Pokémon - Reverse Gracidea escrita por Golden Boy


Capítulo 12
12 - Uma batalha fraternal


Notas iniciais do capítulo

Espero que se lembrem do irmão do Peter, que eu falei um pouco no capítulo 5 (Mercy & Peter).
Bem, esta é sua primeira aparição.



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Glazier rolou ladeira abaixo quando pisou em falso.

Seu corpo todo doía, mas principalmente a cabeça. Sua roupa de inverno estava totalmente desgastada, fazia dois dias que ele não a trocava. Mas continuava em frente, precisava fazê-lo. Suas pernas não pareciam mais responder, suas mãos cheias de bolhas e queimaduras, sua visão turva. Apenas os cheiros daquela floresta o faziam continuar de pé. E também a força de vontade.

Pegou a pokébola de Pip assim que ouviu um barulho, e torceu para que ele ainda pudesse lutar. No fim, o barulho se revelou ser apenas um pequeno Pachirisu, que fugiu ao ter contato visual com Glazier. Pela posição do sol, ainda não era meio dia. Não levava nenhum aparelho eletrônico, visto que todos ficaram em Hearthome. O calor castigava o garoto ruivo, que retirou a blusa para checar seus ferimentos. Nada além do superficial, tinha se arranhado na queda. E sua cabeça doía, além do possível.

Algo passa zunindo, Glazier se joga no chão. Um Pokémon laranja corta os céus com suas asas. Há alguém em suas costas. O garoto resolve seguir a direção em que ele ia, descendo cuidadosamente o morro.

Estava com fome, então pegou uma maçã para mordiscar enquanto seguia seu caminho. E quando finalmente chegou ao fim de sua trilha, suspirou. Aaron estava dormindo no chão um pouco mais a frente.

 

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— Quem é você? — a corda tensionada ao extremo, ela estava totalmente disposta a soltar. Ver o sangue do garoto escorrendo pelo chão. Fugir da cidade, chegar em Floaroma. Seguir sua vida, com os treinamentos e Bruce. Só precisava soltar a corda.

— Não atire. — Peter implorou, ainda se afastando.

— Mova um músculo que não seja necessário para que me conte sua história e eu soltarei. Diga uma falsa verdade, e eu soltarei. Coloque a culpa em alguém, e eu soltarei.

— Tudo bem. — Peter suspirou. — Sou Peter Dubois, filho de Antoine Dubois.

— Os homens que precisam dizer o nome de seus pais não possuem mérito próprio. — disse uma terceira voz. — Parece que não tem muita honra, irmãozinho. — A porta do bueiro foi arrancada bruscamente, e Mercy mirou a flecha naquela direção. Um dragão furioso bateu as asas, um garoto de cabelos longos moveu a mão em sua direção, e Mercy caiu desmaiada.

Peter se afastou da abertura, procurando uma outra saída, mas Louis Dubois o puxou para fora, com um simples movimento. O garoto explodiu para fora do bueiro, e foi lançado na sarjeta. O dragão laranja se aproximou dele, e Peter percebeu que era um Dragonite. O Dragonite de seu irmão.

— Droga, Louis, o que está fazendo aqui? — Peter checou a cabeça por sangue. Não havia nenhum.

— Vou explicar de um jeito que você possa entender, irmãozinho.

— Não me chame assim.

— Eu lhe chamo do jeito que eu quiser. Dracon, Whirlind! — O Dragonite, Dracon, bateu as asas e vento rodopiou sob o corpo de Peter, o levantando do chão. Mercy ainda estava caída, dentro do subterrâneo. — As coisas vão mudar entre nós, Petey. — sorriu, maliciosamente.

— O que está fazendo?! — Peter se levantou mais uma vez, esbaforido. O ataque de Dracon tinha tirado todo o ar de seus pulmões, e agora ele o recuperava aos poucos. Seria uma batalha árdua, ainda mais se considerarmos que ele só levava Floatzel consigo. Mas era melhor meio pão do que nenhum. Pegou a pokébola, rodopiou e lançou antes mesmo que Louis pudesse dizer mais alguma coisa. O pokémon lontra grunhiu. Era sua primeira batalha ao lado de Peter, ou de qualquer treinador.

— Floatzel, eu acredito em você. — declarou. Louis riu mais uma vez.

