An Untold Story escrita por Katsudon


Capítulo 1
Uma história não contada


Notas iniciais do capítulo

Essa one é totalmente dedicada a Clarissa (Maga Clari aqui no Nyah) pelo seu aniversário dia 25/09 (MAIS UMA VEZ PERDÃO PELO ATRASO! Ano que vem me lembre disso três meses antes!
HAPPY BDAY TO YOU HAPPY BDAY TO YOU HAPPY BDAY TO YOUUUUUUUUUU
Espero que você goste ♥

~Desculpa, não sei ser fofa, mas foi de coração



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Parte Única

Uma história perdida no tempo

Apresentando:

sua narradora

o menino de cabelo cor limão

algo roubado

invasão

a ladra de livros

uma promessa

 

Capítulo único

Vocês já me conhecem.

Sabem que devem parar para me escutar quando eu contar uma história.

Principalmente essa do garotinho que tinha como ídolo Jesse Owens e amava totalmente sua vizinha que corajosamente enfrentava a casa do prefeito para roubar livros. Uma história que tinha guardado apenas para mim. Mas acho que está na hora de compartilhá-la.

Uma noite, cheia do branco da neve fofinha cobrindo a rua que tinha nome de céu, fria como a alma de pessoas vazias. O garoto mantinha junto a ele, bem grudadinho ao corpo, algo que ele estava maluco para mostrar a sua Saumensch. O sorriso orgulhoso brilhava em seu rosto.

Rudy claramente tinha adorado o que tinha feito por conta própria, na verdade, não acreditava que teve coragem de fazer sozinho. Os lábios alargaram ainda mais, provavelmente se lembrando dos detalhes da noite.

O pequeno Steiner tinha fugido enquanto todos dormiam, desvencilhando de sua pequena irmã que dormia com ele e deslizando silenciosamente como um gato noturno pelos cômodos de sua pequena casa. Abriu a porta o mais de vagar que podia para poder evitar os barulhos estridentes do rangido das dobradiças, parando vez ou outra para verificar se não escutava passos de alguém acordado na casa e pudesse pegá-lo em flagrante e fez a mesma coisa quando a fechava. Rudy parou a porta, esperando mais uma vez algum barulho de movimentação de dentro da casa mas tudo o que recebeu foi o silêncio. Suspirou aliviado e pegou a rua Himmel para seu destino.

Rudy parou no meio do caminho e se encolheu dentro de seu casaco que tornava o frio suportável. Olhou para trás como se tivesse medindo se era realmente uma boa ideia, talvez devesse voltar e se apertar novamente com sua irmã e dormir e assim não correndo o risco de ser pego e ouvir sermões. O menino balançou a cabeça e colocou um olhar determinado no rosto e continuou seu caminho pela Molching nevada, às vezes escorregando mas persistindo no seu objetivo. Eu apenas acompanhava o pequeno menino loiro em sua jornada, observando o que ele iria aprontar.

Sei que tenho almas para cuidar, entretanto, espero que elas possam compreender que preciso acompanhar meu garoto. Só dessa vez.

Enquanto seguia Rudy percebi que era um caminho bem familiar, tanto que o garoto mal olhava para frente sabendo de cor e salteado o caminho.

É claro. Lembro-me agora.

Era o caminho que ele e Liesel faziam para a casa do prefeito. Onde a Sacudidora de Palavras entrava furtivamente para pegar um livro e o menino de cabelo cor de limão era seu cúmplice em algumas ocasiões.

Mas o que pequeno Steiner estaria a aprontar a essa hora da madrugada no lugar mais nobre da cidade? E como um ser curioso que sou, com certeza não deixarei de acompanhá-lo.

Vejo Rudy parando novamente, se encolhendo dentro de seu casaco de novo. Quão frio está esta noite? Como ele está aguentando? O que é tão importante que não pode esperar o dia amanhecer?

Ele esfrega as mãos numa tentativa de se esquentar, e depois as esfrega nos braços.

— Vamos, seu Saukerl! Você pode fazer isso! – murmurou para si mesmo.

Fecha os olhou e inspira profundamente como se para achar a força em si mesmo, então abre os olhos e volta a andar.

Depois de alguns minutos finalmente chegou ao seu destino: a casa do prefeito.

Usando as mesmas técnicas que sua parceira de crime, ele entrou pela janela tendo acesso ao escritório do prefeito, onde também estava a biblioteca. Rudy olhava o tempo todo para os lados com medo de ser pego no flagra. Apesar de tremer, o garoto não voltou atrás.

