Outro dia havia se passado tranquilamente, nada de especial aconteceu ultimamente a não ser por uma noite em que todos saímos para passear no parque de diversões. Yongguk ainda não tinha me contado o que iria me falar naquela noite, confesso que estou um pouco curioso, mas não o bastante para perguntar, se fosse algo tão importante ele já teria falado.

Quando percebi já era de manhã, meu celular marcava 8:13H, sai de baixo da minha coberta de cor azul, lavei o rosto e fui pra cozinha, esse havia se tornado o meu ritual de todos os dias das aquelas “férias”, tomei meu café da manhã junto com Daehyun que havia acordado com um ótimo humor, depois resolvi dar uma volta no skate que Youngjae havia ganhado para mim numa barraquinha de jogos no parque de diversões ‘ não substitui o que ele quebrou, mas dá para o gasto’ hoje o dia estava tão entediante. Continuei andando de skate dando atenção apenas a música e as pessoas que constantemente passavam por mim com pressa, indo para seus trabalhos sem graça.

Passei um bom tempo apenas fazendo isso, olhei o celular 10:7H ‘Acho que vou para casa… espero que lá tenha algo bom para comer’ retornei no mesmo ritmo, até que vi alguém parar em minha frente bloqueando meu caminho, parei repentinamente quase cai, mas consegui me equilibrar colocando uma mão no chão.

— Preste mais atenção por onde anda, se ocorresse um acidente com certeza iria me culpar...

Analisei a pessoa de baixo para cima: usava sapatos bonitos que combinavam com um calça que me pareceu bege, vestia uma camisa preta que estava quase totalmente ocultada pelo seu casaco de couro. Olhei para seu rosto, era Yongguk-hyung que quase havia causado um trágico acidente, ele estendeu sua mão para me ajudar a levantar, mas preferi levantar sozinho.

—  Como vai senhor robô? - perguntou ele educadamente.

O olhei sério e disse:

— Hyung! não percebeu que eu estava andando de skate?! Eu poderia ter ralado me rosto no chão!

—Você está bem, pare de ser dramático. - respondeu.- Daehyun me disse que você tinha saído, então resolvi te procurar, lembro que me disse que gosta de andar por aqui nesse lugar.

— O que quer?

— Acho que temos alguns assuntos inacabados.- falou sorridente.

— já tinha até esquecido. ‘mentira não esqueci nada’

Ele andou um pouco e fez sinal para que o seguisse, eu segurei firme meu skate e o segui, andamos algum tempo sem trocar nenhuma palavra, por alguma razão aquele sentimento de desconforto que sempre me acompanhava quando estava na presença dele não estava se mostrando como antes, quase posso dizer que fico bem com ele alí...quase. Eu e Yongguk chegamos à um pequeno café, onde havia algumas mesas tanto do lado de dentro quanto o lado de fora,tudo era decorado em tons de vinho e cinza, do lado de dentro nas paredes que pareciam camurça havia vários quadros de artistas,  no teto haviam pequenas lamparinas ao invés de lâmpadas, já as mesas tanto de as de fora quanto de dentro tinham uma grande toalha quase da cor vinho, só que um pouco mais escura e nelas estava escrito em letras brilhantes e douradas: coffee shop. O estabelecimento era pequeno, porém confortável gostei muito daquele ambiente tinha um jeitinho retrô chic. Yongguk resolveu que iríamos sentar do lado de dentro, onde não havia quase ninguém só uma idosa que estava concentrada em colocar açúcar em seu café se encontrava ali presente, sentamos na última mesa do canto. Logo uma garçonete veio nos atender, ela era bonita tinha cabelos curtos e negros. Depois de anotar nossos pedidos foi embora em direção a porta da cozinha, depois de uns 5 minutos silencioso ao lado de Yongguk, a garçonete aparece novamente, ela coloca nossos pedidos na mesa e vai embora, ficando perto da porta de entrada, ela parecia totalmente alheia ao que acontecia ao seu redor, mexendo incessantemente em seu celular.

cansado daquele silêncio,disse:

— Bom, já pode falar.

