A última dança escrita por TheoryGrey


Capítulo 1
Capítulo único: A última dança


Notas iniciais do capítulo

Dedico o conto ao Tailan e ao leandro, ambos grandes amigos. ♥ Indicação dupla ao leandro por ter me indicado o Livro Sussurro da Becca Fitzpatrick, ao qual serviu como inspiração para o nome da garota.



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A última dança

Escrito por TheoryGrey

 

O vento soprava gélido, dando espaço à noite que se aproximava lentamente na Inglaterra, deixando para trás o entardecer. A escuridão ocupou o céu com maestria trazendo consigo muitas nuvens, que ocultavam em grandes proporções a luz do luar, deixando a leve brisa e a sensação de que muita chuva vinha por aí.

Dentro de um cômodo escuro e silencioso, uma jovem mulher tomada pelo vapor de um recente banho, sentou-se sobre a cama ainda enrolada em uma toalha de algodão branca. Agora ela tinha absoluta certeza de que sua pele emanava um doce aroma de cereja, e seus cabelos recém secos exalavam brilho e um perfume de amêndoas. Em uma ocasião qualquer, ela não diria que estaria disposta a ser tão cuidadosa, mas aquela noite em questão fazia com que seu coração palpitasse descompassado. Seu sangue fervia em suas veias, bombeado com mais rapidez do que em momento normais, poderia estar ansiosa, com medo? Para Nora, a idéia não era aceita.

As mãos delicadas da moça deslizaram sobre sua própria coxa coberta por uma fina camada de um tecido preto e alcançaram a fivela do seu salto de camurça, causando-lhe arrepios incontroláveis. Com dificuldade, Nora imaginava que trocar um coturno e uma roupa confortável por trajes finos e deslumbrantes, não era do seu feito. Mas, esta seria sua última dança com Vincent, a sua perdição, o seu total lado oposto e o principal caminho para a fuga do seu mundinho isolado para o puro erotismo.

O baque do salto em contato com o assoalho do grande salão iluminado despertou Nora dos seus devaneios. Bastou encarar mais dois passos para estar submersa em tamanha luminosidade do local arejado. Sua pele branca como porcelana que já contrastava com seus longos cabelos negros acabara de ganhar mais brilho. A garota juntou as mãos na frente do próprio corpo envolto por um vestido negro de renda, em sinal de nervosismo contido. Por fim, respirou fundo e decidiu se disfarçar com uma máscara de autoconfiança, mesmo que seu coração dissesse a si mesmo que estava submersa em insegurança.

O som do violino trazia paz aos sentidos da moça. A alegria e a energia positiva daquele lugar eram reconfortantes, assim como os demais casais juntos, em sintonia em danças belas e totalmente intuitivas. Conforme os seus passos a levavam para longe da multidão e do glamour do baile, Nora compreendeu que estava ligada a uma linha tênue ao homem que gostaria de encontrar. Tentou se convencer que por extinto o acharia, como uma brincadeira inocente de esconde-esconde.

O ar gelado tomou conta dos pulmões da garota e ela prendeu a respiração intuitivamente quando chegou à sacada: Lá estava ele, coberto com uma roupa totalmente negra, em contraste com seus cabelos medianos e escuros. Poderia dizer que realmente formavam um par, por hora deveria ter sido essa a intenção quando aquele cara misterioso enviou-lhe de presente o figurino completo que o deixaria extasiado ao vê-la, assim Nora esperava.

O homem se virou e cumprimentou-a com um sorriso amistoso, mas cheio de segundas intenções e desejo. Ela estava onde ele queria que estivesse e vestida como sonhava em vê-la. O busto seminu o instigava a descobrir a sensação de como seria a alça do sutiã deslizando pela pele de boneca daquela garota, mas a sua curiosidade e suas fantasias não cessavam por aí. O anfitrião se moveu para perto de Nora. Sua mão direita tocou a face levemente maquiada da moça e com seu dedo polegar, acariciou-a.

A pele da garota se arrepiou com um simples roçar inocente, e o seu rosto ganhou uma tonalidade rosada que nem a camada grossa de pó disfarçou. Submissão nunca fez parte do seu caráter, Nora sabia, tinha certeza de que suas ordens sempre eram absolutas e que o baque do seu coturno no assoalho assustava qualquer bom novato da sua facção. Mas, aquele homem a tirava do sério. Nora, uma boa menina? Talvez quando era uma criancinha mergulhada em mil fantasias de livros de contos de fadas, porém, de forma detestável, Vincent obrigava-lhe a seguir suas regras, o seu ritmo.

Nora entreabriu os seus lábios tomados por uma fina camada do batom sabor morango, e novamente os dedos do seu parceiro pousaram sobre a carne macia e rosada, resultando em protestos silenciosos da garota. O coração da moça se sobressaltou quando Vincent curvou levemente o seu corpo, oferecendo-lhe a mão como um convite formal para uma dança.

Os passos recíprocos ecoavam baixo na sacada escura, a música soava como uma melodia extasiante, um gatilho para uma aproximação mais quente dos corpos envoltos na dança sedutora. Os dedos do rapaz deslizaram sobre a pele macia dos braços de Nora, trilhando um caminho luxuoso até a cintura fina da parceira. Os seios presos em um espartilho tomara-que-caia ganharam volume quando colidiram com uma mera força em direção ao peitoral de Vincent. O cheiro de excitação já impregnava junto à mistura dos perfumes.

As palavras que teimavam em sair foram cortadas com o roçar provocante dos lábios dos amantes. Ao amanhecer a linha tênue rompe-se. O ódio se torna a máscara da paixão, ocultando-a. Para os dois, esta pode ser a última dança.


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