Wild Flower escrita por Viria


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Olá a todos! Devem me conhecer pela Pride and Prejudice, fanfic que venho mantendo aqui a um tempo. Já faz uma data que venho anunciando esta fic e cá estou eu, postando-a. É um enredo completamente original e delicado. A narração pode se revesar durante a história, mas em geral é do ponto de vista de Alec Volturi. Espero que gostem, abraços!



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O corre-corre da cidade de Veneza era o mesmo. Ansioso e ao mesmo tempo acostumado, eu caminhava de mãos nas costas, observando tudo ao meu redor. Era lindo, monótono, nostálgico. Nunca me enjoava de ver tal paisagem, já estava acostumado com exuberância e graça da cidade, mas mesmo assim tornava-se cada vez mais encantadora com o passar dos anos.

Posso dizer à vontade esta frase, vivi o suficiente para ver Veneza evoluir e ao mesmo tempo impressionar-me, da forma que sempre exigia a Aro que passássemos sempre nosso período de descanso neste local. Concordância houve quando exigi minhas férias, trabalhei por anos e sempre fui fiel, várias e várias vezes promovido, até chegar no posto de chefe da guarda. Por que não poderia visitar meu lugar favorito e em meu período predileto?

Veneza ficava encantadora na primavera, era a menina dos meus olhos quando florescia. Os canais, cheio de barcos e com turistas enfileirados neles, comentando sobre a cidade, ficavam cobertos dos ipês que caíam de suas respectivas árvores. Todos eles de diferentes tons de cores, um mais perfeito do que o outro. Eu particularmente ficava horas observando tal visão. Queria morar nesse lugar, por tanta afinidade que peguei dele.

Nem minha cidade natal era tão especial para mim. Morava na Itália, mas nasci em um lugar onde todos conhecem hoje como Prússia, no século 800 A.C. Um tanto distante do momento que estou agora, todavia não o suficiente para que não me recordasse do passado tenebroso, representado por ali mesmo. Deve ser por isso que não tenho recordações agradáveis de minhas origens. 

A única exceção que ainda incomoda-me é a ausência de meus pais, porém suas mortes foram vingadas com louvor. Matei um por um dos que nos denunciaram e fiz questão de que sofressem antes de suas mortes moribundas. Enfim, devo policiar-me nesses pensamentos agora, Veneza é um lugar muito perfeito para ter tal sujeira como memória. Guardaria o ódio para minhas tarefas de eliminação, assim matava mais rápido.

Notei alguns turistas olhando para mim, o manto negro cobrindo meu corpo e o capuz caindo delicadamente nas costas. Parecia uma figura sombria, todavia deleitava-me da paisagem tanto quanto. De fato meu rosto vingava o visual estranho para o dia, contando que sou um vampiro, um ser antigo das trevas, classificava-me como perfeito aos olhos humanos.

Algumas mulheres cochichavam entre si e davam pequenas risadinhas. Era claro que poderia ouvir o que estavam dizendo, mas não serei indelicado repetindo nessa narração, com toda certeza tinha algo a ver com galanteios e desejos de casamentos. Quem sabe não poderia ter alguém por aqui? Veneza continha as moças mais belas de toda a Itália, deitei-me com diferentes donzelas neste mesmo lugar, todas valeram à noite.

Suspiros, arranhões, gemidos, desejos, tudo era implacável para aqueles momentos, passados nesse mesmo período, a primavera, em Veneza. Minhas férias seriam muito bem aproveitadas na companhia dessas adoráveis criaturas. Eu teria tirado a sorte grande em escolher tal lugar.

Os passos estavam cada vez mais gentis, pisando de modo delicado na calçada de pedra. Mal faziam barulho, todavia se o fizesse não seriam ouvidos, o zunido de diversas conversas chegavam a ser insuportáveis para pessoas com audições aguçadas. Nenhum de nós suportaria ter tanta paciência se uma vez com pouca idade. Meus anos de experiência serviram para proezas como essas.

Olhei para o chão durante a caminhada, minhas botas pretas pisando suavemente nas pedras, e vi pétalas de flores pelos caminhos. Poupei um sorriso na mesma hora, que adorável cena. Veneza era tão perfeita nessa época. Em qualquer época, para ser mais exato. Em suma, como já citado, meu lugar predileto em toda Itália.

Peguei um apresso muito forte por este país, já visitei lugares fantásticos, com paisagens fantásticas, sem ir muito longe. Acompanhei sua evolução desde a época em que nasci, encantado com diferentes períodos históricos que passaram-se durante o decorrer. O renascentismo foi meu favorito, obras eram espalhadas pelas ruas à cada esquina que andávamos. Artistas eram descobertos e invenções novas tornavam-se rotinas por todos os lados.

