O Destino do Amor escrita por Lilissantana1


Capítulo 2
Capítulo 2 - Jon e suas amantes, Annie e Peter


Notas iniciais do capítulo

Annie vai conhecer o amor, mas será correspondida?
Jon não sabe o que é amor, mas será que não descobrirá?



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A primeira vez que Jon colocou os olhos sobre aquela mulher, percebeu que ela era exatamente o que queria. Morena, alta, corpo voluptuoso que o vestido reto de cintura alta mal escondia. Olhos verdes, pele branca e perfeita. Aisley, era a esposa do segundo Visconde de Dickinson. O que não queria dizer nada para ele. Ter uma mulher casada dava exatamente na mesma  que ter uma virgem. Era apenas uma questão de abordagem.

E a abordagem ele sabia, deveria ser sútil no começo e intensa no final. Olhar desinteressadamente não era considerado uma boa estratégia, ser afoito demais poderia provocar a fuga da presa. Não, ele geralmente mostrava claramente o que queria e como queria de forma subentendida, sempre dava certo. E naquele momento ele realmente queria Aisley e toda a sua beleza morena.

Acostumada a ser notada em todos os lugares em que tinha a oportunidade de estar. Aisley logo percebeu o interesse do futuro Duque em si. Mas, fingiu não notar. Queria saber se o rapaz era mesmo tão sedutor quanto ouvira falar. Os cabelos castanhos, encaracolados, soltos sobre os ombros fortes já davam um indicativo de sua capacidade de burlar a rígida estrutura social burguesa. O corpo rígido, marcado sob o casaco de lã fria, usada naquela época do ano, parecia querer escapar de toda aquela quantidade de tecidos sobrepostos e se mostrar especialmente para ela.

Jon era másculo, exalava sensualidade e sorria como todo bom sedutor sorri.

Ela teve certeza de que eles se dariam bem na cama. E de repente mudou de ideia. Já estava seduzida. Nem percebera isso, mas, o futuro Duque vencera a batalha sem precisar dizer uma única palavra.

Desse dia em diante, eles se encontravam regularmente, uma vez por semana, num pequeno bangalô pertencente à família dele nos arredores da cidade, longe dos olhos do marido dela e do restante da sociedade. Entretanto, apesar de todo o interesse sexual da dupla, não havia exclusividade, Jon tinha muitas amantes, mas acabava sempre voltando para a viscondessa e vice versa. Eles se davam bem, tinham a mesma mente pecaminosa e malvada que assustava aqueles que os conheciam bem.

Como então ficar longe?

**********

A chegada ao lar trouxe para Annie a certeza de que o pai desejava sua ausência. Nenhum gesto de afeto lhe foi direcionado, já que o irmão, de quem sempre recebia atenção e carinho, fora enviado para escola ainda naquele ano. A madrasta, contava apenas oito anos a mais do que ela, fato que poderia aproximar as duas, mas nunca foi motivo de união ou cordialidade. A mulher a tratava quase como um estorvo. Todas as vezes em que a esposa do pai a procurava, era apenas para falar sobre a festa de noivado que também serviria como apresentação  da jovem à sociedade. Ou então, tratar sobro o enxoval. Em momento algum Hellen se preocupou em saber como a jovem se sentia, se estava feliz com os planos para o casamento, se aceitava os arranjos realizados pelo Conde e pelo futuro sogro.

Esses pequenos dissabores eram compartilhados com a única pessoa que Annie realmente confiava, sua melhor amiga Daisy.  A garota visitava a casa dos Carter com frequência quase que diária. E esses eram os melhores momentos da vida da jovem que agora passava trancada dentro de casa, só podendo sair se estivesse acompanhada pela madrasta, e as saídas se resumiam as compras referentes ao enxoval para o casamento. Nada de passeios públicos, reuniões, saraus ou qualquer tipo de diversão pública.

Naquela ensolarada manhã especial, Annie lia um livro em sua sala particular quando ouviu o som da campainha na porta da frente. Certamente que era Daisy quem chegava, sua amiga geralmente aparecia naquele horário. Saudosa de uma boa, cordial e serena conversa, rapidamente saiu do cômodo na intenção de encontra-la, porém teve uma surpresa. Uma surpresa... agradável.

À porta, diante do mordomo, não era a figura de Daisy que estava. E sim, de um rapaz alto, bem apessoado, de cabelos loiro escuros, que quando a observou fez o jovem e inexperiente coração feminino disparar, tal a beleza daquelas delicadas íris azuis céu.

Imediatamente a respiração de Annie acelerou, e a garota teve certeza de que todo o sangue de seu corpo correu em direção as faces que aqueceram rapidamente. Seus olhos se desviaram levemente do rosto masculino, porém, a sensação não a abandonou. Ela não se considerava tímida, geralmente enfrentava qualquer situação diretamente, até com bom grau de segurança. Mas, aquele desconhecido lhe causava a mais esfuziante e inesperada emoção. Uma emoção até então desconhecida.

