam a sede, foi? - Felipe provocou os dois, que pegou, cada um, um copo para se servir da água.

– Príncipe, eu tava aqui pensando, já que estamos os quatro aqui, a gente podia fazer alguma coisa junto. O que você acha? - Shirlei quis saber. E Felipe sabia que aquilo fazia parte de algum plano da namorada.

– Pode ser, princesa. O que você pensou?

– Eu pensei da gente jogar um jogo. Verdade ou consequência.

Tancinha e Henrique se entreolharam assustados, olhos arregalados.

– Ah não, princesa. Porque pra brincar disso, todos têm que dizer a verdade e ao que me parece, aqui, tem gente que gosta de esconder as coisas.

– Tem razão, príncipe.

Nesse momento, quem se indignou, olhando de Felipe para Shirlei e de Shirlei para Felipe.

– Ma peraí! Do quê que vocês me tão falando aí? Que eu num tô me entendendo é nada! - Tancinha falou, agoniada.

Felipe e Shirlei, sorriram um para o outro com cumplicidade.

– Eu acho que eu entendi, Tancinha. - Henrique disse. - Acho que é eles sabem da gente.

– Ma como que eles me sabem da gente? Quer dizer... não que exista a gente! Ah minha nossa senhora da quérupita que eu me tô toda atrapalhadinha agora.

Henrique deu uma risada gostosa.

– Mas vocês hein?! Principalmente você, Seu Felipe, ficou sabendo e fez aquele circo todo só pra ter o prazer de me deixar maluco.

– É, e você ainda tem que procurar o bicho que cê encontrou em cima da minha cama pra matar, viu?! Digo logo que não vou dormir lá não!

– Que bicho, Príncipe? - Shirlei perguntou, sendo abraçada pelas costas por Felipe, que deu um beijo em seu pescoço.

– Longa história, princesa. Depois eu te conto. Só te garanto que você vai rir muito.

Shirlei sorriu, já imaginando.

– Então, quem vai assumir? - Shirlei perguntou.

Henrique deu um suspiro profundo.

– Eu. A Tancinha e eu, a gente tá... bom... a gente... tá...

– Namorando. - Felipe completou.

Henrique fez uma careta, mas ao mirar o rosto de Tancinha, que estava irada, mudou logo a expressão.

– É. A gente tá... Meio que... sabe... Namorando.

– Desde quando? - Shirlei quis saber.

– Desculpa, Shirlei. Ma é que o Henrico não me quis que eu dissesse nada por enquanto, ma é desde o teu sequestro. É que a gente não tinha muita certeza se ia dar certo, então...

– Isso quer dizer que tudo que vocês diziam um do outro era puro teatro? - Felipe quis saber.

– Era, cara. - Henrique respondeu. - Foi mal aí! Mas é que a gente queria ter certeza antes de contar pra vocês.

– Mas fala aí, Tancinha, como foi isso? - Shirlei perguntou e Henrique arregalou o olhar.

– Ah, Shirlei, o Henrico me comprou pra mim um buquê de flores e me chamou pra um daqueles restaurantes, sabe...

Henrique arregalou os olhos para namorada.

– Tá bom, Tancinha, depois cê conta os detalhes pra sua irmã. - Henrique pediu, quase implorando.

Felipe logo interviu.

– Não, Tancinha, imagina, eu também quero saber. Continua.

Henrique ficou da cor de um tomate. Tudo que ele menos queria era que os amigos conhecessem esse lado romântico dele.

Tancinha continuou...

– Um restaurante bem dos chique. Aí depois a gente foi pra um lugar que tinha uns casais dançando e lá ele se ajoelhou, assim, bem na minha frente, e me pediu a minha mão em namoro.

Henrique apertou os olhos, imaginando que ia ser motivo de zoação para o resto da vida. Agora não tinha mais como manter a fama de mau que tanto prezava.

– Ai que lindo, Tancinha. Tô tão feliz por você, minha irmã. - Então elas se abraçaram, diante dos namorados.

– Nenhuma palavra quanto a isso. Lembre-se que estamos em um barco em pleno mar, ok?! - Henrique ameaçou. Felipe deu uma risada asmática.

– Ok. Mas... Será que a gente já pode combinar aquele casamento duplo? - Felipe falou baixinho.

Henrique o fuzilou com o olhar. E Felipe correu na direção da namorada, morrendo de rir e temendo ser lançado ao mar.

***************************************

– Quem diria... A Tancinha e o Henrique juntos. Se alguém me contasse isso há uma semana atras, eu jamais acreditaria. - Shirlei falou para o namorado.

Eles estavam na cama de Felipe, deitados, um de frente para o outro, conversando. Os narizes quase se tocando, já que a cama era de solteiro e eles mal cabiam nela. E eles estavam cobertos com o lençol. Tancinha e Henrique estava deitados também, só que na Cabine feminina, na cama de Tancinha.