Até mesmo eu fiquei inspirado nos anos. Adotei várias filosofias, explicadas por gênios como Leonardo Da Vinci, e apliquei-as em fieis teorias criadas para ajudar no entendimento de um contexto todo. O mundo era algo muito novo ainda, diversos fatos estavam para serem descobertos e eu estava louco para poder acompanhar mais e mais as evoluções que ainda estavam por vir.

Acho que essa é uma das maiores vantagens, poder assistir de perto tudo o que o ser humano é capaz de fazer. Muitos vampiros os menosprezavam, eu particularmente achava que eram criaturas fantásticas. Aliás, já fui uma vez na vida, com sonhos impossíveis, desejos descontrolados e uma alma. Acreditava que a mesma já não habitava em meu corpo há muito tempo.

Pode descordar o quanto quiser, eu tenho essa teoria desde transformei-me em uma criatura imortal. Preocupado com a não existência, mas aliviado por saber que tal não chegaria. Eu estava condenado a viver para todo o sempre, não poderia ser tão ruim assim, se a eternidade não fosse tão solitária.

Estávamos no ano de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil seiscentos e quarenta. Uma época agradável aos olhos daqueles que já viveram por outras. Eu, por exemplo, assisti vários outros acontecimentos estrondosos. Impactantes, impressionantes, todos eles provocados pela petulância humana. Novamente, classificava-os como criaturas fantásticas.

Distraído, andando de mãos cruzadas nas costas, eu atravessava o caminho da delicada cidade até os aposentos que iria hospedar-me. Uma grande casa, mais comparada como um pequeno palácio vicentino, aguardava-me na área nobre do local. Era minha, presente de nosso mestre pelo trabalho esforçado. Pediu para que escolhesse um lugar para minhas férias e escolhi Veneza, logo após mandou de presente esta maravilhosa casa.

Eu não cabia-me em felicidade e tranquilidade, estava em meu lugar preferido, na minha estação predileta e nas melhores companhias. Teria melhor modo de passar por tal acontecimento? Penso que não. Sentia-me leve, descansado, feliz. Não tinha uma sensação dessas há muitos anos. Acho que só fui a ter na última vez que tirei férias e faziam anos, precisava colocar minha mente para relaxar um tanto.

Muitas pessoas preferiam locomover-se de carruagem ou até mesmo de barco em tal local, mas eu não. Pelo menos não em Veneza. Gostava de andar e observar a tudo e todos, encantadora tornava-se a experiência de poder observar com os mais atentos olhos. Não em sentido figurado, mas literal. Minha visão, assim como meus outros sentidos, eram mais aguçados do que de uma criatura qualquer.

Eu podia ver e ouvir em questão de distancias absurdas, sem perder nenhum detalhe. Observar Veneza deste modo era ainda melhor, pois sua perfeição ficava ainda mais exposta. Deleitava-me os pensamentos nas mulheres que por ali também passavam. Eram belas, lindas, incríveis, com um aroma fantástico. Poderia ter qualquer uma que quisesse aos meus pés, aliás não era apenas a cidade que paquerava.

Uma jovem, de pele morena, cabelos do mesmo tom, e olhos verdes passou por mim. Fechei os olhos quando o vento passou e seu aroma pendeu em minhas narinas, revelando um adorável cheiro de lavanda. Carregava uma rosa vermelha, sorrindo para a mesma e não prestando a atenção no lugar em sua frente.

Comecei a observá-la enquanto atravessava da calçada em que estávamos para a outra e vi o suave balançar de seu corpo, como se fosse seguindo a brisa que batia na mesma hora. Não desgrudava os olhos da rosa e previa que em algum momento poderia tropeçar e quase cair. Minha hora de agir seria aquela, encantei-me com sua leveza e beleza, meu dia em Veneza estava apenas começando.

Quando seus pés tocaram no outro calçamento, tropeçou em uma pedra solta e seu corpo pôs-se a pender para frente. Um grito agudo saiu de seus lábios e os braços passaram para frente do rosto, no intuito de proteger ao menos esta área. Eu via a cena em lentidão precisa, como se tudo passasse em segundos cronometrados.

Divertia-me ao ver seu desespero, esperando a queda. Ela não aconteceu. Minhas pernas colocaram-se a agir e, sem que nenhum ser naquela parte da cidade visse, atravessei rapidamente. Coloquei meu braço direito na frente, bloqueando a tragédia de ver aquele adorável rosto ser destruído por pedras tão rudes.

