A Intérprete - Orgulho e Preconceito Moderno escrita por Nan Pires


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Oi!! Para quem não conhece, os intérpretes comunitários realmente existem em alguns países e o trabalho deles faz toda a diferenças para muitos imigrantes. Infelizmente, no Brasil nós ainda não temos esse cargo, apesar de precisarmos bastante, ainda mais agora que estamos recebendo muitos estrangeiros. Peguei os personagens da Jane Austen emprestados porque eles são maravilhosos e se encaixaram muito bem nesta história. Esta é a minha primeira fic e eu espero do fundo do meu coração romântico, que vocês gostem :)



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É uma verdade universalmente conhecida que a maior parte dos jovens do século XXI, sonham com viagens. Alguns deles, como Elizabeth Bennet, fazem parte do grupo corajoso que decidiu viajar por tempo indeterminado. Talvez para ela, a decisão não tenha sido assim tão difícil, já que sua irmã mais velha, Jane, e seus tios, o casal Gardiner, mudaram-se antes. Era questão de tempo até que o espírito aventureiro e audacioso de Elizabeth desejasse juntar-se a parte da famíla com que mais se dava bem.

Lizzy formou-se em tradução e interpretação e assim que pegou o diploma foi atrás da irmã que havia acabado o mestrado e precisava de alguém para dividir o novo apartamento. Não nos interessa agora saber para qual país ela fora, apenas que deixara um pobre país de terceiro mundo, metido a emergente, com costumes com os quais Lizzy nunca se identificou, para viver em outro mundo. Assim que chegou, já ficou impressionada, ao contrário do local de onde viera, ali as pessoas seguiam regras, discutiam sim, mas na maior parte das vezes, com argumentos e um tom moderado. E qual não foi a sua surpresa, então, ao ir com a irmã a um show em que não foi amassada, ninguém derrubou cerveja nela e muito menos recebeu abraço de estranhos!? Só por essa liberdade, ela já estava feliz.

Era o paraíso, mas mesmo o paraíso tinha seus defeitos. Nem todos a tratavam bem, mas ela nem ligava para os arrogantes, quem ela queria a queria de volta e era isso que importava. Corrupção, crime, pessoas abusadas? Claro que nenhum lugar estava livre deles, mas ali, a proporção era tão menor do que da onde viera que quase não a incomodava, quase.

Sentia falta também, das férias de trinta dias, como eram boas aquelas férias! Mas assim que começava a pensar nisso, lembrava-se de que em seu país, ela demorava quase duas horas para chegar ao trabalho, enquanto que ali, talvez gastasse meia hora, ou nem isso. E quem precisava de trinta dias? Apenas quinze dias de férias com a sua família já fora o suficiente para esgotá-la.

Ela amava os Bennet, claro. Mas ela pensava tão diferente deles que acabou percebendo que seu amor por eles aumentava muito mais quando estavam separados por um oceano. Sempre se dera bem com o pai, muito embora não concordasse com o seu jeito calado demais. As meninas estavam sempre aprontando alguma, mas o sr. Bennet quase nunca se juntava a elas, poucas vezes se permitia discursar ou opinar sobre algo, e quando fazia, era totalmente inflexível. Sua mãe era o oposto, falava até mais do que Lizzie estava disposta a ouvir. Só o que a sra. Bennet fez durante a estadia dela na antiga casa, foi perguntar à jovem sobre os possíveis pretendentes, mas só aqueles que a presenteassem com o tal do visto de noiva, claro. Só que para Elizabeth, as coisas não eram bem assim. Ela queria ficar para sempre na sua nova pátria? Com certeza, sentia-se mais filha daquelas terras do que do lugar ingrato de onde viera, mas jamais se tornaria uma daquelas pessoas que se casavam por interesse. Não suportaria ver a sua vida, sua liberdade, na mão de outra pessoa.

Das suas irmãs, Jane, a mais velha das Bennet, era aquela de quem Elizabeth era mais próxima. Ela era sensível e inteligente, fora dela que Lizzie recebera os melhores conselhos. Mary era um pouco mais introspectiva e tinha umas manias um pouco estranhas e as duas irmãs mais novas, Kitty e Lydia eram completamente doidinhas, sendo Lydia um pouco inconsequente, e ela sempre acabava arrastando Kitty por aí.

Quinze dias foram o suficiente para que Elizabeth matasse a saudade de todos e de sua cidade antes de se esgotar. Fazia pouco mais de um ano que ela não pisava ali, mas aquela casa, embora fosse a mesma, agora era até um pouco estranha para ela.

Ao sair do avião, e sentir o vento gelado com o qual se acostumara tão bem, sentiu-se mais em casa do que nunca. Jane a teria buscado no aeroporto se não estivesse viajando a trabalho, por isso ela pegou um táxi. Mal via a hora de chegar no seu apartamento, tomar um banho e dormir um pouco, afinal, tinha enfrentado um voo de quase 12 horas e só tinha mais três dias para se readaptar ao fuso horário antes de voltar ao trabalho.

O lado ruim de morar em um predinho de três andares é que ele não tinha elevador, então ela teve que se virar para subir com duas malas grandes e mais uma de mão. Sorte que pelo menos ela e Jane moravam no segundo andar, não no terceiro. Assim que conseguiu colocar todos os seus pertences para dentro, ela sistematicamente correu para checar a secretária eletrônica. Um costume que as pessoas de seu país de origem não tinham e que ela achava extremamente útil.

— Oi, Liz! Espero que tenha feito uma boa viagem, de novo me desculpa por não ter ido te buscar! Foi um projeto de última hora, mas chego sexta à tarde e prometo que vamos a algum lugar bem legal para jantar! Isso se você não estiver cansada demais, aí a gente fica em casa mesmo. Bom, você que sabe, tchauzinho. – A voz suave de Jane preencheu o ambiente, Elizabeth estava morrendo de saudade da irmã e não via a hora dela chegar.

— Lizzie Bennet! – A voz estridente de sua amiga do trabalho, Charlotte, ecoou quando ela pressionou o botão para ouvir a mensagem seguinte. – Volta logo dessas férias, garota! Sei que só volta para o trabalho na segunda, mas se estiver aqui, amanhã à noite, alguns benfeitores vão dar uma daquelas festas de gala que você adora, sabe? Falei com a chefe e ela disse que se quiser ir, seu nome estará na lista! Ah, caso tenha algum acompanhante pode levar, se não me liga para irmos juntas! Beijinhos.

Elizabeth sorriu para si mesma, também sentia falta de Charlotte e adorava aqueles eventos, mas estava cansada e por causa de seu trabalho no hospital, sempre era convidada para as festas de gala dos benfeitores. Decidiu que iria tomar seu banho e dormir um pouco, se acordasse um pouco mais disposta, ligaria para Charlotte e pediria mais detalhes sobre o evento.


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Notas finais do capítulo

Muito obrigada pela leitura!! Não vou demorar para postar o capítulo 2, prometo!! Mas preciso saber se estou indo pelo caminho certo, então se você puder, deixe um comentário com a sua opinião. Pode falar bem, mal, o que você quiser!! Afinal, só assim a gente consegue melhorar, certo?? ;)