Para Alguém Muito Especial

Querido "amigo"

Estou lhe escrevendo algo que há muito tempo quero te contar.
Há quatro anos nos conhecemos, você era muito amigo da minha amiga e na época, pensei que você gostava dela, eu mal sabia que era por outra amiga nossa que você nutria esses sentimentos. Nesse tempo eu só andava e conversava com você por causa da nossa amiga em comum.
Um ano e meio passou, ela parou de frequentar a igreja e a falta de alguém pra me relacionar acabou me aproximando de você, o amigo da minha amiga. Assim começamos a desenvolver uma amizade mais sólida e a ter o mesmo grupo de amigos, foi você que me integrou no grupo e por isso, -ou não- surgiu um sentimento de carinho e gratidão em mim.
O tempo só serviu para aumentar esse sentimento, acrescentando admiração a ele, seu jeito de tratar a todos me -encantava- deixava orgulhosa por ser sua amiga.
Um ano passou e o tempo, novamente, nos aproximou mais. Conversar e estar perto de você me deixava feliz, ter um "amigo" que nem você me deixava feliz. Ah! Quanta ingenuidade a minha! Nem sequer desconfiava que -nutro- nutria por você algo a mais que amizade.
E então, começaram a perguntar se eu gostava de você e eu sempre negava, você não era só um amigo pra mim? De tanto perguntarem, imagina que até meus pais entraram nessa, comecei a pensar em o que você significava para mim, e nesse momento percebi que estava apaixonada por você. Eu sempre ficava feliz quando estávamos perto, quando conversavamos e quando te via. Queria saber desesperadamente de quem você gostava. Só ficava na igreja depois do culto o tempo que você ficasse e depois que você ia embora, não tinha motivo algum para ficar. Sempre olhava em todas as direções a sua procura, -quero- queria estar perto de você. E como se isso já não bastasse, uma amiga, assim como quase todas as meninas da igreja, gostava de você. Nós fizemos um acordo de uma não ter ciúmes enquanto você estivesse com a outra, o qual não funcionou do jeito esperado.
O próximo domingo foi intenso, estava envergonhada por ter demorado tanto tempo pra descobrir a intensidade dos meus sentimentos, por todo mundo parecer já saber disso e por como eu ficaria perto de você sem passar vergonha. Até hoje não sei se me saí bem.
Mais meses passaram, a Igreja estava engajada em um grande projeto teatral, boa parte da mesma se voluntariou para isso, inclusive nós dois. No meio dele, começou um boato que você gostava dessa minha amiga e a simples menção disso acabou comigo. Voltei pra casa o mais rápido que pude, e quando não consegui mais aguentar, chorei. Chorei pela simples possibilidade de vocês ficarem juntos, ela era a miga do acordo. Chorei por não saber como estar próxima se isso acontecesse. Eu deveria ficar feliz? Sim, eu deveria, mas não fiquei. Chorei por não conseguir ficar feliz por vocês, chorei por ver a sua mãe torcendo para que vocês ficassem juntos, mesmo não sabendo o que eu -sinto- sentia por você. Eu chorei até não aguentar mais. E essa foi única vez que o fiz, quando chorei por você foi a primeira e última vez. E agora posso até achar engraçado, o que foi muito diferente naquela época, é que ninguém descobriu se esse boato era verdade.
Com o passar dos meses, vi o quanto você era -fofo- bobo, sua bobeira me irritava e me fazia rir ao mesmo tempo. Me perguntava como isso podia ser possível, como podia gostar de alguém tão bobo. Acho que foi a partir daí que me obriguei a pensar menos em você, qualquer coisa valia. Até que já não pensava em você como antes, você voltou a ser só meu amigo -especial-. Desde então, eu conseguia ficar perto, conversar com você sem me sentir envergonhada. Agora, você já tem namorada e, sinceramente, não sei como me sentir sobre isso. Já estamos bem distantes -distantes demais-.
Mas, como e quando eu comecei a gostar de você verdadeiramente? E -quando- como eu deixar de gostar?
Há quatro anos, quando nos conhecemos, o seu jeito de tratar as pessoas, seu jeito de ser me -encantou e me- fez nutrir, ainda que bem pouco, um carinho. Isso foi o início de tudo. E tenho que confessar que não sei se/como deixei de gostar de você. Eu simplesmente parei de pensar nisso.
Mesmo que você nunca irá ler essa carta, eu a comecei várias vezes, não sabia se estava conseguindo demonstrar o que aconteceu comigo nesses quatro anos. Eu te conheci, virei sua amiga, me apaixonei por você e deixei de gostar de você-?-.
A verdade é que desde aquele tempo, evito pensar sobre isso, sobre você, e o que você é para mim. Tenho medo, medo de constatar que o espaço que você ocupa em meu coração é maior do que achava. Medo por não saber se você gostou de mim desse jeito especial(toda vez que você me cumprimenta beijando a minha mão e/ou me chama de linda me deixa confusa, afinal, você não trata todas meninas do mesmo jeito? Você não tem namorada?). Eu tenho medo de você ser a pessoa perfeita para mim e por medo eu não demonstrei o que -sinto- sentia. Tenho medo de ainda gostar de você. Medo de ainda ter esperança e me magoar no final. Tanto medo que precisava compartilhar tudo, e como as palavras não conseguiam sair da minha boca, comecei a escrever essa carta. Pode parecer estranho, mas ao chegar no fim, percebi que não preciso ter medo. Se você for a pessoa certa, Deus vai se encarregar do resto.
Eu posso ainda gostar de você, entretanto o medo do futuro não existe mais. Se for para ficarmos juntos, vai acontecer.

Atenciosamente,

Alguém que tinha medo por ainda poder sentir um carinho tão grande por você.