Quando o Amor acontece escrita por Lizzy Darcy


Capítulo 11
Capítulo 11




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Décimo Primeiro Capítulo ❣️

Felipe estava sentado na areia com os joelhos levantados e os cotovelos apoiados neles, observando Shirlei brincar com Tito, quando sentiu alguém se aproximando. Era Camila, que se sentou ao seu lado, cutucando o seu ombro com o próprio ombro.

– Desculpa ter atrapalhado o climinha que tava rolando entre vocês dois naquela hora.

Felipe a olhou de esguelha.

– Nada... Se não tivesse sido você a atrapalhar, ela mesma teria saído dali, não se preocupe, já estou acostumado. - deu um sorrisinho de lado.

Camila franziu a testa, sorrindo.

– Não sabia que Felipe Miranda era chegado em um desafio.

– E não era. Até conhecer Shirlei Rigoni di Marino. - Falou, convicto. Depois olhou pra ela e deu um sorriso, todo apaixonado.

Camila sorriu, feliz pelo amigo. Depois disso se levantou, batendo as mãos uma na outra para livra-las da areia.

– Então vou fazer um grande favor para um amigo. - Camila falou, levando Felipe a olhar para cima em direção a ela. - Tô vendo que tá vindo por aí uma tempestade daquelas. - Felipe baixou o olhar para mirar o horizonte e comprovar. Realmente o tempo tinha mudado, as nuvens ao longe estavam enegrecidas e não demorava muito a chuva ou tempestade chegaria onde eles estavam. - Tô indo agora pegar um táxi antes que ela chegue. E você, príncipe encantado, trate de dizer a sua Cinderela, que eu fui embora no meu carro. Aproveita que não é todo dia que eu tenho esse lado Romântico não. - Felipe ia protestar e por educação pedir para que ela ficasse, mas realmente não era todo dia que via essa Camila agir assim, então achou melhor aceitar a oferta.

– Valeu, Camila, fico te devendo essa. - Felipe disse, segurando a mão Dela e dando uma leve apertadinha.

Camila deu um sorriso sugestivo, enquanto juntava suas coisas com a ajuda de Felipe.

– Ah, fica mesmo. - Falou e depois de dar uma piscadela, baixou os óculos escuros e foi embora, sob o olhar atento de Felipe.

Depois de alguns minutos, quando Felipe viu Camila entrando em um táxi, ele se virou em direção à Shirlei, que agora estava agachada fazendo carinho na barriguinha de Tito, sorrindo com ternura.

– Shirlei! - Felipe gritou. - Ow Shirlei!

Shirlei virou o rosto em direção a Felipe, que fazia um gesto com a mão, chamando-a. Ela então pegou Tito nos braços e caminhou até onde ele estava.

– Oi, Felipe. Tava me chamando?

– Tava sim. Porque tá vindo uma tempestade aí, então acho melhor a gente ir embora antes que ela chegue por aqui. - Ele explicou, apontando com o dedo para o horizonte.

Shirlei acompanhou com o olhar até onde o dedo dele apontava e pôde perceber as nuvens negras se aproximando.

– Caramba, tá vindo mesmo. Mas... - Shirlei olhou de um lado para o outro - e a Camila, cadê?

Felipe coçou a nuca, disfarçando.

– Ela já foi no carro Dela. Disse que tinha que resolver uma coisas... Camila é assim mesmo.

Shirlei estranhou, mas achou melhor relevar.

– Tá bom. Se é assim, melhor a gente correr, já tô até sentindo alguns pinguinhos de chuva. - Shirlei disse, já rindo da situação.

Felipe olhou pra cima, então sentiu quando algumas gotinhas começaram a cair sobre o seu rosto.

– Ih, é mesmo. - Concordou e soltou uma risada asmática.

Foi aí que os dois, apressadamente, começaram a juntar as coisas, Shirlei fazia o que podia, segurando Tito em um dos braços, enquanto Felipe fazia todo o resto. Depois disso, os dois correram em direção ao carro, que estava estacionado no alto das encostas. Felipe que não era bobo aproveitou a deixa para segurar a mão de Shirlei com a desculpa de correrem juntos.