— Está óbvio que nunca usou esse pokémon na vida. Parece que não está ciente do poder de Dracon. Thunder! — bravejou. Seu pokémon estendeu o braço, e um raio destruiu o prédio ao seu lado. De dentro para fora, todas as janelas explodiram e a estrutura tombou. Uma cortina de poeira foi levantada, e Peter correu para longe junto com seu pokémon. Louis, porém, continuou parado, e comandou um segundo ataque.

Dragon Rush. — e Dracon avançou, acertando Floatzel antes mesmo que este saísse de perto do prédio tombado. Seu corpo foi projetado para longe, e Peter desviou por pouco, mas caindo no ato. Louis se aproximou do irmão caído. — Enquanto você fugia, eu treinava. Enquanto você se escondia, eu ficava mais forte. Enquanto você treinava seu corpo, eu treinava minha mente. — os olhos dele brilharam de poder. — Fuja. — Peter tentou levantar, mas num aceno de cabeça de Louis, deslanchou pela rua até o outro lado.

— Floatzel, Aqua Jet! — Floatzel se lançou ao ar e cobriu seu próprio corpo com uma camada espessa de água, e avançou como um míssil pelo ar. Dracon o observava atentamente, com a guarda alta, apenas esperando um comando de Louis.

Thunder! — o punho do pokémon dragão se envolveu em eletricidade, e num movimento um raio foi no encontro de Floatzel, que tinha um olhar focado.

— Agora! Razor Wind! — Floatzel liberou a camada de água, e o raio acertou alguns centímetros atrás dele. Em movimentos rápidos, lâminas de vento surgiram de seus braços e cresceram enquanto iam na direção de Dracon, que demorou para se proteger. — Continue! Hydro Pump! — antes mesmo que tocasse o chão, Floatzel lançou um jato potente de água contra Dracon, que ainda se recuperava dos danos do Razor Wind. Louis tinha recuado pela primeira vez desde que a batalha começou. Ele finalmente percebera que Peter não seria um oponente banal.

— Dracon, não temos tempo a perder. Vamos matá-lo de uma vez, use Dragon Rush! — Peter viu a ansiedade na voz de Louis, e usou suas forças para ficar de pé mais uma vez, enquanto Dracon preparava o ataque.

— Floatzel, os fios! Razor Wind! — Floatzel percebeu de imediato. Lançou mais lâminas de ar, dessa vez não em Dracon, mas nos fios ligados entre os postes da rua. Desencapados, caíram na poça de água causada pelo Hydro Pump. Louis saltou para trás no momento que percebeu, mas Dracon não teve a mesma sorte. Já estava performando o ataque quando foi atingido por uma voltagem enorme vindo dos fios elétricos, e caiu desmaiado. — Acabou, Louis. — declarou Peter, depois de algum tempo. Dracon fora retornado para a pokébola, que o garoto mais novo encarava com pesar.

— Não. Apenas começou. — Louis pegou uma segunda pokébola. — Vou lhe mostrar meu pokémon mais forte, irmãozinho. — e um Kadabra apareceu no campo, com os olhos fechados. Um pokémon psíquico, Peter pensou, precisaria bolar uma nova estratégia.

— Louis, não precisamos lutar.

— Cale-se. Você não vai me manipular mais. Agora, eu sou mais forte. Kadabra, Psychic! — Kadabra lançou uma onda de poder psíquico na direção de Peter e Floatzel. O primeiro foi empurrado e escorregou para longe, tentando se manter de pé, e o segundo caiu fora de combate. “Ele derrotou Floatzel com um único ataque…” pensou Peter, e agora não tinha mais nenhum pokémon. Tentou alcançar uma pokébola no bolso da jaqueta, mas o comando de Louis foi mais rápido. — Disable. — Kadabra piscou, e Peter foi paralisado. E foi quando teve a ideia, que parecia estar ali o tempo todo. Precisava atrair Kadabra para a poça eletrificada, e assim derrotá-lo. Ou pelo menos distraí-lo por tempo suficiente para achar Mercy e fugir. Mas não podia se mover. — Você vai sofrer tudo o que eu sofri.

— So….freu…? — Peter tentou mover a boca para falar, mas ela continuava se atraindo. Precisava dispor de grande força para mover-se, como se aquela posição fosse um ímã, atraindo seu corpo.

