O Destino do Amor escrita por Lilissantana1


Capítulo 23
Capítulo 23 - O que é amar?


Notas iniciais do capítulo

Olá leitoras queridas! Eu amo esses dois. Já falei isso? Se falei repito. AMO! Jon foi completamente domado por Annie? Será?



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Peter a segurava delicadamente pelos braços. Beijava seus lábios com sofreguidão, carinho, e paixão. Mas, ela não conseguia sentir nada do que imaginou que sentiria. Nenhuma emoção. Nenhum desejo. Suas mãos não queriam se aproximar e tocá-lo, sentir o coração dele a palpitar emocionado. Na verdade, ela queria, ansiava por se afastar.

— Me largue... – falou por fim empurrando o homem para longe de si.

Peter cambaleou levemente enquanto ela o afastava definitivamente.

— Annie – ele parecia aturdido com o beijo. E ainda mais aturdido com o comportamento dela.

Mas Annie não estava aturdida, nem mesmo confusa. Estava mais certa do que nunca de como se sentia. Como se finalmente tivesse acendido uma lamparina num quarto escuro.

— Eu não amo você! – falou séria e muito firme com a certeza de que era verdade o que escapava por seus lábios – Pare de me perseguir, pare de mandar bilhetes, pare de acreditar que seus sentimentos, sejam eles quais forem, são correspondidos.

— Mas Annie, meu amor, você e eu nos...

Zangada Annie bateu com o pé no chão.

— Pare de usar toda essa intimidade comigo! Para o senhor, assim como para todos os outros, sou a esposa de Jon Hawkins, e é assim que espero ser tratada! Como a senhora Hawkins.

Totalmente desnorteado, Peter fez menção de se aproximar dela, Annie se afastou rapidamente falando:

— Eu não sou mais a mesma sir Mitchell... a garota que um dia acreditou romanticamente que o amava, não compreendia nada sobre o que é o amor. Ela agora é uma mulher que verdadeiramente entende o significado de amar. Ama intensamente, mas ama a outro homem.

Peter deu um passo para trás, apertando os belos olhos azuis como se não quisesse acreditar no que ouvia. Porém o tom de voz, o jeito dela...

— Você está de alguma forma querendo me punir? Querendo mais provas de meu amor?

Annie riu suavemente.

— Não preciso de provas do senhor, assim como não preciso provar nada ao senhor nem a ninguém...

O modo como ela falava, de repente o incomodou. Annie não era tão delicada quanto supôs nas vezes em que tiveram a oportunidade de se falar. Naquele momento ela agia com arrogância e intolerância.

Ele não podia acreditar que a mulher que amava fosse assim.

— Não acredito no que fala... você tem medo de que Hawkins possa nos fazer algum mal se descobrir que nós dois...

— Eu não tenho medo de Jon. Eu o amo.  Amo a meu marido. Eu amo Jon! – ela quase gritou, era inacreditável que a primeira vez em que pronunciasse aquelas palavras, não fosse para a pessoa certa.

Mas Mitchell não queria acreditar em nada.

— Jon ameaçou você! Mas lhe prometo, ele nunca lhe fará mal, eu não permitirei...

Ela se irritou, ele continuaria a insistir naquilo?

— Jon não me ameaçou... ele me ama, e eu o amo. É tão simples! E por favor, esqueça que um dia eu pensei que nutria algum sentimento estúpido pelo senhor. Isso acabou!

Ela aproveitou que a surpresa que suas palavras provocavam no homem para se dirigir à porta. Mas, Peter a segurou pelo braço antes que ela pudesse sair.

Aquela pessoa, aquela mulher que escapava da biblioteca depois que ele lhe confessara seu amor, e lhe beijara apaixonadamente, não era a mesma que ele conhecia. Decepcionado, passou completamente a linha do bom sendo dizendo:

— Seu marido vai saber o que aconteceu aqui...

Ele a iria ameaçar? Era então esse tipo de homem? Jon tinha razão em outra cosia, ela se deixava levar pela aparência... observou a pessoa parada diante de si, segurando seu braço, os incríveis olhos azuis, e teve raiva de si mesma por ser tão estúpida.

— É claro que Jon vai saber. Eu contarei a ele.

