No Olho da Tempestade Reboot! escrita por P r i s c a


Capítulo 12
Zona de Conforto


Notas iniciais do capítulo

MEEEEEGA ATRASO, MAS AQUI ESTAMOS!!!
ENJOY!



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“É justo…” murmura pra si mesmo ao abaixar seu equipamento preferido de espionagem. Um contido sorriso se faz oculto debaixo do denso bigode negro.

Sem dúvidas… chegara a sua hora de agir.

 

*** 

O dia ainda estava na metade quando terminaram a arrumação e voltaram a cuidar de seus próprios assuntos. Apesar de estarem mais próximos, Haru percebia que, depois que recuperara os óculos, o rapaz passava ainda mais tempo fazendo as coisas sozinho. Ela entendia que, em parte, era necessário já que era um dos poucos membros fluentes em italiano e, portanto, o mais apto a cuidar desse tipo de trabalho. Mas, nos últimos dias, ele vinha fazendo mais do que traduzir contratos e relatórios e enviá-los ao chefe. Gokudera começava a caçar papelada para abater a fim de manter a mente ocupada.

 Quando não estava envolvido com a parte burocrática, ele inventava o que arrumar na casa. Na SUA casa. Com SEUS pais.

 Papelada.

 Serviço doméstico.

 Tava na cara que Gokudera estava se escondendo. Nem deixá-la sair para treinar ele deixava! E logo agora... que Haru começava a se sentir mais membro da Vongola e menos agregada….

 Começava a pensar que tipo de psicopata sanguinário o pai de Gokudera devia realmente  ter sido para confiná-lo daquela forma só pela possibilidade de estar observando-o esse tempo todo… E ao ponto de fazê-lo evitar Tsuna e os outros! Tsunayoshi! O Grande Juudaime-desu!! Seria de se esperar que Gokudera estivesse cada vez mais e mais furioso com a imposição da distância de seus deveres de Braço Direito… mas não acontecia assim.

 Aquilo não podia ser saudável. Pra nenhum dos dois.

 Haru já estava mais que decidida a tomar uma atitude.

 Estava decidida a ajudar!

 E a primeira coisa a fazer… era reestabelecer o domínio de seu território.

 “NÃÃÃO-desu!” gritou, se atirando sobre a própria cama antes que o grisalho tivesse tempo de sequer encostar a porta do quarto. “HARU NÃO VAI MAIS TOLERAR DORMIR NO CHÃO DURO-DESU!”

 Sem sequer mudar de expressão, o rapaz fecha seu relatório, guarda seu celular no bolso do moletom, segura a criatura pela cintura com os dois braços e a solta de volta pro futon no chão como fazia com Uri (exceto que a arma se fazia mais difícil de remover). Haru levantou e voltou pra cama imediatamente, feito um filhote hiperativo e teimoso. Lá pela quinta vez, quando grunhiu, estalou as costas e não tentou mais tirá-la de lá, a morena sorri triunfante, só para sentir, com um disparo no peito,  o colchão afundando levemente com o peso extra que agora se acomodava ali, tirando o celular do bolso e voltando trabalhar, ignorando completamente qualquer domínio que a garota Hahi tivesse tentado estabelecer ali.

 Ele nem menos tentara travar uma disputa...

 “Gokudera não vai nem... brigar com a Haru… ou algo assim?”

 Por algum motivo, o silêncio dele lhe dava mais sensação de ter feito algo ruim do que quando explodia.

 “Pra quê? Não estou irritado.”

 Haru se sentou na cama de frente pra ele e o encarou. Por um segundo depois da pergunta, ele levantou o olhar da tela, franzindo o cenho em seguida como que estranhando o próprio temperamento.

 “Aff, mulher, e o que diabos você quer? Que eu exploda sua casa? Com seus pais e tudo!?” e cruzou os braços emburrado. Era nítido, quase palpável, o quão frustrado ele próprio começava a ficar com a falta de vontade de desintegrar as coisas. “Porque eu duvido que é isso que você quer!”

 “Bem...” talvez fosse o momento mais oportuno de sua vida para apontar alguns fatos que pareciam ter sido completamente relevados nos últimos dias. “...tecnicamente, foi culpa do meu pai esse mal entendido geral...”

 “Foi sim, mas só porque aquele sonso bocudo é do tipo que faz piada primeiro e pensa nas consequências depois. Agora que a coisa estourou ele fica mantendo pose de que tá tudo bem, mas na verdade se importa muito!”

 “Mas não fosse pela minha mãe ter surtado e espalhado o boato sem saber se...”

 “E o que ela podia fazer, mulher?! Depois do susto, a primeira coisa que deve ter pensado era em como criar a criança... como você terminaria os estudos… como as pessoas te tratariam… Não é como se tivesse bola de cristal enfiada no rabo pra saber que, se dependesse dessas coisas, ter um filho seria a menor... das... preocupações...”

