"The love of a family is

 life's greatest blessing."

6 anos depois...

Lily abriu a porta de sua casa para receber seus pais com um maravilhoso sorriso no rosto. Acordara naquele dia com um desejo enorme de passar um tempo com eles e decidiu convidá-los para um almoço.

—Oi, pai! - cumprimentou-o primeiro, animada, recebendo dele um abraço desajeitado, por um motivo já muito evidente.

Kate tirou o marido de sua frente com certa urgência, colocando as duas mãos sobre a enorme barriga de exatos nove meses de sua filha. Ela estava simplesmente linda.

—Como está o meu netinho aí dentro? - disse e sentiu-o chutar em resposta. - Oh! - riu. - Ele já conhece a minha voz.

Castle se juntou a ela.

—Isso porque nosso pequeno Peter já é muito esperto, não é? - outro chute. - Sim, ele é!

—Ele com certeza gosta muito de vocês. - Lily comentou, não contendo o sorriso. - Não deixaram de conversar com ele durante toda a gravidez.

—Isso é muito importante! - Castle respondeu, como se estivesse se defendendo. Era um vovô babão ansioso pelo seu primeiro netinho. Seus filhos pareciam máquinas de produzir meninas até então. - Ele precisa se acostumar comigo, pois iremos nos aventurar muito juntos.

—Cuidado, você não é mais o garoto de alguns anos atrás. - Kate alfinetou. Adorava fazer isso.

Viu Castle mudar totalmente de postura, encarando-a com um ar de ironia.

—Insatisfeita, Beckett?

Ela riu, mordendo os lábios.

—Nem um pouco.

—Bleh! - Lily brincou. - Vocês estão mesmo fazendo isso na minha frente? Okay, entrem logo. Nick está na cozinha, finalizando o almoço. - completou, fechando a porta em seguida.

Mal adentraram a casa e foram interrompidos por passos apressados indo em sua direção.

—Vovó! Vovó! - a adorável Louise, que já tinha agora seus quatro anos, veio correndo lá de dentro e pulou no colo da avó. - Estava com saudades!

—Aww, meu amor! Eu também! - distribuiu vários beijos pelo seu rosto, antes de se afastar para encarar seus olhinhos brilhantes e azuis. Os fios de cabelo loiros lembravam-na os de Nicholas, quando ainda era criança. - Olha só para você! O quanto pode ter crescido desde a última vez que nos vimos?

—Muito! Quatro centímetros, foi o que o papai disse.

—Uau!

—Hey, Lou, eu não ganho abraço? - Castle interrompeu o diálogo, fazendo uma carinha triste.

Ela pulou para o colo dele sem nenhum aviso, agarrando-o pelo pescoço. O som de um beijo estalado soou pelo cômodo.

—Também estava com saudades de você, vovô. - e sorriu. - Tenho algo para te mostrar! Mas só para você. - a última frase foi sussurrada.

—Uh, o que é? - ele perguntou, também sussurrando.

—Está no meu quarto.

—Okay. - e aumentando o tom de voz, virou-se para as duas mulheres ao seu lado, que fingiam não estar ouvindo nada. - Voltamos já já. - e saíram em direção ao quarto da garota.

—Esses dois... - Kate comentou, antes de voltar a atenção para sua filha. De braços dados, começaram o caminho em direção à cozinha. - Então, a qualquer momento agora?

—Sim. - Lily sorriu. - Pelo que a minha médica disse, Peter pode nascer hoje mesmo.

—Não seria ótimo? - estava animada. - Mal posso esperar para conhecê-lo.

—Eu também! - fez uma pequena pausa. - Como Reece está? Tem um tempo que não nos falamos. Jake me disse que ele está viajando.

—Sim, tirou um tempo para relaxar. Com base na nossa última conversa, eu diria que ele está super bem. Viagens são sempre boas na fase em que ele está de um relacionamento.

—Verdade. Quero combinar de passar um final de semana com eles, colocar as novidades em dia.

—Seria ótimo. Vocês que sempre foram tão unidos... Mas pode demorar um pouco. - completou, passando a mão levemente pela barriga da filha. - Suas prioridades serão outras agora.

—Kate! - era a voz de Nicholas, que se aproximava delas. Abraçou a sogra. - É muito bom ter você aqui. Onde está o Castle?

—Louise o roubou de mim assim que chegamos. - brincou. - Hmm, o cheiro dessa comida está ótimo!

Lily se posicionou ao lado do Nicholas, agarrando-o pelo braço.

—Meu marido é um cozinheiro e tanto. - olhava para ele. - Não posso reclamar.

—O que seria de você sem mim, Lily Ryan?

