Seguindo em Frente escrita por liamara234


Capítulo 30
Profecia "Certa"


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal!
Desculpem a demora e aproveitem que esse saiu enorme:)



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Olhou para a sua mão, as marcas vermelhas que ardiam. 

O barulhinho da bola indo para debaixo da prateleira foi abafado pelos passos de Harry e Hermione, mas mesmo com o chamado deles, Rony não conseguia sair do estupor que a mensagem passava por sua mente, os sons, as gargalhadas, a voz sussurrada informando a profecia, as duas crianças rindo e depois gritando de pavor - os detalhes eram assustadores. 

 Ronald! - exclamou Hermione, assustada com a face pálida do ruivo. Ele arfou, abaixando a mão rapidamente e encarando os amigos. 

— Encontraram? 

Ela olhou para Harry e o moreno tinha o cenho contraído para Rony. 

— Sim, - respondeu devagar, observando cada mudança de expressão dele. - mas está numa parte da estante muito alta, só que quando a gente te chamou você não respondeu. 

Rony assentiu, assumindo a direção sem esperar os outros. Estava cada vez mais estranho e a morena bem que tentou perguntar a razão daquele comportamento, só que o auror dava apenas respostas evasivas, então decidiu deixar pra lá... por enquanto. Mais cedo ou mais tarde ele contaria e se fosse por ela, encurralá-lo e exigir uma explicação não passaria daquela noite. Acompanhou os garotos para o local correto e conseguiram capturar a bolinha transparente - que brilhava forte. 

Rony encarou ela, segurando firme em sua varinha que a mantinha flutuando no centro dos três. 

— No três? - palpitou Hermione, dando o seu melhor olhar de vai-ser-melhor-juntos. No fim do tempo, eles esticaram suas mãos e tocaram no objeto, contemplando a névoa escura da floresta, os galhos espinhosos que os cercavam nos milímetros movimentos - como agulhas afiadas, produzindo furos finíssimos em seus braços e filetes de sangue que desciam sem fim. O céu estava tingido de laranja, com uma claridade desconhecida atrás de uma velha casa no alto de um morro - de relance, Harry forçou a vista até vê quatro sombras de pé na cerca, os rostos escondidos nos capuzes aveludados. 

Encurralados o bastante - com um vento forte e sem início no chão, deixando eles cegos e desorientados -, três rastros de fumaças cumpridas as suas costas subiram, carregando junto duas bolinhas de líquido vermelho, formando uma só acima de suas cabeças e explodindo. O som foi substituído por um mais agudo, o antigo lugar nevoado coberto por um vermelho forte e um grito pavoroso sussurrou ao redor deles, longo e choroso, tremeluzindo contra a adaga que era erguida contra uma criança presa a uma cama de pedra. 

Um tipo de sinfonia de fundo parecia derramar alguma coisa. 

— Merda! - xingou Harry ao se soltar, cambaleando pelo chão escuro e brilhoso. 

Hermione tinha seu coração bombeando mais sangue para sua cabeça do que o normal e um latejar forte assolou seu corpo. 

— Sacrifício... mas eu só escutei uma criança... dez foram sequestradas - murmurava Rony, olhando o chão. Após sem entender nada do que propriamente foi dito, ergueu a cabeça para os amigos. - O que foi aquilo? 

 Bem vívido. Está ficando cada vez pior - Harry cutucou a armação do óculos. - Repassando? 

Os outros anuíram. 

***

Encarou os caminhos diferentes que a água tomava a medida que escorregavam por seu corpo, se separando nas dobras de seus dedos dos pés. Espremeu mais o sabonete líquido que fazia espuma na bucha de banho na barriga e viu a água cair em gotas mais grossas. 

Em uma semelhança estupidamente ruim para aquela hora - com sua mente gritando que não era um bom tempo para pensar besteiras, Hermione visualizou sua vida de anos atrás, a da adolescente que só visava terminar seus estudos e ingressar no Ministério. A raiva que sentia de Rony quando ele fora embora não era mais sentida. Simplesmente não sabia mais como nem quando o sentimento sumiu, mas se fechar para evitar o ruivo não coincidia com sua personalidade tão racional. Era o limite da obrigatoriedade social apenas conviver. Não se tem isso na prática verdadeiramente e um simples oi não vale quando já tinham se beijado. Várias vezes. 

E que beijos! 

Quando começou a tremer o queixo, desligou o chuveiro e se enrolou na toalha. 

