What About Now? escrita por Manih


Capítulo 7
Cidade de Ratos


Notas iniciais do capítulo

Olaaaa abiguinhos!! Demorei mas cheguei! Devido aos meus trabalhos na faculdade e emprego, tenho ficado um pouco sem tempo...mas como vocÊs insistiram tanto, resolvi postar o cap ( que já estava escrito faz um tempinho) e irei continuar a fic, não se preocupem!

Boa leitura!



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16 de Agosto

Já estávamos na estrada há dois dias. Logo chegaríamos a Londres e eu já tinha  um plano base para encontrar George Wickman. Durante a viagem, Elizabeth permaneceu quieta, totalmente diferente de seu habitual.  Seu olhar estava cabisbaixo e estes não foram direcionados à mim uma vez sequer. Vê-la triste e não poder abraça-la e confortá-la é extremamente desgostante. Charles, com sua excelente educação, não ousou perguntar algo íntimo para a dama e desta forma, nossa viagem foi praticamente em silêncio. Era perceptível a preocupação dele com a situação misteriosa.

Durante a viagem silenciosa, pude ponderar melhor sobre a situação. Apesar de pouco afetiva, a carta de Mary Bennet refletia exatamente a situação dos Bennets perante a sociedade. Se a irmã não fosse resgatada, de preferência casada, o nome da família seria manchado por todas as suas gerações. Para a sociedade, o caráter de um membro da família poderia ser imitado por todos os outros. É possível que, além da preocupação de Lizzy, ela também estivesse resignada com a possibilidade de seu caráter ser anulado perante o caráter de sua irmã mais nova.

Há um tempo, eu poderia pensar desta forma. Orgulhava-me de meu julgamento, tão assertivo como o da sociedade. Contudo, como poderia eu, neste momento, julgar moças tão decentes quanto Jane e Elizabeth por causa das atitudes de Lydia? Ou então, julgar a jovem moça que teve o destino que, outrora, minha irmã teria. Poderia eu julgar a educação que Mr. Bennet deu a sua filha e culpa-lo inteiramente: mas então eu também teria que me culpar, pois a educação de Georgiana não a impediria de fugir se eu não tivesse descoberto antes o seu plano.  Tanto minha irmã quanto Lydia foram enganas em sua juventude pela mente argilosa de Wickman e suas falsas promessas de amor. A diferença é que Lydia não teve a sorte que Georgiana teve. Mas ainda sim, ela tem o amor de sua família que, neste momento, busca resgatá-la.

E se minha irmã tivesse fugido naquela época, teria nossa família a recebido de volta? Teria eu, com o orgulho e nome manchado, a recebido de volta? Seria o meu amor fraterno menos do que o orgulho perante a sociedade?

Não consegui encontrar resposta. Teria eu me tornado uma pessoa amarga e sem coração, como minha tia Catherine que se julga acima de qualquer pessoa, a ponto de achar-se no direito de ofendê-la?

Quase no final do segundo dia, Elizabeth passou cerca de uma hora olhando fixamente para Bingley. Percebi que ele havia reparado, mas não sabia como perguntar sobre. Então sua voz soou cortante em meio ao silêncio.

“Minha irmã mais nova, Lydia, fugiu com Mr. Wickman”. Ela declarou, com o olhar fixo no rapaz que arregalou os olhos.

“Desgraçado!” exclamou meu amigo. “O que foi feito para reavê-la?”

“Meu pai e tio foram atrás deles em Londres.” Ela respondeu.

“Como ele pôde sequestrar uma moça tão jovem e inocente? Darcy, porque não está surpreso? Você sabia dessa atrocidade?” ela disparou e eu sorri pelo bom coração de meu amigo. Ele nem cogitou em falar mal da jovem, e creio que Elizabeth percebeu esse fato também, pois esboçara um pequeno sorriso.

“Eu li a carta, a pedido de Miss Bennet.” Eu disse. “E por isso estou acompanhando-a até Londres.”

“Entendo. Qual o plano?” ele perguntou olhando para mim. Elizabeth franziu a testa, não entendendo a pergunta, mas eu havia compreendido.

“Em Londres tenho alguns conhecidos e alguns nomes que talvez me levem a encontrar o cafajeste.” Eu respondi.

“Oh!” ela exclamou, finalmente compreendendo. E corou. Gaguejou algumas palavras antes de conseguir respirar fundo. “Não há necessidade de se envolverem, por favor. É um assunto de família e eu gostaria que não fosse explanado... Na verdade eu apenas contei porque...porque...”

Charles inclinou-se, ficando mais próximo dela. “É um dever defender a honra de uma donzela. Não fique preocupada, Lizzie, pois eu e Darcy nunca iremos tocar no assunto com alguma pessoa que não tenha conhecimento acerca da situação. Por favor, permita que seus amigos lhe ofereçam ajuda nessa difícil situação.”

E então, após agradecer, ela chorou e permaneceu chorosa por algum tempo. E eu permaneci em silêncio, me recriminando por não ter sido eu a proferir aquelas palavras. Qual é o meu problema? Por que não consigo ter tão amigo e casual como Charles é?

Chegamos a minha casa em Londres tarde da noite e resolvemos que iriamos descansar e amanhã encontraríamos Mr. Bennet.