Da janela, segui meu menino com os olhos. Ele apertava os olhos tentando ler os títulos, andava praticamente sobre a ponta dos pés para evitar o barulho e passava as pontas dos dedos pelas obras.

O garoto pareceu achar um livro que merecesse sua atenção uma vez que parou franzindo a testa e apertando os olhos. Puxou cuidadosamente o livro, analisando-o.

Um livro bem grande.

De repente, Rudy esbugalhou os olhos em direção a porta do escritório e uma expressão apavorada tomou conta de seu resto. Tremi pensando que esse poderia ser o fim do meu garotinho.

Mas correu com o livro nas mãos para debaixo da mesa que ficava próxima à janela, tentando se esconder. Meu coração batia forte e imaginava que o do menino deveria estar ainda mais rápido.

A porta se abriu, Rudy apertou os olhos com força e espremeu o livro no peito enquanto a esposa do prefeito adentrava o cômodo e olhava a sala a procura de algo, ou melhor, alguém. Eu pedia internamente para que ela voltasse logo para o quarto e meu menino pudesse sair ileso.

Infelizmente seus olhos pararam na janela aberta que o garoto deixou aberta ao entrar. Rudy seria pego, seu primeiro crime sozinho não seria bem sucedido. Foi isso o que pensei.

Para a alegria e alivio de Rudy, a senhora primeira dama sorriu para a janela e voltou para seu quarto, fechando a porta logo atrás de si. O loiro soltou um suspiro de alivio e certificando-se que estava seguro, tão silencioso quanto entrara, saiu.

Correndo de volta, ele caiu na neve e gargalhou uma vez que não tinha ninguém por perto. O livro acabou caindo ao seu lado e pude ler o título. Kinder-und Hausmärchen.

*ALGUMAS INFORMAÇÕES SOBRE KINDER-UND HAUSMÄRCHEN*

Em tradução livre, “Contos Caseiros”

Autores: vários

Uma coletânea com mais de 200 contos

Publicado pelos os alemães Jacob e Wilhelm Grimm

 

 

— Eu não acredito que consegui. – Rudy exclamou pra si mesmo, soltando mais uma risada ainda deitado na neve. – Eu consegui.

 

E eu fiquei feliz pelo meu garoto.

 

Então se levantou voltando seu caminho para a rua Himmel.

 

Agora ele está parado em frente a casa de Liesel, ainda de madrugada. Será que ele não esperaria até amanhã para contar seu feito? Se o pegassem, com certeza levaria uma surra. E daquelas!

Rudy fez uma careta, realmente parecendo estudar uma estratégia para entrar.

Eu tinha que voltar para levar minhas almas, porém, mais forte que eu, precisava saber o desfecho dessa história.

Ele deu três passos para a casa da garota olhando para o segundo andar onde é o quarto da menina. E de alguma forma, Rudy conseguiu a façanha de entrar na casa e subir as escadas sem que a mamãe e o papai de Liesel o pegassem. Eu apenas o seguia, embabascada pela coragem do garoto.

Quando chegou ao quarto de Liesel, próximo a cama dela, parou e ficou a encarando, talvez encantado em como ela parecia serena e tranquila dormindo. Ou talvez simplesmente quisesse apreciar a beleza que ela tem diante a seus olhos. E meu coração se aqueceu.

Rudy levantou o braço como se para acordá-la mas parou no meio do caminho. Um sorriso malicioso surgiu em seus lábios e ele aproximou o rosto do dela e fez um biquinho.

Rudy Steiner cometeria dois furtos no mesmo dia? Será que ele teria seu tão sonhado beijo da sua Saumensch?

Então recuou. E voltou a encará-la por minutos. Voltou a esticar a mão e tocou-lhe o rosto, escorrendo os dedos por ele e tirando uma mecha de cabelo que caia sobre a bochecha. Liesel se remexeu, mesmo assim Rudy não tirou a mão como se gostasse da sensação de ser pego no flagra.

Quando ela parecia estar em sono profundo novamente, Rudy sussurrou bem baixinho, e se eu não estivesse tão próxima não o teria escutado.

— Um dia, você vai me dar meu beijo. Eu vou esperá-lo, o tempo que precisar, nem que seja anos, nem que eu tenha que esperar ter a idade da mamãe e do papai. E quando você finalmente me beijar, te contarei essa história e entregarei esse livro, sua Saumensch.

Rudy voltou a abraçar o livro contra o peito e saiu da casa, pegando o caminho de volta para a sua.

E eu, ainda emocionada com a cena, voltei ao meu trabalho procurando as cores para me confortar.


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