Just call 911 escrita por Duquesa Sukita


Capítulo 1
1. GINGER


Notas iniciais do capítulo

Bem, obrigada por estarem a ler essa fic. É uma fic de comédia e bem levezinha, para tirar todo stress que o ENEM está causando. ;v;
Espero que gostem.



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A power ranger vermelha que tu respeita.

— Isso é ridículo. — Comentei ao me ver no espelho. O cabelo preso em um rabo de cavalo que eu desmanchava e fazia novamente, procurando a perfeição. — Ri-dí-cu-lo. — Sibilei, tentando não acreditar no que eu havia acabado de escutar. — Você está me dizendo que os rapazes querem ME tirar da presidência do conselho?

— Bem, é o que o Lucas me contou, Gin. — Respondeu Duda, uma das conselheiras mais fiéis daquele ninho de cobras. — Mas... Acho que não fariam isso, eles são uns amores...

— Você quer dizer, o Lucas é um amor não é Eduarda? — Duda corou logo, fazendo com que eu suspirasse.

— N-Não foi isso que eu quis dizer...

— Certo, Duda. Só me deixe pensar. — Ela logo se calou enquanto eu me encarava. Meus olhos esverdeados penetravam no reflexo do espelho de corpo inteiro que o quarto que eu dividia com mais três meninas. Não era de hoje aquela história.

Mas você não deve estar entendendo nada, não é?

Bem, meu nome é Ginger, sim isso mesmo, Gengibre, vai, faça suas piadas sem graça para que eu possa finalmente explicar o que acontece.

Bem, e como uma boa Ginger eu teria de estar no controle de algo; afinal qual é a graça da história se eu não estiver? Eu, Ginger Kodan, estou no comando da maior escola do país. Bem, não diretamente no comando já que sou apenas a Presidente do conselho, mas é um passo mais perto, não é?

St. Louis High, a escola que qualquer um queria poder estudar. Melhores professores, melhores alunos e alguns dizem que até o melhor ar vem daquele lugar.

Mas, infelizmente, não estou realmente no comando de tal lugar. Talvez se nossa escola fosse há umas duas quadras de distância e meu nome fosse Janine, eu seria a presidente do conselho mais prestigiada de todo o país; mas enquanto minha hora não chega tomo conta de trogloditas da escola municipal que chega a não ser tão ruim, porém está muito longe de ser boa.

Eu não sou uma pessoa que saiba, hm... escutar. Sou mandona sim, obrigada e isso faz com que várias pessoas me odeiem. Por exemplo, os conselheiros. Do grupo de doze apenas Eduarda, Lucas e Olivia estavam do meu lado; sendo que Olivia vivia no murinho; esperando o lado vencedor. E agora, ali estava eu, quase que caminhando para meu próprio fim.

— Ginger, é sério. Você ficar encarando o nada não vai te ajudar. — Duda me lembrou do óbvio e eu suspirei.

— Eu sei, Duda, mas não vejo meios de poder ir contra o conselho.

— Nem eu. — Ela admitiu, sentando-se na cama para amarrar suas botas.

Eu não era uma pessoa tão irritante, quer dizer, quase nunca eu ficava brava por causa do uniforme; só pegava no pé quando algo estava realmente errado e não era minha culpa se aquilo acontecia quase que sempre.

— Mas acho que vai ter que encará-los hoje. — Ela respondeu. — Estamos atrasadas para a reunião da manhã.

— Eu sei. — Resmunguei, quando eu finalmente desisti de prender o cabelo - que não tinha o que prender, já que batia acima de meus ombros. — Mas não quero encarar aqueles duas caras.

— É só fingir ser uma. — Ela piscou para mim, enquanto um sorriso divertido brincava em seus lábios. — Não deve ser difícil.

— Sei que não. — Sorri de volta.

Mesmo sendo uma escola municipal que não estava em nenhum ranking de nenhum lugar, a Escola Municipal Galileu era mais divida do que eu aqueles esquemas de fração que o professor de quinta série fazia. Possuíam os mais diversos tipos de 'tribos', 'panelinhas', 'grupos' ou seja lá o jeito que querem falar. Era incrível ver como os grupos se repeliam.

Enquanto do lado esquerdo ficavam os nerds que frequentemente discutiam sobre cultura cult com os geeks, do lado direito estavam as famosinhas que possuíam contas com milhares de seguidores no Instagram. No centro, sempre tentando pegar informações estavam meus informantes, quero dizer, o clube de jornalismo. Eram pessoas que manejavam a câmera como um passarinho maneja suas asinhas, perfeitamente.