Chegando lá, Felipe abriu a porta para que Shirlei entrasse, pois a chuva já castigava o tempo sem piedade, para em seguida, ele mesmo correr para se proteger no banco do motorista.

– Caramba, mais um pouquinho e a gente num ia conseguir nem chegar no carro. - Felipe comentou com exagero, ainda rindo da situação.

– Meu Deus, como o tempo pode mudar assim tão rápido! - Shirlei exclamou, espantada.

– Num sei, Shirlei. Mas vambora, né?! Antes que eu não consiga ver nada na estrada. - Antes de ligar o carro, ele olhou de lado - Tá tudo bem aí com o nosso Tito?

Shirlei olhou para o cãozinho todo aconchegado em seu colo, e enrolado em uma manta. Ela sorriu para Felipe.

– Acho que esse danadinho aqui tá se sentindo melhor do que a gente.

Felipe sorriu com ternura.

– Verdade, né?! - Ele concordou e girando a chave, ligou o carro e saiu acelerando.

Logo que Felipe conseguiu sair do local e pegar a BR, a chuva se tornou tão intensa que nem o limpador de pára-brisas estava dando conta do recado. As trovoadas e os relâmpagos ao longe era a única coisa que clareava vez ou outra a estrada. Felipe estava tão concentrado na estrada que nem ouviu quando o seu celular, que estava no espaço à frente da marcha, vibrou.

– Felipe, seu celular tá tocando. - Shirlei avisou.

Felipe olhou rapidamente para o celular, depois pra ela.

– Caramba, Shirlei, num tem como eu atender, cê pode olhar quem é pra mim, por favor?

Shirlei pegou o celular e olhou o visor. Nele estava escrito: Helô. Teve vontade de atirar o celular pela janela do carro.

– É a sua amiga, Helô. - Disse e virando para o outro lado, revirou os olhos.

Felipe tinha que pensar rápido. E agora? O que fazer? Optou por aproveitar o momento para fazer ciúmes.

– Você pode atender pra mim, por favor? - Shirlei estreitou os olhos pra ele. - É que pode ser importante.

Ela forçou um sorriso. E depois de respirar fundo, atendeu. Felipe quis rir por dentro.

– Alô. Oi, Helô, aqui é a Shirlei, amiga do Felipe. Não, o Felipe... ele não tá podendo atender porque ele tá dirigindo. Quer deixar algum recado? - Shirlei ouviu o recado e retirando o celular do ouvido, transmitiu-o para Felipe. - Ela quer saber se vocês vão se encontrar hoje. - Shirlei perguntou, tentando disfarçar a indignação.

A resposta deFelipe seria não com certeza, mas para Shirlei, a resposta dele foi:

– Diz pra ela que assim que eu chegar em casa, eu ligo pra ela.

Shirlei assentiu para Felipe, decepcionada com sua resposta. Mas enfim, colocou o celular no ouvido para transmitir a resposta.

– Ele disse que assim que chegar em casa, liga pra você. Tá certo, eu dou o recado. Tchau. Outro pra você.

Shirlei desligou o celular bastante chateada, a expressão em seu rosto não negava.

– Ela mandou mil beijos. - Disse, revirando os olhos, e virou o rosto para janela para que ele não visse sua expressão.

Felipe sorriu de lado e olhou Shirlei de esguelha.

– Quê que foi, Shirlei? Parece chateada...

Shirlei virou o rosto para ele, com os olhos estreitados.

– Não, eu num tô. Mas é que... Achei que tivesse me dito que essa tal Helô era só uma amiga.

– Mas ela é só uma amiga, Shirlei.

Shirlei olhou para o lado, impaciente.

– Tá bom. Se você diz...

– Mas você não acredita em mim, né?! Acha que eu tô tendo alguma coisa com ela e pronto. Não se interessa em saber da verdade. Mesmo que eu te diga mil vezes que eu não sou esse tipo de cara!

