A Intérprete - Orgulho e Preconceito Moderno escrita por Nan Pires


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

É sábado!! E o post do capítulo 17 com o resto da festa está em dia!! Nem acredito lol



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Elizabeth nunca pensou que odiaria tanto o sr. Collins quanto naquela noite. Mais ou menos durante a terceira ou quarta música, ela não conseguia se lembrar direito pois estava completamente enfeitiçada pela dança e pelo dr. Darcy, seu chefe os interrompeu. Lizzie fez uma careta e olhou-o sem paciência, se ele ousasse chamá-la para dançar, ela daria um belo soco naquela cara de rato dele. No entanto, para a sua surpresa, Collins os interrompera não para pedir que ela lhe desse a honra da próxima dança, ela podia até imaginá-lo cheio de rodeios dizendo isso. Não, ele queria mesmo era a atenção de Darcy.

O médico por sua vez, também pareceu que queria matá-lo por estragar aquele momento, no entanto, suspirou derrotado e se desculpou com Elizabeth dizendo que tinha algumas coisas para discutir com o diretor do hospital. Enquanto eles se afastavam, Elizabeth os observava frustrada, mas que droga de discussões de trabalho que eles não podiam esperar para ter no escritório, em um dia de trabalho normal? Desconcertada, ela retirou-se da pista de dança, desviando de vários casais sorridentes e não demorou muito para esbarrar em sua amiga Charlotte.

— Lizzie! – Charlotte pareceu aliviada de vê-la por ali. – Então, aquele não era o médico da outra festa? O grosseirão que você detesta? – Ela ergueu as sobrancelhas e deu uma risadinha brincalhona.

— Sim, e o cara com quem você – Liz deu ênfase à palavra. – Estava dançando?

— Ah, o sr. Collins. – Ela respondeu sem ânimo. – Fiquei tão aliviada quando a música acabou. Ele era péssimo dançando.

— Só dançando? E aquele jeito dele de falar? Ele parece achar que estamos no século XIX. – Liz fez uma careta.

— Acredite, a dança é pior. Acho que meu pé vai estar inchado amanhã.

As duas amigas se afastaram de braços dados e rindo. Quando chegaram em um local um pouco menos movimentado do salão, pegaram taças de champanhe de um garçom que estava passando e tentaram localizar o resto da família Bennet sem sucesso.

— Olha ali o sr. Collins, continua perseguindo o dr. Darcy. – Charlotte riu. – Não acreditei quando ele disse que interromperia vocês, foi meio sem noção.

— Meio? – Elizabeth perguntou com ironia. Não pode deixar de transparecer que a interrupção não a agradara nem um pouco. – Quem faz isso? Ele foi muito sem noção.

— Achei que você ficaria aliviada. – Char cutucou a amiga. – Achei que não gostasse dele.

— E não gosto. – Liz percebeu na hora que estava mentindo. – Mas ele era um bom parceiro de dança, pelo visto vai ser difícil arrumar outro por aqui. – Ela acenou para o salão.

— Tudo bem, vou fingir que eu acredito. – A amiga respondeu ainda em tom de brincadeira. – Eu vi vocês, Liz.

Elizabeth deu um olhar ameaçador de brincadeira e as duas recomeçaram a rir.

— Mas você não quer saber qual o assunto urgente do sr. Collins?

— Ele te contou? – Elizabeth perguntou surpresa.

— Claro que contou. – Charlotte riu e fez uma pausa dramática, enquanto isso, Lizzie deu um último gole em sua bebida. – Ele ficou lá, tomando coragem, ensaiando o discurso. Foi meio estranho.

— Mas me diz, o que ele queria com o dr. Darcy?

— Aparentemente o seu casinho de amor e ódio. – Lizzie olhou-a ameaçadoramente e ela riu. – É sobrinho de uma tal Catherine de Bourgh.

Aquele nome não era estranho para Elizabeth. Onde foi que ela já tinha ouvido?

— A patrocinadora da festa! – Lizzie lembrou de uma vez.

— Não, amiga. Ela não é só a patrocinadora desta festa. Ela também é a principal benfeitora do hospital Hopkins. O sr. Collins come na palma da mão dessa mulher, pelo que entendi.

— E ela está por aqui?

— Então, teoricamente ela estaria, mas até agora não deu as caras. Por isso que o sr. Collins estava tão desesperado para falar com o Darcy, para ver se ele sabia de alguma coisa.

Liz ficou pensativa por alguns instantes, por essa ela não esperava.

— E para puxar o saco dele, claro. – Elizabeth concluiu e sua amiga concordou.

Mas o que deixou Lizzie mais espantada ainda, foi encontrar sua mãe, Kitty e Lydia conversando com um grupinho de pessoas que riam, talvez com um pouco de vergonha alheia, já que a sra. Bennet parecia estar um pouco alterada. Falava alto e com gestos espalhafatosos.

— Fala para eles, Lydia, pode falar. – Ela dizia com uma voz arrastada, pedindo para que a garota traduzisse. – Isso, uma logo casa e aí ela vai conseguir o visto de noiva e o casamento vai ser lindo e ela vai poder morar aqui para sempre.