— Enquanto você voava por aí no seu pokémon, eu treinei minha mente com a ajuda de Kadabra. Eu percebo coisas que você nem imagina. — começou Louis. — Quando eu precisei de um suporte, alguém para me ajudar, você estava longe. Quando eu precisei me levantar, você estava longe. Quando eu te pedi ajuda, você negou, e foi para longe. — prosseguiu, os olhos lutando contra as lágrimas. — Eu fui sozinho. Eu enfrentei a fúria de nosso pai sozinho. Eu o matei! Eu quebrei todos os seus ossos apenas com o poder de minha mente! — Um arrepio correu por todo o corpo de Peter. Seus músculos tensionaram, e ele suou frio. Se aquilo fosse verdade, ele era o próximo na linha de sucessão.

— Mentira! — gritou, mais alto do que pretendia. O grito acordou Mercy do desmaio, e esta pegou a pokébola de Bruce e subiu a escada de mão vagarosamente. Seu corpo doía, mas ela não entendia bem o porquê. A escada fria fez sua mão recuar, mas ela enfrentou novamente alguns instantes depois. Ouvia algo acontecendo na rua acima, e precisou correr até a parede para não cair no meio da sarjeta. Vomitou um pouco, e seguiu seu caminho até ver Peter paralisado numa posição estranha, como se estivesse congelado. Um segundo garoto, mais baixo e de cabelos longos, olhava para Peter em fúria.

Slash! — Louis comandou, ignorando as palavras de Peter. Kadabra, num piscar de olhos, apareceu diante de Peter e cortou seu peito com as garras. E então voltou para a posição inicial. — Últimas palavras, irmãozinho? — Peter assentiu, e limpou a garganta.

— Eu sou o mais velho. — nesse momento, Bruce saltou para fora e derrubou Louis e Kadabra num só ataque. Mercy sorriu, e vomitou mais uma vez. Peter começou a andar em sua direção, mas Mercy lançou-lhe um olhar quente.

— Não se aproxime. Diga quem és.

— Mercy, não temos tempo para isso! Precisamos sair daqui.

— Temos quanto tempo eu disser que temos. — respondeu, grogue. Peter percebeu a tremulação em sua voz, e continuou se aproximando. Seu peito estava cortado do lado esquerdo, desde o umbigo até o ombro. Bruce voltou para perto de Mercy num salto, ainda em posição de combate. Kadabra lançou uma segunda onda psíquica assim que levantou, e Mercy foi lançada para trás. Bruce segurou Peter, e eles apenas deslizaram. Louis retornou Bruce para a pokébola, e se aproximou do irmão. Bruce relaxou, vendo que um humano não deveria ser uma grande ameaça. E este foi seu erro.

Num estalo de dedos, Bruce foi erguido no ar, e então lançado ao chão. Uma pressão enorme empurrava seu corpo para baixo, até que ele ficou paralisado.

— Não preciso de Kadabra para te enfrentar. — explicou Louis, esbaforido. Sua boca sangrava do ataque de Bruce, e ele limpou com as costas da mão. Peter se levantou, e encostou num muro.

— Então me mate de uma vez. Eu não vou lutar contra você assim. — Os olhos de Louis brilharam em púrpura, e o corpo de Peter foi empurrado. Mercy, do outro lado da rua, se recusou a levantar. O primeiro ataque tinha machucado sua cabeça, fazendo o segundo parecer apenas um arranhão.

Quando tudo parecia ter acabado, um vulto roxo passou por trás de Louis, e se multiplicou, tirando sua concentração. Um tipo de tornado se iniciou, retirando sua visão de Peter. Praguejou, mas não conseguia sair. Era um Aipom, percebeu depois que pensou um pouco. E Aaron chegou logo depois, ajudando Peter a levantar.

— Vamos, precisamos sair daqui. — disse o garoto, olhando ao redor com atenção. Passou o braço de Peter por cima de seu ombro. — Para onde? — Dubois apontou para o bueiro escancarado, e reprimiu um grito quando seu ferimento se abriu. Depois que ajudou o garoto a entrar, fez um sinal para Glazier, que estava perto dali. O ruivo correu para perto, ignorando a ardência de seus próprios cortes, e pulou dentro do bueiro, sem questionar. Aaron deu uma última olhada ao redor, vendo se havia mais alguém. Chamou Punsy, e este saltou para seu ombro. Mas antes de pular e fechar o bueiro acima de si, viu Mercy caída. Louis ainda estava atordoado, mas aquilo não duraria muito tempo.