– Felipe, você não precisa me dá explicações!

– Não, mas eu quero. Eu já namorei com a Helô por dois anos. A gente terminou e hoje a gente se encontra, sai junto, se diverte.. mas só como amigo. Nosso namoro, assim como o meu com a Jéssica foi mais coisa de pele, química, entende?

Shirlei baixou a cabeça e engoliu a seco, sem graça. Como ela poderia entender? O namoro Dela com Adônis era tudo menos coisa de pele.

– Não, eu não entendo... - Shirlei foi sincera. E nem sabia porque estava sendo.

Felipe franziu a testa, desacelerando o carro.

– Como assim você não entende, Shirlei?

A respiração de Shirlei se tornou um pouco mais acelerada do que o normal. Não era pra todo mundo que ela tinha coragem de contar aquilo. Aliás, a única que sabia, era sua mãe. Então por que essa necessidade de se abrir com Felipe?

– É que... O Adônis e eu... A gente nunca...

Felipe arregalou o olhar pra ela rapidamente, pois não podia tirar o olhar da estrada.

– Vocês nunca... Shirlei, é o que eu tô pensando? - Shirlei assentiu com a cabeça. - Caramba, eu nunca imaginei que...

Diante do gaguejar dele, Shirlei começou a ficar na defensiva.

– Olha só, Felipe, se você vai começar a debochar, eu...

– Não! - Ele disse, interrompendo-a, antes que ela tirasse conclusões precipitadas. - Claro que não, Shirlei! Eu só tô um pouco surpreso porque... Você é tão linda... Tô aqui me perguntando como o seu noivo conseguiu resistir até agora.

Shirlei ruborizou, lisonjeada.

– Ah, o Adônis e eu, além de noivos, somos muito amigos, então a gente conversa muito sobre isso e... Ele sabe que quando acontecer, eu quero estar segura e... muito certa do que eu quero. - Felipe deu um sorrisinho enigmático. Shirlei não soube decifrar o que ele estava pensando. - Acho que você deve tá me achando meio boba, né?

Felipe balançou a cabeça devagar.

– Nada... Você não é boba, Shirlei. Pelo contrário, você é a mulher mais apaixonante que eu já conheci. - Felipe se declarou e levando a mão até o rosto de Shirlei, fez ali um carinho bem de leve com os dedos. Ela fechou os olhos para sentir a carícia, e seu coração palpitou mais forte ao ouvir aquelas palavras tão doces.

Nesse instante de profunda entrega sentimental entre os dois, Felipe ouviu um barulho vindo do lado de fora, ao mesmo tempo que sentiu o volante puxando forte para o lado direito. Felipe retirou a mão do rosto de Shirlei de forma abrupta para segurar o volante com força.

– Droga! - Exclamou, já imaginando o que tinha acontecido.

– O que aconteceu, Felipe? - Shirlei perguntou, assustada.

– Fica calma, mas eu acho que eu furei um pneu. Vou parar aqui no acostamento pra me certificar. - Felipe explicou, já desacelerando, e girando o volante para o lado direito. - Fica aí que eu tô indo lá fora. Já volto. - Felipe avisou, quando estacionou, já saindo do carro, sem dá nem tempo para Shirlei protestar.

Dois minutos depois, Felipe voltou para dentro do carro completamente ensopado pela chuva.

– Caramba, Shirlei, eu tava certo. Foi o pneu mesmo.

Shirlei arregalou o olhar.

– E agora, Felipe, o que a gente faz?

Felipe pegou o celular e depois de olhar o visor, soltou um resmungo.

– Droga! Tá fora de área. Mas fica tranquila que eu sei trocar pneu. Faço isso num instante.

– Nessa chuva?!

Felipe deu uma risada.

– Fazer o quê, né?!

Shirlei ficou tão preocupada que segurou na mão dele antes dele sair.

– Só toma cuidado... Nunca se sabe o que pode acontecer... - Ela disse, olhando fundo nos olhos dele.

