Badlands escrita por Risurn


Capítulo 3
Capítulo Três


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelo apoio que vocês tem me dado, aproveitem ♥



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— Absolutamente não.

A porta foi fechada na minha cara e não consegui esconder meu choque. Esse elfo maldito. Voltei a bater na porta.

— Ah, qual é! Eu saí da minha casa, me produzi toda, tomei umas cinco aspirinas e você diz não?

Leo respirou fundo abrindo a porta novamente e apoiou a cabeça no batente.

— Não aja como se eu não soubesse que isso é coisa da Phoebe, aquela cabeça de fogo. Qual o problema dela?

Cruzei meus braços e comprimi os lábios.

— Você é mesmo bom nisso.

Ele riu e cruzou os braços também, me imitando.

— Não vai me convidar para entrar? Você me trata muito mal Valdez.

— Quer entrar e me ajudar com a faxina? Eu adoraria. Alguém quebrou o vaso chinês do meu pai, eu vou simplesmente morrer. Você conhece alguém que saiba consertar algo assim?

— Nós poderíamos colar! Pegar aquelas colas especiais, juntar caco por caco, ia dar tudo certo, seu pai nem ia notar!

Ele apenas revirou os olhos e voltou a se apoiar no batente.

— Você tem alguma ilusão que ele não perceberia? Isso é loucura.

— Exatamente. Adoro uma loucura. Nossa, estou com sede, tem água por aí? – Girei no meu próprio eixo e encarei a estátua do jardim que derrubava água de um jarro. Era uma estátua bonita, a mulher tinha o cabelo meio preso e a alça de seu vestido escapava pelos ombros. – Olha, seu pai concertou a Abigail.

— Abigail?

Encarei-o, horrorizada.

— Você não lembra que batizamos ela de Abigail três anos atrás? – Apontei para a estátua, enquanto ele alternava o olhar entre mim e ela e franzia o cenho.

— Lembro. Tem uns dois anos que isso está funcionando Thalia. Você está bem? Isso é normal ou é alguma...

— Leo. Meu querido e amado Leo. Você vai subir agora e tomar um banho. Vestir qualquer porcaria de roupa e nós vamos a droga da festa, sendo plano de Phoebe ou não. Eu quero ir. Você vai comigo. Estamos entendidos? Agora sobre essa bunda latina pra lá ou eu vou te arrastar até o chuveiro.

— E vai tomar um banho comigo então? – A expressão no rosto dele era de um divertimento tão intenso que eu quis quebrar todos os seus dentes.

— Experimente para ver o que acontece.

Ele levantou as mãos em rendição.

— Tudo bem, mamãe. Eu vou me trocar. Anda, sobe aqui.

Antes que eu pudesse sequer pensar ele me puxou pelo pulso, me conduzindo até o andar de cima onde seu quarto fica.

Conforme atravessamos a casa, me deparei com o caos. Como eu não vi essa zona ontem?

O sofá estava fora de lugar, havia caco de vidro pelo chão, o tapete havia desaparecido, o passa-prato estava coberto por copos virados e o chão da área da cozinha... Bom. Não era a melhor definição de limpeza.

— O que aconteceu aqui? Um furacão?

Ele me encarou e bufou.

— Se seu nome do meio for furacão, então sim, um furacão passou por aqui.

— Você só pode estar brincando. Eu não fiz nada disso.

— Ah, não fez? – Ele começou a subir as escadas comigo logo atrás. – Depois que você decidiu que estava bem o suficiente para levantar do sofá, começou uma fila de conga de uma forma que sou incapaz de compreender e levou todos com você. Vocês quebraram uma janela. – Ele suspirou. – Mas a culpa não é totalmente sua. Eu não devia ter te avisado que ia te amarrar no sofá, devia simplesmente ter amarrado você lá.

O corredor do andar de cima estava bem mais organizado, graças a Deus, ou Hefesto em pessoa iria me matar. E então viramos na terceira porta à esquerda, entrando no mundo do Valdez.

Mas eu ainda o encarava horrorizada quando sentei na cama.

— Você ia me amarrar no sofá? Por quê?