Ele suspirou fundo e falou finalmente:

— Sabe no dia que te conheci? Lembro-me de ver um rapaz entrando pela porta do estúdio cheios de sonhos nos olhos, inocente sem parecer ter tido qualquer experiência com música antes, lembro de olhar para o manager que estava sentado do meu lado e perguntar “ Ele é o Choi jun-hong? Ele não parece ter muita experiência, tem certeza que é ele mesmo?” Mas minhas dúvidas sumiram quando vi o seu incrível talento, você era como uma pequena caixa que a primeira vista não parece ter nada de especial, mas quando se é aberta nos deparamos com grande tesouro, desde desse tempo temos sido grandes amigos, nos demos tão bem porque acho que somos um pouco parecidos em algumas coisas...

— Sei, sei. Eu lembro disso.- falei meio entediado.-Você me trouxe aqui para me dizer isso?

— Como você é impaciente, eu treinei essa conversa em minha mente por horas, sabia?-Reclamou ele.

— Não deveria ter perdido tanto tempo é só falar, simples!

Yongguk me lançou aquele olhar que eu odeio, ele lentamente levantou sua mão e foi a arrastando pela mesa até encontrar a minha, eu recolhi minha mão assim que senti sua pele quente encostar em mim, ele parecia nervoso e um pouco contrariado, o que se passava em sua mente? Ele abriu seus lábios carnudos e rosados e as palavras hesitaram em sair, até que finalmente disse com sua voz grossa:

— Eu te amo.

Aquele desconforto havia voltado, eu estava mais confuso que um cego em um tiroteio ‘não acredito no que acabei de ouvir!’ rapidamente desviei o olhar, procurando o apresentador de tv que com certeza pularia de algum lugar dizendo “ você está ao vivo e caiu em uma pegadinha…”, mas ninguém veio, só o que eu via naquele momento era Yongguk vermelho, ansioso por minha resposta, eu abaixei a cabeça frustrado ‘ o que eu faço agora?’ não consegui ficar lá com ele me encarando, decidi tomar uma atitude: coloquei dinheiro na mesa para pagar o café que tomei e saí  de lá como se aquele cara que havia acabado se declarar não estivesse alí.

Coloquei meu fone de ouvido e fui para casa, não pensei em nada o caminho todo. Quando cheguei apenas fui tomar um banho, no banho penso melhor. Enquanto sentia a água percorrer meu corpo me dei conta da gravidade do que havia acabado acontecer ‘ Eu esperava que ele dissesse que havia me beijado, apenas porque estava meio sonolento, que estava ficando maluco ou sei lá’.

—Droga! Hyung idiota!

De repente a imagem daquele do rosto que ansiava por uma resposta invadiu minha mente, Yongguk me olhava tão profundamente, parecia um simples camponês que depois de tanto tempo e esforço, depois de muitas colheitas ruins havia conseguido finalmente plantar algo de bom, algo que valesse todo aquele esforço de suas mão calejadas e cansadas. Parecia que Yongguk sentia orgulho em dizer que gostava de mim. ‘Será que agi mal?’ Deveria ao menos ter tido um pouco de consideração e ter respondido adequadamente ‘ Desculpe Yongguk-hyung, não sinto o mesmo’ ou ainda ‘ Agradeço por suas palavras você é uma ótima pessoa, mas não é a minha resposta’ mesmo me esforçando para ser gentil não consigo fazer isso direito sempre digo algo rude...ou faço. Fiquei imaginando ele lá sozinho, mesmo tudo aquilo não sendo culpa minha, afinal não o forcei ele a sentir nada por mim, nunca insinuei-lhe nada, mas sentia tão culpado quanto alguém que fugiu da dieta ‘ não entendo, Yongguk-hyung é bom com as garotas, elas o amam, se ele quisesse já poderia estar casado agora. Ainda sim ele preferiu gostar de mim? sinceramente não sei o que ele tem na cabeça. Pessoas mais velhas são estranhas’