— Mamãe! – Elizabeth correu para perto dela e mandou a irmã parar de traduzir aquelas baboseiras.

— E essa daqui é a outra. Ela trabalha no hospital.

— Ótimo, mãe. Acho que já chega de festa para você.

— Mas a festa está tãaaaaao boa e a Jane está lá, – Ela apontou em direção ao casal. – Ela vai se casar com o Bing, como é mesmo?

— Já chega, vamos. – Elizabeth puxou a mãe pelo braço, Charlotte ajudou-a a apoiá-la enquanto um monte de gente permaneci ali, rindo e cochichando.

— Acho que vou ficar mais um pouco. – Lydia disse para uma das mulheres da roda, mas Elizabeth a ouviu.

— Não vai não. – Sua voz saiu áspera. – Você vai é procurar o pai e a Mary. Kitty, ajuda ela.

As garotas reviraram os olhos e saíram emburradas. Lizzie acomodou a mãe em uma mesa vazia próxima dali com a ajuda de Charlotte e ela continuou berrando. A vontade da garota era ficar invisível, talvez para sempre. Lembrou-se de que o pessoal não perdoava e que ela provavelmente seria a próxima que ficaria na boca do povo por conta da festa. Ela estremeceu e parou de tentar evitar que a mãe passasse vergonha, porque quanto mais ela se esforçava, pior a situação ficava.

— Char, por favor, avise a Jane que estamos indo.

A amiga assentiu e disse que seria discreta. Quando Liz achou que nada poderia piorar, ouviu o cara da banda anunciando que tinha um pedido especial e antes que ela pudesse processar qualquer informação, ouviu a voz esganada de Mary cantando sem ritmo nenhum.

— É minha filha! É minha filha! – A Sra. Bennet começou a gritar, fez uma mistura tentando gritar em inglês com o pouco repertório que tinha.

Lizzie só faltou chorar quando depois do que pareceram horas, Kitty e Lydia voltaram seguidas por Mary que estava toda chorosa sendo consolada pelo pai. Charlotte também voltou logo e disse que Bingley se ofereceu para levar Jane para casa mais tarde.

— Ótimo. Vamos embora. – Lizzie disse ríspida. Desde o princípio ela sabia que aquilo não seria uma boa ideia.

Quando chegaram ao apartamento, todos estavam emburrados, o único que parecia estar aliviado por estar de volta era o sr. Bennet. Lydia, Kitty e a mãe das garotas ainda reclamavam do mal humor de Elizabeth. Mary não parara de chorar desde que entrara no carro. Aparentemente ela entendeu alguns dos comentários maldosos sobre sua apresentação de uma música só e agora estava parecendo um panda com a maquiagem toda espalhada ao redor dos olhos.

Ela e Charlotte não tinham comido nada, então foram até a cozinha e enquanto Lizzie preparava um chá para acalmar os ânimos, sua amiga encontrou alguns pães e colocou-os na mesa para elas beliscarem.

— Não fica assim, Liz. Nem foi tão ruim. – Charlotte tentou acalmar a amiga, que apesar de não ter derramado uma lágrima, estava muito nervosa.

— Quem dera. Eu não devia ter levado eles, não devia. Era ambiente de trabalho, essas coisas não se misturam.

— Amanhã você vai acordar e vai perceber que...

— Tudo não passou de um sonho? – Liz suspirou. – Ou melhor, de um pesadelo.

— Não. – Charlotte sorriu e falou com animação. – Que nem foi tão ruim, Liz. Porque não foi mesmo. Sua mãe estava alegre, mas e daí? Quanta gente não fica assim em uma festa?

— Mas as coisas que ela falou...

— Lizzie, a maior parte das coisas que ela falou nem foram entendidas. Pare de se preocupar, e outra? O que importa o que as pessoas falam de você? Aliás, da sua família? Você não fez nada de errado, se comportou bem e no hospital é uma ótima funcionária! – Charlotte abaixou um pouco a voz, porque havia se animado um pouco. – O que aconteceu hoje não vai afetar você ou seu trabalho. Teve gente lá que já fez coisa bem pior.

Lizzie sorriu, era verdade.

— Como aquele cara que levou a mulher para uma festa e a amante estava lá. Lembra do barraco que deu? Tudo bem, as pessoas falaram por um dia, mas passou o que? Menos de um ano e ninguém nem lembrava mais.

— Mas um ano é muito tempo. – Liz fez uma careta, embora já se sentisse um pouco melhor.

— Outras festas virão. – Char deu uma piscadela para Liz. – Agora preciso ir, você vai ficar bem?

— Já estou bem melhor.

As garotas se despediram e logo Liz foi se deitar. Nem viu que horas eram quando a irmã voltou, mas no dia seguinte, reparou no imenso sorriso estampado no rosto de uma Jane totalmente adormecida. Pelo menos para alguém a noite havia sido boa e isso a animava um pouco.


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Notas finais do capítulo

Bom, está aí!! Ah, tenho que dizer que estou muito feliz, pulando de alegria, pois a minha fic recebeu a primeira recomendação *-*
Muito obrigada, DimondSky e a todo mundo que acompanha essa história que eu escrevo com todo o carinho. Sem vocês, eu não teria ânimo, obrigada mesmo :)



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