Five Nights At Decennary escrita por FireboltVioleta


Capítulo 16
Quinta Noite - Parte 2




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Dennis encolheu-se, atônito, sem conseguir despregar os olhos da auror.

— Ande, garoto. Levante-se – sussurrou Hermione, sem tirar os olhos de Lutra.

O rapaz forçou seus joelhos a obedecerem, apoiando-se no caixote, ainda trêmulo de pânico. Assim que se pôs de pé, ladeou Hermione, sem saber o que fazer a seguir.

Lutra piscou de modo zombeteiro, fazendo a luz suas órbitas chamejantes vacilarem por um segundo.

Sabe que isso não terá efeito sobre mim— sibilou a animatrônica.

— Sei – Hermione respondeu – tenho meus planos.

— Ah, você sabe, não é? Você me criou. Existo há muito tempo, bem antes de construir esse corpo metálico. Não sou uma máquina. Não sou uma atração — rosnou – eu a verdadeira Hermione, que lutou tanto para esconder do mundo. A parte negra que nunca quis assumir que existia. Sou o demônio que vive dentro de você.

Hermione recuou um passo, a varinha ainda em riste.

Está errada, Lutra – Weasley vociferou, embora Dennis notasse uma leve hesitação em seu tom de voz – eu nunca tive que esconder quem eu era. Você… - ouviu-a suspirar – é só um eco do meu psicológico. Nada mais. Minha consciência está tranquila.

Uma distorção medonha de voz escapou pela boca mecânica de Lutra.

Não, não está – disse impiedosamente – você se culpa o tempo todo, Hermione. Você é patética. Finge ser segura de si. Finge que tem uma vida feliz e perfeita. Mas você é tão insensível quanto qualquer um desses corpos de metal.

Não é verdade! - a auror exclamou.

Dennis percebeu que a varinha na mão de Weasley começara a tremer. Aturdido, percebeu que os dizeres de Lutra estavam tendo um terrível efeito sobre sua protetora.

Você podia ter feito mais. Podia ter salvo muitos dos que perderam a vida na batalha. Em vez disso, tentou se sacrificar por algo que qualquer outra pessoa poderia ter feito. Quantos aurores já não morreram sobre sua supervisão? Quantos ainda terão de morrer?

A respiração de Hermione ficou errática.

— Não… não é…

Presunçosa e arrogante. Isso custou demais para os outros – prosseguiu a lontra, vociferando – quanto tempo não perderam… quantos entes queridos não perderam… tudo por sua causa? Por você ser fraca demais para proteger alguém? E Rony… por causa de seus erros… quanto não o fez sofrer? Sua tola. Você não é melhor do que os Comensais que matou.

Sem poder ver o rosto de Hermione, o rapaz estremeceu quando ouviu soluçar. Era evidente que Lutra estava evocando memórias torturantes em sua mente.

— Por favor, Lutra…

Você acha que é algum tipo de justiceira, mas deveria se julgar, antes de o fazer com qualquer outra pessoa, Hermione— Lutra continuou seu cruel monólogo – você matou. Você não sentiu nada. Procura o mal do mundo bruxo… quando o maior mal… está dentro… de vocês.

Uma lágrima solitária despencou ao chão, quase imperceptível na escuridão.

Hermione deixou a mão despencar levemente, sentindo as palavras da animatrônica esfaqueando-a psicologicamente. O desespero começou a dominá-la, fazendo-a perder o foco, mergulhando-a num torpor de agonia.

Lutra soltou uma risada baixa.

Mas numa coisa você tem razão, Hermione. Vamos acabar com isso— rosnou, ecoando sua voz distorcida por todo o galpão – de uma vez… por todas!

Ainda dopada pela angústia, Hermione perdeu preciosos segundos, e não conseguiu se desviar da animatrônica que se lançou em sua direção.

Por isso, chocou-se profundamente, quando seu corpo foi lançado para o lado, saindo do caminho de Lutra, que espatifou-se violentamente contra a pilha de caixotes.

Confusa, ergueu a varilha, iluminando sua retaguarda, onde focalizou o jovem Comensal que a empurrara, encolhido contra o chão, segurando um ferimento profundo no abdômen.

Dennis guinchou, sentindo o sangue escorrer entre seus dedos. Tentou se levantar, mas escorregou, convulsionando de dor, sentindo a visão se embaçar, ainda tentando focalizar Lutra e Hermione.

Lutra finalmente se levantou, reerguendo-se em meio a várias lascas de madeira, mirando Hermione com suas órbitas infernais.

Outro de seus defeitos – desdenhou— você nunca aprendeu a morrer na hora certa.

Em seu segundo ataque, porém, a auror já se encontrava fora de seu turbilhão de vulnerabilidade.

Weasley conjurou um escudo contra a animatrônica, que ricocheteou, a poucos centímetros de plantar suas garras no pescoço da garota.

— È – Hermione respondeu, recuperando o equilíbrio – não aprendi. E tampouco aprenderei.

A lontra rugiu, disparando novamente em sua direção, gargalhando diabolicamente com os consecutivos escudos que a auror conjurou.

— Isso não vai nos parar para sempre, Hermione!

Tensa, Weasley percebeu a aproximação de outras cinco sombras.

Encarou cada um dos monstros que havia criado.

Tot ergueu as garras. Harty gesticulou violentamente um dos cascos. Ginger flamejou seus olhos cruéis. Lunny saltou por cima de um caixote, sibilando.

E Teddy, rilhando os dentes, surgiu ao lado, em posição de ataque.

Todos manchados de sangue.

Voltou a focalizar Lutra, ainda conjurando o Feitiço Escudo.

— Tem razão – suspirou – não posso.

Para desespero de Dennis, Hermione desfez o feitiço, soltando sua varinha no chão, fazendo-a rolar até onde o rapaz encontrava-se caído.

Ele a segurou, ainda definhante, sentindo a perplexidade o inundar.

Boa menina, Hermione – Lutra ergueu o focinho, abrindo as mandíbulas – não tenha medo… eu só quero brincar uma última vez… e o que sobrar de você depois disso, eu guardarei comigo para sempre.

O garoto virou o rosto, sem coragem de ver Lutra abocanhando o crânio da auror.

No entanto, no lugar de um som alto e nauseante, ouviu-se um berro contido de dor.

Dennis voltou a olhar, espantando-se ao ver o braço de Hermione prensado entre os dentes ensanguentados de Lutra.

A auror resfolegou dolorosamente, sentindo toda a extensão do membro superior direito sento esmagado e triturado pelos dentes afiados do endoesqueleto da animatrônica. Sangue começou a verter-se pelos dentes de Lutra, cujo rosnado enchia a audição de sua vítima.

Tonto, com a visão escurecendo lentamente, Dennis ainda pôde, num último segundo, ouvir a risada fraca de Hermione.

— Acabou, Lutra.

Numa cena arrepiante, Hermione virou o braço para cima, ignorando a dor lancinante dos vergões que se rasgavam em sua pele.

Com suas últimas forças, encaixou a mão sobre o focinho de Lutra.

Os animatrônicos gritaram em conjunto, ensurdecendo o já definhante Dennis, que tentou, sem sucesso, arrastar-se para longe daquilo.

Só queria fugir daquele sofrimento.

Só queria que tudo aquilo acabasse.

Finalmente, a escuridão o recobriu, arrancando-o de sua dor.


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