Os olhos azuis se esvaziaram de repente, surpresos e perplexos.  Mas Annie ainda tinha mais a dizer:

— E se por acaso se aproximar de mim novamente, ou me enviar cartas, vou contar ao Duque que estou sendo perseguida pelo senhor... – seus olhos se estreitaram levemente - Sei que meu sogro terá menos piedade do senhor, do que meu marido teria.

— Você é louca! – ele sentenciou enquanto ela puxava o braço para finalmente sair dali.

Annie riu, talvez fosse realmente louca, mas aquela era a melhor loucura de sua vida. A certeza de que amava Jon.

Quando fechou a porta atrás de si e saiu no corredor, sentia pela primeira vez seu coração bater aliviado diante da certeza do que descobrira a respeito de si mesma. Se deparou então com Daisy sentada em uma cadeira próxima a um aparador. Com certeza a jovem ficara ali para depois servir como desculpa para seu sumiço. Annie tomou a direção da “amiga” que ficou em pé sorrindo.

— Pensei que vocês demorariam mais tempo conversando. – a loira falou feliz – Há tantos dias que não se veem. Eu permaneci aqui para ajudar caso fosse...

Um sonoro tapa estalou no rosto da garota loira.

— Nunca mais quero ver você!

Com a mão sobre o rosto, cobrindo a área atingida, Daisy olhou boquiaberta para Annie. Enquanto a esposa do futuro Duque pensava em como ainda não percebera que estava sendo manipulada friamente para atingir Jon.

— Annie! – a voz de Daisy mostrava que ela estava embasbacada com a atitude sofrida.

— Você não é minha amiga Daisy... se fosse realmente minha amiga, teria percebido as mudanças que ocorreram em mim depois do casamento, assim como eu notei as suas... mas em nenhum momento você percebeu... você queria que eu me entregasse a Sir Mitchell, esperava com isso atingir a honra de Jon... colocá-lo em uma situação constrangedora diante da sociedade, diante do pai dele. Talvez – e esse pensamento a apavorava – incita-lo a cometer uma loucura.

A outra desconversou parecendo ofendida:

— Como pode pensar isso de mim! Sempre, tudo o que me importou foi sua felicidade. Só queria ajudar você a estar com quem ama...

Se aproximando um pouco mais da outra, Annie tentou ser muito clara:

— Já estou com a pessoa que amo... eu amo Jon... – ela não conseguia parar de dizer aquilo. Sua boca e seu coração se enchiam de felicidade todas as vezes em que pronunciava aquelas palavras. – E se você quisesse me ajudar realmente, e me ver feliz, teria aceitado esse fato. E não continuaria a me conduzir em direção a alguém que só me causaria problemas.

O silencio foi mais claro do que qualquer coisa que Daisy pudesse ter dito. Annie deu-lhe as costas e se dirigiu novamente para o salão. Só esperava que Jon ainda estivesse no fora de lá. Aquele assunto precisava de privacidade para ser conversado. E ali, não haveria privacidade.

Entretanto, contrariando seus desejos, quando saiu do corredor e entrou no salão, viu o grupo onde seu marido estava, parado do outro lado, junto as mesas de bebida. Jon a olhou firme e diretamente. Ela sentiu o coração se apertar, ele notara sua ausência. A respiração acelerou, e o medo a invadiu. Medo que ele não acreditasse nela. Apesar de toda a segurança usada para Peter Mitchell, Annie sabia que Jon era imprevisível.  

Annie apareceu no corredor em frente ao local onde ele estava. Olhando em volta sua esposa parecia apavorada. Seus olhos demonstravam medo, apreensão , nervosismo quando encontraram os dele. E Jon achou que compreendia o porque disso tudo quando viu surgirem atrás dela, uma Daisy com o rosto vermelho e um Peter Mitchell furioso. Sem dar ouvidos para o que estava sendo dito pelo homem próximo dele. Tomou a direção da esposa em passos firmes e rápidos.

Jon vinha seguro, ereto, sério em sua direção, ela ergueu o rosto e esperou que ele se aproximasse. A respiração acelerada, e o coração batendo a mil. Talvez não fosse possível esperar para falar num lugar mais reservado. Mas, ela notou, ele não a olhava diretamente, não, ele vinha com os olhos fixos para alguém atrás de si. Rapidamente se voltou, e viu Peter Mitchell parado a encarar firmemente seu marido.

Ah! A cabeça zuniu e o salão rodopiou em uma vertigem.

O que eu fiz? Ela se perguntou nervosa se colocando no caminho do marido, tentando evitar um confronto entre os dois homens.