— Aí, caramba, você está no meio de uma crise, não está? Eu sabia que aquilo não era só a bebida. Você começou a se oferecer pra todo mundo, sério, todo mundo. Não que eu tenha algo a ver com isso, você é grande e vacinada. – Ele abriu a porta do guarda-roupa e tirou algumas peças. – Mas era diferente das vezes que você bebeu Thals. Nunca te vi daquele jeito. Enquanto você estava no meio da conga a Phoebe veio falar comigo que achava que você estava no final da crise. Que achava que você bebeu aquilo tudo pra conseguir dormir depois.

— Aquela filha da...

— Ei! Não xingue no mundo do Valdez. Não quebre nada, não fuja, não use meu celular, volto em cinco minutos.

— Quem é a mamãe agora? – Gritei, mas ele já havia sumido atrás da porta.

Bufei, deitando meu corpo na cama. É uma catástrofe.

Talvez eu não quisesse ter bebido tanto ontem. Talvez fosse apenas uma desculpa para o que eu não queria admitir. Outra crise. Há quantos dias eu não dormia sem ajuda? Quatro? Cinco?

Outra crise. Por que eu não consigo perceber isso sozinha? Por que eu não consigo enxergar o que acontece?

Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não.

Como eu vou conseguir largar a medicação desse jeito?

Minhas mãos começaram a tremer e me senti enjoada.

— Vamos lá Thalia. Se concentre. O que nós temos aqui? Não perca o controle. Você está sentada numa cama de casal toda bagunçada. O quarto tem um guarda-roupa de três portas e uma escrivaninha maior que a cama, cheia de coisas que você não sabe o nome. Você consegue ver os livros de engenharia mecânica e os pôsteres. Está tudo bem. Tudo normal. Apenas respire. Vai ficar tudo bem.

Continuei repetindo aquelas coisas como que em um mantra, até que Leo voltasse, sorridente. Eu não quero mais perder o controle. Não quero mais. Só quero que isso passe. De alguma forma ele percebeu que algo estava errado e sentou ao meu lado, suspirando também. Eu gosto de Leo.

— Me conta o que tá acontecendo super-choque.

Mordi meus lábios, sem me atrever a falar, então ele prosseguiu.

— Phoebe acha que você está tendo outra daquelas crises hipomaníacas. ¹

Ele falou. Falou as palavras.

— Você tem agido estranha nos últimos dias. Está mais... Agressiva que o normal, ácida. Também disse pra ela que não tem dormido bem...

— O que? – O interrompi. – Como você sabe? Eu falei isso pra ela hoje. Só algumas horas atrás!

Ele revirou os olhos e levantou o celular, como se fosse óbvio.

— Já ouviu falar dos meios de comunicação do seu celular, Thalia? Eles são muito úteis para conversas à distância. É uma invenção revolucionária que já está por aí há anos. Como eu dizia, você tem agido estranha. Como... Como aquela outra vez. Ela também me disse que você pegou o cartão de crédito do seu pai e deu para ela cinco bolsas de roupas. Não foram cinco peças Thalia. Foram cinco bolsas.

— Eu não posso dar presentes para ela agora? Ela vive indo lá em casa, sempre tenta me ajudar... – Sentei na cama, cruzando os braços. – Eu só quis fazer um agrado, aquela traíra.

Leo sentou junto comigo, deixando na cama uma bola úmida onde seu cabelo molhado estava.

— É normal sim Thalia. Mas não é normal gastar quase mil dólares nisso. Você nem tem esse dinheiro todo.

Comprimi meus lábios.

— Meu pai tem.

— Você está se ouvindo? Você nunca usa o dinheiro dele... Você nunca mais tinha tido uma crise dessas. Não está tomando os remédios direito?

Levantei, respirando fundo.

Sou mais forte que isso. Sou mais forte que isso. Sou mais forte que isso. Sou mais forte que isso. Sou mais forte que isso. Sou mais forte que isso. Sou mais forte que isso. Sou mais forte que isso.

— Podemos ir? Já está na hora da festa.

— Thalia...

— Podemos ou não?

Ele suspirou, saindo do quarto na minha frente. Seu corpo ficou parado por um tempo em frente à porta, antes que ele resolvesse falar.