Respirou fundo, e apontou para ela, torcendo para que Punsy entendesse. E ele entendeu, e usou sua cauda para puxar a garota para o colo de Aaron. Os três caíram no subsolo, e fecharam o bueiro no exato momento em que a energia acabou na cidade inteira. O vazamento de eletricidade no fio cortado tinha sido o responsável. Louis estava exausto para procurar seus inimigos na escuridão, então saiu dali o mais rápido que pôde.

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Saturn correu ao lado de Jupiter pela floresta, ignorando seus ferimentos o máximo que podia. O Chamado do Corvo tinha soado, pela primeira vez em meses. Quando estavam próximos o suficiente, e na velocidade certa, lançaram suas bombas de fumaça, e a cortina cinzenta os guiou até a base da Ordem.

 

Tiraram as máscaras, sem nem olharem um para o outro, e Saturn se dirigiu para a enfermaria, enquanto Jupiter foi checar com Cyrus o motivo do Chamado. Construído no subterrâneo da cidade de Jubilife, a sede da Ordem Galactic era cheia de salas, corredores e cantos escuros, você ficaria perdido várias vezes antes de chegar onde queria — ou morreria tentando. Mas a sala de Cyrus era inconfundível. Seguindo pelas portas criptografadas, e subindo mais de dez lances de escada, uma grande sala abrigava um homem de cabelos azuis e expressão rude. Trabalhando em máquinas e projetos, comandava toda uma legião de assassinos mercenários. Ele sorriu ao ver Jupiter, e levantou de sua cadeira.

— Jupiter, o que me traz? — disse, alegre. Jupiter deixou o canto da boca se elevar.

— Desculpe interromper, chefe. Eu queria saber o motivo do Chamado do Corvo. — explicou, sem rodeios.

— Bom, agora que você é uma Admin, suponho que posso te contar. — Cyrus se virou para a grande tela atrás de si. — Antoine Dubois está morto.

— Creio que isso não é algo importante no nível de reunir todos os membros da Ordem, chefe. Qual o motivo real? — Cyrus sorriu. Gostava da inteligência sagaz de Jupiter.

— O portal se abriu por alguns instantes, agora há pouco. — declarou. A mulher ficou boquiaberta, e piscou algumas vezes antes de falar alguma coisa em resposta.

— Mesmo sem as orbes?

— Sim. Suponho que tenha sido aberto por aquele lado, e algo passou.

— Nesse caso, não seria perigoso continuar aqui?

— Não e sim. Não é perigoso porque eu já o contive. Sim porque ele é perigoso.

— E onde ele está? — Jupiter não conseguiu conter sua empolgação ao dizer aquilo.

— Atrás de você. — um arrepio correu a espinha de Jupiter, e ela se virou rapidamente com a mão na bainha da espada. Um homem de cabelos lisos e negros estava parado ao lado da porta, como se estivesse entediado. Ele olhava uma pokébola com um certo brilho no olhar, e Jupiter reconheceu ela quase que imediatamente. Era sua pokébola.

— Quem é você? — gaguejou.

— Grisham. — respondeu, automaticamente, sem prestar atenção. Então, concentrou algum poder e se teleportou dali para fora da base, e liberou o Honchcrow que estava preso dentro daquela pokébola, e quebrou-a em seguida. Voltou para base antes de tocar o chão, e espalhou as migalhas da pokébola no chão na frente de Jupiter. — Libertei seu pokémon. Ele parecia infeliz.

— Ma...mas ele era meu companheiro! Sem ele eu sou… — Cyrus completou a frase, interrompendo-a. — Inútil.

Grisham sorriu, e estendeu um braço. Uma onda negra bruxuleou em sua frente, e cobriu o corpo de Jupiter. Um grito foi abafado, e diminuído enquanto a vida se esvaia de seu corpo. Alguns segundos depois, só havia as roupas da mulher sobre o chão. E também seus pertences.

— Estou saciado, obrigado. — declarou Grisham, para Cyrus, que observou a cena completamente cômodo. O demônio se virou e começou a sair, mas então se virou. — Só pra deixar claro, eu não estou “contido”. Estou aqui por que você me prometeu almas. Capisce? — Cyrus assentiu.

 

 


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Notas finais do capítulo

Finalmente o encontro entre os personagens! Como acham que cada um deles vai reagir? Glazier, sempre calmo, provavelmente vai considerá-los inimigos, em primeiro lugar xD



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