Mesmo que eu e Eduarda fossemos do conselho fazíamos parte daqueles que sentam numa mesa e são conhecidos como isolados. Claro que não faz sentido, já que na mesa se sentam entre cinco e seis pessoas e para estar isolado precisa estar só. Mas não gosto de sempre corrigir as pessoas. Apenas em 90% dos casos.

— Ei, garotas! — Senti um braço se envolver no meus ombros enquanto vi o mesmo acontecer no braço da Duda, até que a face totalmente brilhante de Lucas aparecesse entre o nosso.

— Ai, Lucas. — Afastei o rosto dele de perto de mim, empurrando-o levemente pra Duda. — Seu brilho segunda de manhã não faz bem para meu mal-humor.

Duda deu um riso envergonhado, enquanto seu rosto corava e ele empurrasse o rapaz para longe dela. — Pois é, deveria ter uma regra para que sorrisos brilhantes não aparecessem logo de manhã.

— Vai, Dudes, sei que você ama. — Ele piscou para ela. Eu revirei meus olhos.

— Deveria ter uma lei para que não flertassem de manhã, isso sim. — Respondi, piscando levemente para os dois ao vê-los vermelhos. Comecei a andar mais rápido. — E como o sol já tá muito brilhante e não tem nenhum fósforo para essa vela aqui, vou indo na frente.

Com isso sai correndo, antes que a Duda corresse atrás de mim com a botinha na mão. Quando parei de correr já estava em um dos corredores enormes da escola. Olhei para os lados e comecei a agir naturalmente.

Gostava tanto daqueles dois, esperava que eles ficassem juntos. Comecei a cantar uma musiquinha baixinho quando vi certa comoção na porta do Conselho. Quando cheguei mais perto vi que era Henrique brigando com James, era incrível, eles não tinha um dia de paz?

— Ei, ei, ei. Que porcaria tá acontecendo aqui? — Perguntei com a sobrancelha arqueada. Ambos se entreolharam, com os olhos pegando fogo e a tensão no ar.

— James, ele me fez ficar de detenção!

— Henrique me fez ficar de detenção, esse cuzão.

Ambos disseram quase que ao mesmo tempo. Suspirei enquanto observava os dois, não sabia como poderiam ser melhores amigos se sempre queriam se pegar na porrada, ou como poderia dizer para ser mais formal, se espancar até que se arrependam e vejam como o amor dos dois prevalece e troquem beijos e... Onde estava mesmo?

— Vocês são piores que criança, sabiam? — Perguntei, empurrando um para cada lado e abrindo a sala do conselho, indicando para que eles entrassem. — E o que vocês aprontaram? As aulas do período da manhã ainda nem começaram.

— Ora, ora, agora a presidente aparece, não é? — Escutei a voz distante de um dos conselheiros, Bernado. Nós nos conhecíamos desde pequeno e sempre nos odiamos. Frenquentemente eu o ignorava, mas ele parecia sempre querer atenção; as vezes era irritante. Como nas outras vezes olhei para ele, arquei as sobrancelhas e voltei minha atenção aos amigos.

— Então? — Insisti.

— Eu 'tava lá quietinho, no meu canto, lendo Sherlock Holmes e... — Henrique começou.

— Sherlock Holmes? Qual? — Perguntei, com meus olhos tremulando de ansiedade.

— O cão dos Baskerville, mas então...

— James, você ousou interromper a leitura dele? 'Cê tem demência? Detenção para ti é pouco, guri. Eu deixaria você cuidando do jardim por uma semana e...

— ME DEIXA CONTINUAR, PORRA. — Henrique finalmente explodiu. Revirei os olhos e me joguei na carteira onde estava meu nome.

— Então continua, porra. — Frisei a última palavra.
Ele suspirou, mas continuou.

— Ai ele chegou e começou a encher o saco da Emily, sabe a...

— Emy? Sei, sei quem é. Continua.

— Ai eu fui tentar defender ela e começamos a meio que brigar e tals...

— Ai o professor pegou vocês?

— Não.

— Espera... Então por que pegaram detenção?

— Soltamos um pato na escola.

— Um... pato?

— É, um pato. Sabe aquela ave que consegue nadar?

— Vocês. Colocaram. Um. PATO. Na. Escola? — Perguntei, incrédula.

— Ah... sim. — Respondeu Henrique.

— Da onde, cargas d'água vocês arranjaram um pato?

— Roubamos do Lago.

Respirei fundo, enquanto olhava incrédula para os dois. Não conseguia aceitar aquilo. — Vocês tem algum tipo de idiotice que precisa ser estudada?

