Heavy Red Heart escrita por OblivionWing


Capítulo 1
De volta à Mansão Wayne


Notas iniciais do capítulo

Então pessoal, esse é o primeiro capítulo da fic, espero que gostem e comentem, curtam pra ver a continuação!



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Existia alguma coisa dentro de Jason – um tipo de raiva irracional que ele não podia controlar. Qualquer tipo de situação um pouco diferente com a qual tinha que lidar se tornava algo violento e destruidor. Socava a parede, o chão, a cara de quem estava perto. Seu quarto, inclusive, estava cheio de marcas de punhos, balas e sabe-se o que lá mais. Ria meio sombrio enquanto olhava para aquilo.

            - Quero só ver a cara deles se entrarem aqui...

            Fazia alguns dias que Jason foi levado à Mansão Wayne. Obviamente não sob vontade própria. Tinha se machucado em algum tipo de briga na rua, não conseguia lembrar e foi levado por Dick Grayson e Tim Drake depois de ter sido encontrado. Por ele, devia ter ficado lá, mas a dupla parecia que não aprendia os xingamentos e porrada que Jason já tinha proporcionado aos dois – especialmente Drake, o substituto – e sempre tentava o ajudar. Além de tudo, tinha que viver no lugar onde trazia lembranças duras e tristes.

            - Patrão Jason, por favor, desça para o almoço. – ouviu uma voz na porta.

            Alfred continuava o mesmo de sempre, completamente leal aos Waynes e seus adotados. Jason dá outra risada sombria e pensa: Otário. Nem chegaria a responder.

            - Patrão Drake está o esperando para comer.

            - ...

            Ficou olhando para o teto mais alguns minutos. Maldito Tim Drake. Será que ia ter que quebrar a cara dele novamente? Será que ele não aprendeu ainda que não queria nem olhar para a cara do infeliz? Só de respirar o mesmo ar que ele fazia-lhe sentir uma espécie de revolta – muito mais que quando estava perto de Dick Grayson – ou do que o pirralho do Damian. Respirou lentamente. Infelizmente estava com fome.

            - Manda ele à merda. – foi o que conseguiu dizer.

            Esperou um pouco mais e desceu, marchando e fazendo barulhos com os pés. Estava irritado de novo.

            - Bom dia, Jay. – Tim Drake estava o esperando com um sorriso, cabelo negro sobre os olhos e cara de sono.

            - ...Cala a boca, idiota. – Jason se senta na frente dele – E Jay é o caralho.

            O menor ri um pouco e isso ainda o irrita mais.

            - Algo engraçado?!

            - Seu cabelo.

            Jason olha para um grande espelho ao lado da mesa, vendo seu cabelo todo bagunçado e pra cima, parecendo uma criança que acabou de acordar. Sente o rosto aquecer.

            - ...Tsc. O seu não está muito melhor, Drake.

            - Tim. – Red Robin o olha meio sério – Não precisa de tanta formalidade, somos irmãos.       

            - Não sou seu irmão. – Jason revira os olhos – Que mania de vocês acharem que somos uma família feliz. Família não deixa ninguém morrer. – o coração de Jason parecia pegar fogo novamente.

            - Eu sei...- Tim faz uma expressão triste – Eu sei por tudo que passou...

            Por um momento Jason ficou meio desconcertado. Foi a primeira vez que alguém demonstrou estar triste sobre isso. Bruce era sempre tão sério e Dick tentava ser o mesmo que ele, então apenas o repreendia. E Damian...bem. Aquele moleque era um escroto.

            - E – Tim continuou – Eu entendo que tenha raiva de mim. Aquele dia que você me bateu...vi como você é forte. Não consegui pará-lo. Pude sentir seu ódio nos punhos, Jay...mas quero que saiba que eu nunca pedi pra ser substitu...          

            Jason bate as mãos com força na mesa.          

            - Eu nunca pedi sua pena, Drake. Eu vou voltar pro meu quarto. Coma sozinho.

            - Não é pena. – Tim o olha, seguro – Eu nunca poderia entender o que você passou...mas quero ser seu amigo.

            ...?! Que? – Jason parecia meio incrédulo.      

            - Você não deixa ninguém se aproximar...Está sempre sozinho e ainda sempre se machuca na rua...

            - ...- Jason continuava sem palavras.

            Alfred chega com a comida e os serve.

            - Bom apetite.

            Jason sentiu o coração bater forte e diferente e pela primeira vez em anos, a raiva deu lugar à algum outro tipo de sentimento. Ninguém nunca tinha se interessado em se aproximar assim antes...

            - Cale a boca, Drake. – foi só o que conseguiu dizer.

            Jason já estava à mais de 4 horas trancado no quarto. As feridas já estavam quase que completamente bem, então não via a hora de poder dar o fora dali. Olhou os braços, já cheios de cicatrizes de marca de facas e outro tipo de armas que se usava em Gotham. Eles nunca iriam saber o que ele estava fazendo por aquela cidade. Podia doer. Ele estava preparado. Nem Bruce, nem qualquer um podia entender de que era aquilo que a cidade precisava, ordem, através do medo ou do que fosse. Jason era um homem perigoso – já tinha perdido as contas de quantos já havia matado, em momento de raiva ou não – então não tinha muita consciência do que fazia. Começou a enrolar novamente faixas no braço com curativos e então, houve algumas batidas na porta.

            - Quem é?

