O Destino do Amor escrita por Lilissantana1


Capítulo 5
Capítulo 5 - Sou Seu Dono


Notas iniciais do capítulo

Annie vai descobrir que não deve desafiar o futuro marido, mas será que vai aprender a lição?



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No amplo salão, a festa seguia seu curso. Os convidados conversavam, bebiam, comiam, e se divertiam fofocando. Mas não deixaram de notar quando os noivos ingressaram juntos, de braços dados como um casal normal. Ninguém esperava que Jon Hawkins se comportasse como um cavalheiro, mas parecia que o filho do Duque finalmente resolvera se portar como deveria.

Em alguns minutos discursos, pedidos, brindes e cumprimentos aconteceram. Annie se sentia perdida diante daquele turbilhão de gente, música, falação. Parecia estar vivendo um sonho. E esse sonho contava com a presença de Jon Hawkins ao seu lado.

De relance ela o observava de tempo em tempo, seu noivo sorria de forma cordial para todos que se aproximavam com a intenção de lhe parabenizar. Os gestos demonstravam gentileza, mas os olhos continuavam frios. As palavras eram delicadas, mas o tom de voz era firme e seco.  Ele voltara a ser o homem que lhe apresentaram no começo da noite.

De repente sua atenção, bem como a de Jon foi despertada pela aproximação de alguém especial. Peter Mitchell. O rapaz alto, se achegou estendendo a mão para o ex colega de classe e Annie notou os dedos do noivo a pressionarem seu cotovelo. Trazendo-a para perto o futuro Duque queria demonstrar o poder que em breve teria sobre ela. Fora um erro denunciar-se assim, na primeira conversa. Agora, sempre que Peter estivesse no mesmo ambiente que eles, Hawkins agiria de forma a expressar posse.  

— Parabéns pelo noivado! – Peter disse enquanto apertava a mão do noivo, que sem titubear tratou de responder:

— Obrigado! E obrigado pela presença... – lá estava a falsa delicadeza.

Mas, Annie não poderia deixar de notar que havia algo mais. Um momento breve em que os dois se encararam seriamente produziu pensamentos estranhos na mente da garota. Eles se detestavam.  O que de todo não poderia ser considerado surpreendente, dadas discrepâncias de postura da dupla.

— Tivemos nossas diferenças na época da escola. Mas, a escola ficou para trás. – Peter anunciou rapidamente esclarecendo o que Annie notara.

— Certamente. – Jon concluiu sem levar o assunto adiante, aquele não era o lugar nem a hora para tratar dos velhos e recorrentes problemas que os separavam.

Peter se voltou para a noiva. Assim que os olhos azuis se fixaram nos seus, Annie esqueceu de tudo, da provável inimizades dos ex colegas, do noivado, do noivo, dos outros convidados. A única coisa que conseguia ver era o homem amado diante de si. Abriu um imenso sorriso e quase se derreteu quando os lábios dele tocaram o tecido da luva branca que recobria boa parte de seu braço.

O rapaz se deteve com a mão dela entre a sua por tempo maior do que o seria correto. Fato que não passou despercebido pelo noivo. Talvez estivesse enganado, Jon pensou. Talvez devesse se preocupar com Peter. Depois de adulto considerara que a rixa deles era coisa do passado, porém, parecia que o outro não via a situação desse jeito. Seus olhos correram de um para outro. Mas, também poderia ser que Mitchell estivesse apaixonado por sua futura esposa. Rapidamente sua mente compreendeu o perigo que corria. Se eles tivessem a oportunidade de ficarem juntos, ou de estarem sozinhos, Annie esqueceria o que acertara e cederia aos anseios de seu coração. Deveria arranjar uma forma de afastar os dois. Era a única alternativa para seguir em frente com o trato de maneira segura.

— Posso dançar com sua noiva? – Peter perguntou pegando Jon de surpresa.

Perto deles havia muitas pessoas para que Jon se desse ao luxo de recusar. Seria uma afronta ao filho do sócio de seu futuro sogro. E pagaria um preço alto por isso. Seu pai lhe obrigaria a ouvir horas e horas das mesmas recomendações. “Um homem não deve se deixar levar por emoções baratas como raiva, medo, submissão, amizade, compaixão, amor... ciúmes. Deve ser prático e atento. Nunca emotivo. A praticidade e a razão conduziam ao seguro caminho do sucesso. Nenhum homem bem sucedido permitira que qualquer dessas emoções o dominasse.” O Duque garantia que assim seu filho deveria ser para conduzir-se com êxito e blá, blá, blá.