— Jon! – chamou baixo, mas ele não a observava, parecia cego pela raiva.

— O que ele fez? – a voz saiu baixa, mas furiosa. – Ele fez alguma coisa a você Annie?

Ela queria dizer que nada havia acontecido, que Peter nada fizera, mas seria mentira, e depois teria de contar o que acontecera. E ele ficaria furioso por ter sido enganado.

— Jon... – ela repetiu em tom suplicante, sentindo a garganta doer com a sensação de que iria chorar. A imagem do marido com a arma em punho saltando diante de seus olhos. – Olhe para mim...

— O que eles fizeram a você? – ele perguntava sem olhar para ela.

Ela segurou o rosto do marido entre as mãos. Tentou atrair sua atenção para si.

— Jon, olhe para mim, por favor...

O peito masculino se movimentava com extrema rapidez, mostrando a agitação que ia dentro dele. Os olhos de Peter não se desviavam dos seus. Ele o desafiava, estava esperando o momento em que Jon ultrapassaria a frágil barreira que tinha diante de si. O corpo de Annie e o atacaria. De repente, ela disse talvez a única coisa capaz de abalá-lo.

— Jon... eu te amo... – assim que falou, ela soube que não queria que fosse daquele jeito mas, não havia meios de ser diferente. E ele a olhou finalmente. Mas não teve a reação esperada. Seu marido deu um passo para trás. E a encarou sério, os olhos e a boca apertados.

Annie o observava, através do medo, havia ternura em seu olhar. Havia também súplica e... carinho. Segurava seus braços gentilmente. Ele queria acreditar naquilo. Naquelas palavras que seu coração, sua mente, e todo o seu corpo ansiava por ouvir. Mas, estava confuso. O que acontecera entre ela e Mitchell? Porque era definitivo que alguma coisa acontecera enquanto ela estivera ausente da festa.

— Eu amo você... – ela repetiu baixo – Por favor vamos embora daqui...  por favor. – implorou.

Lentamente ele segurou a mão que ela oferecia a ele.

— O que aconteceu Annie? – a voz era tão dura que ela mal conseguia acreditar que fosse seu marido quem falava.

— Eu quero ir embora... no caminho lhe conto tudo...

Desconfiado Jon parecia inseguro se deveria ou não acreditar nela e aceitar seu pedido.

— Nunca menti para você Jon... em momento algum... não vou fazer isso agora. Vou lhe contar tudo o que aconteceu... mas não aqui.

Ele fechou levemente os olhos. Sentia a raiva se expandir dentro dele ao imaginar Annie e Peter juntos e a puxou para perto, apertando a mão dela com força, como fizera na noite do noivado.

— Você está me machucando... – ela gemeu baixo.

— Você está me machucando! – ele repetiu muito perto do rosto dela encarando-a.

Ele estava magoado. Bem ali diante dela, estampada nos olhos escuros estava a mágoa que seu comportamento causava no homem que amava. E a última coisa que ela queria era magoá-lo. Tentou tocar no rosto dele, mas Jon se desviou.

— Vamos embora! – ele disse por fim. – Estamos dando um espetáculo aqui!

Ela não se importava com isso. Tudo o que lhe importava era resolver aquela questão e acabar de vez com qualquer dúvida que Jon pudesse ter a seu respeito.

Mudando de posição ele se colocou atrás dela, segurou o cotovelo da esposa e ereto se dirigiu aos anfitriões. Despediu-se agradecendo pelo convite e renovando os votos de felicidade ao casal recém compromissado. Daisy agiu como se nada tivesse acontecido. Agradeceu aos dois pela presença e beijou amigavelmente Annie antes que esta saísse da casa dos Besant, quase arrastada pelo marido.

**************

Estava frio na rua. Era já madrugada. Uma brisa gelada a obrigou a se encolher sob o casaco e puxar a toca sobre os cabelos. Jon ia a frente, caminhando firme, sem esperar por ela. Sem olhar para ela. Estava deveras furioso. Ele não sabia se conversar naquele momento ajudaria em alguma coisa. Se sentia dominado pela raiva. Poderia fazer ou dizer alguma coisa da qual se arrependeria depois.

— Jon... – ela chamou antes que ele finalmente chegasse a carruagem deles.

Ele se voltou, a observou por alguns segundos com a boca apertada.