— Você não pode fugir para sempre Thalia. – Seu olhar se fixou no meu, acalmando um pouco minhas emoções, seu sorriso era triste. – Quando você vai finalmente confiar em nós, super-choque?

***

Assim que nós chegamos, Phoebe acenou para mim, já entrando na casa e seu plano entrou em ação. Minha principal função na tarefa? Distrair Leo Valdez.

— Você está bem?

Respirei fundo. Estou bem. Me sinto bem. Mas sei que algo está terrivelmente errado, porque me sinto bem mesmo quando não quero estar. É uma espécie de euforia que eu não sou capaz de controlar e me sinto sufocada.

— Estou bem. – Sorri para ele. – Não perguntei sobre a Quione. O que houve?

Ele chutou uma pedra da entrada da casa da tal Hazel. Ainda não havíamos entrado. O lugar era grande e bonito, aparentemente ela havia se mudado para aquela casa há pouco tempo. A família mudou de bairro para que ficasse mais próximo da universidade. Ou algo assim.

A casa era enorme, como era de se esperar, tinha um pequeno jardim com mesa e cadeiras. Haviam algumas estátuas espalhadas pelo gramado que me fizeram franzir o nariz involuntariamente. Nunca gostei muito disso. Eu só gosto da Abigail. No lado esquerdo da casa havia uma grande árvore com um fruto vermelho, algo que não deixei de achar incomum.

— Eu não sei bem. Ela estava me enchendo de moral e esperança e do nada mudou de ideia. – Ele ficou em silêncio por alguns segundos, mas depois sorriu. – Está tudo bem, eu sou gostoso pra dedéu, não vou ficar sozinho muito tempo.

Não pude deixar de revirar os olhos, mas sorri.

— Aquilo é... Romã? Por que você acha que eles têm um pé de romã? Que gente estranha.

Leo parecia confuso, mas encarou a árvore que eu apontava.

— Estou aqui abrindo meu coração pra você, e você quer falar sobre as romãs? Vamos entrar de uma vez.

Sorri satisfeita e tocamos a campainha.

Uma garota com cabelo trançado apareceu, ela sorria e seus olhos brilhavam.

Era bonita como o inferno, me fazendo questionar minha aparência que eu achei tão maravilhosa antes de sair de casa.

— Leo! Que bom que veio. – Ela abraçou o garoto sorrindo e ai me encarou longamente, sem desviar os olhos. – A gente se conhece?

Olhei para Leo, ficando um pouco apreensiva.

— Acho que não. – Estendi a mão. – Sou Thalia. Thalia Grace.

A garota estendeu a mão e me cumprimentou.

— Sou Piper McLean, amiga da Hazel, podem entrar.

Leo sorriu e passou o braço pelos meus ombros, me levando para dentro.

— Espera! – A garota pediu, segurando o braço de Leo, mas me encarava. – Você... Grace. Hm, tem mais alguém da nossa idade com esse sobrenome?

Leo começou a rir do meu lado e encarou a garota sorrindo.

— Você não sabe quem ela é Pips?

Desconsiderei o comentário do Valdez e respondi a pergunta da “Pips”.

— Bom, eu sou alguns anos mais velha que você. Mas tenho um irmão que deve ter a sua idade. Jason. Jason Grace.

Ela imediatamente enrubesceu e assentiu, saindo dali sem dizer uma palavra.

— O que foi isso? – Perguntei para Leo. Ele apenas riu e deu de ombros. – O que meu irmão está aprontando?

— Acho que você acabou de conhecer sua nova cunhada.

— O que? Espera, deixa eu olhar de novo. – Tentei girar meu corpo em direção a ela, mas Leo me manteve em linha reta. – Qual é! Me conta! Ou, pelo menos, deixa eu ver!

— Deixa ele ser feliz Grace, anda logo. Ele já fez dezoito anos, sabe se virar.

— Isso não significa nada. Eu tenho vinte e quatro e não sei me virar.

— É... Você pode ter razão. – Ele me conduzia pelos corredores da casa, em direção aos fundos. Tudo era estranhamente organizado. E frio. E assustador. Havia preto demais na decoração. – Mas deixa pra lá, ok?