 E só depois de dizer tudo isso (e dizer com bastante propriedade, diga-se de passagem) foi que o próprio Guardião começou a reparar no que realmente estava havendo. Era como se… ele tivesse entrado numa espécie de Zona de Conforto da qual sequer havia se dado conta... até aquele o momento.

 “N-não é como se eu os estivesse de-def-defendendo-!”

 “Não, não…!” continuou a fitá-lo “Imagina… Haru está-desu.”

 Gokudera soltou outro daqueles grunhidos longos seguido do esticar de costas que estalava as vértebras como se torcessem um metro inteiro de plástico bolha, deixando-se deitar na cama, frustrado.

 Haru respirou fundo e deitou também. Ficaram os dois ali a encarar o teto.

 “No nosso último dia no, bom… no Futuro… minha irmã me disse uma coisa que me enfureceu muito” Haru virou o rosto na direção do rapaz, reencontrando ali aquele cenho firmemente franzido que lhe era tão característico, mas que estivera tão ausente “Era sobre minha mãe.”

 Conforme ele descrevia todo o absurdo que vivenciara, fora ficando bem claro os motivos por trás do Gokudera que viera a conhecer.Mesmo quando descreveu o modo como Bianchi parecia certa das verdadeiras intenções de seu pai, o fato era que, há dez anos, ele nunca tentara se reaproximar… Nunca tentara se redimir, ou se desculpar.

 “Uma coisa fora crescer acreditando que o despistara… outra, era descobrir que o mais velho o observara o tempo todo…”

 “...E não fizera nada-desu...”

 “Até agora.”

 E ele claramente achava esse súbito surgir ser fruto de interesse. Ou seja, seria melhor se não tivesse retomado contato.

 Bom… quem não acharia isso, não é mesmo?

 “Você tem bons pais, mulher.” disse “Idiotas... Talvez até mais do que você… mas são bons.”

 “Hm! Haru sabe…”

 Por um tempo difícil de calcular, ficaram ali quietos, apenas sentindo, agora de modo mais ciente, daquele estranho momento de conforto em meio aos caos que estava suas vidas.

 “A gente devia sair e procurar Bianchi...”

 “Hm.”

 ***

 “Vão sair…?”

 Vendo a repentina movimentação dos mais novos, antes tão quietos, prestativos e agora  pegando mochilas, chaves e agasalhos, a Sra. Miura não podia evitar certa preocupação com o que os dois andavam aprontando.

 “Vamos-desu! Voltamos pra jantar...” e pára um pouco pra pensar “...eu acho.” depois vai até a cozinha, aparentemente para preparar algum lanche de emergência, pro caso de estar errada quanto ao horário de retorno..

 “Ah, e... pra onde… pra onde vão?!”

 “Estudar.” o rapaz estava com as duas bolsas penduradas no ombro, uma dele e outra dela, enquanto enrolava o cachecol no pescoço e pegava uma touca.

 “Hmm…  I-italiano?”

 “Hai!” Sua filha reapareceu da cozinha com duas caixas de bentou e colocou uma em cada mala antes de pegar a dela e ajeitá-la nas costas. Quando viu o rapaz já agasalhado, soltou um rápido  “Hahi!” e voltou pro quarto, certamente pra pegar o que esquecera.

 “Sei…” sentiu a agitação cessando. Aquilo a inquietou, mesmo que não entendesse muito bem o porquê. Ele  estava com a chave da casa nas mãos e saíram assim que a morena descesse com o agasalho. “Ela… Haru ta aprendendo bem?”

 Gokudera pela primeira vez parou com o que estava fazendo para dar atenção. Demonstrou uma intenção de responder com seriedade... Então faz que mais ou menos com a mão, sacudindo a cabeça e entortando a boca como quem já não esperava muito pra começo de conversa. Haru chegou já lhe dando um tapa, ele devolve com  outro e assim vão se empurrando e implicando até a porta de saída, esbanjando uma jovialidade tão natural pra eles quanto nostálgica para a mais velha.

 Depois que saíram, Haru ainda lhe acenou da rua antes de alcançar o grisalho e desaparecerem no fim da rua ao virarem a esquina. Fechou a porta de casa e voltou-se para a sala, onde o Sr. Miura o marido está total e completamente acomodado no sofá, vendo “O poderoso Chefão”, ao invés dos costumeiros documentários científicos.

 Era um bom filme. Ela tentou sentar-se à esquerda, no sofá, mas a bandeja com pipoca amanteigada e refrigerante diet já estava lá. Foi para a direita, espremendo-se entre ambos colossais braços, do marido e do sofá, sem sucesso. a se acomodar de todo o jeito ali e não consegue. O tempo todo, o gorduchão apenas a encarava como quem está profunda e verdadeiramente intrigado com um comportamento atípico.

 Desistiu de se aconchegar e se levanta suspirando longamente.

 “Vou fazer a janta…”

 “Hagi!! Faz um bolo de sobremesa?!”

 “VOU FAZER SALADA E SE RECLAMAR VAI PASSAR A IR PRO TRABALHO A PÉ, FUI CLARA, MOÇO?!”

 Era isso, ou comprarem um sofá maior.