Ele se sensibilizou.

– Eu vou tomar, prometo. - Disse, e dando um sorriso de conforto pra ela, saiu do carro.

Dentro do carro, através dos retrovisores, Shirlei assistia a tudo que acontecia do lado de fora. Ela viu quando Felipe abriu o porta malas e de lá retirou o estepe, também viu o macaco em sua mão. Pelo retrovisor lateral, viu quando ele se agachou para enfiar o macaco embaixo do carro para instantes depois sentir o carro levantar um pouco, balançar devagar, depois parar. Em seguida, observou quando ele desatarraxou os parafusos do pneu furado, retirando-o do lugar para em seguida enfiar o estepe no lugar, apertando-o com os mesmos parafusos. Braços fortes era preciso para isso e Felipe os tinha, Shirlei pôde comprovar ao vir os músculos dele se sobressaltando através da camisa branca.

E antes que Shirlei se desse conta, o pneu já tinha sido trocado, o carro abaixado e todo o material guardado dentro do porta malas de volta.

– Pronto. - Felipe disse, quando entrou no carro. - Já podemos ir.

– Felipe, você ficou muito tempo lá fora, melhor se enxugar um pouco senão vai acabar pegando um resfriado. - Shirlei falou, já pegando uma toalha dentro da bolsa que estava embaixo dos seus pés.

– Que nada, Shirlei, essa chuvinha aí num me pega não... Atchim! - mas foi só ele falar para começar a espirrar sem parar. - Atchim!

– Olha aí! Viu só?! - Shirlei disse, já começando a enxugar o rosto e o cabelo dele. - Melhor tirar essa camisa ensopada - Falou sem pensar. E só se deu conta do que disse, quando o viu desabotoar os botões e expor o tórax. Mesmo assim, Shirlei desceu a toalha e enxugou o peito dele. Bem de leve. Pois começava a ficar sem graça com o gesto.

Felipe começou a observar a mão Dela que o enxugava, a boca entreaberta, então quando Shirlei levantou o olhar, seus olhares se encontraram e um clima se iniciou ali, sendo quebrado por mais três espirros vindos de Felipe.

– Felipe, acho melhor a gente ir logo pra casa, antes que você piore. - Ressaltou Shirlei.

– Também acho. - Felipe concordou, dando partida no carro e voltando para a estrada.

***********************

– Felipe, cê tem certeza que vai ficar bem? - Shirlei perguntou pela terceira vez, depois que Felipe havia estacionado o carro em frente a casa dele. - Num quer entrar um pouco? Eu posso fazer um chá pra você, se você quiser.

Felipe sorriu, agradecido.

– Tenho certeza. Fica tranquila, Shirlei. Eu vou ficar bem sim. - Pausou para espirrar - Atchim! Atchim! Tudo que eu preciso agora é tomar um banho quente e dormir um pouco, tô acabado.

Shirlei estava realmente preocupada. Mas fazer o quê? Se ele mesmo não estava aceitando ajuda.

– Tá bom. Mas oh, me liga se precisar, sei lá, de qualquer coisa...

Felipe sorriu com ternura.

– Ligo. Mas agora vai, aproveita que a chuva deu uma trégua.

Shirlei assentiu com a cabeça, mas antes de abrir a porta, sem medir as consequências do gesto, deu um beijo no rosto dele.

– Boa noite, Felipe. Se cuida.

– Você também, mocinha. - Deu uma piscadinha de olho e depois de observá-la entrar em casa, foi embora.

Duas horas depois de um incrível engarrafamento, Felipe finalmente conseguiu chegar em seu apartamento. Exausto. Sentindo fores dores no corpo e na cabeça. Além disso, os espirros tinham aumentado ainda mais desde que saíra da casa de Shirlei.

Entrou no quarto. Sua intenção primeira era tomar um banho quente, mas ao se deparar com a cama, suas forças se esvaíram e ali mesmo, ele se esparramou e dormiu. A sorte é que suas roupas a essa altura já se encontravam secas.