Revirei os olhos e assenti, e assim chegamos à parte de trás da casa.

— Aí, pelo meu pai, que gente toda é essa? Essa menina acabou de chegar na cidade e já está assim?

— Muitos contatos. E ela não chegou na cidade agora, eu já te disse, ela só mudou de bairro. – Foi Phoebe que falou, surgindo ao meu lado. – Ela é amiga da Piper, que namora o seu irmão. Cada um conhecia alguns veteranos e voilà, o plano perfeito. Essa nova geração... Por que eu quis mesmo fazer uma pós?

Todo mundo sabe que o Jason tem namorada, menos eu?

— Me pergunto o mesmo todo santo dia. – Leo bufou. – Vou pegar uma bebida, cuide da Thalia.

— Eu sou o que? Um bebê? – Gritei para as costas do garoto que se afastava. – Aí, esse garoto... O que deu nele?

Phoebe deu de ombros.

— Hazel está aqui.

Então, me lembrei da missão. Como posso ter esquecido se eu estava aqui para isso?

— Onde ela está, me mostra.

Phoebe apontou discretamente para um grupo de pessoas, e uma menina se destacava ao centro. Tinha um sorriso fácil nos lábios e nos olhos e um cabelo muito bonito. Eu conseguia ver o porquê de Leo estar interessado nela.

— Ele está nessa fase de ir atrás de garotas mais novas agora?

— Eu não sei, mas ela parece uma graça, não é?

Cruzei os braços e a analisei um pouco mais.

— Não sei... Ela não parece fazer o tipo dele.

— Quem é que sabe? Deixa eles descobrirem, o mais importante a gente já fez. Agora só temos que aproximar eles e deixar a magia do cupido acontecer.

— Certo.

— Certo.

— Vou pegar uma bebida primeiro.

— Thalia!

Mas era tarde demais e eu já estava correndo dela. Phoebe sempre vem com aqueles saltos monstruosos e nunca consegue me acompanhar, bem feito pra ela.

Não foi tão difícil achar a mesa de bebidas.

Aquela parte da casa estava cheia e continuavam chegando mais pessoas. As luzes coloridas estavam dispostas de um modo que tudo naquele quintal continuava escuro, mas ainda conseguíamos enxergar alguma coisa. Alguns já estavam se aventurando nas piscinas, outros apenas sentados no chão conversando e uma pequena parcela dançando alucinadamente perto da porta.

Enchi meu copo com as bebidas disponíveis, mas assim que virei para sair, esbarrei com alguém. A diferença foi que dessa vez, eu que molhei o pobre coitado e minha roupa continuou seca. Obrigada Deus.

Não é a primeira vez essa semana, senhoras e senhores, isso é um recorde. E eu ainda nem bebi, então não joguem a culpa no álcool.

— Aí, caramba, me desculpe. – Tentei esfregar minhas mãos na blusa, talvez assim ela secasse. Não custa tentar, não é?

Mas ele apenas sorriu, afastando minha mão.

— Tudo bem, só... Cuidado. Eu vou lá em cima trocar.

— Lá em cima? – Levantei meus olhos em direção ao rosto dele, achando-o familiar. – Você mora aqui? – Ele assentiu um pouco e sorriu, pronto para me dar as costas. – Desculpe, a gente se conhece?

— Ah, você não lembra? Então isso significa que não foi vingança.

— O que? Vingança?

Ele apontou para o próprio corpo.

— Eu derrubei bebida em você ontem, e agora...

Interrompi o garoto com um longo “ah” de compreensão.

— Foi você? Me desculpe mesmo, ontem eu não estava muito bem.

E não é que ele é bonito mesmo?

— Eu notei... Bom, vou lá em cima. Aproveite a festa.

Levantei meu copo como forma de despedida e tentei sorrir. Ótimo. Eu tinha que dar um banho de vodka no cara, parabéns Thalia.

Franzi meu cenho enquanto voltava para o “meu lugar” e fiquei me perguntando porque a festa foi feita na casa dele, se era de Hazel. Quando cheguei até Phoebe, ela estava impaciente.

— Por que demorou tanto? Foi fabricar a bebida?

— Desculpe, eu tiv...

