Five Nights At Decennary escrita por FireboltVioleta


Capítulo 1
Prólogo




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LONDRES, 24 DE ABRIL DE 2008

 

A garotinha de cachinhos ruivos arrulhou, gritando de contentamento no colo do pai.

— Cassolo! Cassolo!

Os olhos da pequena brilhavam, admirando o enorme cão de cor bronze, que se encontrava parado diante do galpão.

O pai não parecia menos encantado. Acarinhou a ponta do indicador da mão esquerda, onde, minutos antes, havia coletado um pouco de sangue. Fora o último teste, derradeiro para aferir se a experiência realmente havia dado certo.

— Ele é lindo – comentou, tentando acalmar a filha extasiada – será que…?

A mulher de cabelos negros, que estava ao lado dos dois, deu um risinho de deboche.

— E você ainda duvida? - desdenhou – estamos falando da mente mais genial dos últimos vinte anos, não é? - se aproximou, tocando o focinho macio do animatrônico – toque nele.

Com a proximidade de um grande evento – o aniversário de dez anos da grande Batalha de Hogwarts – as maiores surpresas desenvolvidas pela divisão de aurores do Ministério da Magia estavam finalmente prontas. Através do uso da melhor tecnologia trouxa da época, e incrementadas com magia mecânica, estavam criados os animatrônicos que entreteriam a comunidade bruxa na grande comemoração.

— Deixa eu ver se entendi – o homem soltou a menininha, que saiu correndo para abraçar a perna do cachorro antropomórfico – com o sangue que coletamos, se fez um tipo de núcleo mágico, que foi inserido neles. Sendo assim… como um eco da nossa… vitalidade? - deu uma risadinha quando a mulher riu – sério, não ria! Estou tentando entender, Oliviene…

A secretária do Ministro da Magia revirou os olhos.

— Sim. Resumindo, a “essência” de vocês será o que moverá os animatrônicos. Eles terão parte da personalidade de vocês… quer dizer, apenas à noite, segundo ela. Durante o dia, apenas atenderão á programação que instalaram nesse tal de chip de inteligência artificial, ou seja qual for o nome.

— Ainda não entendi – bufou, fazendo-a gracejar de novo – mas que seja.

Virou-se para o cachorro novamente, admirando os detalhes que haviam sido criados em seu corpo. De cor ruiva, focinho e cabeça arredondados, orelhas longas e caídas, e grandes olhos esverdeados, o animatrônico chegava a lembrar vagamente o bruxo cujo sangue trazia em seu núcleo. Um pergaminho tachado em seu peito o identificava com o nome que ele lhe dera: “Teddy”.

Ao lado dele, em posição ereta, repousavam os outros cinco animatrônicos, trazidos no dia anterior para o local.

Um deles, um cervo de cor acinzentada, e pequenos chifres amarelo-escuros, parecia observar secamente a janela adiante com os olhos azuis, trazendo o nome “Harty” em seu pergaminho. “Lunny”, a lebre amarela e rechonchuda ao seu lado, ostentava a mesma expressão congelada e sem vida. Uma égua, de cores semelhantes à de Teddy, tinha afixado o nome de “Ginger” em seu ombro, ladeando um leão pardo de juba negra, nomeado como “Tot”. Por fim, no final da fileira, o último animatrônico, uma lontra marrom de olhos chocolate, expunha o nome “Lutra” na mão entreaberta.

O rapaz suspirou, levando a mão ao focinho do cachorro.

A criança deu um ganido de divertida surpresa quando o animatrônico estremeceu, se inclinando repentinamente pata frente, entreabrindo a boca e soltando um sonoro latido. Também espantados, os adultos admiraram Teddy sacudir a cauda, virando a grande cabeça para a menina e focinhando suavemente seu rosto.

Olá! Sou Teddy!— reproduziu a caixa de voz do animatrônico, para delírio da pequena.

— Eu te amo, Teddy! - ela riu, abraçando-se no cachorro robótico.

— Incrível – entoou, assistindo a filhinha se deleitando com a presença de Teddy – as reações são quase semelhantes à de um corpo humano – envergou a cabeça – achei ridículo o nome do leão, mas quem sou eu para julgar o nome que Neville botou?

— Seu maldoso – piscou a mulher, fingindo censurá-lo, porém achando graça – eles só desativam-se com o toque do respectivo doador, ou com a desabilitação do animatrônico matriz – apontou para a lontra ao fim do corredor - ponha a mão nele outra vez.

O ruivo repetiu o gesto, tocando o corpo do cachorro, ao que Teddy congelou, reerguendo-se e voltando inexpressivamente para a fileira de animatrônicos.

— Fascinante…

— Cassolo! - choramingou a bebezinha, sacudindo a manga da blusa do pai.

— Você vai vê-lo de novo, querida… - pegou a garota no colo outra vez - em alguns dias. Eu prometo – franziu o cenho – aliás, onde a sua mãe está?

Oliviene indicou a porta dos fundos com o polegar.

— No terraço, imagino – deu de ombros, sorrindo – se fosse ela, depois de tanto planejamento na Iniciativa Otter, também ia querer um momento para respirar…

Os dedos da moça tamborilaram no parapeito da varanda.

Um sorriso brincou em seus lábios entreabertos, dando-lhe um ar de pervertida satisfação.

Havia feito tudo minuciosamente, de modo tão sutil, que nem mesmo os seus amigos mais achegados poderiam ter desconfiado.

Vira a guerra com os próprios olhos. Sofrera seus efeitos. Vira o sofrimento dos que lhe eram queridos.

E sabia que, enquanto não extirpasse cada semente que sobrevivera àquele inferno, o mal que havia no mundo bruxo ainda seria uma ameaça. Ainda poderiam haver mais guerras, mais mortes… mais angústia.

Então, com a sugestão de desenvolver algo surpreendente, vira ali a oportunidade de desenvolver um velho sonho de criança… e adaptá-lo à um objetivo mais sombrio.

Durante o dia, seis adoráveis animatrônicos fariam a alegria de crianças e adultos, simbolizando a face daqueles que haviam lutado e sobrevivido para proteger a todos.

Porém, à noite, quando seu plano começasse a se desenrolar, eles seriam o maior pesadelo dos que haviam assassinado e ferido os que ela amava.

Cansara de viver tentando ver o melhor nas pessoas. Não podia continuar vivendo com o fato de que cinco dos piores Comensais da Morte ainda se encontravam foragidos, depois de tanto tempo tentando rastrear uma pista que fosse.

E agora havia pensado no melhor jeito, de enfim, encurralá-los.

Daria um fim naquilo.

Em apenas cinco dias.

Faltava pouco agora.

Não se preocupe, Hermione…. Agora você entende. Vingança é um prato que se come frio.

 

 


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