Pokémon - Reverse Gracidea escrita por Golden Boy


Capítulo 2
2 - O espadachim ruivo


Notas iniciais do capítulo

Me esforcei bastante para escrever esse, mas acho que o pequeno bloqueio criativo já foi embora. Talvez o começo do texto esteja em uma sincronia diferente do resto, mas prometo que melhora depois do segundo ou terceiro parágrafo :) Isto aconteceu pois escrevi em datas diferentes, com emoções diferentes e uma motivação diferente. Enfim, espero que gostem.



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    A pokébola tocou nas costas de Aipom, e se abriu, sugando o pokémon roxo para dentro de si. Balançou e piscou três vezes ainda no ar, e Aaron a agarrou quando se aproximou. Guardou junto da pokébola de Chan, e correu para sair dali.

 

 

+++++

 

 

    Pastoria não era tão longe de Sunyshore quanto Aaron imaginava, na verdade, chegou antes das 21h00min. Não tivera problemas com os Beedrill, que foram na direção oposta, voltando para sua colmeia o mais rápido que podiam. Os boatos que corriam na direção diziam que a noite um pokémon muito feroz acordava na floresta e matava qualquer um lá. Obviamente, Aaron não sabia disso, mas felizmente já estava são e salvo dentro do seu quarto no centro pokémon. Aipom não quis voltar a ser um pokémon selvagem, mesmo depois da insistência do garoto, então tomou o macaco roxo recém-curado como seu novo companheiro de viagem.

 

     — Aipom, esse é Chan. — disse, apresentando os dois. Chan estava alegre por ter mais um pokémon no time, e Aipom estava receoso, mas não se escondia. Apenas parecia recuar a cada pequeno sinal de que Chan fosse se mexer. Um silêncio estranho se mostrou no local quando Chan percebeu que o pokémon do tipo normal não queria sua companhia. — PUNSY! — gritou Aaron, assustando os dois, que em seguida olharam para ele, confusos. — Seu apelido, Aipom. Posso te chamar assim, não é? — Punsy balançou a cabeça, sem dar muita importância. Voltou para o que era mais importante: o pokémon de fogo que queria ser seu amigo. Mas o pokémon não teria tempo para amigos, em sua cabeça, ser o pokémon de um treinador significaria ter o dia cheio de batalhas. Mas isso o assustava, já que nunca estivera numa batalha na vida. Esperava perder esse medo o mais rápido possível, ou seria abandonado por Aaron, que se apresentara mais cedo. Pelo menos era isso que ele imaginava que aconteceria se não soubesse lutar. Não foram dormir muito depois daquilo: foi um longo primeiro dia de jornada. Os pokémon dormiram em suas pokébolas, e Aaron na cama de solteiro provida pelo Centro Pokémon.

 

    Mais cedo naquele dia, o novo treinador ligara para Volkner, que atendeu rapidamente. Ele parecia estar sério, como se estivesse no meio de uma batalha. Era a mesma expressão que tinha ao comandar seu Pikachu, Katsu, em uma batalha árdua. Sério, mas sorrindo no canto do rosto. Aaron já tinha observado várias de suas batalhas, contra todos os tipos de pokémon e pessoas. Cada uma usava uma estratégia diferente, mas a de Volkner era sempre a mesma: dar o melhor de si, usando cada pequena força em seu corpo para transmitir confiança e poder ao seu pokémon. Ele acreditava em uma força interior que comandava os pokémon, um laço superior aos que vemos em nosso mundo material. Algo fraternal, invisível, e incrivelmente poderoso. Não eram raros os comentários de desafiantes criticando o repetitivo uso de seu Pikachu, que tinha desde sua infância. Fora seu primeiro pokémon, e por isso o laço era cultivado há muito mais tempo. Aaron adorava ouvir seu tio falando sobre isso, achava incrível como dois seres completamente diferentes podiam ter um laço de amizade tão poderoso que passaria a existência material. Por isso, desde o momento que ganhou Chan, se esforçava para criar um laço desses, embora era óbvio que algo tão poderoso só poderia ser feito com tempo. Pensou nisso até dormir, observando suas duas pokébolas na escrivaninha ao lado da cama. Sabia que se deixasse no colchão, poderia esmagá-las com seu corpo ao se mover durante a noite, o que era bem comum. O sol logo mostrou sua face, e o garoto levantou com ele. Pegou as duas pokébolas, fez sua higiene matinal, comeu algo na cafeteria e alimentou seus pokémon: já estava pronto para seu segundo dia de jornada.