– Eu também, princesa, custo a acreditar. E confesso que tô um pouco preocupado com isso...

Shirlei franziu a testa.

– Por que, príncipe?

– É que o Henrique, ele é muito gente boa, sabe? O cara mais legal e amigo que eu conheço. Mas com as mulheres, ele é um pouco... - Felipe fez uma careta - Enfim, acho que você entendeu.

– Você acha que ele pode magoar a minha irmã?

– Não por maldade. Mas... Sim, ele pode. E é essa a minha preocupação porque... Ela é sua irmã. Tenho medo que isso possa abalar o nosso namoro.

Shirlei deu um sorriso afetuoso e levando a mão até o rosto de Felipe, começou a passar o dedo pela sobrancelha dele, com todo carinho.

– Não se preocupe, príncipe. Nada vai abalar o nosso namoro. - Ele sorriu, aliviado. - A Tancinha sabe se cuidar. O Henrique não faz ideia de com quem se meteu. - Shirlei concluiu, olhando de lado e arrancando uma risadinha do namorado.

– Vem mais pra perto. Tá muito longe. - Felipe disse, manhoso, quando segurando a cintura de Shirlei, puxou-a, grudando-a em seu corpo.

Em resposta, Shirlei não ofereceu nenhuma resistência. Pelo contrário, até passou o braço ao redor do pescoço dele e iniciou uma sessão de carinho em sua nuca com os dedos.

– Príncipe, posso te fazer uma pergunta?

– Pode, claro. - Felipe respondeu, a mão dele agora passeava pelas costas Dela, acariciando.

– Você... já ficou com muitas mulheres, né?!

Felipe sorriu. Sabia exatamente aonde ela queria chegar.

– Já. Por quê?

– Se eu falar, promete que não vai me achar boba...

Felipe abriu ainda mais o sorriso.

– Fala.

– É que elas deviam ser do tipo bem experientes, né?

– Algumas eram bem experientes sim. Mas... Por que você tá preocupada com isso?

– Ah, príncipe, e se quando a gente... ficar junto... eu não... É que eu queria que você...

Felipe sorriu afetuoso, mas em vez de esperar que ela terminasse, ele a trouxe para si, aconchegando-a em seus braços em um abraço bem forte e apaixonado, finalizando com um beijo no alto de sua cabeça.

– É disso que você tá com medo, princesa...? De não corresponder às minhas expectativas... - ele segurou o rosto Dela com uma mão, o polegar acariciando seu rosto - Você não existe, sabia? Eu juro que eu nunca conheci ninguém como você. - Shirlei olhou de lado, envergonhada, mas foi surpreendida pelo toque dos lábios dele no seus, bem de leve. - Princesa, eu tive muitas mulheres sim, e eu nunca fui santo nem nada. Mas... entende uma coisa, eu não troco você por mulher nenhuma. Porque você é a única que me faz sentir assim, feliz, desse jeito. E eu tenho certeza que quando chegar a hora... - Ele deu um beijo no queixo Dela - Você vai corresponder... - Deu um beijo na face direita - Muito bem... - Deu um beijo na face esquerda - As minhas... - Deu um beijo na ponta do nariz. - Expectativas... - Deu um selinho nos lábios - Sabe por quê?

– Por quê? - Ela perguntou, rouca, os olhos fechados por causa dos beijos.

– Porque é você quem vai está lá, princesa. E pra mim... Essa é a única coisa que importa.

Diante daquela declaração, Shirlei abriu os olhos, que instantaneamente se encontraram com os dele. E, naquele momento, ela teve a mais pura certeza de que o amava, mas em vez de pronunciar as três palavrinhas mágicas, preferiu abafa-las em seu coração, segurando a nuca dele e puxando os lábios dele de encontro aos Dela, beijando-o com avidez.

Em resposta, ele serpenteou a cintura Dela com os braços, posicionando-a por baixo dele, aprofundando o beijo.

Então por alguns minutos, os dois ficaram assim, curtindo um ao outro através daquele beijo que parecia não ter fim, até que Felipe mordiscou seu lábio inferior e cessou o beijo como sempre o fazia.

– Hora de dormir, né, não? Amanhã a gente tem que acordar cedo que o dia é longo.

Shirlei fez um bico.

– Huuuumm, não, príncipe, vamos ficar acordado mais um pouquinho...? Tô sem sono.

Felipe sorriu e começou a distribuir beijos pela face e pescoço Dela, provocando nela cócegas.

– E quem resiste a esse seu bico lindo, hein? Hein? Me diz!