O rapaz não se moveu, continuou a observá-la firmemente, o que apenas agravou o estado de espírito de Annie.

Walter segurando o chapéu que lhe fora entregue falou, sem se aperceber do que estava acontecendo entre o recém-chegado e a filha de seu patrão:

— Vou avisar ao Conde de sua chegada Milorde.

Sem ouvir qualquer resposta em acordo, Walter se afastou em passos seguros. Deixando a dupla a sós, em muda contemplação.

O homem, o desconhecido, finalmente se moveu, caminhou até o pé da escada. Assim que esteve logo abaixo dela, sorriu, mostrando dentes alvos e perfeitos.

— Bom dia senhorita Carter.

A voz dele era simples e melodiosa. Atraente. Fazia seu estômago sumir. Que sentimento era aquele? Ao mesmo tempo gostoso e assustador.

— Bom... dia senhor?

Ele parou junto ao corrimão, olhando-a diretamente nos olhos. O rosto de pele alva era bonito, maçãs do rosto altas, nariz reto, queixo firme. Era definitivamente o homem mais atraente que já vira. 

— Perdoe meu comportamento afoito. – ele começou como se pretendesse subir pelos degraus que os separavam. - Sei que não fomos apresentados. Mas já lhe conhecia de tanto ouvir falar na senhorita. E é um imenso prazer finalmente conhecê-la pessoalmente.

Annie apenas sorriu amavelmente, não conseguiria dizer coisa alguma, mesmo que desejasse. Como se fora uma idiota, o único som que lhe escapou pelos lábios foi algo parecido com um gemido. Parecendo não perceber seu constrangimento o desconhecido continuou:

— Sou filho de um dos sócios de seu pai. Sir Frederick Mitchell. Me chamo Peter.

Ela já ouvira falar em Frederick Mitchell. Mas não sabia que tinha um filho. E antes que pudesse dizer qualquer coisa, a conversa foi interrompida pela chegada apressada de Walter que vinha trazendo as ordens do Conde para que o jovem fosse logo introduzido no escritório.

Então, este foi o relato do simples e rápido encontro que desencadeou a primeira grande paixão de Annie Carter. A partir deste dia, mesmo sabendo que se casaria com Jon Hawkins, a menina não conseguiu controlar os sentimentos despertados por aquele par de olhos azuis gentis. Principalmente porque os rápidos encontros se sucederam por diversas vezes. Um bom dia. Um boa tarde. Um até logo. Como tem passado senhorita? Todos movidos a sorrisos e olhares penetrantes, que iam lentamente alimentando o sentimento causado pela primeira impressão.  

********************** 

Jon circulou a cintura feminina com as mãos antes de puxar a mulher para si. Linda, era realmente como o próprio nome dizia. Linda. Perfeita. Da cabeça aos pés. Olhos verdes, pele alva, cabelos levemente encaracolados que se enroscavam em seus dedos. Lábios carnudos e peitos fartos onde ele poderia se esconder.

— Jon... – ela sussurrou perto do ouvido dele enquanto o homem sugava a ponta do seio esquerdo com volúpia.

As mãos grandes desceram para as nádegas arredondadas enquanto ele a empurrava para a cama desfeita. Seria a segunda vez naquele dia em que eles entrariam em “luta” corporal sobre os lençóis macios.

Assim que caíram sobre o colchão, ele se afastou levemente. Encarou os olhos verdes da mulher e tentou sorrir. Já estava cansado dela. Por que se cansava tão rapidamente das mulheres? se perguntou enquanto ela espalmava as mãos sobre seu peito. Nem mesmo Aisley, a representante do sexo feminino que conseguira mantê-lo entretido por mais tempo, tivera o poder de fazer esse entretenimento durar por mais de seis meses.

Linda esticou os lábios querendo um beijo. Ele o daria. Sem qualquer receio fechou os olhos e colou a boca na da mulher. Em poucos minutos seu corpo estaria satisfeito novamente. O prazer acabaria, e a sensação de descontentamento estaria de prontidão.

Recostado no travesseiro Jon olhou a rua pela janela, o sol brilhava no lado de fora do pequeno bangalô onde ele costumava encontrar seus casos. Linda, relaxada, estava deitada sobre seu braço direito. Ressonando suavemente.

Estava na hora de acabar com aquela também. Ter casos passageiros era a melhor forma de esconder o fato de não conseguir sentir nada além de desejo por ninguém. O que de repente lhe fez lembrar do compromisso inadiável que se daria em três dias. Seu noivado.

A festa estava pronta. Ele fora convocado pelo pai para estar presente no horário marcado, para se vestir bem, para cortar os cabelos. Que diga-se de passagem, estavam mais longos que o habitual. Para ser cortês e educado com a virgenzinha que lhe conseguiram como noiva.

Uma virgem... ele já tivera muitas. Duvidava que sua futura esposa ainda fosse verdadeiramente virgem. Provavelmente era mais uma daquelas garotas que se fingiam de santas para os pais, mas que escapuliam da escola no meio da noite para encontrar os namoradinhos.