— MAS VOCÊ TINHA QUE VER QUE FOFURA QUE ELE ERA, GINGER! — James disse, com seus olhos brilhando.

— Mas tinham que soltar o pato...? — Perguntei, um tanto que cansada. Não eram nem oito da manhã ainda e já tinha que aturar aqueles problemas.

— Ele estava sofrendo, Gengibre. — Respondeu Henrique.
— Muito engraçado, Henri. — Mostrei a língua em questão do apelido. — Onde ele 'tá?

— Atualmente tá na pisc...

— Vocês querem morrer? — Perguntei, quase que chorando. — Se o diretor pegar ele vai arrancar meu couro fora.

— Problema seu, maninha. — Henri deu uma piscadela para mim.

Ah, claro. Como não falei antes? Henrique é o meu meio-irmão, por parte de madrasta. Ele é três meses mais novo que eu, mas sempre insiste em agir como o mais velho. É bem irritante as vezes; ainda mais quando ele trás um pato para a escola e eu que tenho que atuar com as consequências.

— Problema NOSSO. — Frisei, olhando para os dois meninos na minha frente. — Eu não vou ter meu couro lindo arrancado para fazer algum tipo de móvel ou acessório, sozinha não. Vocês estão no mesmo barco.

Henrique suspirou e James apenas murchou sua expressão de orgulho por ter trazido um pato para a escola. — Nós... vamos ter que ir pegar ele?

— Não, vamos esperar ele vir aqui, Jam. — Respondi sorrindo para ele, porém logo o sorriso morreu. — É claro né, seu idiota.

Bernado no canto da sala parecia dar uma risada baixinha. Olhei para ele com o meu melhor sorriso.

— Do que você está rindo, querido? — Perguntei, com a mais doce acidez na voz.

— Nada não, querida. — Ele respondeu, tentando controlar o riso. — É só que, ver vocês correndo atrás de um pato vai ser tão engraçado. Certeza que daria milhares de views no YouTube com o título: "Presidente do Conselho tem que correr atrás de pobre animal indefeso que não pode aproveitar de seu banho na piscina da escola".

— Sabe o que seria ainda mais legal, Bernado?

— O quê?

— "Co-Presidente é espancado até desmaiar para ser usado como esfregão."

— Maninha essa não foi boa.

— Não mesmo. — Concordou James.

— Tenho que concordar com eles. — Bernado diz.

— E que tal: "Co-Presidente é espancado até ter a cara tão inchada que o confundem com um novo planeta do sistema solar".

Todos da sala fazem que não com a cabeça, me fazendo soltar um suspiro. — Vocês são sem graça.

Do lado de fora do corredor ouvia alguns gritos e quando fui ver era um dos gerentes do clube de natação, com uma cara não tão boa. Gabriel era seu nome, ele era chato, irritante e a pessoa que você não queria por perto nem se fosse a última pessoa do mundo. — Por que caralhos tem um pato na MINHA piscina?

— Chuchuzinho, a piscina não é sua E o pato pode fazer o que ele quiser porq... — James começou com a voz mais afetada o possível. Gabriel além de ser um babaca com geral ainda tinha em seu pacote: homofobia. Todo esse pacote era embrulhado com uma casca grossa que nem se um cachorrinho morresse ele choraria.

— Olha aqui, eu to falando com pessoas de verdade.

— E eu sou o que, chuchu? Uma ilusão da sua cabecinha levada?

— Ginger, eu to falando sério, eu vou espancar esse guri.

— Espanca que eu te meto uns tapinhas, Gabrielito. — Respondi, olhando para ele.

Ele revirou os olhos. — Só dá para me explicar por que tem uma merda de um pato na piscina?

— É o novo técnico para ver se o cloro tá bom. — Arriscou Bernado. Eu olhei para ele, com a sobrancelha arqueada e tentando não rir. Bernado morria de medo do menino que nos questionava; mas ele tinha que defender seu priminho, não é? E priminho eu quero dizer o pato, porque eram temperamentais iguais.

— É incrível, é por isso que essa escola não segue em frente e...

Revirei os olhos e procurei embaixo da minha carteira meus óculos de natação. Olhei para os três rapazes e o reclamão do batente da porta. Me levantei, estalei as costas. — Já avisando, se for para ser um dos Rangers eu vou ser o vermelho.

— Sabia que ia falar ro... Pera, tu falou vermelho? — Bernado perguntou.

— Falei.

— Mas... eu queria ser... o vermelho... — Ele disse olhando para mim com o sorriso murcho.

— Perdeu, chuchu. — Mandei um breve beijinho. — Agora 'bora parar de moleza, cambada. Tem um pato causando terror na piscina do senhor TPM.