17 de Agosto

Quando oferecemos nossa ajuda para Mr. Gardiner e Mr. Bennet, eu vi alivio nos olhos do primeiro e descrença no do segundo. Tivemos que ser firmes em nossa oferta para que ele aceitasse. Deixamos Elizabeth na casa de seus tios acompanhados de sua tia e partirmos a procura. Informei os estabelecimentos que Wickman costumava frequentar em sua juventude e nos separamos. O dia foi cansativo, mas tivemos alguma resposta: o fugitivo foi visto na parte Leste de Londres. Depois de um cansativo dia, jantamos todos com a Sr. Gardiner e nos recolhemos cedo devido ao cansaço.

18 de Agosto

Antes de chegar à sala onde o café da manhã seria servido, avistei Elizabeth no corredor.

“Bom dia Mr. Darcy.” ela falou, com a expressão triste.  Sua preocupação com a irmã era totalmente evidente.

“Bom dia Miss Bennet.” Eu respondi. “Sei que, talvez, não seja um momento propício para o assunto a qual quero tratar com a senhorita, mas entendo que quando uma mentira passa muito tempo sem ser descoberta, ela acaba virando verdade perante aos olhos daqueles que acreditam nela.” Eu disse, um tanto enrolado. “Eu não pedi Mrs. Bingley em casamento. A cena que ela descreveu, naquele dia na biblioteca, foi totalmente falsa. Quer dizer,” eu respirei fundo. “Eu realmente estava andando com Caroline, mas ela teve um mal súbito e eu apenas a amparei até chegar à casa”.

“Eu acredito em você, Darcy.” Ela disse. “Caroline nunca me enganou com sua falsidade”.

“Mas não me deu a chance de esclarecer o assunto”. Eu repliquei e ela apertou os lábios.

“Eu apenas quis sair o mais rápido possível de perto do veneno dela. Fico agradecida por já termos esclarecido tudo”.

“Sim, que bom.” eu disse um pouco aliviado. Permanecemos nos olhando por alguns segundos e então fomos para o desjejum. E eu, recém-acostumado com os sorrisos e brincadeiras de Elizabeth, me vi pensando o quão triste o dia era com o desanimo e distanciamento que nela estava.

Dessa vez, todos os cavaleiros foram para o Leste, indo a cada pousada, casa ou estabelecimento.  Tivemos que trocar informações por dinheiro, mas por fim conseguimos um possível paradeiro. Quando batemos à porta da casa indicada, apenas uma fresta da porta foi aberta, mas o suficiente para que eu visse o canalha. Este tentou fechar a porta, mas Mr. Gardiner colocou o seu pé entre a porta e o portal e ajudamos a empurrar.  Wickman pareceu atordoado por algum momento, mas logo o seu sorriso de escárnio surgiu.

“A que devo a honra de tamanha comissão?” ele perguntou.

“Onde está minha filha, seu imbecil?!” vociferou Mr. Bennet, partindo para cima do infeliz. Charles e eu seguramos os braços dele, para primeiro obtermos informações.

“Não sei do que fala, sr. Bennet. Miss Jane está por aqui? Ou Miss Lizzie? Realmente seria uma ótima companhia.”

“Cale a boca e responda onde está Lydia Bennet!” desta vez quem gritou foi Charles.

“Desfiz-me dela já tem alguns dias. Ela já estava torrando a minha paciência” ele disse de forma debochada e senhor Bennet fez o que todos queriam ter feito: pulou no pescoço de Wickman. Com alguma dificuldade, Mr.  Gardiner conseguiu levar seu cunhado para fora da casa.

“Wickman!” exclamou Charles. “Essa família o recebeu de braços abertos como amigo. Como pode usar de uma menina inocente para satisfazer as suas vontades? Não pensou que isso poderia destruir a vida dela?”

“Deixem de ser hipócritas!” ela exclamou, rindo zombeiro. “Aposto que sua preocupação tem um nome e sobrenome: A reputação de Jane Bennet. Como você poderia pedi-la em casamento agora que sua família está desgraçada?” ele riu novamente. “Ah não, espera, você foi embora e a deixou em prantos!”

Charles ficou branco.

“E você, querido Darcy. Já imaginou as paredes de Pemberley manchadas pela reputação de sua adorada Elizabeth?” Charles olhou confuso para mim. “Ou pensa que eu não percebi que você estava deveras inclinado? Por que acha que eu me aproximei tanto de Lizzie?”

“Não ouse falar da reputação de Jane! Ela é um anjo e eu me casaria com ela mesmo que toda a sua familiar esolva fugir com canalhas como você!” Charles gritou, transtornado, fazendo o homem a nossa frente rir.

“Vamos Charles, creio que não obteremos mais informações por hoje” Eu encarei o afilhado de meu pai.  Não conseguia lembrar de nossas brincadeiras infantis sem sentir asco pelo homem vil que tinha se tornado.

Saímos do ambiente e encontramos Mr. Gardiner ainda discutindo com Mr. Bennet. Eu e Charles tranquilizamos o senhor, alegando que iriamos ajudar a procurar a filha perdida até encontrá-la. Passamos o restante do dia perguntando nas casas vizinhas sobre o paradeiro de Lydia, mas ninguém soube dar nenhuma informação. No final do dia, nos sentamos à mesa, desanimados. O jantar foi em completo silêncio, cada um refletindo sobre como iriamos encontrar a menina perdida nessa cidade de ratos.


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Notas finais do capítulo

Até a próxima!



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