E, se, ainda fosse virgem, provavelmente era também feia, ou idiota. Ou ainda, as duas coisas. Balançou a cabeça negativamente. Isso não tinha importância. Ele sabia o que deveria fazer e faria. Ainda na noite do noivado. Eles acertariam tudo. E estariam prontos, totalmente prontos a assumir os termos do casamento.

A tal... como era mesmo o nome dela?

Ah! Annie, talvez tivesse inteligência o suficiente para compreender que o acerto que ele lhe proporia seria a melhor coisa para os dois.

Linda se moveu afagando o peito dele, rapidamente Jon se esgueirou pela beirada da cama. Passou as mãos pelas roupas ainda jogadas ao chão e foi em direção ao outro quarto. Pretendia tomar um banho e sair do bangalô antes que a mulher acordasse. Pois sabia que no momento em que ela lesse o bilhete que ele lhe escrevera, ficaria furiosa com o rompimento.

**********************************************

Annie desceu os últimos degraus, aqueles que a levariam em direção ao salão. A música alta vinda da orquestra ao fundo, preencheu seus ouvidos, fazendo eco com o rimbombar do coração. Os olhos castanhos claros esquadrinhavam o local em busca do famigerado noivo. Estava irritada. Furiosa com o pai. Com a vida. Com seu futuro infeliz. Com sua incapacidade de escapar daquela situação. Mesmo assim, era impelida para baixo. Em direção ao pior dos destinos. Pois agora, além de se casar com um desconhecido que já odiava, ainda estava apaixonada pelo homem mais gentil do mundo.

Daisy, a eterna amiga confidente, lhe conseguira informações importantes a respeito do jovem Mitchell, e logo a paixonite de Annie se transformou em um sentimento mais profundo e enraizado. Peter era tido como um rapaz correto, educado, gentil e cortês. Incapaz de contendas. Um filantropo que costumava ajudar a todos que considerava menos afortunados do que ele.

Em contrapartida, pensava ela, estava caminhando em direção ao pior de todos os homens. Aquele que não merecia o respeito ou afeto de ninguém. Aquele que era mais odiado do que o próprio diabo. Aquele que nunca a faria feliz. E essa certeza arrasava seu inocente coração apaixonado.

Logo ao pé da escada encontrou Daisy de braços dados com o irmão mais velho o que brevemente desviou os pensamentos tristes que a atormentavam. A amiga, quase irmã, lhe sorriu cordial e apoiadora. Mas, mesmo com todo o amparo que recebia, Annie tinha certeza de que aquele seria o primeiro dos dias mais tristes de sua vida. Finalmente encontraria Jon Hawkins. O odiado noivo.

Samuel Carter, um homem baixo, de cabelos grisalhos, e olhos perspicazes esperava pela filha junto da esposa enquanto a observava direta e firmemente. Ele sabia que a garota pretendia provocar situações que levassem o noivo a romper o noivado, mas jamais permitiria que isso acontecesse. E como vantagem, usara de todo seu poder como pai para ameaçar. Caso o noivado se desfizesse, Annie seria trancafiada em um convento pelo resto da vida.

Algumas vezes Annie chegava a acreditar que casar com Jon seria a mesma coisa que permanecer trancada dentro de um convento. Sem alegrias, sem risadas, sem amor, sem família. Porém, quando a garota lembrava da vida que levavam as mulheres que lá estavam, por motivos variados, titubeava. Ela não conseguiria passar o restante da vida daquela forma, principalmente longe de Peter Mitchell. E por isso, somente por isso, seguia em frente com os planos de casamento.

— Ele está na outra sala. A sua espera. – a madrasta cochichou em seu ouvido assim que a enteada parou ao seu lado.

Hellen, assim parada junto a Annie, poderia muito bem ser tomada como uma irmã mais velha, mas entre elas não havia qualquer empatia ou mesmo amizade. Apesar de ter casado através de um contrato, com um homem que poderia ser seu pai, sabendo das amarguras que esse tipo de união provocava, a mulher bonita era fria e distante com aquela que estava para sofrer das mesmas dores que ela.

Em um grupo exclusivamente masculino, a poucos passos de onde Annie se encontrava, estava Peter. Com seus olhos azuis gentil, ele a observou detidamente, sorriu de forma confortadora, ao menos para quem estava seguindo em direção à “morte”, parecia confortadora e se voltou para os amigos.  Annie suspirou preenchendo-se de alguma paz, esse simples gesto do homem amado lhe ofereceu as forças necessárias para seguir em direção a sala onde o futuro Duque de Hawkins lhe esperava.

O conde ofereceu o braço à filha, que sem titubear o aceitou, e em passos lentos eles seguiram para a sala indicada por Hellen. Sim. Finalmente encontraria Jon Hawkins, seu futuro marido.


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Notas finais do capítulo

N/A: Hummmm ainda estou na espera de vcs. Estou apaixonada por esses dois. Tomara q vcs se apaixonem também. Muitos beijos