It hurts like hell escrita por Thai


Capítulo 1
I turn it over, but I can't escape...


Notas iniciais do capítulo

Oie! Tudo bom? Espero que sim!
Quem já me conhece sabe como eu amo esse casal, tenho várias ideias para outras fics sobre os dois, mas que irei postar aos poucos devido ao famoso tempo. Quem ainda não me conhece, tenho uma long sobre eles que está em sua reta final.
Caso alguém se interesse aqui está o link: https://fanfiction.com.br/historia/698091/Youre_burning_up_Im_cooling_down/
Aconselho muito que leiam o capítulo ouvindo a música que escolhi como inspiração, que é essa: https://www.youtube.com/watch?v=4AknGL_3GgQ
Espero demais que vocês gostem ♥



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“How can I say this without breaking
How can I say this without taking over
How can I put it down into words
When it's almost too much for my soul alone”

Jon estava imóvel como uma escultura de gelo diante da porta do aposento de Sansa há algum tempo. Tentava reunir toda a coragem que ainda tinha em seu corpo para entrar, mas julgava-se um covarde naquele ponto. Sansa estava prestes a se casar com Willas Tyrell e ele lamentava o fato de nunca ter conseguido dizer como se sentia. Primeiro porque era sua irmã, segundo porque era um bastardo. Ela tinha o herdeiro de Jardim de Cima a sua espera, por que casaria com alguém como ele ao invés? Havia passado a noite acordado pensando em se declarar enfim, mas então decidiu que não seria justo. Sansa estava finalmente conquistando tudo o que havia sonhado, tudo o que havia sido tirado dela de maneira tão brutal.

Respirou fundo e então bateu na porta. Ouviu a voz suave de sua meia-irmã lhe dando permissão para entrar e, quando o fez, agradeceu aos deuses por ter tomado uma boa dose de ar, porque quando a viu julgou que não era mais capaz de respirar. Sansa estava ainda mais bonita, algo que ele pensou que não pudesse acontecer, porque já era mais bonita do que qualquer outra mulher na qual já havia pousado os olhos. Forçou o ar para dentro dos pulmões e sorriu para ela em retribuição ao grande sorriso que lhe lançava.

— Pensei que tinha desistido — ela falou. Jon notou a ansiedade em sua voz.

Parecia a mesma garotinha da qual se lembrava quando criança. Enfim estaria realizando seu sonho de casar-se com um homem que a trataria como merecia. Depois de tantos horrores enfrentados em sua vida, Sansa merecia alguém que lhe pudesse oferecer o mundo e ele não poderia lhe oferecer sequer um nome.

— Desculpe-me pela demora, minha senhora — Jon falou enfim, levemente acanhado. Parecia completamente infantil quando estava perto dela. Esquecia-se por vezes de que era já um homem feito.

— Não há necessidade dessa formalidade, Jon. Como estou? — Sansa deu uma pequena volta e balançou os cabelos que se moveram como chamas.

Está linda, pensou. Tinha os cabelos soltos a partir da nuca, no alto havia feito uma trança que envolvia seus fios de forma delicada. Vestia um longo vestido cinza, o tecido era pesado para protegê-la do frio. Havia insistido em um casamento com os costumes nortenhos, diante de um represeiro e dos deuses antigos. Willas não havia oferecido resistência alguma. Embora fosse um casamento político, Jon percebeu com o tempo que eles pareciam se entender bem. Aquilo lhe doía ao mesmo tempo em que o consolava porque Sansa não enfrentaria um casamento sem afeto.

“I loved and I loved and I lost you
I loved and I loved and I lost you
I loved and I loved and I lost you
And it hurts like hell
Yeah it hurts like hell”

— Está muito bem. Como uma rainha. — disse então. — Está pronta?

Sansa deu um aceno nervoso. Jon estendeu-lhe o braço e ela o agarrou de maneira firme e saíram do quarto. Quis gritar um sonoro não quando lhe perguntou se podia acompanhá-la até Willas no casamento. Mesmo assim, se viu dizendo sim quase que instantaneamente. O sorriso na face dela havia feito o momento valer a pena, mas então durante todos os dias que se passaram até aquela noite, havia lamentado e ensaiado um modo de se declarar. Todas tentativas frustradas, no entanto. Havia perdido tempo demais. Willas havia chegado antes e conquistado o coração dela com uma facilidade que Jon jamais seria capaz. Ela então parou de caminhar, forçando-o a parar também. Jon sentiu quando Sansa começou a tremer, como se estivesse desconfortável dentro da própria pele.