—Não quero nem imaginar. - e voltou a encarar sua mãe, que os observava orgulhosa. - Vamos comer?

—Preciso chamar as crianças. - referia-se também ao Castle.

—Sente-se, eu vou até lá.

—Nada disso, Lily. – Nicholas impediu-a. – Você já fez mais do que deveria hoje. Voltarei com eles em poucos segundos.

As duas viram ele sair e se acomodaram à mesa, voltando a conversar, dessa vez sobre algo mais trivial.

—Lembra-se de como eu mantinha meu cabelo bem curto quando era pequena, mãe?

—Sim, eu a achava tão fofa daquele jeito!

—Bem, estou pensando em cortar de novo. Mas não tanto, mais como o corte que você mantém agora que, aliás, a deixa linda.

—Ah, obrigada. - sorriu. - Se busca pela minha opinião, eu digo que deve fazer isso mesmo.

—Alexis disse o mesmo.

—Conversou com ela recentemente?

—Temos conversado bastante. Ela adora falar com a Lou e, agora, com o Peter.

—Como ela está?

—Muito bem. Ela disse que virá assim que puder para conhecer o Peter. Além do mais, precisa trazer um presente que prometeu à Louise, que não perde a oportunidade de cobrá-la.

—Ela tem uma boa memória. - fez uma pequena pausa. - Castle está com muita saudade da Alexis e eu também, espero que ela venha logo.

—Provavelmente não irá demorar.

—Tem razão.

~

Bem pertinho dali, Castle e Louise tratavam de um assunto bem importante.

—E então, vovô? – a menina perguntou, analisando-o atentamente. – Acha que o meu irmãozinho vai gostar? - segurava em suas mãos um body da cor azul bebê com “little brother” bordado no meio.

—Ele com certeza irá gostar. – sorria. – Quem fez isso para você mesmo?

—Tia Sarah Grace. Ela sabe como fazer essas coisas. – apontava para o bordado. – Eu pedi ajuda a ela na última vez que fomos visitá-la. A mamãe e o papai não podem saber que tenho isso comigo, porque é surpresa. Eu queria ter algo para o Peter porque eu já amo ele bastante.

—Bem, é um ótimo presente. – usou o dedo indicador para tocar a ponta do seu nariz. – É muito bom saber que você já ama o seu irmão.

—A mamãe conversou comigo sobre isso. Que ele iria precisar de mim e que deveríamos ser amigos. Mas depois eu disse a ela que não precisava ter falado, porque eu sei.

—Você sabe, huh?

Ela balançou a cabeça afirmativamente, com mais empolgação do que o necessário. E então sorriu. Crianças e seus momentos, ele pensou.

—Isso é muito bom, Lou. – fez uma pequena pausa. – Por que não chamou sua avó para ver o presente também?

—Porque você é menino ué, igual ao Peter. Precisava da sua opinião. – Castle achou graça, observando-a por alguns instantes, pensando em como ela podia ser extremamente inteligente às vezes, mas, ainda assim, possuía uma linda inocência. – E também porque quero perguntar uma coisa e não queria deixar a vovó triste.

O tom que ela deu às palavras o deixou atento.

—O que é?

—Sobre o pai dela.

—Oh... – ele deduziu que ela deveria ter escutado Lily comentar algo com o marido. – Venha aqui. – chamou, para que ela se sentasse em seu colo. – Seu bisavô Jim estava muito doente, mas agora está melhorando. Não precisa se preocupar, está bem?

—Eu gosto tanto dele, não quero que nada aconteça.

—Eu também não, querida. – beijou-a suavemente na testa. – Vamos fazer um combinado? Passe um tempinho com a sua avó depois, ela vai gostar.

—Tudo bem.

—Lou, Castle!— escutaram Nick chamar, já bem próximo da porta do quarto. Louise desceu do colo do avô numa rapidez incrível e colocou no lugar certo a surpresa que tinha para o irmão. Sua expressão denunciava que havia aprontado alguma coisa quando seus olhinhos encontraram o do pai. – O que vocês andaram fazendo, hein?

—Nada. – os dois responderam ao mesmo tempo e ela saiu correndo para a cozinha.

Castle riu e se levantou para cumprimentar o genro e foram de encontro às mulheres da casa. O almoço correu super bem. Todos estavam felizes de estarem ali, reunidos, curtindo um momento em família. Aliás, esse era agora um dos passatempos preferidos de Castle e Beckett. Poder passar os feriados, finais de semanas e as férias com seus filhos e netos. Mesmo isso deixando claro que já não eram mais os jovens de antes, era maravilhoso poder ver no que amor dos dois havia se transformado e estava se transformando. Não conseguiam pensar numa maneira melhor de envelhecer.

