Badlands escrita por Risurn


Capítulo 1
Capítulo Um


Notas iniciais do capítulo

OLAAA
Leiam o Disclaimer, caso não tenham lido. Vários avisos importantes, aproveitem a leitura e POR FAVOR, leiam as notas finais!



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Badlands refere-se ao estado de espírito, usando-se de um lugar físico como uma metáfora para uma mente vazia e sozinha.

 

***

Conforme o tempo passa, você se surpreende com o quanto pode suportar. Em um dia as coisas vão bem e no outro tudo vira de cabeça para baixo, num desastre total, mas a gente ainda aguenta.

Algumas vezes me pego pensando que se eu pudesse mudar apenas uma coisa na minha vida, seria aquilo, e não me venha com essa de que os erros de nosso passado são aprendizado para o futuro. Se eu desfizesse o erro e agora as coisas dessem certo, já não seria o suficiente para que eu aprendesse?

Eu acredito com toda a minha força que seria.

Porque falando sério, tem algo pior do que quebrar a cara vez após vez e ser incapaz de controlar os fatores que te levam até o fundo do poço de novo e de novo?

Eu gostaria de ter as respostas a essas minhas questões internas, porque talvez assim eu conseguisse entender porque eu estou no banco de trás do meu carro com alguém que eu jurei nunca mais ver.

Não que eu me arrependa de dormir com ele, longe disso, o problema sou eu. Talvez eu deva voltar a história para aquela noite, tanto tempo atrás quando tudo começou e assim as coisas talvez voltem a fazer sentido na minha mente.

Estava tudo razoavelmente bem. Um lugar razoavelmente legal. Pessoas razoavelmente interessantes.

Eu não tinha mais tanta certeza de quantas doses já havia bebido desde que chegara a casa, mas aquilo não fazia diferença, o que importa mesmo é quantas ainda estão por vir.

Minha mente começou a ficar embaralhada conforme as horas iam passando e eu já não lembrava mais nem de com quem havia vindo para a festa.

— Hey Super-Choque. – Um garoto me segurou quando perdi o equilíbrio, mas sorri reconhecendo-o em seguida. – Você não devia beber tanto. Onde estão as outras caçadoras?

Ah, é. Desde que eu comecei e larguei a faculdade, quase sempre saia com o mesmo grupo de meninas, Celyn, Naomi e Phoebe. Nós éramos conhecidas por nossas habilidades muito peculiares de encontrar pares para passar a noite.

— Onde você acha Valdez? – Bati com a língua nos lábios sorrindo. – Caçando. – Minha voz saiu arrastada conforme eu ria e me apoiava nele. – E eu devia fazer o mesmo.

— Não sei se isso é uma boa ideia.

— Deixa de ser chato! – Empurrei seu corpo para longe do meu e cambaleei entre as pessoas. – Se eu não voltar me procure caída pelo chão.

Às vezes Leo consegue ser tão irritante. Por que ele precisa se meter tanto nas minhas coisas?

— Não acha melhor eu evitar que você caia por aí? Faz assim, fica aqui. – Ele empurrou meus ombros contra uma das banquetas perto do passa-prato e sentou ao meu lado.

— Por que você bebeu tanto? Achei que já tivesse festado o suficiente na quinta.

— Que culpa eu tenho se esses meus amigos maravilhosos adoram dar uma festa?

— Amigos tão maravilhosos que você até se esquece de dar notícias. Mal visita, não telefona, nem manda mensagem... Se não fosse a Phoebe nós nem saberíamos que você está viva. Você podia dar um sinal de vida às vezes, não ia te matar. Eu só sei que você ta bem quando recebo alguma mensagem confirmando que você vai aparecer em alguma festa.

O teor alcoólico no meu sangue era alto, mas ainda assim estava sóbria o suficiente para manter um tom sério.

— Já falamos sobre isso Leo. Nessas épocas... Prefiro ficar sozinha. Faço muita bagunça. E eu... Eu não...

Ele suspirou e levantou.

— Você sabe que não precisa ser assim. – Seus olhos se moveram pra algum lugar atrás de mim e ele levou as mãos à cabeça, parecendo preocupado. – Aí, santa chave-de-fenda, meu pai vai me cozinhar quando vir que quebraram esse vaso. Eu já volto, vou trazer uma água pra você, não sai daí, pelo amor de Deus.

Revirei os olhos e bufei, irritada, enquanto me apoiava no balcão. Vou só esperar aqui por cinco minutinhos o mundo parar de girar e continuar com meus assuntos.

Minha cabeça começou a pender de um lado para o outro e por um momento até mesmo olhar para frente ficou difícil. As pessoas passavam por mim, indo e vindo fazendo com que eu me sentisse tonta. A casa estava cheia de gente que eu nunca havia visto. Aparentemente Valdez anda expandindo o círculo social.

Vi a cabeleira ruiva de Phoebe e a focalizei subindo as escadas acompanhada de alguém que eu nunca havia visto, então soube que a caçada dela estava quase completa. Talvez eu devesse começar a minha.

Levantei, sentindo tudo balançar e sacudi a cabeça para ver se o mundo voltava ao lugar.

— Tudo bem Thalia, um pé na frente do outro.

Girei meu corpo, pronta para andar quando alguém me atingiu, derrubando bebida na minha camisa.

— Que... Droga. Você podia olhar por onde anda cara. – Minha voz saia mais arrastada do que eu pretendia e isso me fez bufar.

Anotação mental: treinar mais para não ficar com voz de bêbada.

A parte racional da minha mente quis dar uns gritos com o tal cara, mas a parte bêbada sorriu um pouco assim que fixou os olhos no rosto do indivíduo.