— Por que você disse que me amava? – o tom era ainda firme e ressentido - Para que eu não arrebentasse a cara de seu adorado Mitchell, e fizesse um escândalo na festa de noivado de sua querida amiga?

Ela parou de caminhar também. Estava assustada com o comportamento dele, mas, sabia que precisava esclarecer tudo, pois até aquele momento a única coisa que fizera fora garantir ao homem que a amava, que ela amava a outro.

— Falei isso porque é a verdade! – precisava ser extremamente sincera - Eu amo você Jon... não me importo que quebre a cara de Peter, desde que isso não traga problemas para você...

Ele desviou os olhos, bufou, e passou as mãos pelos cabelos cacheados nervosamente.

Annie insistiu:

— Sei que demorei muito a perceber como me sentia em relação a você e em relação a ele... sou uma estúpida que estava cega por uma ilusão idiota...

Dentro dele havia dois desejos, fingir que acreditava e se agarrar a mulher diante dele ou acabar de vez com aquela história, permitindo que Annie se entregasse a Mitchell.

Ela aproveitou aquele momento em que seu marido pareceu perdido para se aproximar.

— Você tem razão quando diz que o amor criado pelos poetas apenas nos engana... – tentou usar de toda a calma que inesperadamente a invadia para convencê-lo - eu pensei que o amor era aquilo que sentia por Peter... aquele arrebatamento, aquele eterno sonhar acordada com o impossível, aquele sentimento romântico...

Ele bufou novamente, se ela continuasse a falar daquele jeito, não ajudaria em nada. Estava em seu limite, pronto a explodir. Em outra ocasião já teria explodido.

— Mas não é...  amor, é o que sinto por você. – ela estendeu a mão e tocou a face dele. – Estou conhecendo você... suas manias, seu mau humor, seus hábitos estranhos, seu desprendimento... e quanto mais o conheço, mais gosto de tudo. De seus defeitos e de suas qualidades... – ele a observou com o canto do olho, ainda desconfiado, ainda dividido – amor é esse sentimento que é capaz de aceitar você como é... e ainda assim continuar existindo.

— Nunca falei a você que era o que não era. – ele falou baixo, como se estivesse se segurando para não estourar ali mesmo. Annie percebeu, e o admirou por isso. Pelo autocontrole.

— Nunca. E essa é uma de suas características que eu mais amo. Sua capacidade de aceitar seus defeitos... de não escondê-los... Jon... – o tom de voz era suplicante. – eu amo você.  

Ele fechou os olhos puxando o ar gelado para dentro, controlando a raiva. Precisava crer em tudo aquilo. Em cada uma daquelas palavras. A puxou para perto e enterrou o rosto no pescoço de Annie. Foi só nesse momento que ela conseguiu voltar a respirar. Seu coração estava travado pelo medo, pela angustia, pelo sentimento de culpa. Por ser a responsável de toda aquela dor que via estampada no rosto de Jon.

— Eu amo você Jon Hawkins...

Ele enfim se permitiu sorrir apreciando pela primeira vez a sensação de amar e ser amado. Respirando o cheiro do cabelo dela junto de si. Apertando o corpo esbelto contra o seu. Se alguma vez em sua vida precisou de algo para viver, esse algo agora tinha nome. Se chamava Annie Hawkins, e era sua esposa. Aquele ser que o pressionava contra um corpo esbelto, era tudo o que ele queria para si. Era tudo o que precisava para que sua vida finalmente fizesse algum sentido.

— Eu te amo... Annie. – ela o ouviu sussurrar e finalmente liberou as lágrimas que estavam presas na garganta. Junto com elas ia toda a angústia e o medo de ter perdido a confiança dele.

Mas, Annie sabia, eles ainda tinham muito o que conversar. Ela precisaria lhe contar o que acontecera na biblioteca entre ela e Peter. Ela precisaria lhe contar o que Daisy fizera naquela noite e na noite do casamento, enviando o maldito bilhete de Mitchell para ela.

Nada poderia ficar escondido se desejava realmente ter uma relação saudável com seu marido.


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Notas finais do capítulo

Detesto a Daisy. Teremos mais, muito mais emoções no próximo capítulo. Espero que vcs continuem acompanhando a fic, ela está se encaminhando para o fim. Vou sentir saudades de escrever sobre eles. BJ e obrigada a todas vcs pelo carinho e pelos reviews.



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