Vinte minutos depois, gemeu com raiva, pois escutou, quando alguém mexia na porta. Levantou-se a contra gosto, cambaleando, cheio de dores, e se dirigiu até a sala, rezando para que fosse Cris e não Jéssica a autora do "crime" de perturba-lo àquela hora da noite.

Mas qual não foi sua surpresa ao se deparar com...

– Shirlei?! O quê que cê tá fazendo aqui? - Perguntou ele, os olhos brilhando.

– Oi Felipe. - Shirlei cumprimentou com ar inocente. Ela vestia um vestidinho floral verde e um cardigan amarelo. - Eu vim... Pra cuidar de você.

Felipe quase não acreditou no que ouviu. Ninguém nunca havia ficado preocupada com ele assim. Nem Jéssica. Nem sua mãe. Ninguém. Ele nunca havia sentido alguém cuidar dele. Aquilo era bem novo para ele.

– Como você...?

– Eu fui até a casa da Carol e a sua irmã me deu a chave. Adorei ela. Ela é uma menina incrível.

– Ela é mesmo. Eu também adoro. - Agora mais do que nunca, pensou ele.

Mas foi nesse entremeio que Felipe se sentiu fraco e Shirlei teve de segurá-lo para que ele não caísse.

– Cê tá bem? - Shirlei perguntou, abraçando-o, enquanto o ajudava a se sentar no sofá.

– Mais ou menos. Só um pouco tonto.

Shirlei pousou o dorso de sua mão na testa e no pescoço de Felipe.

– Meu Deus, Felipe, você tá muito quente. Aqui tem termômetro?

– Acho que tem um na caixa de primeiros socorros que tá lá no armário da cozinha. Só não pergunta que armário porque...

– Tudo bem, eu encontro... - Shirlei disse, já se dirigindo até a cozinha sob o olhar atento e apaixonado de Felipe.

Dois minutos depois, Shirlei voltou com a caixa e o termômetro na mão.

– Vem, levanta o braço. - Shirlei pediu, recebendo uma risadinha de Felipe, que levantou o braço onde foi colocado o termômetro com todo cuidado.

– Tá bom assim, minha enfermeira?

– Tá bom de melhorar, isso sim. - Ela respondeu, rindo por dentro.

Um minuto depois ela retirou o termômetro que acusava trinta e nove graus.

– Caramba, Felipe, você tá pelando em febre. Onde é o seu quarto?

Felipe apontou por cima do ombro com o polegar.

– Aqui atrás.

Shirlei esticou os braços, mostrando as mãos para que ele as segurasse.

– Vem, eu vou te levar pro quarto.

Ele segurou as mãos Dela e deu um sorrisinho sugestivo.

– Eu já imaginei te ouvindo dizer isso, sabia? Mas sob outras circunstâncias, claro.

Shirlei riu, revirando os olhos.

– Vem logo, já tá até delirando.

Ele riu, fazendo careta de dor e levantou, sendo metade carregado por ela.

Quando eles chegaram lá dentro, Shirlei o ajudou a deitar com cuidado e ajeitou os travesseiros para que ele se sentisse o mais confortável possível.

– Tá bom assim? - Shirlei perguntou.

Felipe assentiu com a cabeça. Então Shirlei pegou um copo com água que tinha no criado mudo e entregou um analgésico para Felipe, que tomou, obedientemente.

– Agora eu vou lá na cozinha preparar uma sopinha bem gostosa porque eu sei que você deve tá com fome. Já volto. - Shirlei disse e antes que Felipe pudesse dizer qualquer coisa, ela saiu do quarto. Então Felipe sorriu, fascinado, com aquele gesto.

Algum tempo depois, Shirlei voltou com a sopa na mão. E sentou na beira da cama.

– É pra tomar todinha, viu?

Felipe sorriu e se sentando com dificuldade, segurou o prato.

– Vou tomar sim. Por você.

E ele tomou mesmo, colherada por colherada, parecendo um menino pequeno. Shirlei sorria o tempo todo.