Mais tarde, Louise pediu aos avós que a levassem para passear no parque onde os balanços que tiveram uma grande importância no relacionamento dos dois ficavam. A garota adorava brincar ali, exatamente porque era apaixonada pela história do pedido de casamento. Acabaram passando muito tempo lá e quando voltaram para casa, já era noite. Nicholas precisava ir até a casa dos pais, mas Lily queria ficar, então fizeram companhia para ela por mais algumas horas. Quando se deram conta, passava das 22h.

—Já passou da hora de você ir dormir, mocinha. – Lily disse, passando as mãos pelo cabelo da filha, que brincava sentada aos seus pés, no tapete da sala. – Nos distraímos tanto, que eu até me esqueci.

—Não posso ficar aqui? – olhava para ela.

—Já está tarde, meu amor.

—Mas a vovó e o vovô ainda estão aqui. – agora olhava para eles.

—Estão apenas esperando o seu pai voltar e ele deve chegar logo. Então, despeça-se deles.

—Mas... – recebeu um olhar reprovador. – Tudo bem. – foi até o Castle e o abraçou. – Tchau, vovô. – ao se aproximar da Kate, usou suas mãozinhas para segurar as dela. Ainda não tinha conseguido passar aquele tempinho à sós com a avó. – Pode me contar uma história para dormir hoje?

Kate olhou para a filha, sorrindo.

—Acho que eu tenho tempo para isso. – respondeu, já se levantando. De mãos dadas, seguiram para o quarto. E depois de tudo pronto, Kate juntou-se a ela na cama, com um livro em mãos. – Pronta?

—Quase. – a menina tinha os dedos entrelaçados, num sinal de nervosismo. – Posso perguntar uma coisa?

—Claro. Você pode me perguntar qualquer coisa, Lou. – tocou o seu queixo levemente.

—Promete que não vai ficar triste?

—Por que eu ficaria?

—Tudo bem... – respirou fundo. – É verdade que quando perdemos alguém importante e que amamos muito, eles ainda vivem dentro de nós? Tipo, no nosso coração?

Seus olhares se encontraram e Kate se emocionou no mesmo instante.

—Eu acredito nisso, sim.

—Então, Jim vai continuar com a gente, certo?

—Certo, meu amor. Sua mãe conversou com você sobre isso?

—Ela não quer que eu fique triste, mas eu ouvi.

—Ele está bem melhor agora.

—Eu sei. – seu tom era baixo e repentinamente suas palavras carregavam grande significado. – Mas fico feliz em saber que você nunca vai perder ele, realmente. Porque também não quero te ver triste.

Kate sorriu, com os olhos cheios de água. Puxou-a para um abraço apertado.

—Às vezes é difícil acreditar que você é realmente tão pequena. – disse pensando em como ela se assemelhava à Lily nesse aspecto. E então deixou um beijo em sua bochecha. – Agora, você precisa dormir ou sua mãe irá brigar comigo. – abriu o livro. Louise encostou-se em seu braço. – Era uma vez...

A porta do quarto se abriu de uma vez, interrompendo-a. Nicholas apareceu, sem ar e com uma expressão que ela não conseguia definir.

—A-A b-bolsa... estourou. Peter está vindo!

—Finalmente! – Lou gritou, correndo para os braços do pai. – Vamos logo para o hospital!

Demorou um pouco para convencerem a pequena de que ela não poderia ir. Kate cuidou dessa parte, oferecendo-se para ficar com ela enquanto Castle ajudava Nick a carregar tudo para o carro e a levar sua filha para o hospital. Lily já sentia as dores das contrações. Despediram-se rápido, cada um com o coração batendo descompassado, por diferentes motivos. Depois daquele momento, Louise não conseguiu dormir e Kate não se importou, porque estava nervosa e conversar com a neta a mantinha distraída. Porém, o sono acabou vencendo a menina, que estava cansada devido à tarde agitada que tiveram.

Quando Castle ligou, às seis da manhã, Kate acordou assustada. Havia cochilado não sabia por quanto tempo. Olhou para o lado e viu que Louise dormia tranquilamente. Saiu do quarto para atender ao celular.

—Hey, Rick. - seu tom era baixo.

—Me desculpa, você estava dormindo?

—Não. E então, como estão as coisas aí?

—Tudo correu bem. - ela podia perceber que ele estava sorrindo. - Lily está com ele no quarto, agora. Nick está lá.

—Você o viu? - ela também sorria.

—Ainda não. 

—Por quê? Você queria tanto vê-lo, babe. Vá até lá, quero saber como nosso pequeno Peter é!

—Eu sei. Por isso faremos isso juntos. Estou indo até aí, porque Nick vai ficar no hospital e não podemos deixar a Lou sozinha.

