Lado Obscuro escrita por suellencraft


Capítulo 9
Capítulo 9 – Repeat


Notas iniciais do capítulo

Emoções?



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Quinta-feira – 03 de Fevereiro ~continua

 

Lysandre a beijava com delicadeza, seus cabelos prateados caídos ao redor do rosto, cobrindo os dois. Uma das mãos segurava o rosto dela e a outra se entrelaçava nos seus cabelos roxos espalhados no travesseiro. Brenda correspondia timidamente, mas com vontade. Os lábios se movimentavam como se fossem moldados para estarem juntos, as línguas dançavam no ritmo perfeito.

Ambos corações batiam forte no mesmo ritmo.

*

Quando terminou de se arrumar, olhou no espelho. Comparado ao seu antigo eu, Kentin se sentia um deus grego naquele momento. Como a transformação mudara o seu físico tanto assim?

Seus cabelos desgrenhados estavam charmosos, seus olhos verdes brilhavam sem os óculos para atrapalhá-los, seu corpo estava forte, musculoso. Parecia um daqueles garotos bonitos do colégio que as meninas gritavam quando passava e perseguiam loucamente. Usava agora uma camiseta preta e uma calça militar, coturnos pretos e uma camisa branca por cima. Sentindo-se diferente, mas de um jeito bom.

Perguntava-se se Alexia teria aprovado tudo isso. Como será que ela estava? O que será que está fazendo agora? Será que sentia falta dele?

Suspirando, saiu do banheiro olhando para o chão.

E talvez por isso tenha trombado em um Armin histérico seminu de samba canção azul correndo pelo quarto.

— Socorro Senhor me acuda Jesus estou atrasado ai caramba cadê as minhas roupas meu Deus que bafo preciso escovar os dentes AHÁ achei os sapatos mas onde estão as meias opa a calça está ali eita estou apertado licença Kentin preciso do banheiro – BLAM! – bateu a porta do banheiro. Kentin começou a rir. Que figura, pensou.

Minutos depois, os dois saíram do quarto, cada um com um caderno e uma caneta nas mãos. Armin tinha colocado o primeiro moletom que encontraram no armário e quase saiu correndo sem colocar os sapatos, sorte que o colega o avisou antes que pagasse o mico de sair descalço pelos corredores.

— Hum... Sua primeira aula é de quê? – perguntou o novato para Armin.

 

— Se não me engano, é de Autocontrole na sala 300. E a sua?

— Olha, estava dizendo lá que tenho Teste de Classificação agora invés de aula...

— Ah, pode crer. Todos que chegam precisam fazer esse teste no primeiro dia. É para eles saberem quem você é, quais são os seus poderes e o nível do seu poder, essas coisas. – diz o gamer dando ombros. – Mas fique tranquilo, são avaliações individuais, só você e os Inquisidores... Só a sua pontuação vai ser exibida pro geralzão no telão na hora do almoço, então tente dar o máximo de si. Normalmente os que pontuam menos são excluídos pelos outros, já que aqui precisamos escolher parceiros fortes para os desafios. Vai de 0 a 500.

— Qual foi a sua pontuação, Armin? – questionou Kentin apreensivo.

— Foi alto, 476. – revela o garoto, indiferente. – Eles te dão a nota encima de um conjunto de fatores. Por exemplo, se a sua descendência for forte, já vale uma boa parte da pontuação. Aí depois tem os poderes que você domina. Alguns poderes dão mais notas do que outros. E seu desempenho no teste conta muito também. Normalmente quem se fere tem sua nota descontada. Enfim, você vai descobrir por si.

— Valeu pelas dicas, cara. – diz o garoto estremecendo. Sua pontuação será revelada para todos? E se ele for mal, vai ser excluído novamente? Kentin nem sabia direito quem era a sua mãe, só sabia o nome porque seu pai lhe dissera, e por causa do colar que ela deixou para ele quando foi embora. Aquele colar de pena de ferro negro gravado com seu nome, Hellen Fate. Desde que entende as palavras tem fingido que sua mãe biológica era a Manon, a pedido de seu pai. E quanto aos poderes, nem ele mesmo sabia, já que sempre se restringiu a controlar os acessos e reprimir tudo que tentava sair de dentro de si. – Mas.. Como são os testes? Eles mandam você batalhar contra algum monstro ou o quê?

— Eeeentão.... Isso varia de pessoa para pessoa. Eu tive que destruir uma gruta habitada por centenas de vampiros que queriam me matar. O Alexy disse que enfrentou uma horta de Corvos Infernais. Já a Gabi nunca quis contar o que aconteceu no seu teste, só diz que foi mais um teste psicológico e de fobias, ela saiu de lá tremendo e branca feito papel. Tem um colega nosso que foi obrigado a destruir uma cidade inteira de ninfas das sombras. Uh, estamos atrasados.

Engolindo em seco, Kentin pensou em seu pai. Giles nunca o deixara saber mais a respeito desse outro lado do mundo, então seu conhecimento sobre criaturas mágicas era mínimo. Como conseguirá enfrentar os monstros sem saber seus pontos fracos?

Despedindo-se com um aceno de cabeça, seguiu para a sala onde faria o tal teste. Seu coração pesava e o frio na barriga dominava o seu ser. O que irá acontecer? Vai dar certo?

E o que o Kentin mais quer saber: Vai descobrir mais sobre... A sua mãe?

*

Brenda estava praticamente sem ar quando Lysandre finalmente se afastou um pouquinho. Ambos ofegantes e corados. As pontas dos narizes roçavam um no outro, e eles sorriam.

— Perdoe-me pelo atrevimento, mas precisava fazer isso. – sussurrou Lysandre roçando os lábios nos de Brenda.