Ela demorou um tanto para registrar a cena, olhando para o chão confusa, tentando pensar no que acabara de acontecer. Logo em seguida, processando que havia sido pega e ajudada por alguém, ainda pendendo em meu braço, olhou na direção de meus olhos. Eu sorria gentil e paciente, esperando sua permissão para colocá-la em seus pés novamente.

— Ah – Murmurou quando viu meu rosto, um ofego surpreso – Obrigada, senhor.

Foi minha deixa. Levantei-a e coloquei-a em posição andante novamente. A rosa em sua mão estava intacta, apenas com algumas pétalas caindo gentilmente pelo impacto. O vestido verde que usava dava um contraste perfeito aos seus olhos e pele. Morena e perfeita, desejava-a no momento em que a vi.

— Não tem de que – Respondi ao agradecimento, fazendo uma reverencia para ela – Tome mais cuidado, senhorita. Seria uma tragédia algo acontecer com um rosto tão perfeito.

Dito e feito. Sua circulação começou a aumentar, assim como os batimentos cardíacos. Foram questões de milissegundos para que corasse, deixando seu olhar cair para fitar os pés ao invés de meu rosto. Sorri, já estava quase a pescando de forma correta, minha rede estaria farta por ao menos esta noite.

Seus lábios, rosados e pequenos, abriram várias vezes, pensando em algum agradecimento, mas nada saía. Penso eu que ficou sem graça demais para tal acontecimento, mas não havia problema, eu já a havia fisgado, ela seria minha, nem que se fosse por uma noite e para um cavalheiro como eu, uma noite era o suficiente.

Peguei sua mão, aquela que não estava com a rosa, e levei aos meus lábios, beijando delicadamente as costas da parte. Ela corou ainda mais com o ato, ficando cada vez mais sem graça do que as outras vezes. Uma vantagem maravilhosa para que a loucura preenchesse meus pensamentos, pensando em cenas absurdas.

Imaginei-a ali, comigo, submissa e se contorcendo de prazer, enquanto eu tomava seu corpo de forma voraz e selvagem. Minha querida, péssima hora que foi cruzar meu caminho, eu já tinha encantando-me com seu aroma, agora que analiso seu corpo, caio em loucuras nos mais profundos e sujos reflexos.

Quando soltei meus lábios de suas mãos, fiz o questionamento que faltava para poder cair em minha laia completa.

— Como se chama essa flor perdida por Veneza?

Ela riu, ainda sem graça, e olhou-me nos olhos. Erro fatal, mia cara. Sustentei seu olhar de forma que a fez oscilar para trás, perdendo um tanto o fôlego.

— Meu nome é...

Um senhor atrapalhou a cena. Vindo em nossa direção, colocou a mão no ombro da donzela e apertou com tanta força que me aprontei para ouvir um suposto som de fratura. Isso deixou-me bravo, eu estava pegando-a no momento para poder divertir-me e esse ser ferra com toda a cena.

— Querida, venha para dentro – Exclamou, sua voz tentando mostrar poder sobre mim – Não é seguro ficar aqui fora, com tantos turistas por aí.

Enquanto falava tal frase, seu olhar sustentava o meu, convidando com que eu continuasse a cortejar seja o que ela fosse dele. Ético e educado, como sempre foi ensinado a mim, apenas fiz uma reverencia e pedi perdão por tal acontecimento.

— Vá para dentro – Ordenou novamente, enquanto a garota não parava de fitar-me – Me obedeça.

— Está tudo bem, senhor – Acalmei-o – Estava apenas evitando que esta dama atingisse o chão durante uma desastrada queda. Se me derem licença...

— É verdade, papai – Rapidamente a garota exclamou, fazendo que um sorriso quisesse escapar pelos meus lábios – Ele apenas ajudou-me, nada demais. Deveríamos convidá-lo para entrar, não?

— De modo algum. Rapaz, agradeço pelo o que fez, mas agora tome seu caminho e vá. Deixe minha filha aos meus cuidados.

Outra reverencia. Desta vez, observei a garota olhando-me com um olhar decepcionado, como se quisesse que fizesse algo para poder ir contra seu genitor. Mas para toda boa caça exigia uma excelente paciência, eu iria fisga-la novamente, agora que sabia onde morava.

— Com toda licença – Gentilmente disse, após recompor-me – Senhor, senhorita. Adeus.

