- Eu... - senti sua respiração perto, aliás, muito perto de mim. Ora ou outra olhava para cima e seus olhos me dominavam, não conseguia parar, esse garoto sabe o poder que tem sobre mim. Realmente não gosto quando faz isso, enfraqueço por completo.

  Ele de repente começou a rir, como das outras vezes...

   - Sabe Astrid, adoro quando faz isso. - ele pousou suas mãos quentes e grandes em meus ombros, liberando um sorriso de lado, fazendo-me corar ainda mais. Ele riu. - E isso mais ainda. Anda, se não me falar eu mesmo arranco de você.

   Não é coisa boa quando ele fala isso, geralmente são cócegas. Mudei minha expressão para apavorada. Essa não! Cócegas não!

   - Tá, tá bom! - respirei fundo e desviei o olhar. - Você poderia me colocar como a atual líder da academia de dragões de Berk, - voltei a encará-lo. - afinal, tempo é o que falta em você. E... quando estava vindo me distraí um pouco e acabei pousando em uma ilha nova, fiquei me perguntando como ela surgiu, já que já terminamos de explorar cada canto desse arquipélago mais de uma vez.

    Ele pensou por alguns instantes e abriu um sorriso bobo.

    - Se era isso poderia ter falado antes. É claro. Mas para isso terei que convocar uma reunião, até porque não quero que achem que está mentindo. - ele fechou o sorriso. - E não me parece uma coisa boa essa ilha, não quer ir até lá? Explorar não mata ninguém... mesmo se essa pessoa tiver coisas a fazer, talvez possamos passar mais tempo juntos, o que acha milady?

    Confesso que adorei a ideia, então concordei.

    - Tá bom. Mas não pense nem por um segundo que estamos quites, senhor. Ainda estou brava com você! - fiz bico.

    - Olha que não preciso de motivo para cócegas. Mais alguma coisa senhorita? - arregalei os olhos e me calei. - Foi o que pensei. Agora vamos. - ele riu fraco.

    Assenti e ri também.

*

    Antes de irmos à ilha nova, Soluço passou na ferraria e pediu para Bocão avisar a aldeia para estarem no Grande Salão assim que anoitecer. Assim que avistamos o, por causa da distância, pequeno pedaço de ilha, nos entreolhamos e aceleramos o voo, chegando lá em poucos minutos. Sobrevoamos por alguns segundos o local e descemos logo em seguida.

    - Soluço...

    - Eu sei... ela é meio assustadora. Em fim, vamos permanecer juntos, já que o local não é lá muito romântico, se é que me entende.

    - É, eu entendo. Então, vamos começar. Deixamos os dragões aqui?

    - Você quem sabe.

    Bom, eu quero ficar sozinha com ele, faz tempo que não caminhamos ou ficamos juntos...

    - Tá, os dragões ficam. - sorri de lado.

    Ambos grunhiram e deitaram-se. Começamos a andar na direção da floresta, já que estávamos na praia. Pelo caminho íamos encontrando cada vez mais dragões selvagens, Nadder's, Pesadelos, Arrepiantes, Terrores Terríveis e daí por diante... Até mesmo alguns filhotes.

    Eu já estava sentindo um silêncio constrangedor pairar no ar, com certeza aquilo não é nada agradável, sem contar que somos... Arregalei os olhos, senti meu corpo ser puxado, me fazendo sair de meus pensamentos e voltar à vida. Soluço acabara de me puxar e colar seu corpo junto ao meu, admito, até que curti aquilo.

   Fiquei o encarando sem reação, ele revirou os olhos e sorriu de lado, pude sentir sua respiração à menos de 5 centímetros, acabei por entender o recado e o beijei. Ele já estava contando com isso, deu para perceber, já que ele retribuiu rapidamente.

    Foi um beijo calmo no começo, mas ele pediu espaço e deixei sua língua invadir minha boca. Caralho! Como eu amo quando ele faz essas surpresas. Ficamos assim por alguns minutos, porém meus pulmões clamavam por ar, precisava parar, mesmo que eu não quisesse. Separei-me dele com a respiração ofegante, a sua pelo visto estava igual, entrelacei nossas mãos e voltamos a caminhar de volta ao local onde encontrava-se os dragões.

    - Soluço... - ele me encarou assustado. - Calma! Só acabei de lembrar que você ainda precisa terminar de desmontar as armadilhas antes da reunião. E já está quase anoitecendo.

    Sua expressão era puro pavor e surpresa, estava mesmo encrencado.

    - Essa não! O que vou fa... - pus meu indicador sobre seus lábios.

    - Relaxa, eu te ajudo com as armadilhas e a gente vai juntos até o Grande Salão. - falei despreocupada. Ele largou um sorriso e assentiu. Montamos e voamos de volta para Berk.