— Ei, olha como fala comigo... — Gabriel tentou começar, mas eu só revirei os olhos.

— Isso não vai dar certo. — James falou.

— Elementar, meu caro Lorance. Estamos mesmo é na merda. — Respondeu Henrique.

Com isso saímos correndo para a piscina, nem notando uma menina cheia de instrumentos e outra que parecia ser uma lutadora nata na porta. Bem, eu sei disso porque elas tentar conversar com o Gabriel depois e pude ouvir os gritos dele na reunião de mais tarde do conselho.

Ao chegarmos na piscina eu fiz um sinal de silêncio para os três rapazes que me acompanhavam.

— Agora é o seguinte: tenham cuidado. Patos são muito... sensíveis.

— Eu te aguento nas suas crises, maninha, um pato não é nada. — Henrique tinha que fazer a graça né. Incrível.

— Uma perseguição Patocial! — James tentou fazer a piada. Bernado queria bater a cabeça na parede, mas eu o impedi, fazendo primeiro.

— Pelo amor de qualquer coisas, vamos logo com isso. Eu estava fazendo algo importante.

— Marcando um encontro no Tinder. — James disse, com um largo sorriso.

— Como... você... sabe?

— Tu acha que @sassygurl era uma guria? — James sorriu um sorriso tão travesso que chegou a dar medo. O rosto de Bernado adquiriu uma cor tão vermelha que achei que fosse entrar em combustão.

— EU VOU TE MATAR, JAMES. — James começou a correr, rindo. Enquanto Henrique ria junto. Bernado começou a correr como se não tivesse amanhã atrás do menino. Nisso, os dois caíram na piscina, onde um pato que parecia feliz nadava.

O pato que parecia feliz não pareceu mais tão feliz quando viu dois invasores em SUA piscina.

— QUÁ! QUÁ! QUÁ! — O pato começou a emitir uns barulhos estranhos. Eu olhei para Henrique com a maior cara de que eu cairia fora dali.

— Quá... Quá? — Tentou James, porém parece que aquilo na língua dos patos era uma ofensa. Ou uma chamada para briga.

— Cara... eu acho que não 'funfou. — Bernado disse. 'Capitão Óbvio', pensei comigo.

— Tu acha, chuchu? Eu tenho é certeza. — Ele diz, com um sorrisinho, se afastando da onde o pato estava. — Agora é hora do famoso ditado: 'PERNAS PRA QUE TE QUERO'. — E com isso saiu nadando o mais rápido possível. Até chegar na escada, chegando lá subiu correndo e continuou.

— MAS EU NÃO SEI NADAR! — Bernado gritou.

— Que bela equipe o grêmio estudantil tem. — Disse em voz alta, revirando os olhos. O pato parecia seriamente sério ao querer atacar Bernado. — Oh, meu querido, só sai correndo dentro da água mesmo. A não ser que desça Poseidon da água doce em ti e tu jogue uma onda enorme na miniatura de Patolino.

Ele tentou sair correndo, mas era uma cena tão deprimente que eu me arrependi de ter brigado com ele todos os anos de nossa infância. Era um caso de dó.

Suspirei olhando pro pato. Pulei na piscina e quando voltei pra cima fiz uma careta pro pato.

— QUÁ! QUÁ! — Respondeu ele indignado.

— Agora invocou o capeta no pato. — Respondi para mim mesma, enquanto começava a empurra Bernado. — Vamos logo com isso, querido. Porque eu acho que ele quer dar uma bela mordidinha em mim e eu sinceramente não quero ter um pato me mordendo.

— Tu tem demência? — Ele parecia desesperado.

— Não sei, talvez. Agora anda logo, desgraça.

O pato finalmente 'deu a louca'. Bateu as asinhas dele tão majestosamente que até me deu uma vontade de deixá-lo me morder só por causa do esforço dele. Mas logo lembrei que ele tem dentes e são doloridos. Enquanto tentava empurrar o mini filhote de elefante que era mais conhecido como Bernado Drun, sentia minha morte chegando. Quando finalmente chegamos na escada o pato freiou e pensou se era melhor sair da SUA piscina para correr atrás de meros mortais.

— Pato burro. QUÁ, QUÁ, QUÁ! — Começou a provocar Henrique que não tinha feito nada até aquele momento e parecia só estar ali para ferrar nossa vida.

— QUÁ! — O pato novamente incorporou o capeta e começou a correr com aqueles pézinhos fofos.