—Tudo bem, estou te esperando.

Desligaram. Dentro do quarto do hospital, Lily tinha seu bebê nos braços. Havia acabado de amamentá-lo e não conseguia parar de olhar para cada detalhe de seu rostinho. Nicholas, ao seu lado, mantinha-se em silêncio, sentindo como se seu coração fosse explodir com tanto amor que já sentia por aquela pequenina pessoa e sua esposa.

—Ele é lindo, Nick.

—Eu sei. - sorriu. - Tão pequeno... - usou o dedo indicador para acariciar levemente a bochecha de seu filho. Depois, deixou um beijo suave nos lábios dela. - Eu não poderia estar mais feliz.

—Quer segurá-lo?

Os olhos dele brilharam diante da pergunta e ela sorriu. Sem esperar pela resposta, colocou o bebê em seus braços, aconchegando-o. Peter abriu os olhinhos por alguns segundos, arrancando sorrisos dos dois, que trocaram um olhar cúmplice de carinho.

—Eu te amo. - Nick disse, ainda fixando-a.

—Eu também te amo.

E então, voltaram a admirar a nova vida que iria fazer parte dos seus dias, tornando-os ainda mais alegres.

~~

No dia seguinte, à tarde, Castle e Beckett chegaram ao hospital, levando também Louise. Depois de conversarem com a médica, conseguiram com que a menina pudesse ir ver a mãe e o novo irmão. Dentro do quarto, ela fez a maior festa, falando sem parar sobre o quanto estava feliz. Até mesmo pôde segurar Peter por um tempinho, com a supervisão do pai. Os avós eram um caso à parte - não conseguiam parar de sorrir por um só segundo. Fora um custo para tirar o bebê dos braços do Castle, se emocionara ao vê-lo, assim como acontecera com Louise. Kate também teve o seu tempo junto ao netinho, mas não saiu do lado da filha, que estava abraçada à ela, observando os outros no quarto. Sua família. Os olhos de Lily estavam marejados e ninguém melhor do que sua mãe para entender o que sentia naquele momento.

—Mamãe! - Louise chamou sua atenção, pegando um pequeno embrulho de presente que havia deixado sobre uma cadeira ao canto. Entregou-o à mãe. - Meu presente para o Peter!

—Awww Lou, isso é tão fofo! - sorriu para a menina. - Você não me disse que tinha um presente.

—Era surpresa. Abra! - falava com animação. - O vovô me disse que ele vai gostar muito.

—Então seu vovô sabia dessa surpresa? - foi Kate quem perguntou.

—Ele também é menino, vovó. - explicou novamente. - Por isso.

—Claro. - ela riu. - Então, abra, Lily, também quero ver o que é.

E assim ela fez. Todos adoraram a roupinha e também o gesto da menina. Lily fez uma anotação mental de também agradecer à Sarah Grace por ter feito aquilo para a sobrinha. Abraçou a filha.

—Muito obrigada, docinho. Tenho certeza de que seu irmãozinho vai amar.

Foram interrompidos pela médica que entrava no quarto para dar à Lily as informações necessárias. Tudo estava bem com ela e com o bebê e poderia ir para casa no outro dia, pela manhã, só para seguir o protocolo do hospital. A partir daquele momento, mais uma nova página começava.

1 ano depois...

Sentados na varanda de sua casa nos Hamptons, Castle e Beckett observavam seus netos brincarem na grama, correndo de um lado para o outro, enquanto seus filhos, mais a frente, aproveitavam a praia. Era uma maravilhosa visão – Alexis, Lily, Reece e Jake, todos haviam encontrado alguém, com quem iriam passar o resto de suas vidas. Alexis já tinha duas filhas incríveis, ruivas como a mãe e extremamente carinhosas; Reece esperava um menino para qualquer momento e Jake acabara de descobrir a gravidez da esposa. E tê-los reunidos ali, naquela tarde de verão, poder aproveitar o tempo com eles, participar de tudo aquilo, enchia os seus corações de um sentimento muito conhecido pela família: amor. Naquele momento, Louise passava perto deles, segurando Peter pelas mãozinhas, já que ele ainda estava aprendendo a andar. O garotinho soltava risadas a cada coisa que ouvia a irmã dizer, brincando com ele. Castle buscou a mão de sua esposa, entrelaçando os seus dedos. Kate tinha um sorriso lindo no rosto, que expressava o quanto estava feliz.

—Parece um sonho, não? – ela perguntou.

Seus olhares se encontraram.

—Nós conseguimos, Ms. Castle. – ele respondeu apenas. Sorriu.

—Nós com certeza conseguimos, Mr. Beckett. – e aproximou-se para beijá-lo.