– Para, príncipe! - Pediu, Shirlei, contorcendo o pescoço em meio aos beijos. E rindo muito. - Paraaaaaa! Você venceu, a gente dorme!

Felipe parou, mas continuava rindo de Shirlei. Então foi aí que ela se virou e ele a abraçou em posição de conchinha.

– Príncipe, só pra você saber, Henrique está no mesmo barco que você, viu? - Shirlei comentou, sem olhar para Felipe, que Franziu a testa.

– Num entendi. - Felipe disse.

– É que a Tancinha pode até ser bem experiente, mas ela só vai pra cama com um homem quando ela tem absoluta certeza de que ele a ama, então...

– Então o Henrique, por enquanto, não tem a menor chance, né?

– Se ele continuar escondendo os sentimentos, não mesmo...

Felipe apertou a namorada com força nos braços. E beijou seu pescoço.

– Boa noite, princesa...

– Boa noite, príncipe.

E se aconchegando ainda mais, um nos braços do outro, os dois dormiram.

***************************************

No dia seguinte, como de costume, Felipe foi o primeiro a acordar, e teve que ir direto para Cabine de Comando, pois naquele dia ele seria o primeiro a pilotar. A viagem de destino seria longa. Até porque o mergulho teria de ficar para o outro dia. E eles queria chegar o mais rápido possível. Tanto que Henrique e ele passaram a manhã e a metade da tarde sem ver as namoradas, que trataram de se entreter, preparando o almoço, o que foi bastante divertido para as duas.

Shirlei estranhou o fato de não ter recebido nenhum bilhete do quinto dia até que, no final da tarde, ao pôr do sol, quando ela resolveu relaxar um pouco no ofurô, Felipe, que tinha acabado seu expediente na pilotagem do barco, se juntou a ela.

Ela estava deitada dentro da água, só com a cabeça de fora, olhos fechados, quando sentiu algo deslizando desde a sua testa, descendo pelos seus lábios e chegando até o seu queixo. Sorriu ao sentir a textura e abriu os olhos para se deparar com a mais linda rosa vermelha, que Felipe passava por seu rosto com toda delicadeza, enquanto, fascinado, olhava para ela.

– Achou que eu ia me esquecer do quinto dia, princesa? - Felipe perguntou e aproximando seus lábios dos Dela a beijou de cabeça para baixo em um beijo a lá Homem-Aranha. Shirlei riu em meio ao beijo. Então depois do beijo, ele retirou do bolso o quinto berloque que tinha a frase : "please, do not perturb" .

Shirlei mexeu a cabeça de lado.

– Esse berloque eu não entendi.

– Mas você vai entender quando a gente chegar lá.

Shirlei deu uma risadinha.

– Meu príncipe e seus mistérios. - Disse e de surpresa, segurou o colarinho da camiseta dele e o derrubou no ofurô.

Felipe riu muito, então encharcado, agarrou Shirlei.

– Olha só você, Shirlei... Tô gostando de ver, cheia de atitude.

Shirlei sorriu, olhar malicioso.

– Não, príncipe. Atitude eu vou ter é agora. - Então, enlaçando o pescoço de Felipe, ela o puxou para um beijo, enquanto os dois mergulhavam no ofurô. Felipe ficou até sem ação, mas adorou.

Vinte minutos depois, eles desembarcaram em um Hotel em Búzios, lindíssimo, cinco estrelas. E só aí Shirlei entendeu o berloque. Todos levaram as malas e os pertences pois iriam passar dois dias hospedados por lá. Felipe alugou dois quartos com duas camas de solteiro cada. Tudo bonitinho conforme seu cavalheirismo, mas tudo poderia acontecer, afinal, haviam agora dois casais nessa viagem.

Eles estavam bem vestidos quando chegaram ao Hotel. Felipe estava com uma camisa roxa e uma calça jeans e Shirlei estava com uma croped preta e uma calça azul bic.

Com tudo resolvido na recepção, Shirlei e Felipe estavam esperando o elevador, testa colada na testa do outro, dando beijinho de esquimó, sorrindo como duas crianças felizes, quando Shirlei sentiu a presença de uma pessoa passando por trás Dela. Então um calafrio ruim lhe percorreu a espinha, e ela se afastou de Felipe, se sentindo zonza.

– Que foi, princesa? - Felipe perguntou, preocupado, tocando em seu rosto com uma das mãos.

– Nada, é que por um momento eu achei que...

– Shirlei??? - Alguém disse, retirando o óculos. Ele vestia uma camisa marrom e uma calça preta.

Shirlei se virou em direção a voz e ao reconhecê-lo, ficou pálida e sua vista escureceu.

– Você? Não. Não pode ser!

E tudo de que Shirlei se lembrou daquele momento é de ter caído nos braços de seu príncipe. Desmaiada.


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