— Annie...  – falou sem encarar a noiva – Gostaria de dançar com o Sr. Mitchell?

Desta forma ele passava a responsabilidade para ela. Esperava sinceramente que sua noiva lhe oferecesse a primeira prova de que seguiria o trato deles a risca. E foi com certa decepção que ouviu a resposta dela.

— Se o senhor Mitchell não se incomodar de esperar o final dos cumprimentos.

Deveria saber que ela não se furtaria a ter ao menos uma dança com o homem por quem estava apaixonada. O mais certo seria ele mesmo ter acatado o pedido. Assim seria ele a dar a última palavra e não ela. Seu sangue ferveu e inconscientemente apertou a mão que ainda segurava o cotovelo de Annie. 

— Certamente que esperarei. – Peter concluiu sorrindo para a garota antes de se afastar.

Sentindo o cotovelo doer, Annie tentou retirá-lo do cerco feito pelos dedos do noivo, mas não conseguiu. Teve que suportar a dor, e a única coisa que lhe vinha a mente como compensação pelo sofrimento, era a certeza de que dançaria com seu amor em poucos minutos. Além do fato de ter desafiado Jon Hawkins diante de todos.

***********************

Aquilo não ficaria assim!  Jon repetia para si mesmo enquanto assistia sua noiva dançar com Peter Mitchell. Ela pagaria caro por esse ato de rebeldia.

No noivado deles! Logo depois de ter sido generoso o suficiente para lhe oferecer muito mais do que merecia, fidelidade. Annie era com certeza a pior noiva que poderia ter. Se fosse qualquer uma daquelas desmioladas que o observavam apaixonadamente, estaria certo de que nunca, nunca, nunca seria traído. Mas com essa garota... ela definitivamente não se sentia inclinada para ele, nem encantada com sua proposta.

Mas, a senhorita Carter que não se enganasse, tudo se resolveria de forma fácil e segura. Ele possuía muitas casas, algumas longe o suficiente para que ela não pudesse ver sua “paixão” pelo tempo que fosse necessário. Não importava quão brava ficasse, o quanto lhe odiasse. Importava que estaria longe de Peter e da possibilidade de entregar-se ao rapaz. E que ele, Jon, futuro Duque de Hawkins teria seu herdeiro legítimo.

Algumas pessoas se aproximaram, trocaram meia dúzia de palavras que Jon não ouviu. Mas que o distraíram tempo o suficiente para que a dança terminasse e o casal sumisse de seu campo de visão.

Quando percebeu o que acontecera teve vontade de bufar. Como Peter se atrevia a desafiá-lo desta forma? Saindo do salão de baile com sua noiva? Se precisasse, lhe daria mais uma surra como acontecera no último ano de escola. O importante era que mostraria ao outro que ainda era capaz de coloca-lo no lugar insignificante de filho de um simples advogado. Alguém que jamais deveria desafiar um futuro Duque.

Ia sair da peça quando sentiu a mão de alguém segurando seu braço. Era ele, o próprio Duque de Hawkins, seu pai.

— Não se atreva! – o homem lhe disse entre dentes.

Sabia o que seu pai queria dizer. Jamais um Hawkins corre atrás de uma mulher. Não na frente de outras pessoas. Esses assuntos são resolvidos de outra maneira. Ele lembrava bem das briga de seus pais, dos gritos, dos objetos quebrados, do choro. De Hilda cantando para evitar que ele escutasse. Ele não se comportaria dessa forma. Não naquele momento. Entretanto, Annie precisava compreender que já lhe devia respeito, não importando o quanto estivesse apaixonada por outro homem.   

Puxou leve e discretamente o braço e saiu. Se entenderia com o pai depois, mas Annie e Peter veriam sua reação naquele momento.

Cruzou o salão em passos firmes, evitando as pessoas que se aproximavam para lhe falar. Contendo a raiva dentro de si. Quando finalmente entrou na única porta por onde o casal poderia ter passado, encontrou a noiva junto de sua aia, falando sobre algo. Ela o observou como se não compreendesse o que estava acontecendo.

