Era meu aniversário, e eu queria fazer alguma coisa diferente, não a mesma coisa de TODOS os anos, era sempre uma festa de arromba ilegal na Sala Precisa, convidados que eu sequer conhecia, Fred e James agarrando garotas e mais garotas em qualquer canto meio escuro, um bolo extravagante, quase sempre doce demais, e que soltava fogos quando eu o cortava ( Obra do Fred e Tio George com suas Gemialidades), bebidas contrabandeadas de Hogsmeade pelo James e pelo Albus, e depois, só se viam jovens agarrados aos amassos sem vergonha alguma, ou caindo pelos cantos da sala embriagados, e quase sempre, dormindo por ali mesmo.

Mas eu não queria mais aquilo, eu queria alguma coisa simples, um bolo com meus primos e amigos na cozinha, e depois ir conversar na Sala Precisa como se aquela fosse uma grande festinha do pijama. Comentei com eles a minha ideia, e claro, todos concordaram, com a condição de que houvesse muita comida, claro, isso é o gene Weasley falando em voz alta. Mas o importante é que eles aceitaram sem muita discussão de fazer uma coisa sem extravagância. Ou não.

Então, quando o dia do meu aniversário FINALMENTE chegou, nós tínhamos combinado de ir da cozinha diretamente para a Sala Precisa, então todo mundo já ia de pijama, ou pelo menos esse era o combinado. Eu coloquei uma camisola preta meio desfiada na barra, mas era a minha favorita, não largaria dela tão cedo, e coloquei a capa da escola por cima para esconder que eu iria passear pelos corredores só com uma camisola curta.

Eu desci do dormitório para a Sala Comunal, Rose já estava lá embaixo a espera. Ela usava uma camisola cor de rosa, e a capa preta e vermelha, também pendia dos seus ombros, nós ficamos alguns minutos jogadas nas poltronas perto da lareira conversando esperando Fred e James virem nos buscar, não sei porque, mas eles fizeram questão de vir buscar cada um na Sala Comunal, mesmo faltando uma meia hora para dar o toque de recolher.

Eles iriam buscar todos em suas devidas casas, Alice e Molly na Lufa-Lufa, Louis e Lucy na Corvinal, Albus e Scorpius na Sonserina, e eu, James, Fred e Rose na Grifinoria, nossa família foi bem distribuída por Hogwarts, Roxanne não vai, ela deve estar agarrando alguém em algum canto por ai, e Lily e Hugo foram para a torre de Astronomia comemorar o aniversário de namoro, não quero nem saber o que eles estão fazendo lá. Argh! Agora eu imaginei cenas horríveis, isso vai ficar na minha cabeça um bom tempo.

Voltando ao assunto, Fred chegou para buscar Rose com a capa da invisibilidade, certo, deve estar rolando alguma coisa pelos corredores para precisar da capa, enquanto espero mais um pouco, fiquei lá sozinha, impaciente, esperando alguma alma viva surgir do além para me buscar, enquanto estou perdida nos meus devaneios, eu sinto alguém jogando um tecido por cima dos meus ombros e me pegando no colo por baixo da capa prateada, mesmo sem ver o rosto do meu “sequestrador”, eu sabia que era James, eu reconheceria aquele perfume que ele usava em qualquer canto que fosse, eu dou um leve tapa em seu ombro e pergunto, risonha:

— Qual a necessidade disso James Sirius Potter?

Ele sorri torto, aquele sorriso lindo dele e fala:

— Não tem necessidade nenhuma, mas é seu aniversário, e você pode usar a boa vontade dessa pessoa aqui, para lhe carregar. E você tem um belo par de pernas, não ia perder a oportunidade.

Eu começo a rir, mas James aperta levemente minha cintura e me manda calar a boca, e fala:

— Domi, só para relembrar, a capa só nos deixa invisíveis, ela não oculta as suas risadas escandalosas.

— Minhas risadas não são escandalosas! -  Elas eram sim, elas eram altas, misturadas a gritos finos e umas puxadas de ar totalmente vergonhosas, mas eu não ia admitir isso para James tão cedo. Ele se limitou a revirar os olhos com a minha resposta, e não me responde. Passamos por alguns monitores fazendo rondas, eram mais que o normal, talvez por isso que eles foram nos buscar com a capa.

Nós entramos na cozinha, tirei a capa de cima de nós dois enquanto James me colocava no chão, e eu olho ao meu redor, quando eles falaram que não ia ser MUITO chamativo, não estavam mentindo totalmente, mas a decoração em si, estava exagerada sim, mas eram a minha família afinal, o que mais eu podia esperar? Balões vermelhos, verdes, prateados e dourados LOTAVAM a cozinha. Os vermelhos e dourados eu até entendia, mas os verdes e prateados, tinha que ser coisa do Al e do Scorp, eu reviro meus olhos, achando graça, e do nada, uma manada de seres débeis surge do meio daqueles balões e pulam em cima de mim, em cima da mesa, em cima de qualquer lugar. Eles cantaram os parabéns em inglês para mim, não podia negar, gostava de inglês, mas por influência da minha mãe, fui induzida a preferir o francês. Era um idioma tão bonito. Se alguém me desse os parabéns em francês, garanto que meu dia estaria feito. Ou melhor, a minha noite estaria feita.

