Escola de Mutantes [HIATUS] escrita por Gabriel Az


Capítulo 3
02. Brutal


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, fiz esse capítulo com entusiasmo.



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Meu deus do céu, esse cara é incrível! O sarcasmo que é encontrado em sua fala deixa a situação um pouco menos estressante mesmo que por poucos segundos. O tempo parece passar devagar com não só ele, mas todos os outros ali, a determinação de cada um é contagiante, eu quero ir para cima daqueles patifes! Posso acabar morrendo até por estar fraco, porém, não me importo em socar a cara de um até a morte — a quem eu quero enganar? Não mato nem uma formiga, conseguir acabar com a vida de um daqueles monstros em forma de humano seria um feito e tanto —, tenho perguntas a fazer assim que isso acabar. A primeira seria: o que é Império? Juro que em boa parte dos anos que já vivi aqui nessa distopia nunca ouvi falar de nada do tipo. Sei que há o governo que é extremo na decisão de aprisionar as pessoas que são diferentes do típico clichê que acontece nas famílias “normais”, puta merda, a cada dia que passa eu percebo o quanto eles são uns verdadeiros filhos da puta. Eu vou mudar isso, senão não me chamo Luke.

Voltando ao assunto principal, não posso esconder que meus olhos brilharam, sim, brilharam por causa da audácia das pessoas em virem salvar alguém que elas não sabem nem se vai trai-las em algum curto período de tempo, eu posso afirmar que posso tomar essa decisão. Não sou nenhuma princesa de contos de fadas para ser salvo, minha vida estava perfeita até esse momento, claro que sem eles eu já estaria morto porque não sou imortal a balas, mas era tudo quase perfeito. O velho ali de alguma maneira estava certo, diante de todos presentes no local éramos aberrações, desde que os mutantes foram descobertos o mundo entrou em colapso. Mas vale lembrar que aberrações também tem uma alma, e ainda que ela fosse um pouco mais escura que o normal, ainda era uma alma.

Esse lugar — imundo e mal cuidado — provavelmente somente servia de palco para torturas e entretenimento sádico do povo, dá para ver ratos passando pelo local, não tenho medo, mas no mínimo são nojentos. Não preciso medir minhas palavras para falar de toda a desgraças que agora acontecem no mundo, lembro que, ainda quando viva, minha vó me explicou que isso era tipo a política do pão e circo, só que mais de quinhentos anos depois. Por falar nisso, nunca pensei que torturar pessoas era diversão, mas o mundo mudou, e infelizmente, para pior. Não posso deixar de dizer que aquela pequena praça ganhava mais alma com a batalha pela minha posse, pela primeira vez na vida me sinto importante para alguma coisa. Se esse grupo de boas pessoas ganharem posso manter minha esperança em um mundo melhor ainda viva, sorri, pois não há motivos para eu temer todos que até agora me ajudaram. Obrigado desconhecidos, por enquanto eu amo vocês como eu amo bandas dos anos 70.

— Império. — o rapaz que havia se atirado em minha frente começou a rir assim que falou tal palavra. — Por acaso não possuem nome melhor? Ninguém tem medo de bichinhas que carregam uma arma.

— Além de não terem um nome bom, copiam as coisas de Star Wars. — um dos gêmeos se pronunciou enquanto ria da mesma coisa que o outro homem. — Quem é o líder de vocês? O Darth Vader?

Ri, aquele garoto era engraçado. Eu nem lembrava mais dessa franquia, é um pouco antiga, descobri sobre ela ainda quando a internet era liberada. Obviamente utilizei um programa para conseguir os downloads de graça. Lembro disso até hoje porque minha avó foi à loucura quando ouviu os barulhos de “zión” que eram ecoados do meu quarto, é provável que deve ter sido algo do tempo de sua infância ou adolescência. Doce vovó, daria tudo para ter a senhora comigo contando uma história antes d’eu dormir que nem quando eu era criancinha, porém, todas essas memórias são apagadas pelo ódio que tenho de pessoas como esses desgraçados que invadem a casa dos outros, tiram o seu maior bem e vão atrás de você por último. Vou matar um por um nem que eu tenha que acabar com a minha própria vida no final.

— Cala a boca, pau no cu, presta atenção no que eu falo. — o rapaz desferiu um golpe verbal no outro garoto, o observei com um ar de desprezo. Para que agredir? Não tem necessidade isso. — Viemos aniquilá-lo, seu velho drogado.

Ok, informações. A voz não parecia a de um idoso, mas chamaram ele de velho, então pode ser que ele usa alguma magiazinha para abafar o desgastamento de seu falar, pedirei uma recomendação. Dá para ver o espanto na minha cara, mas ela tem um motivo, é um velhote! Será que matarão ele? Seriam uns monstros. Eu não vou fazer nada, não me convocaram para nada. Eu nem sabia que um grupinho de adolescentes — pelo menos é o que aparentam ser — iria me salvar. O rapaz que havia se jogado na minha frente correu com sangue no olhar e parou para tentar captar algum sinal ou algo parecido.

