A Guerra dos Miseráveis escrita por Akasha Van Hellsing


Capítulo 1
David


Notas iniciais do capítulo

Hey, pessoal (que talvez seja apenas fruto da minha própria imaginação), essa é minha primeira fic (no Nyah) e espero que vocês gostem.



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 David tomava cuidado para não emitir som algum, parecia impossível, porém para quem quer manter a sua vida qualquer coisa é possível, e os miseráveis poderiam ouvir qualquer som a quilômetros de distâncias.

 Ouviu um barulho atrás dele, logo preparou a arma, não tinha nada lá além de árvores, no entanto manteve-se alerta, sabia o quão rápido um miserável poderia ser, principalmente quando sentia sede. Não seria uma morte agradável acabar em uma das taças de Morgana.

— David! – ouviu Akasha gritando. Droga, ela havia sido pega, então agora estava sozinho.

 Ignorou os gritos por socorro, se um miserável te pega não há saída, o melhor a se fazer é aceitar a própria morte. Continuou caminhando, estava próximo demais dos superiores, caso encontrasse um desses a morte seria certa. Amaldiçoou mentalmente o vampiro que havia atraído-o para aquele lugar, jurou para si mesmo que se o encontrasse novamente iria arrancar-lhe o coração.

 Avistou um cabaré no meio da floresta, parecia que havia uma festa dentro dele, não estranhou, todos os dias são de festa em um cabaré. Não havia limites para a sede dos miseráveis, um vampiro poderia acabar até mesmo com cidades inteiras se assim desejasse, mas eram criaturas da sombra, preferiam disfarçar-se durante a noite, apreciar a morte lenta, matar como se fosse algum tipo de arte. Por isso aquele lugar era a sua melhor opção.

  Assim que entrou no lugar deu de cara com um quadro, terrível. O quadro retratava vampiros, miseráveis, “divertindo-se”. Na cena também havia cadáveres, sangue, além de demônios, que pareciam cantar em algum tipo de coro. Aquilo trouxe um nojo continuou para dentro de David, então todas as histórias contadas eram verdade, sentia-se arrependido por ter ignorado os avisos do padre, e para que? Somente por pura curiosidade para saber de perto como eram os miseráveis, agora estava na beira da morte.

— Gostou do quadro? É divertido, eu costumava a fazer isso durante dias, mas agora Vlad me quer só para ele. – uma voz feminina, quase angelical, disse.

 David se virou assustado, porém acalmou-se ao ver que estava diante de uma das criaturas mais belas do mundo. Seus cabelos negros caiam delicadamente, chegando até a cintura. Seus lábios eram tão rosados e delicados quanto às rosas que cresciam em Versalhes. Sua pele era tão branca quanto à porcelana. Os olhos, aqueles maravilhosos, eram tão diferentes dos descritos na igreja, não pareciam carregar as chamas do purgatório dentro deles, e sim a calmaria do céu. Poderia ficar ali, parado, admirando-a durante horas, como se uma espécie de feitiço o prendesse.

— Gostou do quadro? Vlad e eu fazemos isso às vezes, embora a maior diversão seja divertimo-nos, só nós dois. – a mulher comentou – Você não tem cara de quem faz coisas como essa, David. Que pena, imagina como poderíamos nos divertir com coisas assim. – lambeu os lábios de forma provocante – O que acha, David? Quer se juntar a mim? Sabe, seria muito divertido, poderíamos brincar assim sempre que você quisesse.

 A vampira começou a caminhar em sua direção, porém David apontou a arma para ela, podia ter apenas uma bala, mas se era para morrer, morreria com honra, não corrompido por uma miserável imunda como aquela.

— Armas não serão necessárias, meu doce David. – ela continuou a falar – Vou deixa-lo ir, porque gosto de você. Meus amigos não irão machuca-los, eu mandei que...

— Você não manda em nada! Vlad é o líder dos superiores, não tente me enrolar! – David disse.

 Não conhecia muito bem a hierarquia dos miseráveis. Há muito tempo atrás o Papa fez um pacto com os vampiros, para que o número de mortes abaixasse, os caçadores poderiam matar andarilhos – aqueles vampiros jovens, recém-criados e qualquer outro vampiro que se colocasse em seu caminho. Porém teriam que ficar longe dos superiores – vampiros antigos, velhos e poderosos – e dos primeiros – vampiros extremamente velhos, sendo os primeiros da humanidade, fortes, evitados até mesmo pela própria espécie. Não sabia muito sobre vampiros, era um novato entre os caçadores, tudo o que sabia era que esse acordo havia sido tratado com Vlad, o líder dos vampiros.