Corremos de volta para o prédio da escola, afinal era o único prédio que tinha várias pessoas para o pato morder que não fosse eu. E claro meus amigos, sempre pensando nas amizades.

Enquanto molhávamos ainda mais o corredor e o pato parecia se divertir com aquilo, o pobre James escorregou, quando o pato estava próximo dele. — JAMES! — Henrique gritou, porém o amigo que finalmente levantou a cabeça fez que não.

— Continuem sem mim, companheiros! Eu servirei como distração! — Ele gritou, com falsas lágrimas no rosto.

Henrique caiu de joelhos. — NÃÃÃÃÃO, EU IREI TE VINGAR MEU AMIGO!

Bernado olhou para mim e eu apenas dei de ombros. — Fazem parte do clube de drama. Quer acabar de ver a encenação ou salvar seu traseiro de uma mordida?

— Segunda opção. — Ele respondeu rapidamente.

— Pelo menos uma vez a escolha certa.

Com isso voltamos a correr e nos fechamos na sala do conselho. Lá dentro estava a perdida Eduarda, procurando algo no meio das coisas bagunçadas da carteira dela. Ao nos ouvir, se virou assustada.

— Santa Hecate... Vocês estão encharcados! — Ela parecia surpresa com aquilo. Logo um sorriso malicioso tomou conta de seu rosto. — Vocês andaram aprontando não é safa...

— Duda, tem um pato maníaco seguindo a gente.

— Um pato?

— É. Um pato. — Bernado conclui, enquanto observava a porta. Escutamos um grito, o de Henrique o qual devia ter falhado na batalha de Velho Oeste.

— Ele está vindo. — Disse baixinho.

— Fodeu. — Bernado disse.

— Quá? — Perguntou Duda.

A tensão tomou conta da sala, até ouvir cabeçadas de um animal na porta. Eu olhei para meus amigos escutando o pato guinchar ou patolejar, o barulho que patos normalmente fazem.

— Por que estamos com medo de um pato? — Perguntei.

Eles deram de ombro. Eu suspirei e fui até a porta, a abrindo. O pato me olhou furioso e eu mative o olhar. Logo seu olhar brilhou e ele guinchou de novo. — QUÁ!

Eu juro que escutei um 'Mamá' sair de lá.

Eu olhei de volta carinhosamente e pude notar olhares estranhos atrás de mim.

— Isso é normal? — Perguntou Bernado.

— Vocês se conhecem melhor. — Duda deu de ombros, achando o distintivo que ela procurava e vindo até mim, depositando um beijinho na bochecha. — Agora se me dão licença preciso ir para minha aula de Economia Doméstica e depois agir como uma conselheira no clube de psicologia. — Cantarolou baixinho enquanto andava.

— Eu vou... Marcar outro encontro no Tinder. — Bernado deu de ombros e começou a fuxicar de novo no celular.

Eu no entanto sorri ao ver o pato mais calmo. Acariciei sua cabeça. — Você está perdido não é? Quer dizer, foi roubado e tudo mais. — Ele parecia tentar morder minha blusa, mas eu apenas evitava sua boca. — Tudo bem, até que os policiais ou o IBAMA vierem aqui eu vou cuidar de você, afinal sempre estamos aberto para os perdidos. Essa escola é para isso. — Sussurrei a última parte. Peguei o pato no colo, ele era mais leve do que parecia. — Mas agora precisamos arrumar a bagunça que o senhorito fez.

Os atores de antes, aka meu irmão e James já estavam de volta, agora de pé e um pouco machucados. Quando me viram com o pato gritaram.

— Quer saber? Vou devolver o demônio pro lago, me dá ele. — Henrique pediu, porém eu neguei.

— Não toquem no Sal, se não eu falo para ele morder a mão de vocês. — Adverti. — Agora ele vai ser meu mascote.

James pareceu desapontado, como se segurasse um gemido de desaprovação. — Agora é uma demônia junto com um capeta, o que será dessa escola?

Eu dei um pequeno sorriso de lado. — É uma boa pergunta, acho que nunca saberemos a resposta.

E quando tudo estava prestes a acabar como nos filmes de uma menina e um pato, duas meninas chegam.

Uma cheia de instrumentos e outra com luvas de boxe ao seu lado.

A menina cheia de instrumentos sorriu, com seus lindos fios ondulados. — Ah... Aqui é a Escola Municipal Galileu?

— É sim. — Respondi, com um sorriso amigável. — Por quê?

— Nós somos as novas estudantes, mas estamos um pouco perdidas. — A pseudo-boxeadora respondeu. — Prazer em conhecê-la, eu sou a Maria Júlia e ela Maria Giulia.

 


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