O espelho mostrava a recém mulher de vinte anos que já passara por tanta coisa e que mesmo assim estava de pé, firme e pronta para mais uma. Tinha que afirmar que a maturidade tinha chegado para ela mais cedo do que o normal para outras pessoas. Algumas decisões eram feitas no calor do momento, quando estava tão cheia de tudo que um simples encontro com os amigos era posto na caixinha de situações desnecessárias sem utilidade nenhuma para o futuro. 

Terminou de preparar seu jantar quando a campainha tocou. 

Atravessou sua pequena sala e subiu nas pontas dos pés para ver pelo olho mágico. A cabeleira escura tampava tudo. 

Peter literalmente desabou em cima de Hermione quando ela destrancou a porta desconfiada e o cheiro de whisky de fogo a fez quase ficar embriagada também. 

— Peter? - exclamou, esperneando para se livrar do peso dele. - Peter! 

— Shh! - ele sussurrou, espalmando a mão na boca da morena com uma cara alarmada. 

A auror o empurrou para o lado, tonta com a queda. Peter continuava a puxando para o chão, em um propósito desconhecido por ela. 

— Pare, Peter, vai acabar machucando a nos dois! 

— Mandona - o moreno deixou as mãos erguidas, os olhos baixos por causa da bebida. Ela respirou fundo, encarando brava o homem a sua frente, parecendo muito perdido ao ficar olhando para os lados. Seu cabelo não tinha mais um brilho natural de antes e sua barba estava muito grande - muito mesmo. Sua jaqueta de couro marrom parecia necessitada de uma boa lavajem e suas roupas amarrotadas, como se tivessem sido escolhidas de manhã por estarem menos ruins. Inesperadamente sentiu compaixão por ele e tentou falar normalmente. 

— O que aconteceu com você? Quer dizer, fora a sua tentativa de estragar seu fígado? 

Ele riu, tampando a boca com as mãos atrapalhadas. 

— Estragar meu fígado... engraçado. 

Tá, não estava dando certo.

Bateu a porta do apartamento que tinha ficado aberta e o trouxe para ficar de pé - depois de esbarrarem na mesinha do telefone e quebrar o abajur - que havia sido os olhos da cara de acordo com seus pais. Definitivamente não era assim que Hermione queria terminar sua noite de trabalho: com um bêbado de presente e esbanjando teimosia para simplesmente andar. A raiva era tanta que nem se deu conta do que fazia até ver o Jones só de cueca em seu banheiro, balançando e apertando os olhos vermelhos buscando se concentrar. O empurrou para o box e com a ajuda da varinha ligou o chuveiro, mudando a temperatura da água para bem gelada e sorrindo satisfeita para os urros dele. 

Dez minutos depois - e sem fome, colocando seu jantar de volta na geladeira -, ficou sentada em um banquinho com os cotovelos deitados no balcão, esperando o namorado aparecer, respirando a fumaça do café extra forte e sem açúcar. Peter surgiu examinando a camisa visivelmente menor e justa contra seu peitoral enquanto algumas gotas de água pingavam de seu cabelo. 

— Por que tem roupas masculinas aqui? 

Ela não acreditou no que ouviu. 

— Acho que o último cara esqueceu por aqui - ironizou, assistindo o outro enrubescer diante da resposta arisca. 

— Acho isso um bom motivo para uma conversar - murmurou, se aproximando e pegando a xícara de café. 

— Apenas isso? E o fato de ter aparecido no meu apartamento as... - parou um segundo para checar a hora no relógio. - onze e meia da noite no meio da semana? Bêbado? 

— Não me jugaria assim se soubesse meus motivos. 

— Não me importa. Se entupir de álcool não ajuda em nada, só vai te fazer ficar mais ruim. 

Peter ficou em silêncio, terminando seu café. Já menos embriagado, a vergonha por ter feito ido a um bar qualquer bruxo e pedido uma atrás da outra pareceu mais uma atitude idiota adolescente do que de um homem. Não era daquele jeito que se resolvia os problemas. 

. - É sobre a gente - ele murmurou. 

— E? 

— É justamente isso. O e - ele avançou, segurando o rosto da morena entre suas mãos, suas orbes girando por cada pequeno detalhe dela. - não existe mais nada que continue. 

A mente de Hermione se perdeu. 

— Não se pode continuar uma coisa que meio não começou, entende? 

— E você está frustado? 

— É! - concordou ele, soltando o ar pela boca, o hálito de café batendo contra o rosto de Hermione. - Sei que esse namoro começou com uma ideia maluca minha, mas talvez possa dar verdadeiramente certo, não acha? 