— E quem manda em Vlad sou eu. Foi fácil, basta apenas ter um par de seios bonitos e uma vagina. – a mulher continuou, poderia ser bela, no entanto as coisas por ela ditas quebravam todo o encanto.

— Eu não confio em você! – disse, atirando na criatura, sem hesitar, sem mirar. Maldito seja o pânico!

 A vampira soltou um grito ao ver que seu braço havia sido atingido, mas logo abriu um sorriso novamente. Tirou a bala com as próprias mãos, jogando-a no chão como se não fosse nada. Logo não havia sinais de que havia sido atingida.

— O que está acontecendo aqui? – disse um deles, aparecendo na frente de David.

 O coração de David começou a bater extremamente rápido, agora tudo parecia perdido, não sabia exatamente o que deveria fazer. Na sua frente estava o verdadeiro Vlad, o líder dos miseráveis em pessoa, em situações como essa aceitar a morte era a melhor coisa a se fazer, era o certo, foi o que fez.

— Feriu Morgana, imperdoável.  – disse olhando para os braços da vampira – O que deveríamos fazer com você? Torturar, enterrar vivo, cortar os membros, castrar? Se tivesse sido gentil deixaria que escolhesse uma dessas opções, mas como feriu Morgana lhe darei uma das piores mortes possíveis.

 David olhou para a vampira, suplicando por ajuda, sabia que uma criatura daquelas era indiferente, não tinha sentimentos, porém aquela mulher era sua única opção, como se fosse uma ultima esperança.

— Estou com sede, não bebi essa noite, estávamos ocupados, lembra-se? Além disso precisará mandar uma mensagem ao Padre Rossini, para que não faça isso de novo. – Morgana disse, exibindo seus caninos – Una o útil com o agradável, vamos usa-lo para isso. Uma bala me é indiferente. Use-o, passe o recado, pronto, evitaremos brigas desnecessárias assim.

— Certo, pode se alimentar dele, considerando que a feriu, eu mesmo faria isso, mas prefiro as jovens virgens. – Vlad anunciou a sentença final – Fique feliz por está sendo poupado.

 David ainda estava assustado, não sabia de que forma estaria sendo poupado se as coisas fossem assim. Seu coração acelerou cada vez mais, sabia que tinha um compromisso com a igreja, que deveria caçar vampiros, porém desejou com o fundo de seu coração não ter entrado para os caçadores quando precisou de dinheiro. Agora teria que aceitar sua morte amaldiçoada, perguntando-se como seria o inferno.

— Não fique triste meu bebê, nos veremos no inferno. – Morgana disse.

 Com uma força brutal aquela delicada figura segurou sua cabeça, trazendo-o para perto de seus lábios. David tentou se soltar, o que foi em vão, depois disso resolveu aceitar seu destino, diziam que quanto mais resistisse em uma mordida de vampiro, pior seria. Sentiu os dentes da garota fincarem em seu pescoço, sugando, aos poucos, sua vida.

 A primeira coisa que a ir embora foi sua visão, logo não podia enxergar nada, no entanto sabia que em algum lugar estavam eles, rindo, zombando, sentindo prazer com sua morte. Depois não podia mais se mexer, não sentia os membros do seu corpo. Por ultimo eles pararam de rir, pois a terceira coisa que se foi era a audição. Não queria morrer assim, não podia morrer dessa maneira. Será?

 Não sabia se era verdade, ou coisa de sua imaginação. Em algum lugar de sua mente, ouviu a voz de Vlad sussurar: “Diga ao padre que eu mandei um ‘oi’”. Depois disso fechou os olhos, entregando-se completamente. Não havia mais nada pelo o que lutar.

 Acordou na enfermaria da igreja. Durante cinco minutos não se lembrava do que acontecia, porém ouvir a voz das enfermeiras foi como um tapa da realidade. Havia estado de cara com o rei dos miseráveis, e lá estava ele, vivo.

 O sino da igreja tocou, fazendo todos correrem até o altar. Alguns dos doentes se levantavam, os doentes demais para isso lamentavam-se. Quando o sino tocava significava noticias, sempre havia esperanças de serem boas noticias, na maioria das vezes toda essa esperança era perdida na primeira palavra do discurso.

  David não gostaria de ficar desatualizado da situação, por isso sentou-se, o que deu bastante trabalho. Respirou fundo por um momento, até ter a coragem de colocar os pés no chão frio, o que também lhe exigiu muito. Desceu da cama, deu o primeiro passo, com isso achou que não iria aguentar mais, teve vontade de jogar-se ao chão, mas conteve-se, precisava saber das noticias que viriam.