Um bolo e montes de guloseimas surgiram na mesa na minha frente, eram pilhas de doces que pareciam intermináveis! Comemos o bolo, que por sorte, não lançou fogos, enquanto estou mastigando um sapo de chocolate com hidromel, eu dou uma olhada em todos que estão ali, se empanturrando de comida. Os garotos estavam todos de calça larga e blusa de moletom, e ninguém ali sequer tinha o cabelo penteado, já as garotas, todas de camisola e a capa da escola, parecia que foi tudo combinado.

Lucy estava de camisola azul, com a capa azul e preta da Corvinal, Molly estava de camisola cinza e Alice usava uma branca com detalhes em preto, ambas com a capa preta e amarela. Quando terminamos de comer, empilhamos a louça em cima da mesa, e fizemos todos os balões sumirem magicamente, então saímos em grupos da cozinha para a Sala Precisa, os primeiros que saíram foram Rose, Fred e Lucy, logo depois saíram Louis, Molly e Scorpius, e por último, eu, Alice, James e Albus, nós fomos cautelosamente, passando por uns sufocos as vezes, incluindo uns dois monitores fazendo ronda, um casal se amassando no corredor, e o Filch, que quase nos pegou, esse cara não se aposenta nunca?

Quando chegamos na frente da parede que ocultava a sala, pedimos um lugar confortável para fazermos uma festinha do pijama, e uma porta que intercalava azul e branco apareceu na parede, nós empurramos a mesma e entramos, lá dentro tinha algumas camas de casal King Size, almofadas fofinhas e um tapete cor de creme cobrindo o chão, uma mesa com cerveja amanteigada, hidromel e whisky de fogo estava em um canto, junto com uma cômoda repleta de coisinhas divertidas, alguns itens da Zonko’s, garrafas enfeitiçadas, uma miniatura de um campo de quadribol, e uma caixa IMENSA de doces.

Os garotos ficaram com o pijama deles, que se resumia a uma calça de moletom, SÓ uma calça de moletom, e claro, nós ficamos boquiabertas,  eram belos físicos, muito belos por sinal, eles riram com o nosso espanto, e nós nos entreolhamos e revidamos a provocação tirando as capas da escola e ficando só com a camisola, e foi a nossa vez de rir da cara embarbascada deles, então todos nós nos jogamos em uma das camas e ficamos conversando, e não me pergunte como que fizemos dez pessoas ficarem em cima de uma cama de casal, mas nós conseguimos essa façanha. Depois de muito tempo jogando conversa fora e de “algumas” doses de whisky de fogo, sentamos em uma roda no tapete e jogamos verdade ou desafio com uma das garrafas enfeitiçadas da sala, e quando era perto das quatro e meia da manhã, nós resolvemos ir deitar, afinal, estávamos todos cansados.

Foi então que nós percebemos que só havia cinco camas, e nós éramos em dez, mas então vem a questão: Podíamos simplesmente pedir mais camas para a sala, mas quem disse que nós lembramos disso? Nós estávamos tão cansados, que a única coisa que queríamos era se jogar em algum canto e dormir.

Rose se jogou em uma das camas e Scorp se jogou ao lado dela, mas ela estava tão cansada, e tão bêbada que não conseguiu nem xingar ele e tira-lo do lado dela, simplesmente se virou e abraçou Scorp, enterrando a sua cabeça no peito dele e dormiu, ele abriu um sorriso quando viu Rose abraçada a ele, abraçou-a de volta e dormiu também. Molly e Fred param de agarração e se deitam na cama mais distante, abraçadinhos. Alice chamou Al para deitar com ela, ele a abraça e os dois dormem, é, acho que o whisky em excesso deu coragem para a Alice, nunca no estado normal dela, ela teria coragem para uma pedir uma coisa dessas. Louis e James deitam no chão, no tapete fofinho, em cima de várias almofadas e se ajeitam para dormir, até que alguma coisa me faz chamar James, baixinho:

— James?

Ele resmunga alguma coisa, e eu continuo, falando mais baixinho ainda:

— Quer dormir aqui em cima comigo?

Ele se senta no tapete, me olha incrédulo e diz:

— Está falando sério?

Eu faço que sim com a cabeça, e eu consigo ver ele levantando-se do chão e deslizando silenciosamente até a minha cama, ao mesmo tempo que Louis se atira na cama em que Lucy estava deitada. Quando todos já dormiram, o que não demorou muito, considerando o cansaço e o teor de álcool no organismo de todos, James me chama:

— Domi? Está dormindo?

Eu levanto a minha cabeça do travesseiro para conseguir olhá-lo melhor e respondo:

— Não, não consigo dormir.

Ele suspira longamente, e mesmo na penumbra, eu consigo vê-lo me encarando com aqueles olhos castanho esverdeados maravilhosos, que sempre fizerem meu coração palpitar, então ele me enlaça pela cintura com uma mão, e tira alguns fios de cabelo do meu rosto com a outra, e me puxa para mais perto dele, estes simples gestos, quase fizeram meu coração saltar do peito, então ele se inclina levemente e me beija, e eu correspondo, tentando não demonstrar o quanto esperava por aquele beijo, quando nos separamos, minimamente ofegantes, nós sorrimos, e então ele me dá mais um selinho, me puxa para mais perto, me fazendo deitar a cabeça em seu peito, e sussurra no meu ouvido:

— Joyeux Anniversaire Domi.

Eu sorrio, suspirando, aquele aniversario, com certeza, foi o aniversario perfeito.