Heirs of Power escrita por Gambito


Capítulo 2
O Refeitório




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Refeitório

 

Eu não demorei muito pra chegar no meu destino. Agora já era um pouco mais tarde, então tinham vários rostos novos no refeitório, assim como meus amigos. Por sorte, nossos horários eram bem parecidos então a gente sempre conseguia se encontrar.

 

Talvez você esteja estranhando não termos tantas aulas assim, mas é por conta do nosso nível de habilidade, eu não sou tão avançada, mas como já tenho bom conhecimento dos meus poderes eu só preciso frequentar as aulas de aperfeiçoamento, mas alguns alunos ainda assim se inscrevem para várias classes, porém eu sou preguiçosa, fazer o quê.

 

De qualquer forma, cheguei no refeitório já procurando pelos meus amigos, estavam no lugar de sempre. Morgan e Christopher acenavam quando me viram, éramos o grupinho de amigos desde o nosso primeiro semestre juntos. Eu logo apertei o passo.

 

— Ash! – Christopher falava o meu sobrenome animadamente, me estendendo uma caixinha de leite. – Quer um pouco?

 

— Tô bem, valeu. – eu sorri e me sentei entre os dois.

 

— Cadê a Megan? – Ele perguntava um pouco ansioso, cá entre nós, acho que ele gosta dela. Um dos motivos de não nos tornarmos o que temos oficial.

 

— Não vi ela, quando eu saí de manhã ela ainda tava dormindo. – Realmente já deveria estar conosco.

 

— Cada dia acho que ela dorme mais, é algum tipo de competição dela contra ela mesma. – Morgan se metia na conversa. Sempre diziam que nós parecíamos irmãos, debaixo da touca preta, ele também tinha cabelos loiros e seus olhos eram azuis como os meus . – Tá tudo bem com ela? Faz tempo que a gente não se fala direito.

 

— Ela não me disse nada. – O Chris se encostava na cadeira, franzindo o cenho, agora pensativo.

 

— Tá tudo bem sim, são só as aulas exigindo muito dela, nada fora do comum, guys. – Eu cutucava o Chris para trazê-lo de volta ao nosso mundo. — Mudando de assunto,  cê tá pronto pra Batalha Campal de hoje?

 

— Bom, eu nasci pronto. – Ele sorria, exibindo os entes perfeitos. – A gente se preparou bastante, acho que vamos conquistar a liderança do campeonato dessa vez.

 

— Mano, é o time do Kaiser que cê vai enfrentar. – Morgan levantava a cabeça e ria, descrente da capacidade do Chris.

 

— Bom, um dos garotos do time dele se lesionou, ele até tentou me recrutar pra ficar na vaga... Anyway, vocês devem ter alguma chance. – Eu chutei a perna de Morgan, ele sabia o quão sensível o nosso amigo super veloz era.

 

— Victoria e suas novas amizades... – Chris se afastava um pouco, ele não curtia a ideia de termos outras amizades, ele e Megan sempre queriam o grupinho unido e sem se mesclar.

 

— Nem vem com essa.  – Pra confessar, esse assunto já tava me cansando.

 

— Deixa ela, Claude. – Morgan me apoiava como sempre. – Ainda somos livres para ter outros amigos.

 

— Você fica nessa porque também tá fazendo o mesmo.

 

— Sim, e daí? Não é como se fôssemos exclusivos, até tu podes falar com outras pessoas que eu não vou chorar. – Morgan retrucava sem dar muita atenção.

 

— Ah cara... – Ele se preparava para responder, mas eu o interrompia na hora.

 

— Chris, por que você não procura a Megan? Tenho certeza que cê não vai demorar. – Eu sorria, dando um tapinha em sua costa. Ele levantava resmungando alguma coisa, mas eu ignorava.

 

Agora eram apenas eu e Morgan e, por mais que eu não concordasse muito com o Chris, o Morgan realmente parecia estar se afastando da gente, mas eu também não podia falar muito, a verdade é que eu também estava seguindo em frente. Eu deslizei para o seu lado e roubava umas batatas fritas do seu prato.

 

— Eu nunca vou sacar essa coisa que o Claude tem em manter a gente preso. – Ele falava sem olhar para mim, comendo vorazmente.

 

— Acho que é por medo de perder a segunda família, sabe? – Eu pensava nos meus pais, já tinha um bom tempo que a gente não se falava. – Ele não tem mais ninguém.

 

— Então ele devia ser mais desapegado. – O Morgan sorria e arqueava a sobrancelha, agora olhando para mim. – Vou falar com o pessoal, você deveria ir ver seus amigos.

 

Ele se levantava e beijava o topo da minha cabeça, carinhosamente, enquanto pegava sua bandeja e a do Christopher, sempre teve essa educação de arrumar as coisas no refeitório, sendo honesta, eu sempre deixava tudo bagunçado.

 

Eu suspirava, aproveitando um pouco estar sozinha e olhava ao meu redor. Acho que é uma ordem natural que hajam esses grupinhos. A maioria de nós não tem contato com os pais ou sequer ainda os tem vivos.

 

Afastei esses pensamentos e me levantei, agora indo para minha nova família. Acho que esse grupo poderia ser considerado o dos populares, enquanto eu, Morgan, Chris e Megan estávamos no meio-termo, eles estavam no topo da cadeia alimentar.