— O que há? — quis saber, enrugando a face em um gesto de preocupação.

— Isso não é um sonho, é? Quero dizer, isso está realmente acontecendo, Jon? — ela apertou ainda mais seu braço e o olhou. Os olhos azuis como gelo que Jon julgava tão quentes e acolhedores, mesmo que fosse um contraste. Ela era feita de contrastes. Tão gelada e tão quente ao mesmo tempo. Conseguia ver como aquilo a perturbava.

— Sim, está — ele ensaiou um sorriso. Queria lhe passar segurança. — Willas lhe tratará bem, lhe manterá segura. Ele irá lhe amar, assim com você irá amá-lo. E serão felizes. Será feliz, eu prometo. — eram palavras amargas. Podia sentir o sabor ácido em sua boca.

Quando Sansa lhe sorriu, por um momento esqueceu as circunstâncias em que se encontravam. Tão distantes e tão próximos. Ela se inclinou levemente para beijar-lhe a bochecha e ele sentiu tudo dentro de si se aquecer. Não pode, pensou. Forçou seu corpo a relaxar, tamanha era a tensão que sentia quando a tinha tão perto de si. Então o envolveu em um abraço firme. Pensava que se ela fosse capaz de saber o que se passava dentro dele, de como aquele contato o fazia sentir, jamais o teria abraçado. Eles voltaram a caminhar e nada mais falaram. Jon queria pedir para que fugisse com ele, corressem dali naquele instante, mas que bem lhe faria? Sansa apenas o olharia com um olhar de desprezo, um olhar que já conhecia vindo dela. Não queria sentir aquilo novamente. Além disso, para onde iriam? Para onde ele poderia levá-la? Apenas lhe traria desgraça. Mancharia seu nome e sua honra.

“I don't want them to know the secrets
I don't want them to know the way I loved you
I don't think they'd understand it, no
I don't think they would accept me, no”

Quando chegaram ao bosque, Jon viu as faces conhecidas dos nobres senhores das casas vassalas aos Stark. Homens com uma pompa tão grande que chegava à frente deles quando se aproximavam. Viu suas roupas de tecidos caros e suas expressões altivas. Mesmo que Sansa o quisesse, mesmo que estivesse tão pouco lúcida ao ponto de aceitá-lo, aqueles homens jamais o aceitariam. Seria sempre o filho bastardo de Lorde Eddard Stark. O garoto que recebia os olhares de repulsa, os questionamentos a respeito da honra de seu pai. Foi por isso que Lorde Stark sacrificou sua honra? E ali, pronto para entregar a mulher que amava a outro homem, ele ainda era um garoto verde, esguio e fraco. O bastardo de Winterfell. Snow. Deveria sempre lembrar-se daquilo. Não era um Stark. Jamais seria.

“I loved and I loved and I lost you
I loved and I loved and I lost you
I loved and I loved and I lost you
And it hurts like hell
Yeah it hurts like hell”

A neve caía ligeira sobre eles, suave e fria. Como o toque amargo de uma amante. Jon gostava de sentir a neve em sua pele e imaginar que os flocos que derretiam em sua carne eram as pontas dos dedos de Sansa lhe fazendo carinho. Aproveitava a ilusão por alguns poucos instantes antes de se amaldiçoar por nutrir tais pensamentos. Era quase como se pecasse por imaginação. Era tão cruel que jamais a pudesse sentir daquela maneira. E ali estava ele, entregando-a para alguém que iria sentir todos os seus toques, sentir todos os seus beijos. Seria dono de seus suspiros, seus resfôlegos de prazer. Lhe acariciaria a pele morna e a faria sentir segura.

— Quem vem? — a voz de Willas Tyrell foi como uma faca em seu peito. Parecia um aço de gume tão afiado que o perfurou com facilidade. Nunca havia pensado que tais palavras o pudessem ferir de maneira tão profunda.

Jon se permitiu ficar em silêncio. Mesmo que todos esperassem que falasse. Mesmo que tivesse que fazê-lo, tivesse ou não uma escolha. No entanto, gostaria de adiar aquilo por tanto tempo quanto fosse possível. Não era muito, porém. Sansa apertou os dedos em seu braço e ele a olhou. Ela tinha os olhos com uma confusão aparente. Ele então respirou profundamente e respondeu:

— Sansa da Casa Stark vem aqui para se casar. Uma mulher crescida e florescida, legitima e nobre, vem pedir a bênção dos Deuses. Quem vem reivindicá-la? — forçou sua voz a sair de forma clara, mas era aparente seu nervosismo.