 

Reverse Gracidea - Capítulo 2 - O Espadachim Ruivo.

   

     Assim que deu o primeiro passo para fora do centro pokémon, ouviu um estampido à sua esquerda, e se virou rapidamente. Uma batalha pokémon acontecia bem ali, no meio da rua asfaltada por pequenas pedras retangulares. Se aproximou da multidão que cercava os dois treinadores e seus pokémon, um Floatzel e um Tauros. Eles travavam um enorme combate, o Tauros tentando investir conta Floatzel, que desviava majestosamente, tomando cuidado para que os avanços do Tauros não alcançassem a multidão que formava um círculo. Aaron se aproximou, até ter uma visão privilegiada. Esse não era o caso de muitos, que se arriscavam a subir em lugares altos para observarem tudo aquilo. Aaron, saindo da empolgação da batalha, olhou para um poste desligado, por qual um garoto de cabelos vermelhos e roupas brancas que pareciam ser da realeza se pendurava para observar a batalha. Aaron pressentiu o perigo de imediato, e pegou a pokébola de Punsy à medida que se desvencilhava da multidão.

 

— Pegue-o! — gritou Aaron, liberando seu pokémon. O Aipom subiu no poste ao se materializar fora da esfera, e usou sua cauda-mão para segurar o garoto ruivo, que estava gritando há poucos centímetros do chão. Os postes daquela cidade eram estranhamente altos, e suas pontas eram dobradas, com uma lâmpada na ponta. Punsy o colocou no chão de imediato, e Aaron se aproximou. Mesmo com tudo aquilo, a multidão nem prestou atenção no garoto caído. O garoto parecia não ter ferimentos, graças a Aipom e sua ação rápida. Aaron estendeu a mão, e o ruivo o encarou por um segundo até se levantar sozinho e correr, assustado, para longe. Aaron seguiu atrás, colocando Punsy de volta na pokébola em um movimento rápido com as mãos. Deixou a multidão gritante para trás, seguindo a rua que cruzava toda a cidade de Pastoria. Logo, viu uma grande construção que se destacava das outras. Um grande prédio com um símbolo acima da porta, que lembrava o ginásio de seu tio Volkner.

 

    De vez em quando, o garoto ruivo se virava para ver se Aaron ainda o seguia, e ele sempre estava lá, sem desistir do garoto. Logo alcançaram um pequeno bosque, que cercava a cidade. Não eram todas as cidades de Sinnoh que eram completamente urbanizadas, com estradas as ligando e coisas assim. Até preferiam o contato com a natureza e os pokémon que lá viviam. O garoto ruivo pegou um bastão no chão, que parecia estar ali há muito tempo, e se virou com um dos punhos fechados nas costas. Era como uma posição de luta, com os pés afastados e o quadril baixo. Seu bastão a frente do corpo, inclinado na direção de um Aaron esbaforido, com mãos nos joelhos:

 

Arf... você corre bastante.

 

— Não se aproxime! Eu treinei esgrima Roya-- normal! Eu treinei esgrima normal! — repreendeu o ruivo. — Você é um deles, não é?! Eu sei que é! Saia daqui e eu não vou te machucar! Pare de me seguir!