— Não importa agora. – Ela me cortou, me fazendo abrir a boca. – Relaxa um pouco, porque eu to histérica. Nossa missão tem uma falha.

— Uma falha? Que tipo de falha?

— Um tipo de quase dois metros.

Ela apontava para as cadeiras perto da piscina e eu entendi.

Com os braços ao redor de Hazel estava um grandalhão que tinha uma cara de bebê nada proporcional.

— Eles podem ser só amigos. – Tentei argumentar. – O Leo vive colocando os braços nos meus ombros.

— Pode ser... – Ela fechou os olhos e murmurou um “ai, não”. – Mas amigos não fazem aquilo Thalia.

O grandalhão deu um beijo em Hazel, deixando-a corada e fazendo outros explodirem numa coleção de “finalmente”. Isso não é bom. Quer dizer, é bom pra ela, mas para o Valdez...

— Voltei! – Leo pulou ao nosso lado, trazendo um copo para Phoebe. – O que eu...

Seus olhos se fixaram na cena a nossa frente e ele desviou o olhar, encarando a cerca alta de madeira que rodeava os fundos da casa. Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, Leo saiu. Me mexi no intuito de ir atrás dele, mas Phoebe me parou.

— Thalia, eu prefiro ir. Tudo bem? Fica por aqui, a gente já volta. Eu insisti, eu vou arrumar isso.

— Mas eu... – Antes que eu continuasse com meu protesto, ela sumiu no meio da multidão. Maravilha.

Eu falei que ela não fazia o tipo dele.

Encarei o copo pela metade na minha mão e virei o resto do seu conteúdo, largando-o sobre a mesa que tinha uma pilha de copinhos vermelhos.

Encarei a piscina e me aproximei da borda, sentando ali. Tirei minhas sandálias e meus pés encostaram na água. Me permiti ficar por ali um tempo, simplesmente balançando-os para frente e para trás enquanto via alguns pulando na água e brincando. Eu prometi para Phoebe mais cedo que iria me comportar, e tudo ia muito bem até ele sentar ao meu lado e me esticar um copo.

Observei sua mão, desconfiada.

— Você colocou algo nisso aqui?

Ele encarou o copo e deu de ombros, entendendo-o para mim novamente.

— Você nunca vai saber.

A camiseta, antes branca, foi substituída por uma preta do Green Day.

— Eu fiz um favor derrubando a bebida em você, essa camisa é muito mais bonita.

Ele sorriu e tirou os sapatos, colocando os pés na água também.

— Você veio sozinha?

— Vim com alguns amigos. Mas eles tiveram que sair um pouco para uma emergência. – Suspirei. – Na verdade, eu acho que deveria ter ido junto.

— Aconteceu alguma coisa com eles?

Fiz sinal com a mão, negando.

— Tá vendo aquela garota lá? – Apontei para Hazel e ele franziu o cenho. – Meu amigo estava a fim dela, mas outro cara chegou primeiro e beijou ela na frente de todo mundo. Aquele grandalhão sentado ao lado dela, ali. Bom, e ai ele foi embora. Já estava meio pra baixo mesmo.

O garoto estava de boca aberta.

— Frank beijou a Hazel?

— Eu não sei o nome dele, mas acho que sim... Por quê? Você também é a fim dela? Essa garota tem algum mel ou o que?

Ele se distraiu por um instante de sua raiva repentina e sorriu.

— Não, ela é minha irmã.

Abri a boca e fechei, percebendo que havia soado mais ciumenta do que gostaria ou deveria.

— Isso faz sentido. – Refleti um pouco mais no que havia pensando sobre ser a casa dele e a festa de Hazel. – Na verdade, faz muito sentido.

— Faz, não é? Eu só sei que eu vou matar aquele cara.

— Que agressividade. Deixa a Hazel ser feliz.

Ri sozinha pensando que Leo havia me dito o mesmo mais cedo. O mundo dá umas voltas engraçadas. Ele me encarou um pouco.

— Você conhece ela?

— Quem? A Hazel? – Ele assentiu com a cabeça. – Não, só a vi de longe mesmo, hoje foi a primeira vez que eu a vi, na verdade.

Ele assentiu e ficamos um pouco em silêncio.