 Chegou ao altar, muitos estavam a sua frente, falavam alto e comentavam sobre o ocorrido. Procurou por um rosto conhecido, só que o rosto conhecido o encontrou primeiro. Era Ágata, a veterana que abandou ele e Akasha naquela maldita missão. Como estava com raiva.

— Fala, novato. – ela cumprimentou – Parece que você sobreviveu muito mais do que só uma missão, bem-vindo ao grupo.

— É, a propósito, obrigado pela ajuda na floresta, eu teria feito o mesmo por você. – comentou irritado.

— Bebê chorão, não me venha de birrinhas, nesse trabalho a única prioridade é sobreviver. – ela continuou – Vai me dizer que não pensou isso quando abandonou a Akasha sozinha para morrer? Tudo isso são águas passadas, aqui a gente esquece rápido ou acaba acordando morto.

 David não sabia como responder, havia pensado somente em si mesmo ao abandonar Akasha na floresta. Só que jamais haveriam caído naquela enrascada se Ágata tivesse ficado ao lado deles, ou alertasse-os sobre para onde correr.

— Quais as novidades? – perguntou, já que eram águas passadas, era melhor esquecer tudo de uma vez – Os vampiros estão aumentando de novo, ou o alvo mudou? Da ultima vez o principal alvo eram crianças.

— Não, alguma coisa muito pior. Um dos primeiros foi morto, ninguém sabe quem o matou ou como isso aconteceu, somente que os vampiros estão colocando a culpa nos caçadores. Padre Rossini está se esforçando para que não haja uma guerra, superiores guardam rancor por muito tempo, caçadores não teria chance. Nada é pior que a fúria de um vampiro.

 O padre parou de falar, todos foram saindo da sala, dessa vez não animados como sempre, assustados, com medo. Os primeiros eram o tipo de vampiros mais poderosos, até mesmo o próprio Vlad temeria se encontrar com um deles. O único problema é que normalmente andavam escondidos, e era muito complicado matar um. Então como este havia sido morto?

 – David, posso falar com você por um instante? – Padre Rossini perguntou. Sempre que ele queria falar com alguém era uma coisa ruim.

— Claro. – respondeu, não havia outra opção.

— Reconhece isto. – o padre exibiu uma adaga.

 Sem dúvidas David reconhecia aquela adaga, havia ganhado de seu colega, Louis, pouco antes de ele ser morto por um vampiro. Louis o fez prometer que entraria para agência, e mataria todos os vampiros possíveis, agora lá estava ele, amaldiçoando Louis de todas as formas possíveis. Como aquele filho de uma miserável poderia ter colocado ele nessa? Era incrível como amigos ferravam os outros até depois de mortos.

— Claro! Louis me deu essa adaga. – comentou animado, pensou que a tivesse perdido.

— Sei disso, sabe o que mais, foi essa a adaga encontrada no pescoço do primeiro. Eu não sei como fez isso, David, só espero que entenda que aqui temos regras, se você mata um primeiro, você está fora. Durante anos tivemos a paz com os superiores, não acredito que um novato imbecil foi capaz de estragar tudo isso. Vamos todos morrer, a culpa será toda sua.

David não acreditou nas palavras do Padre Rossini. Podia ser medroso, idiota, ás vezes, mas jamais tomaria uma atitude tão egoísta quanto matar um dos primeiros só para salvar a própria vida. Além disso, matar um primeiro é como cavar a própria cova.

— Eu não fiz isso! Eu não matei um primeiro! – gritou irritado, fazendo todos olharem para ele – Morgana deixou-me sair vivo dessa, disse que queria mandar algum recado, acho que aquela vadia não conhece o Facebook, e Vlad mandou e te dizer um “oi”. Depois disso apaguei.

 Ninguém jamais havia visto uma expressão de medo em Padre Rossini, porém agora a sua expressão foi de puro pavor. Os olhos pareciam que iriam saltar das órbitas, a pele ficou completamente branca, e ele colocou a mão no peito como se fosse ter um enfarte, durante um tempo David realmente pensou que aquilo iria acontecer.

— A situação é pior do que a que eu pensava. – disse o homem.


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Notas finais do capítulo

Hey, obrigada por chegar até aqui. Eu espero muito que tenha gostado.

Deixe um comentário, eu amo muito os comentários. Além disso, criticas também serão bem aceitas, qualquer tipo de critica, contanto que seja honesta não tenho problema com nenhuma.

Beijos vampirescos, Akasha.
♥♥♥



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