 

Explicando um pouco como eles funcionam como um grupo, temos o Kaiser como o líder oficial e acho que já deu pra perceber que muito gira ao seu redor. Depois dele temos April e Winston, “namorada” e melhor-amigo, eu digo namorada entre aspas por que não sei bem o que eles têm. Em seguida, Jobs e Roxxane, o Jobs é extremamente inteligente e é um telecinético, graças a deus não um telepata, eu odiaria um pervertido lendo meus pensamentos. A Roxy vocês já conhecem um pouco sobre. Fora esses, ainda temos outros nomes importantes, mas não tenho motivos para citar eles agora e, talvez, embaralhar mais sua cabeça. Por último, quero mencionar o Ezra, é novato, mas conquistou a simpatia do grupo, eu não sei como, mas eu sinto algo estranho nele.

 

Eu cheguei na mesa e nela tinha a presença de April, Jobs e Ezra. A April é extremamente bonita e poderosa, manipula bombas (e às vezes pessoas), mas estava mais preocupada com suas mensagens no celular do que a comida que esfriava em seu prato. Seus cabelos eram negros, longos e estavam soltos. Assim que eu cheguei, recebi os olhares sedentos do Jobs, mas não estavam direcionados para o meu rosto. Confesso que me sinto um pouco intimidada. O Ezra não se manifestava muito, mas até que nos dávamos razoavelmente bem quando conversávamos.

 

— Oi, linda. – April direcionou um largo sorriso para mim, junto de batidinhas na cadeira ao seu lado, sinalizando que eu fosse sentar ali. – Tudo bem com você?

 

— Oi, oi – Eu sorri de volta e dava um beijinho em seu rosto antes de me sentar ao seu lado. – Tô morta de cansada, mas seguindo a vida né.

 

— Victoria. – Jobs acenava com a cabeça, enquanto trazia um suco até sua boca com a ajuda dos seus poderes.

 

— Percebeu algo de diferente hoje? – Ela fechou o celular e sorriu para mim. A primeira coisa que eu fiz foi procurar algo de novo na sua aparência e me dei conta que a minha percepção era bem ruim.

 

— Desculpa, mas não. – Eu fiz uma careta, como se tivesse dito algo de errado e esperei ela me falar o que era.

 

— Comboios do exército estão chegando quase sem parar. – Seu sorriso agora se tornava malicioso. – Aí vem merda.

 

— Ué, mas pra quê? – O Instituto sempre teve uma ligação com o governo, mas nunca houve um fluxo grande de soldados pelo castelo, mas é claro que sabíamos de um monitoramento externo.

 

— Não faço a menor ideia, mas o pessoal não tá curtindo não, já quase rolou uma briga no térreo. – Ela dava de ombros e voltava a focar em seu celular. April adorava confusões, era do tipo que brigaria por qualquer causa e estaria em todos os protestos (de preferência os não pacíficos).

 

— Eu só espero que a gente não tenha grandes mudanças na rotina, eu não quero que o Instituto se torne uma prisão. – Eu não me importo tanto com a presença de autoridades, mas eu já estou acostumada com a vida aqui.

 

— Eu aposto em um toque de recolher e mudanças no comportamento, roupas e tal. – Jobs tirava uns biscoitos do pacote ao seu lado e comia normalmente, ele nunca deu a mínima.

 

— Contanto que eu não seja um rato de laboratório. – Ezra dava de ombros, olhando para nós com sua habitual cara de sono.

 

— Mas a gente já é, só não tá muito explícito. – Jobs fazia uma cara como se estivesse falando “dã”.

 

— O Silver pretende fazer algum comunicado? – Era o nosso diretor. Eu perguntava, me virando para April.

 

— Não que eu saiba, amorzinho, mas se for acontecer vai ser antes do jogo. – April fazia uma carinha triste.

 

— Acho que os professores Ryder e McHudd não vão gostar disso. – Eu falava enquanto Ezra ficava confuso e eu me dava o trabalho de explicar. – Eles são um pouco rebeldes e não vão com a cara do Silver.

 

— Ah, como todas as pessoas sãs. – Ele concluía.

 

— Bom, se eles fizerem uma ditadura eu gostaria de participar da rebelião. – Ela levantava o queixo e assumia uma postura confiante. Eu me segurei para não rir.

 

— Boa sorte. – Jobs falava e April o empurrava da cadeira aproveitando sua distração. Se ele se mantivesse focado, teria conseguido evitar fácil fácil. Ele fazia uma careta e se levantava, alguns riam da situação. – Ei, eu estou do seu lado.

 

— Com certeza. – Ela revirou os olhos. — Mas eu continuo falando sério, pode ter certeza que muitos iriam apoiar a ideia.

 

— É, talvez. – O Jobs concluía. Eu preferia não falar nada, eu geralmente prefiro a neutralidade, digamos que eu não seja tão idealista quanto os outros. 

 

Eu fiquei com eles por um tempo, até me cansar dos assuntos repetitivos e das fofocas imparáveis. Veja bem, eles são legais e tudo mais, só que uma hora eu acabo me enjoando das pessoas, é normal.

 

Depois do almoço, segui sem rumo pelo castelo, em busca de alguém que pudesse me explicar melhor sobre o lance dos militares e comecei já a pensar na minha próxima aula. 


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