Virei-me de costas e comecei tomar meu caminho, indo em direção oposta, mas não deixando de ouvir a conversa enquanto afastava-me. Ela exclamava, de forma marrenta, que foi indelicado não ter convidando-me para entrar. Seu pai discordou e ambos entraram em uma discussão por minha causa, ela já estava presa em meus encantos. Seria questão de tempo para tomar seu corpo.

Aliás, meu nome é Alec Volturi. Tenho vinte anos aparentemente e cronologicamente... bem, muitos. Deixamos isso ofuscado por alguns momentos, não quero que assuste-se ao notar que posso ser muito mais velho do que imagina. Sei que disse até a data que nasci, porém nada mais impactante do que uma idade com um digito de quatro números, não? Pois bem, deixemos assim.

Eu tinha essa fama com as garotas, odiado pelo clero e algumas vezes causando problemas para os Volturi devido à elas. Mas não conseguia resistir, eram encantadoras e meu único pecado. Não podia deixar que essa vida perfeita escapasse de minhas mãos, caso o contrário a eternidade seria mais chata do que parecia.

Lembro-me como se fosse ontem da vez em que aventurei-me por um convento, desvirginando noviças e jurando meu “eterno” amor à elas. Isso originou uma polemica tão forte para o lado de Aro, que quase fui condenado à morte pelos meus crimes nos julgamentos do clero. Mas, como era um vampiro e um Volturi, não me intimidei perante tais ameaças. Com toda certeza resolveram a questão, deixando um pequeno lembrete de quem realmente mandava na Itália.

O poder e a fama estavam aos meus pés, eu vivia esta vida como se fosse a última. Cada momento era entregue à mulheres, bebidas, sangue e muitos outros apetrechos prazerosos. Já deveria ter cometido inúmeros pecados, mas nenhum deles era tão desejado como uma mulher seria.

— Flores, senhora? – Uma doce voz interrompeu meus pensamentos. Eu caminhava na direção dos canais, cogitando na possibilidade de poder pegar algum barco e admirar a cidade de modo mais pacifico. Ela pertencia à uma adorável garota, com uma grande cesta cheia de flores pendurada no braço. – Aceita?

— Ah, querida – Respondeu a mulher com quem esta falava – Não tenho como pagar.

Ela balançou a cabeça gentilmente, sorrindo e negando a proposta de sua companhia.

— São de graça – Explicou – Pegue.

 De graça? Não cobrava pelas flores? O que diabos ela estava fazendo ali, distribuindo flores de graça para a população?

— Oh – Exclamou – Bom, então levarei duas.

— Certo – A garota puxou duas flores lindas, uma rosa branca e a outra vermelha e entregou para a mulher que ali conversava – Faça um excelente passeio pelos canais.

— Obrigada – Respondeu, ainda admirada com as flores em suas mãos – Tenha um bom dia.

— Agradeço.

E assim foi esse pequeno diálogo que tanto me prendeu. Uma garota, distribuindo flores por Veneza apenas para ganhar sorrisos. Poderia já ter visto de tudo, mas coisa como tal era novidade à minha pessoa. Enquanto estava refletindo sobre vários “porquês” dela fazer o ato, fui reparando em sua aparência.

Era magra, de estatura média e com os cabelos castanhos longos e soltos. Encontravam-se um tanto judiados pelo clima, mas tinham seu charme. Caíam em perfeitas ondas em suas costas, as quais estavam encostadas em uma parede agora. Seu rosto também era adorável e o sorriso caía bem à aparência descrita. Uma pele pálida e bem macia foi notada pela minha visão, deixando em destaque também o vestido simples de mangas regatas que usava, cor creme.

Não sei por que uma aparência chamou-me tanto a atenção quanto o ato desta garota distribuir as flores pela cidade. Penso eu que fora mais o fato do que qualquer outra coisa, porém ainda fiquei intrigado com aquilo. Queria saber um tanto mais sobre ela, mas que importância tinha isso agora? Eu precisava ir para a casa, e depois planejar como iria até aquela outra moça. Ainda fiquei com seu cheiro nos pensamentos e isso foi o suficiente para tirar a garota das flores da cabeça.

Aro que me desculpasse, mas sabia de minha obsessão por mulheres. Eu sempre arrumava uma forma de poder aproximar-me de tais criaturas. Claro que deve estar perguntando-se se alguma vez já me apaixonei por alguma delas. Digamos que não, eu era envolvido por todas, mas nunca me apaixonei por ninguém. Gostava do modo que estava, assim não tornava-se mais complicado.

E apaixonar-se era perda de tempo para Alec Volturi, as mulheres precisavam de mim, não podia prender-me à uma.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram? É apenas o comecinho ♥ Vejo vocês no próximo!



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