Eles avançavam devagar. Jon conseguiu ver todos os olhares sobre si. Talvez eles conseguissem enxergar a sua vergonha. O seu sentimento de desonra. Ou talvez estivesse paranoico e ninguém perdesse tempo realmente o olhando.

— Eu, Willas Tyrell. Senhor de Jardim de Cima, Protetor do Sul, Herdeiro da Campina. — a cada título proferido por Willas, Jon sentia-se cada vez menor, cada vez mais miserável. Parecia agora patético que um dia tivesse esperado que Sansa o notasse. — Eu a reivindico. Quem a entrega?  

“Dreams fight with machines
Inside my head like adversaries
Come wrestle me free
Clean from the war”

Quis então correr dali naquele instante. Se aquilo não fosse ferir Sansa mais do que já estava ferida, ele o teria feito sem olhar para trás. Em breve estaria acabado, em breve poderia partir.

— Jon Snow, irmão da Rainha do Norte, filho de Eddard Stark. — gostaria de poder ter mais títulos a acrescentar, mas não os tinha. Não era sequer Lorde Comandante, agora que tinha deixado a Patrulha. Não por muito tempo, lembrou-se.

Já estavam agora diante de Willas. O sorriso na face de Sansa era quase contagiante, ele poderia até ter rido com ela se tudo aquilo não fosse uma grande piada onde ele era o motivo da chacota.

— Senhora Sansa, aceita este homem? — perguntou. A dor que sentiu foi maior do que qualquer outra. Deixou que seus olhos pousassem na árvore-coração e questionou se os deuses estariam rindo dele naquele momento.

— Eu aceito este homem — Sansa disse então.

Estava feliz. Jon poderia sentir-se feliz por ela. No fundo, esmagado pelos sentimentos de angústia e perda, ele ainda conseguia se alegrar com o fato de que agora ela estaria com alguém digno. Mas era quase impossível fazer com que aqueles sentimentos altruístas fossem maiores que a vontade egoísta de agarrá-la ali mesmo.

E então, tão fácil quanto despertar, ela largou seu braço e caminhou até Willas. Eles se ajoelharam diante do represeiro e seguraram as mãos um do outro. Marido e mulher. Jon ainda se permitiu encarar a cena por tempo o suficiente para nunca se esquecer de que agora ela era de outro homem e seria até o fim. Nunca sua. Jamais sua. Os olhos vermelhos cravados na árvore pareciam lhe perfurar.

“Your heart fits like a key
Into the lock on the wall
I turn it over, I turn it over
But I can't escape
I turn it over, I turn it over”

Sua tarefa ali estava terminada. Não tinha mais nada a fazer. Ele então virou as costas e caminhou para fora do bosque. Não olhou para trás, não encarou os olhos que o encaravam enquanto caminhava, apenas seguiu em frente. Quis chorar, mas forçou-se a manter-se forte. Você tem sido forte sua vida toda. Seguiu até os estábulos onde havia deixado tudo preparado para sua partida. Não iria se despedir, não aguentaria a dor de dizer adeus à Sansa. Até nunca mais, imaginou-se dizendo. E imaginou-se também falhando.

Uma vida na Patrulha não seria tão ruim. Já havia experimentado os dias frios e solitários e eles pareciam lhe servir tão bem quanto as luvas que calçava. Montou no cavalo e saiu em trote moderado até o portão. Quando abriram as portas, a grande manta de neve que cobria a estrada parecia quase capaz de acolhê-lo à noite. Assim seriam suas noites a partir dali, cobertas por mantos gelados e vazios.

E então ele adentrou a escuridão, ameaçada apenas pelo brilho pálido da lua. Com a neve de companhia e os devaneios insensatos de uma realidade tão distante e perdida. Naquele instante, Fantasma já tinha se juntado a ele. O companheiro acompanhava seu trote sem dificuldade.

— Somos eu e você agora — ele sorriu para o lobo que lhe lançou um olhar rubro e penetrante. Quase conseguiu sentir quando Fantasma julgou sua covardia.

A cada passo que dava, ia para cada vez mais longe dela. Imaginou sua reação ao saber que havia partido. Imaginou-a indo atrás dele, implorando-lhe para ficar. Mas então percebeu que ela não o faria. Você é apenas seu meio-irmão, nada mais. Você não a perdeu, a verdade é que nunca a teve.

“I loved and I loved and I lost you
I loved and I loved and I lost you
I loved and I loved and I lost you
And it hurts like hell”.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Digam o que acharam, ficarei muito feliz em saber a opinião de vocês, eu não mordo haha
Beijos e até uma próxima ♥



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