— Na torre! Ele tá lá! — gritou mais um clone idêntico, também chamado de gêmeo. Há uma torre enorme um tanto quanto perto daqui, são no máximo uns cinco minutos para chegar lá andando, mas nesse tempo o homem já deve ter escapado, como que não pensaram nisso? Me resgataram, mas deixarão um maluco à solta.

O menino assentiu com a cabeça assim que ouviu a informação. Houve então um espetáculo. Sua velocidade parecia dobrar a cada passo que ele dava e seu corpo parecia se projetar a frente de si mesmo, é muito difícil descrever, mas posso dizer que ele estava sendo fantástico como um velocista. Sei que agora o otário vai esboçar desespero, seu plano havia falhado a partir do momento em que aquela equipe soubera da minha existência, recuei, por medo de acontecer algo comigo, o jovem já estava com um impulso incrível e então saltou, quebrando uma janela. Parece que pessoas que querem ser heróis ou heroínas tem uma certa “janelofobia” já que sempre as quebram. Aquele era o vidro que provavelmente separava o “ditador” dos “revolucionários”, ele demorou poucos segundos ali dentro porque em pouco tempo voltou com um velho segurado pela gola de seu terno e o jogou na multidão com brutalidade. O impacto foi forte.

A população ficou com uma grande inquietação, me pergunto o que aquele senhor já passou. Sua pele era de uma beleza incontestável mesmo apresentando rugas por todos os lados, desde o pescoço aos olhos; seu cabelo branco é pouco, mas o suficiente para lhe deixar estiloso, sexy — ao menos o suficiente para um velho. O rapaz após jogá-lo ao chão, ficou observando o sangue que saia do homem, de alguma maneira ele ainda estava vivo mesmo que tenha sido jogado com vontade contra o piso. O cara colocou seu pé sobre peito do moço e começou a pôr força nisso. Estava sendo bruto. O assustador é que ele não achava isso uma coisa péssima a se fazer, o rapaz não temia os cidadãos a lhe olhar com medo, as crianças que ali estavam, ele esboçava um sorriso como se aquilo fosse um show de comédia com humoristas qualificados. Declarei a mim mesmo que não podia deixar isso impune, não iria mata-lo ou coisa assim, mas mesmo o maluco idoso sendo um megalomaníaco, ele ainda era velho e velhinhos não sofrem a não ser com a solidão de serem internados em um asilo e ninguém ligar para eles. Empurrei o garoto, que se desequilibrou mas continuou em pé. Ele me observou com desdém, mas não fui intimidado por seu olhar porque eu nem ao menos olhava para ele.

— Nunca mais faça isso. — ele me repreendeu enquanto voltava para o lugar onde os outros estavam, sua entonação no nunca foi diferente das demais palavras. Ele fala sério. O menino espiou o corpo do homem que estava ali, se contorcia aos prantos, gritava, eu não aguento ver essa cenas como essas, o senhor morreria em poucos minutos, quis ir para o mesmo local que o rapaz, mas o ancião segurou minha perna.

— Você é diferente deles, Lucas. — ele disse enquanto tossia. Além de ter errado meu nome, era uma cena nojenta ver seu sangue escorrendo da boca como se ele estivesse babando. O guri deve ter uma força incrível para conseguir acabar com alguém assim. — Você tem a coragem de sua mãe.

Não conheci aquele senhor. Ele nunca foi na minha casa, nunca havia jantado comigo, nunca havia feito meu café na cama e muito menos tinha me beijado na barriga quando eu era indefeso. Não há maneira nenhuma de saber se ele já esteve comigo, isso é correto de afirmar. Mas todo mundo que já conheceu minha mãe sabe que eu odeio ficar parado e odeio ser obrigado a fazer algo. No caso de quando fui preso, fui obrigado as duas coisas, e o final da história não iria ser bom.

Me larguei dele e pus a respirar fundo, quis acabar logo com seu sofrimento, canalizei uma pequena proporção de gelo sobre minhas mãos, era quase idêntico a um cristal e desferi um forte golpe em seu abdômen, visando seu coração, fechei meus olhos e pus a derramar pequenas lágrimas enquanto o arranquei, a morte foi instantânea, o deixei no chão e abri meus olhos, a multidão ia vir me atacar, entretanto a garota de antes correu e fez uma barreira em volta de mim, uma espécie de esfera. O povo tentava me atingir jogando tochas sobre mim juntamente com as suas adagas também não ultrapassavam o campo de força, me levantei enxugando o choro que havia derramado e fui voltando ao grupo, que sentia por mim, era a primeira vez que eu havia matado alguém, e essa não era uma sensação boa, nem um pouco. A mulher também fez o mesmo que havia feito comigo com os outros, todos seguraram as mãos e depois de uma série de palavras em línguas estranhas ditas pela garota fomos meio que teletransportados, e num rápido flash de luz conseguimos chegar até uma espécie de campo. Eu havia matado alguém, isso é normal para algumas pessoas, mas eu tenho dezesseis anos, e assassinei uma pessoa. E isso é imperdoável


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, um beijo e um queijo!



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