— É a terceira vez que nos vemos e você não me disse o seu nome.

Ele sorriu antes de responder.

— E aquela história de não trocar nomes com alguém que você fica?

Arregalei meus olhos.

— Nós ficamos?

Como eu posso não lembrar disso? Eu nunca esqueceria um cara bonito desses, não é possível que eu tenha bebido tanto assim, Deus, por favor, não.

Ele riu e negou.

Obrigada Deus.

— Então, não tem porque não dizer.

— Certo. – Ele estendeu a mão para mim. – Nico di Ângelo.

Sorri, antes de apertar sua mão.

— Thalia Grace.

Quando nossas mãos se encostaram, levei um choque.

E agora é a hora que você pensa: “nossa, que clichê, vocês se conheceram e a corrente elétrica disparou entre vocês? ”. Não é nada disso não, não havia nada de romântico. Eu literalmente tomei um choque.

— Ai! Por que você está dando choque?

Ele encarou a própria mão, confuso e depois revirou os olhos.

— Ainda? Você é a terceira pessoa que diz isso hoje, eu acho que estou virando uma bateria.

— Acho que você está cheio de energia di Ângelo. Não anda descalço, sei lá? Vai andar na areia, na grama... Que coisa esquisita.

Ele riu e apoiou as mãos no chão.

— Você é estranha.

— Sou? – Dei um gole no copo que ele me trouxe. Era suco. Fiz uma careta. – Por que você trouxe suco?

— Não quis embebedar você, lady.

Revirei os olhos, largando o copo.

— Ei, espera! – Ele apontou para mim e bateu na própria testa, como se lembrasse de algo. – Thalia Grace. Você é parente do Jason?

Sorri fracamente.

— Sou irmã dele.

— Jura? Que mundo pequeno! Lembra que te falei que estava com alguns amigos ontem? – Tentei assentir e dizer que sim, mas eu realmente não lembrava. – Bom, eu estava com ele. Jason nunca me disse que tem uma irmã, nunca vi você na casa dele também.

Tentei não me sentir magoada com o fato de Jason não falar sobre mim para os amigos, ou a namorada. Será que ele se ressentia de mim por ter saído de casa? Ou era porque sai sem ele?

Sorri fracamente antes de responder.

— Eu saí de casa tem uns seis anos.

Ele assentiu, como se compreendesse, e então voltou a sorrir.

Nico tinha um sorriso bonito, e olhos mais bonitos ainda.

Antes que eu me desse conta, minhas mãos deslizaram até a barra da minha blusa, que eu já tirava.

— O que... O que você está fazendo?

Eu não sei o que estou fazendo.

Ele olhou em volta, mas eu sabia que todos estavam muito ocupados com o que quer que estivessem fazendo.

Meu rosto sorria enquanto eu tirava a parte de baixo, ficando apenas de roupa íntima.

— Vou dar um mergulho. Você vem?

Seus olhos correram pelo meu corpo antes que eu pulasse na água. O que deu em mim? A água da piscina era gelada, fazendo minha pele arrepiar. Aqui de baixo consigo ver os reflexos de luzes coloridas na superfície, e é lindo. Logo emergi, joguei meu cabelo curto para trás e sorri para Nico, que ainda me encarava de boca aberta, sorrindo.

— Não quer entrar? A água está ótima.

As luzes corriam por seu rosto que não tirava os olhos de mim.

Queira Deus que eu esteja usando uma lingerie combinando.

Nico continuava negando e rindo, mas começou a tirar a roupa também e falou antes de pular atrás de mim.

— Você é louca, Thalia Grace.

Sorri também, voltando para baixo d’água.

Você não faz ideia Nico, não faz ideia.

 

 

¹ Episódio Hipomaníaco: Encontrado principalmente no Transtorno Bipolar tipo II, na Ciclotimia ou em um episódio isolado. Cada episódio tem duração mínima de quatro dias, está associado a uma mudança clara no comportamento do indivíduo, tanto que elas são observadas mais claramente por terceiros, mas o episódio não é tão grave a ponto de causar grandes prejuízos ao indivíduo.


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Notas finais do capítulo

Me digam o que acharam, até o próximo ♥



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