— Deixe-nos! – ele ordenou à aia que titubeou. – Agora! – quase gritou e Annie tocou o braço da mulher, induzindo-a a cumprir o que fora dito.

Os lábios dele estavam tensos, os olhos apertados. Seu noivo estava realmente furioso. Ela ficou ereta, nada poderia acontecer ali, no meio de todas aquelas pessoas, a não ser que Jon Hawkins, futuro IV Duque de Hawkins quisesse acabar de vez com sua reputação colocando na lista de defeitos agressão à mulheres.

— O que aconteceu? – ela perguntou inocentemente sabendo que apenas o irritaria mais.

— Você realmente não sabe?

Ele questionou enquanto se aproximava em passos longos.

— Nada fiz de errado. – ela provocou, apenas dançara com Peter, não pudera se furtar a esse prazer. Talvez fosse a única vez em que tal coisa aconteceria.

— Nós temos um trato. – a voz saiu entredentes, e Annie teve noção do quanto ele estava bravo. – E você o descumpre antes mesmo de termos...

— Não o descumpri! – ela retrucou ficando exatamente de frente para ele – Apenas aceitei a dança.

— E sumiu com ele assim que a música acabou! Onde estavam?

O tom de voz ofendido dele teve o dom de acalmá-la. Ele realmente estava se sentindo insultado?

— O senhor está louco? A música acabou, Leisa percebeu que minha fita estava fora do lugar e me atraiu para cá. Com a intenção de arrumá-la.

Ele bufou.

— Mentira!

Annie empinou o nariz, desafiando-o abertamente. Não fizera nada errado. Ele não tinha direito de agir daquela forma.

— Não é mentira! Mal havíamos parado aqui e o senhor surgiu. Como poderia estar com outra pessoa que não fosse aquela com a qual me viu?

Ele parou diante dela, a respiração demonstrava a raiva, as mãos apertadas demonstravam a força que fazia para se segurar.

— Se não estivéssemos aqui, pelo modo como se porta, acredito que seria capaz de me agredir... – ela disse baixo, sem demonstrar medo, mas com insegurança na voz.

Jon deu um passo para trás. A raiva ainda estava lá. Mas, bater em alguém que jamais seria um oponente a sua altura fisicamente, não estava entre seus feitos. Nem naquele momento, nem nunca.

— Talvez um dia você descubra que não sou o monstro que acredita...

Nisso ela realmente não acreditava. Jon Hawkins era aquilo ali, um homem mimado, autoritário, acostumado a ser obedecido e a passar por cima de todos.

— Neste momento o senhor parece um monstro. Pronto a me devorar.

— Você tem uma língua afiada!

— E o senhor acredita que as pessoas se comportam da mesma forma que está acostumado a se comportar. Mente e acha que todos mentem, não cumpre tratos, e acha que todos...

— Chega! – ele falou mais alto que deveria – Você não gosta de mim. Já compreendi isso. Não preciso que goste. Mas vai me respeitar! Vai respeitar nosso trato. E ponto final.

— O senhor não...

Já lhe dera chances demais para falar. Annie o desafiaria sempre que a oportunidade surgisse. Estava na hora de mostrar como as coisas seriam dali em diante. Ela quisesse ou não.

— Eu serei seu marido! Tentei ser cordial e buscar um entendimento. Mas parece que você não quer que seja desta forma. Não há problema para mim! Estou acostumado a fazer o que quero. Do jeito que quero. E neste momento quero que você me siga para a festa, que sorria, que finja, que seja cordial e que nunca mais volte a falar com Peter!

Annie abriu a boca para retrucar, mas não conseguiu, ele se pôs exatamente diante dela, olhando-a firmemente ordenando pela última vez:

— Acabou! Não vou ouvir mais nada de você por hoje. Se é assim que quer. Assim será!

Estendeu a mão, segurou a dela, e a colocou sobre seu braço antes de concluir:

— Vamos fingir um pouco...


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Notas finais do capítulo

Uma garota metida. Um garoto mimado. Isso vai dar boas confusões ainda. Estou amando esses dois. BJS para as garotas q comentam. Obrigada!