— Peter... 

— Namoros casuais acontecem o tempo todo. 

— Não! - Hermione se soltou quando previu a próxima ação dele, estando esfuziante demais para uma ideia que só dava certo por suas convicções. - Isso já é loucura! 

— Mas se agente não tentar...

— Nunca vamos saber um real resultado? Ou vamos descobrir que fomos feitos um para o outro, duas metades perfeitas que se encaixaram? - numerou ela, se afastando mais para pensar. - Não funciona assim, Peter. Isso aqui não era nem para ter começado e eu fui idiota o suficiente pra ter concordado com aquela ideia maluca sua, passando por cima de tudo. 

Peter ficou parado, a encarando sob os cílios negros. Apenas o barulho do trânsito era audível para os dois e mesmo que o ar tenha ficado estranhamente pesado, decifrou aos poucos a intensão dela. 

Seu plano de quando estava no banho, com sua mente lenta voltando ao normal, era tentar a conversa que vinha sendo arrastada a muito tempo; parte da culpa de Hermione e outra sua. Concordava em partes com a reação dela. 

— Você que não quer que dê certo. 

— Ah, você está tão iludido Peter! Tudo está dando uma prova de que não dá certo! - Hermione respirou, atenta ao homem. - Se você acha que eu não tentei ter de verdade um relacionamento com você, está enganado, porque eu pensei que talvez eu pudesse seguir em frente. Juro que tentei responder aos seus sentimentos, ou as coisas que fazia por mim no curto tempo em que eu quis, mas... - existia mesmo uma desculpa boa? uma que justificasse que não gostava dele, mas que amava outro? - não acontece quando um não quer. 

— Ou quando o outro não faz um esforcinho. Você está tão encantada com ele que quer enxergar o que está na sua frente - sua alfinetada não a afetou, mas a pronuncia de Rony na conversa não ajudou em sua concentração. Eram apenas eles dois ali e pronto. 

— Já estou cheia disso - Hermione apontou um dedo a ele. - Você sabe muito bem que não dá. Nem com um meio namoro, nem com um namoro completo. Para deixar bem claro: acabou. 

— Em outras palavras, você gosta de outro - ele deu um passo, estancando quando a morena recuou. - Eu não ia fazer nada com você! Céus, o que tem na cabeça? 

— Muita coisa mais importante do que ocupá-la me preocupando com você. 

Ele assistiu chocado ela balançar a varinha e suas roupas irem até ela, secas e dobradas. 

— Sei que você nutri um sentimento maior por mim, Peter, e eu sinto muito por não poder correspondê-lo, mas não posso forçar meu coração. O melhor é ficarmos por aqui, ok? Sem mais brigas, sem mais cobranças sem nexo, porque não era realmente um namoro o que nasceu de um plano para implicar com outra pessoa - caminhou até a porta, achando melhor dar suas intensões por ações. - Quero ser honesta e não quero te machucar ainda mais. 

De repente, o homem forte e de aparência rígida pareceu ruir diante dela, ficando com os ombros baixos. Se fosse para ficar na dúvida de dar ou não uma chance a Rony, Hermione sabia que não poderia continuar com Peter. Primeiro tinha que entender o que sentia, organizar a bagunça que ficava maior e resolver as coisas sem machucar mais ninguém. De uma forma bem mais comportada - se podia mesmo ser classificada daquele jeito - a traição por pensamento era ruim tal como a carnal - que, infelizmente - já tinha feito beijando o ruivo. 

— Tem uma pessoa lá fora te esperando - murmurou quando estavam no corredor. - E ela vai fazer o que eu não fiz. 

Nada do o problema sou eu, não você, porque literalmente o problema era Hermione. Fora sua culpa aceitar o namoro sem base que serviu apenas para acabar tempos depois. Ser adulta era complicado demais e a discusão a deixou mais cansada ainda. O relógio marcava uma e meia da manhã quando deitou na cama para dormir e o seu despertador tocou cedo demais. 

Arrumou-se com uma calça jeans clara e uma blusa de mangas preta. Calçou os tênis e voltando um passo em dúvida para o quarto, notou o livro de Agnes em cima de seu criado mudo. Mesmo o dia prometendo ser cheio de uma provável reunião com o ministro que levaria horas, sabia que havia a hora do almoço. Poderia ler nas duas horas que intervalo. 

 


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Notas finais do capítulo

Não é capítulo novo, apenas dividi porque estava muito grande:D



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