 

— Eu só queria saber se você estava bem, calma! — Aaron debochou um pouco, colocando as mãos para cima e se afastando, tentando reprimir um sorriso. Repentinamente, o garoto levantou o bastão e o lançou na direção do treinador, mas o pedaço de madeira não chegou nem perto de seu corpo. Algo o quebrou no meio em pleno ar, um pokémon azul. Um Croagunk, Aaron observou, quando aquele parou em sua frente. Junto com ele, o que parecia ser um policial estranho. Possuia roupas cinza e um cabelo em formato de tigela num tom estranho de azul. Parecia suspeito, mas o treinador preferia não julgar as pessoas. O ruivo correu para a floresta, ainda mais assustado. Ele ia na direção de Sunyshore, pelo mesmo caminho que Aaron viera. Este correu atrás, por que sabia que poderia não ser o único a segui-lo. E os outros talvez não fossem tão amigáveis com alguém que jogou um bastão neles.

 

   A floresta ficava cada vez mais densa, e logo um barranco surpreendeu ao ruivo, que escorregou até um lugar onde estava cercado por homens de cabelo azul, como o que viram mais cedo. Cada um deles tinha um tipo de Ultra Ball, só que com um relevo na parte amarela, e um G entre as colunas. Aaron só conseguiu perceber aquilo após observar por algum tempo. Tinha que bolar um plano para salvar o garoto de cabelos vermelhos. Depois de alguns instantes, os homens de cabelo azul libertaram seus pokémon, Poochyenas. Estes estavam prontos para atacar o ruivo, e Aaron finalmente teve uma ideia. Liberou Punsy, e o ordenou a ir pelas árvores até um ponto cego do grupo de cabelo azul, e puxar o garoto de cabelos vermelhos por ali. Ele esperaria com Chan num ponto mais a frente.

     O plano correu perfeitamente bem. O Aipom avançou rapidamente, e quando o primeiro Poochyena foi ordenado a atacar, a mão-cauda de Punsy agarrou o colete branco do garoto, o puxando para dentro das árvores. Os pokémon do tipo Dark avançaram para dentro, e Punsy fugiu, carregando o garoto ruivo quase nas costas. Os segundos seguintes foram preenchidos pela euforia de Aaron, que não podia ver como o plano estava correndo. Se tudo desse errado, não teria como saber até que já estivesse cercado pelos homens estranhos. Mas finalmente Aipom emergiu das folhagens com o garoto ruivo nas costas, e Chan se preparou para atacar. Quatro Poochyenas pularam atrás, com algum intervalo de tempo entre eles. O garoto ruivo se levantou, e limpou as roupas, e então bradou:

 

— Eu não precisava de ajuda! Pare de se meter na minha vida!

 

— Conversamos depois. — disse, sério. — Agora, Ember! — Chan inspirou, e quando soprou, grandes bolas de fogo foram junto, reprimindo os Pochyenas. Aaron percebe que aquilo não seria suficiente, os Poochyenas eram bem treinados e resistentes. — Chan, reúna todas as chamas em uma única só, use todo o seu poder para fazer um Flamethrower! — As bolas de fogo começaram a se reunir, cada vez mais próximas, e quando estiveram quase em uma só rajada, um dos Poochyenas revidou. Avançou por baixo das chamas, e acertou o peito de Chan com um chute. O pokémon de fogo caiu para trás, mas Aaron já estava pronto para fugir, junto com o garoto ruivo. Logo os reforços chegariam, e só com Punsy ele não conseguiria enfrentá-los. — Termine com Smokescreen, Chan. — Chan se levantou rapidamente e desviou dos ataques múltiplos dos Poochyenas, e usou a chama em sua cauda para fazer uma grande cortina de fumaça, enquanto os quatro fugiam de volta pra o Centro Pokémon. O ruivo a princípio não queria segui-lo, mas então percebeu que ele obviamente, após enfrentar aquelas pessoas, não estava aliada a elas. E tinha sua idade, então não teria perigo grande em ficar perto dele pelo menos por agora.