– Bom menino. - Shirlei disse, ao pegar o prato, que estava totalmente seco, colocando-o em cima do criado mudo. Deu um suspiro. - Pronto, agora eu vou deixar você dormir um pouco. - Disse e foi se virando para sair do quarto, mas foi impedida pela mão de Felipe, que segurou seu braço.

– Tá indo pra onde, Shirlei?

Shirlei engoliu a seco, nervosa.

– Eu... Eu... vou dormir no sofá.

– Não, Shirlei, dorme aqui comigo? - Pediu Felipe com a voz manhosa. - Por favor?

A respiração de Shirlei se tornou difícil. Por que será que ele sempre tinha esse poder?

– Melhor não, Felipe.

– Shirlei, não vai acontecer nada. Eu nem tenho forças pra isso. Eu só quero que você fique aqui comigo. - Ele molhou os lábios - Não quero ficar sozinho.

A luta do coração contra a razão dentro dela era tamanha que as entranhas Dela estavam em ebulição.

– Tá, eu... durmo aqui... com você. - Shirlei concordou e caminhou até o outro lado da cama, onde se deitou. Bem longe dele.

Ele sorriu de lado, achando Graça da distância que ela impôs entre eles. Mas claro que ele não ia deixar isso ficar assim. Por isso, sorrindo de lado, ele esticou o braço e puxou-a pela cintura até bem perto de seu corpo. Ela ficou de costas pra ele, mas não protestou, quando ele segurou sua mão, entrelaçando seus dedos aos Dela. Muito menos quando ele encaixou seu rosto na curva de seu pescoço e ali deu um suspiro profundo.

– Boa noite, Shirlei. - Ele disse no ouvido Dela, seus lábios roçando em sua orelha lhe causando arrepios.

E assim eles dormiram... Bem abraçadinhos. Felipe sentindo o perfume de Shirlei e ela se sentindo a mulher mais segura e protegida do mundo.

Logo pela manhã bem cedo, a primeira a acordar foi Shirlei, que naquele instante se encontrava com o braço ao redor do tórax de Felipe. Devagar, ela foi se levantando, mas ao se deparar com os olhos fechados de Felipe, não conseguiu resistir. Permaneceu ali por algum tempo admirando-o, sorrindo como uma boba até que sem mais aguentar, passou o dedo pelo rosto, desenhando desde a testa, passando pela maçã do rosto, nariz e terminando no queixo.

– Huuuuuum, melhor despertador da vida. - Felipe gemeu sorrindo, assustando-a. - Pode continuar.

Shirlei se sentou na cama, abruptamente, os olhos arregalados.

– Ai, desculpa, Felipe, eu não devia ter feito isso.

Felipe se sentou também de frente.

– Por que não? Eu gostei tanto de ser acordado assim.

Shirlei ficou indignada e saiu da cama.

– Você num entende, né?! Ou parece que não quer entender. Eu nem devia tá aqui pra começo de conversa.

Felipe se levantou, ficando de frente pra ela, as mãos na cintura, a expressão claramente chateada.

– O que eu não entendo, Shirlei? Me explica! O que eu não entendo?

– Que a gente... Eu e você...

– Mas não aconteceu nada, Shirlei. A gente só dormiu junto. Literalmente. Eu nem sei porque você tá assim.

– Eu preciso ir... - Shirlei disse, dando meia volta, mas Felipe foi mais rápido e a impediu segurando seu pulso.

– Não, Shirlei, fica. Eu vou... preparar um café da manhã pra gente e depois eu te deixo na sua casa. Caramba, Shirlei, é o mínimo que eu posso fazer por você depois do que você fez por mim ontem.

Shirlei se acalmou e seus hormônios voltaram a funcionar normalmente.

– Tá certo. Eu fico, só que eu não posso demorar muito.

Felipe deu um meio sorriso.

– Preparo bem rapidinho. - Disse e saiu correndo para cozinha, enquanto ela ficou ali se imaginando debaixo daquelas cobertas em uma situação diferente daquela. E bem mais prazerosa.


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