            Ninguém responde e as batidas continuam.

            Saco.

Ele bate o pé forte no chão e abre a porta rapidamente.

...?!

— Er...oi Jason. – Tim estava parado na porta com roupas casuais que mais pareciam um pijama segurando um porta CDs.

— ...Que é que você quer? – Jason dá um suspiro.

— Pensei que podíamos jogar...alguma coisa? – Tim parecia meio inseguro, olhando para os lados.

— ...Jogar...?

— Videogame! No seu quarto também tem um! – ele aponta e Jason segue com o olhar.

— Sério?

— Ah, qual é, faz tempo que você não joga nada, né? – Tim vai entrando no quarto.

— Eu não lembro de...

— O que é que aconteceu aqui? – Tim olha para as paredes.

— ...O mesmo que vai acontecer com você se você não sair daqui. – Jason responde em tom ríspido.

— Você não vai me bater. – Tim encara-o –

— ...- Jason tenta encarar o par de olhos azuis de volta, mas desiste. – Tá. O que tem aí?

— Venha ver se gosta de algum.

Jason abre o porta-CDs e acha alguns jogos que sempre teve vontade de jogar, só não podia. Os traficantes de Gotham precisavam de um fim, então nem tinha como sequer pensar em poder parar pra jogar videogame. Mas ali, naquele momento, não parecia algo ruim...

— Esse aqui. – Jason escolhe e entrega o CD à Tim.

— Vou te detonar nesse. – Tim dá um sorriso e Jason ficou observando-o.

— Há. Vamos ver.

Passaram-se algumas horas e Jason tinha esquecido como era dar risada e fazer piadas com alguém. Tim poderia ser muito divertido – se não fosse um otário. Era isso que Jason mantinha em mente. Os dois trocavam ombradas leves para se provocar enquanto jogavam.

— Acabei com você, pirralho! – Jason dá um soquinho de leve no ombro de Tim.

— Argh. Depois de um monte de tempo apanhando. – Tim dá uma risada.

            - Também, você é um viciado que nem deve sair na frente de um videogame.

            - Retire o que disse, Jay!

            - Já falei pra não me chamar de Jay! – empurra Tim de leve para trás –

            Tim, rindo, empurra Jason para trás com mais força, e assim a brincadeira continuou, até Jason empurrar Tim muito forte para trás, segurando os braços dele no chão.

            - Viu? Eu sou mais forte.

            O menor continuava rindo, com o rosto meio corado pelo esforço da brincadeira e os cabelos meio longos sob os olhos. Jason afastou os fios. Olhou para Tim abaixo dele e sentiu novamente aquela coisa estranha de mais cedo. Deu um sobressalto pra trás. Mas o que...

            — Jay? Aconteceu algo? – Tim se levanta e o toca no ombro.

            - S-saia! – Jason rosna – Saia do meu quarto! Agora!

            Tim o olha sem entender, meio magoado com a situação.

            - Eu fiz algo...?

            No mesmo momento, se escuta uma voz da porta.

            - O que estão fazendo aí? – o jovem alto e com cabelos negros, junto com uma versão mini de Bruce Wayne aparece na porta –

            - Dick? Damian? – Tim olha para eles. – Estávamos jogando videogame e...                             

            Tim dá uma olhada para Jason, que estava com o rosto contorcido de algo que não pôde identificar.

            - Estavam jogando sem mim?! – Damian Wayne fala em uma voz fina – Eu vou matar vocês!

            - Vá com calma, Damian. – diz Dick Grayson em voz baixa. – Eles só estavam com medo de perder pra você. – o moreno dá uma risada –

            Damian e Dick vão para dentro do quarto e vão pegando os controles. Isso fez Jason se distrair um pouco do que havia acontecido mais cedo. Os outros meninos riam e também se divertiam, fazendo com que Jason soltasse uma piada ou outra e todos rissem. Evitava olhar para Tim Drake. Queria ficar meio longe dele enquanto entendia o que houve. Damian gritava alto e era rude, porém era de um jeito engraçado. Olhando os quatro juntos no quarto, até deu uma sensação de que aquilo poderia ser realmente uma família – quatro irmãos jogando num final de semana. Soltou um suspiro. Infelizmente, nunca poderia acontecer de verdade.

            Logo quando terminaram de jogar e cada um foi pro seu quarto, Tim Drake deu uma última olhada para Jason antes de sair. Jason apenas desviou o olhar. Aquele moleque era diferente dos outros dois. Tinha alguma coisa que começava a irritá-lo muito. E pela primeira vez naquele dia, Jason socou a parede. Com tanta força que fez as juntas dos dedos sangrarem. Socou novamente, sentindo novamente aquela raiva. Poderia ser no rosto dele, não poderia? Tirar aquela expressão angelical daquele rosto.

Mais um soco.

            Já havia perdido algumas noites de sono pensando nele. Vendo fotos dele. O substituto. Quem deveria morrer. Quem tirou seu lugar. Quem Bruce gostava mais...

Mais um soco.         

            Eu te odeio Tim Drake. Por que...teve que se mostrar tão frágil perto de mim?

            A visão de Tim deitado sob ele naquela tarde, rindo, com o rosto inocente, com os olhos azuis...

Mais um soco.

            Teria sido tão mais fácil matá-lo...Mas agora...

E incontáveis socos foram dados naquela noite, na parede dura e fria.

Deixando rastros de sangue igualmente frio na tinta branca.


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