— Foi mal, eu me distraí. – Ele tirou a jaqueta fina que usava e começou a me secar, mas afastei sua mão.

— Isso aí é Licor?

Ele alternou o olhar entre mim e o copo que levava na mão, agora meio vazio.

— Vai querer beber mais? Você já parece meio alta.

— Eu decido quando parar.

Tirei o copo de suas mãos e virei tudo num gole.

— Considere-se desculpado.

Devolvi o copo e dei uma batidinha no seu ombro, dando-lhe as costas. Tentei caminhar, mas meu corpo pendeu para o lado. Por sorte ou não, o tal estabanado me segurou.

É, talvez ele esteja certo e tomar mais uma dose pode não ter sido inteligente. Talvez. Mas eu nunca vou admitir isso.

O garoto olhou ao redor, e seu rosto estava entre um misto de ansiedade e preocupação. Afinal, ninguém quer ser a babá da garota bêbada.

— Onde estão seus amigos?

— Por aí.

— E eles te deixaram sozinha desse jeito?

— Para o seu governo, eu estou ótima. – Tentei apontar meu dedo para ele, mas por algum motivo ele nunca ficava na direção que deveria. Corpo traidor. – Eu posso me virar sozinha.

— Claro que pode. Consigo ver com certeza. Aposto que você não ia conseguir fazer nem aquela coisa idiota de formar um quatro com as pernas.

— Quer apostar mesmo? É só me largar.

— Se eu te largar, você vai cair.

— Então me segure bem pertinho de você, bonitão.

Senhoras e senhores, a parte bêbada ataca novamente. O que eu estou dizendo?Bonitão? Eu sou o que? Narradora da Sessão da Tarde?

— Beleza. Vou considerar isso um “estou bêbada demais pra pensar”. Vamos ali pro sofá até aparecer alguém que te conheça. Algum dia você vai me agradecer.

— Você é muito chato! – Minha voz se alongou na última palavra, mas ele me levou até o tal sofá. – Aqui é confortável.

— É, não é? – Ficamos em silêncio por alguns segundos e senti minha cabeça começar a pender. – Você sempre bebe assim?

Só algumas vezes por semana.

— Não.

— O que te levou a tomar esse porre então?

O garoto me surgiu com mais um copo de algum lugar, prendendo a minha atenção às suas mãos.

— Problemas. Coisas que gostaria de esquecer.

Ele levantou um pouco o copo em minha direção antes de levar aos próprios lábios.

— Um brinde então, às coisas que gostaríamos de esquecer.

— Para ser um brinde eu deveria ter um copo pra beber também, não acha?

— Nada de bebida pra você.

Joguei minha cabeça para trás, apoiando-a no encosto do sofá. Até que ele era bonitinho. Mas eu acho que já falei isso.

— Você é amigo do Leo?

— Quem?

— Leo. Leo Valdez. O dono da casa.

— Ah. Nós não nos damos muito bem, pra ser honesto, vim com um grupo de amigos que conhece ele.

Virei meu corpo de lado, apoiando minha cabeça no braço direito e diminuindo um pouco o espaço entre nós.

— E onde estão esses amigos?

Ele sorriu.

— Por aí.

— Touché.

Ele podia ser minha presa da noite.

— Qual seu nome?

Neguei com a cabeça.

— Não costumo dizer meu nome para os caras com quem fico. Gosto desse ar de mistério.

— Mas nós não ficamos.

— Mas poderíamos.

Bêbada ataca novamente.

Ele deu uma risada alta e eu sorri.

— Me pergunto se isso é efeito do álcool ou se você é assim mesmo.

Passei minha língua pelos lábios e me aproximei um pouco mais.

— Por que não descobre?

— Parece... Tentador.

Sorri me aproximando mais, mas ele desviou o rosto. Por que raios ele não quis me beijar? Está se fazendo de difícil? É um jogo? Porque eu posso jogar.

— Não gosto que as coisas aconteçam dessa forma.

— E como você gosta?

Ele sorriu, como que prestes a contar um grande segredo, quando a voz de Leo soou atrás de mim.

— Até que enfim achei você! Eu pedi pra que ficasse na bancada da cozinha Thalia. Nem era tão difícil, era só ficar parada.

Virei meu corpo para o pequeno elfo que parecia irritado com uma garrafa de água na mão.

— Não é fácil pra mim, você sabe. Além de que, está atrapalhando meus esquemas. Ei, quer ir para outro... – Voltei minha atenção para o garoto que antes estava ao meu lado e me deparei com um sofá vazio.

Aparentemente, ele não gosta mesmo do Leo.

— Você exagerou hoje Thals. – Ele suspirou sentando ao meu lado.

— Não enche meu saco. Você estragou meu esquema.

— Você não consegue nem falar direito, eu devo ter feito um favor a você.

— Mas eu ainda consigo fazer outras coisas.

— Não duvido de suas habilidades, mas continuo com meu argumento: eu fiz um favor a você.

— Você é insuportável às vezes.

— Você vai me agradecer amanhã.

Fechei meus olhos enquanto apoiava minha cabeça no encosto do sofá.

Até hoje não sei se deveria agradecer ou não.


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Notas finais do capítulo

ENTÃO, não sou movida a reviews, mas eles dão uma forcinha, ok?
Queria fazer um agradecimento especial (dois, na verdade): Sorvete de Limão que me ouve O TEMPO TODO, nem sei como você me aguenta, mas me apoia de um jeito sem igual. E depois, a Helly Nevoeh, que tem me dado todo um apoio que eu nem tenho como agradecer, você tem sido mais do que incrível.
Obrigada e até o próximo ♥