 ***

 Depois de caminharem até o apartamento da hitman, a dupla se encontrava congelando do lado de fora da porta.

 Tocaram campainha, bateram palmas, chamaram… Mas sem resposta.

 “Gokudera mandou recado pra Bianchi de que estávamos vindo-desu?”

 “Por que eu faria isso?! Um hitman nunca entrega sua intenção  ao alvo de bandeja!”

 A resposta fora um erguer mais que estupefato de ambos os braços, apontando para a porta fechada apresentando o melhor dos motivos para se quebrar uma mania dessas.

 Haru chegou a mandar recado pra Kyoko pra ver se a futura primeira-damas (era assim que chamava?) tinha qualquer notícia. Fosse por ter esquecido de carregar os créditos, fosse por má recepção causada pelo frio, a mensagem não pôde ser sequer enviada.

 Ótimo.

 E agora?

 Haru tivera a ideia de irem até o café que sua senpai mostrara para pegarem o wi-fi de lá (e dar uma fugida do repentino frio), mas não chegaram nem à metade do caminho, esbarram com outro rosto muito conhecido e amigável.

 “E aí, casal?” cumprimentou-os com o sorriso calmo de sempre “Aproveitando o friozinho pra um encontro?”

 “Yamamoto-san!” a morena ergue ambos os braços pro alto de alegria “Faz tanto tempo-desu!”

 “Claro! Esse cara parece que decidiu te monopolizar por completo! Haha!”

 Alguns muitos  insultos, cumprimentos, xingamentos e “Hahas!” depois, o trio retorna ao assunto que os trouxera para fora do calor de suas casas naquela tarde gelada.

 “Eu também não sei de Bianchi-chan...” O rosto de Gokudera de retorceu tão logo ouviu o honorífico, mas nenhum deles tivera tempo de questionar. Yamamoto prosseguiu “Na verdade eu saí pra procurar por você, Gokudera. Ordens do Reborn.”

Haru e Hayato se encararam. Ao que parecia, aquela mudança no clima, apesar de esperada para o fim de ano, tinha algo a mais que precisava ser investigado.

 “Algo a ver com as boxes que nos atacaram outro dia?”

 “Yup! Reborn quer rastreá-las. Tsuna e os outros estão ocupados com outra briga, então...”

 Sobrou para os Braços do chefe.

 Aquele era um péssimo momento para as famílias rivais ficarem aprontando… Gokudera olha pra Haru pensando em como proceder a partir dali…

 “Pode ir trabalhar-desu!” diz a morena “Haru precisa de internet, então ela vai pra casa e continua tentando falar com Bianchi.” a cretina ainda lhe oferece um polegar estendido, como se fosse a aprovação ou desaprovação dela que o estivesse impedindo de fazer qualquer coisa.

 Por outro lado…

 “Certo. Vou deixar Uri e os Anéis contigo.” e entregou tanto o de caveira quanto dois energizados. “Se tiver dúvida do que fazer… Dispara primeiro. Pergunta depois. Entendeu?”

 “Hai…?”

 “Eu acredito que vai correr tudo bem… mas pode ser uma boa você voltar a andar com as meninas. Kyoko e Hana já têm seus próprios anéis de defesa...”

 E assim, se despediram, indo cada um para sua respectiva missão.

 Quando já estava na porta de casa e voltou a ter rede, Haru recebe um recado que, provavelmente, o rapaz lhe enviara assim que se despediram.

 “Oe. Me avisa quando chegar em casa.Se a velha perguntar, fala que fui ver apartamento… ou que comprar fraldas… o que fizer ela enfartar primeiro tá bom.”

 “Baka!”

 Abriu a porta escolhendo que ofensa digitaria primeiro quando foi recebida não por duas, mas por três pessoas em sua casa.

 “Haru! Tentei te ligar e você tão me atende!” diz sua mãe.

 “Oras, Sra. Miura, não há motivo para culpá-la...” Um homem grande, mas menor do que seu pai e com um bigode cheio, escuro se levanta e lhe estende uma mão cheia de anéis para cumprimentá-la. “Você deve ser a Haru… Prazer, eu sou o pai de seu noivo, Gokudera.”


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Notas finais do capítulo

Semana passada teve volta às aulas, volta aos trampo, volta à bagunça, tudo junto!!!

Mas agora tá tudo certo! (consegui até usar o pc pra escrever dessa vez, olha só 8OOO)

Enfim... nossa história está nos últimos capítulos, galera!!!! Alerta de confusão geral agora!

Espero que estejam gostando e agradeço imensamente pela paciência de anos que a maioria de vocês têm me concedido... Queria aproveitar pra adiantar que no fim da fic vou fazer um anúncio então, pra quem ainda não me passou parte favorita de NOdT, vcs têm até o último cap pra me mandar no provado mesmo!!! 8DDDDD

LOVE U ALL!

p.s.: Pra quem não percebeu, a inspiração pros pais da Haru vem do mundo de Gumball.... eu simplemente adoro Nicole e Ricardo... xDDDDD



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