 

 

+++++

 

 

 

Aaron deixou seus dois pokémon com a enfermeira, e se sentou na bancada da cafeteria ao lado do garoto ruivo, que continuava calado. O treinador trouxera dois copos, um com café, para si, e outro com água, para o garoto.

 

— Sou Aaron. Acho que não me apresentei ainda.

— Glazier. — falou. Não tirou os olhos da televisão, pois sabia que se olhasse para o treinador ficaria corado. Era um garoto orgulhoso, apesar de tudo. 

— Não vai nem mesmo olhar para a pessoa que possivelmente salvou sua vida, duas vezes?

Humpf. — e não moveu o rosto.

— Então, você realmente treinou Esgrima Royal? — naquele momento, Glazier ficou totalmente vermelho, como seus cabelos, que iam até os ombros. Aaron gostava de estudar, então pesquisava bastante sobre as famílias reais de Sinnoh, seu passado e a formação no presente. Esgrima Royal era um estilo de luta adotado pelas famílias do norte, quando elas viviam no que agora é Snowpoint. Glazier era o nome do terceiro filho de Glazor Novek, lorde de Snowpoint. Agora, obviamente sem poderes políticos, mas ainda um homem rico e adorado por toda a população. O que um garoto como aquele fazia em plena Pastoria, longe de sua cidade, seria difícil descobrir. — Tudo bem. Não precisa conversar comigo agora, mas imagino que precise de um lugar para passar a noite. Meu quarto tem duas camas, pode dormir comigo por essa noite, e quantas mais eu passar nessa cidade, e podemos viajar juntos. Estou numa jornada pokémon. — Glazier assentiu, envergonhado. Apesar de tudo, ele estava certo. Não tinha um lugar para passar a noite, este foi um dos motivos por quais ele seguiu Aaron. O treinador sacou um livro da mochila, mas o ruivo não conseguiu ver a capa, sem se importar por ter cedido uma cama para alguém que acabara de conhecer.

 

— Obrigado. — murmurou, olhando para os pés. Ainda não tinha tocado no almoço, que Aaron trouxera junto com a chave extra do quarto. — Sou de Snowpoint. — o garoto não mentiu, como Aaron imaginou que faria. Não seria seguro compartilhar informações com um desconhecido, mesmo que ele tenha salvo sua vida, ainda mais com uma família nobre como a dele. — Tem coisas sobre mim que você não pode saber ainda. Não somos amigos, e não posso criar nenhum laço com você. Seria perigoso. Se algum dia eu sumir, não vá atrás de mim.

 

 

 

— És eternamente responsável por aquilo que cativas. — Aaron respondeu, ainda focado em seu livro. Glazier não tinha certeza se aquilo era o que ele estava lendo no momento ou uma frase em resposta.

 

 

 

— Como eu posso ter te cativado por cair de um poste e precisar ser salvo de um bando de bandidos?! — Aaron deu de ombros. Aquilo irritou Glazier, que bufou, pegou as chaves da mesa e voltou para o quarto. Passou o resto da tarde ali, assistindo televisão.

 

 

 

    Mas a noite enfim chegou, e os pokémon de Aaron voltaram do tratamento. Aaron os alimentou, e foi para o quarto. O treinador praticamente desmaiou ao encostar a cabeça no travesseiro, mas o ruivo não. Ficou se movendo, com insônia. Gostara do treinador, mas não podia correr riscos. Finalmente, se levantou. Andou até a porta, vagarosamente. Antes de sair, olhou para trás. Poderia ser a última vez que viria Aaron pelo resto de sua vida. Mas então, viu-se num dilema. Sair e abandonar o que poderia ser seu primeiro amigo em toda a vida pelo que parecia ser apenas orgulho, ou ficar e tentar retribuir aquela amizade. Se lembrou das palavras ditas pelo garoto mais cedo, e voltou para a cama.

 

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Notas finais do capítulo

Comentem as impressões que tiveram sobre o Glazier, foi o que mais demorou para eu fazer: criar uma boa introdução para um novo personagem, que vai ser muito importante no futuro.



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