— M-Mas... Por que fez isso? – gaguejou ela, sem conseguir recuperar o fôlego pela proximidade que estavam.

— Porque meu coração mandou.

Dito isso, ele retomou o beijo, dessa vez com mais fervor. Ela se surpreendeu no primeiro momento, mas logo se deixou levar. Ambos ansiavam pelo sabor do outro, e a química perfeita era palpável.

Brenda tentou levantar os braços para enlaçar o pescoço de Lysandre, mas apenas o braço direito respondeu ao seu comando. O lado esquerdo formigava e não se mexia. Droga, pensou, esse braço está fraturado, pelo visto. Mas nem se preocupou, pois a sua única vontade naquele momento era puxar o cara dos seus sonhos para mais perto de si. Com a mão direita, ela agarrou os cabelos da nuca dele e pressionou mais para baixo. Lysandre entendeu o gesto com perfeição e aprofundou ainda mais o beijo, sedento pela Brenda.

Era apenas os dois no mundo.

E o mundo todo só para eles.

Bom, isso até a enfermeira entrar como um furacão e fazê-los pular de susto e praticamente se jogarem cada um para um canto do quarto, ambos completamente vermelhos e ofegantes.

— Brenda! Ainda está acordada? – exclamou enfermeira antes de perceber que os adolescentes tentavam disfarçar alguma coisa. Sorriu internamente com isso. Afinal, também fora jovem um dia. – Er... Acho que posso voltar depois, não tem pressa! Tchau!

E ela saiu a passos apertados do quarto.

— Lys? – chamou a garota timidamente. Brenda gostava do Lysandre desde a primeira vez que o vira na casa do namorado da sua prima, mas ele era tão avoado que nem percebia a sua presença. Parece que agora o jogo mudou, pensou ela. O vitoriano voltou-se para ela. Quando os olhos bicolores encontraram os azuis, ela soube. Ele se apaixonou por ela. Mas... Por quê?

— Diga, Brenda.

— Por que você... Sei lá, gostou de mim? – perguntou ela, sem conseguir formular algo mais decente.

— Tudo veio à toa com o som do seu riso. Mas também gosto dos seus cabelos roxos que caem levemente sobre os seus olhos azuis hipnotizantes, dos seus lábios macios e que parecem feitos para mim, da sua pele de porcelana, da sua voz delicada e ao mesmo tempo imponente, do seu jeitinho sincero de ser, do seu gosto pela música e do seu cheiro. – confessou Lysandre. A garota arregalou os olhos. Foi tão profundo e sincero! Mas... O som do seu riso? – Eu senti uma coisa estranha quando te vi acidentada, minha alma pedia para te proteger com a minha vida. E é o que eu vou fazer, Brenda. Estarei ao seu lado para o resto da minha vida e irei te defender com unhas e dentes, seja contra o que for. O curioso é que... Você parece sentir a mesma coisa por mim. Desde quando?

— Desde... Sempre, Lysandre. – admitiu Brenda, cheia de vergonha. – Eu me apaixonei por você quando te encontrei cantando no seu quarto, no primeiro dia em que te conheci. A sua canção... Ela me encantou. E você também.

—  Pois acho que agora vou poder cantar aquela música só para você, o que acha? – sugeriu o garoto com uma ternura imensa no olhar. Brenda sorriu e assentiu, alegre.

Lysandre pescou na memória a música que estava cantando quando a viu pela primeira vez. Ele tinha 10 anos na época. Seu irmão tinha chamado em casa a sua namorada Rosalya, e ela viera com sua prima.  Não queria ficar de vela, então foi para o seu quarto cantar um pouco. Brenda era uma menininha miudinha e curiosa, e o garoto percebeu que ela estava espiando pela fresta da porta. Quando ele a flagrou, ficou toda vermelha e não parou de pedir desculpas. Ele apenas sorriu e pediu que entrasse, sentasse no chão e continuasse escutando sua música. Ainda conseguia lembrar do olhar encantado da garota naquele dia. Respirou fundo e começou a cantar.

 

Duvida da luz dos astros,

De que o sol tenha calor,

Duvida até da verdade,

Mas confia em meu amor.

Eu sem ti sou desamor.

Barco sem mar, campo sem flor.

Tristeza vai, tristeza que vem.

Sem você, amor, não sou ninguém.

Meu peito agora dispara,

Vivo em constante alegria,

É o amor quem está aqui.

 

Quando encerrou a música, ele sorriu com carinho para a garota. Brenda o admirava, maravilhada. Lysandre segurava as mãos dela como se fossem de vidro. Preciosas, delicadas. A energia entre os dois era tão forte que era possível sentir de longe. Os lábios voltaram a se encontrar.

Era amor.

*

— Amiga, calma aí! – ofegava Alexia. Nunca gostou muito de correr. – Eu tô com câimbra nas costas de tanto correr atrás de você!

— Sua lerda! – gritava Samara à sua frente, rindo da situação. – Anda logo, me alcance!

E parecia um dejávu. Assim que pisou na calçada, a ruiva sentiu um aperto no peito e sua visão ficou turva. Caiu no chão de joelhos e se abraçou. Algo não estava certo. Imagens se passavam na sua frente, mesmo estando de olhos fechados.

 

Uma garota correndo para atravessar a rua atrás de uma outra garota.

Uma buzinada.          

Um carro.

Gritos.

Freada.

Baque.

Alexia no chão.

 

Quando Samara voltou a si, virou-se a tempo de ver a amiga começando a atravessar a rua. E não deu tempo nem de gritar para que a garota parasse.

A mesma cena trágica se repetindo em plena luz da manhã.

O que a Samara acabara de ver na sua cabeça se repetia, mas dessa vez, de verdade.

— ALEXIA, NÃO!

 


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Notas finais do capítulo

Quem está louco para ler o próximo?



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